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Comando Militar da Amazônia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Comando Militar da Amazônia
RamoExército Brasileiro
Criação27 de outubro de 1956; há 69 anos[1]
ComandanteGen Ex Luiz Gonzaga Viana Filho[2]
Sede
GuarniçãoAv. Cel. Teixeira, 4715, Ponta Negra, Manaus
Página oficialwww.cma.eb.mil.br

O Comando Militar da Amazônia (CMA) é um comando militar de área do Exército Brasileiro com sede em Manaus e autoridade sobre as tropas nos estados do Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia,[3] isto é, a Amazônia Ocidental, numa área de mais de dois milhões de quilômetros quadrados e mais de nove mil quilômetros de fronteira. Até a separação do Comando Militar do Norte em 2013, ele se estendia também à Amazônia Oriental (Pará e Amapá).[4] O CMA comanda quatro brigadas de infantaria de selva (1.ª de Boa Vista, 2.ª de São Gabriel da Cachoeira, 16.ª de Tefé e 17.ª de Porto Velho), o 2.º Grupamento de Engenharia e a 12.ª Região Militar, em Manaus, e unidades menores.[5] Seu efetivo em 2019 era de 20 259 militares, 9,64% do quantitativo total do Exército.[6]

História

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O CMA foi criado em Belém, no Pará, em 1956 e transferido a Manaus em 1969.[7] Começava uma lenta guinada das prioridades militares brasileiras, das fronteiras meridionais para a Amazônia, que em 1950 era defendida por apenas mil homens. Mesmo os números atuais, na casa das dezenas de milhares, são poucos para a área de responsabilidade.[8] O Exército criou o Centro de Instrução de Guerra na Selva em 1966, o Projeto Calha Norte em 1985 e transferiu à Amazônia Ocidental três brigadas do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro entre 1992 e 2004.[7][8]

A reorientação para a Amazônia não se explica somente por percepções de ameaças: é também estratégia política e mudança na identidade institucional.[9] Ao final do século, com a pacificação das rivalidades no Cone Sul e o final da Guerra Fria, os estrategistas militares voltaram-se à Amazônia,[10] onde enxergavam ameaças ao mesmo tempo tradicionais e não-tradicionais:[11] a criminalidade transnacional e as questões ambiental e indígena poderiam servir de pretextos à intervenção de outros países interessados nas riquezas naturais do território.[12] A solução seria a dupla estratégia da presença e da resistência, esta última consistindo numa guerra assimétrica contra um oponente convencional superior.[9] Em 1991 o comandante militar da Amazônia prometia transformar o território num "Vietnã" no caso de uma invasão.[10]

A adaptação ao ambiente operacional amazônico foi um desafio para o Exército, exigindo a mobilidade fluvial e aérea, táticas de pequenas unidades próprias de guerra não convencional e técnicas de engenharia de construção em solos saturados.[13]

Organização

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Estrutura do CMA (2024)[5]

Comando Militar da Amazônia (Manaus, AM)

  • Unidades vinculadas:
    • 12.° Grupo de Artilharia Antiaérea de Selva (Manaus, AM)
    • Colégio Militar de Manaus (Manaus, AM)
    • 4.º Centro de Geoinformação (Manaus, AM)
    • 4.º Centro de Telemática de Área (Manaus, AM)
    • 12.º Centro de Gestão, Contabilidade e Finanças do Exército (Manaus, AM)
  • 12.ª Região Militar (Manaus, AM)
    • Companhia de Comando da 12.ª Região Militar (Manaus, AM)
    • 12.º Batalhão de Suprimento (Manaus, AM)
    • Parque Regional de Manutenção da 12.ª Região Militar (Manaus, AM)
    • Centro de Formação de Reservistas (Manaus, AM)
    • Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (Manaus, AM)
    • Hospital Militar de Área de Manaus (Manaus, AM)
    • Hospital de Guarnição de Porto Velho (Porto Velho, RO)
    • Hospital de Guarnição de Tabatinga (Tabatinga, AM)
    • Hospital de Guarnição de São Gabriel da Cachoeira - São Gabriel da Cachoeira, AM)
    • Tiros de Guerra
  • 1.ª Brigada de Infantaria de Selva (Boa Vista, RR)
    • Companhia de Comando da 1.ª Brigada de Infantaria de Selva (Boa Vista, RR)
    • 1.º Batalhão de Infantaria de Selva (Aeromóvel) (Manaus, AM)
    • Comando de Fronteira Roraima/7.º Batalhão de Infantaria de Selva (Boa Vista, RR)
      • 1.º Pelotão Especial de Fronteira (Bonfim, RR)
      • 2.º Pelotão Especial de Fronteira (Normandia, RR)
      • 3.º Pelotão Especial de Fronteira (Pacaraima, RR)
      • 4.º Pelotão Especial de Fronteira (Sucurucu, RR)
      • 5.º Pelotão Especial de Fronteira (Auaris, RR)
      • 6.º Pelotão Especial de Fronteira (Uiramutã, RR)
    • 10.º Grupo de Artilharia de Campanha de Selva (Boa Vista, RR)
    • 1.º Batalhão Logístico de Selva (Boa Vista, RR)
    • 18.º Regimento de Cavalaria Mecanizado de Selva (Boa Vista, RR)
    • 1.º Pelotão de Comunicações de Selva (Boa Vista, RR)
    • 32.º Pelotão de Polícia do Exército (Boa Vista, RR)
  • 2.ª Brigada de Infantaria de Selva (São Gabriel da Cachoeira, AM)
    • Companhia de Comando da 2.ª Brigada de Infantaria de Selva (São Gabriel da Cachoeira, AM)
    • 3.º Batalhão de Infantaria de Selva (Barcelos, AM)
    • Comando de Fronteira Rio Negro/5.º Batalhão de Infantaria de Selva (São Gabriel da Cachoeira, AM)
      • 1.º Pelotão Especial de Fronteira (Yauretê, AM)
      • 2.º Pelotão Especial de Fronteira (Querari, AM)
      • 3.º Pelotão Especial de Fronteira (São Joaquim, AM)
      • 4.º Pelotão Especial de Fronteira (Cucuí, AM)
      • 5.º Pelotão Especial de Fronteira (Maturacá, AM)
      • 6.º Pelotão Especial de Fronteira (Pari-Cachoeira, AM)
      • 7.º Pelotão Especial de Fronteira (Tunuí, AM)
    • 2.º Batalhão Logístico de Selva (São Gabriel da Cachoeira, AM)
    • 2.º Pelotão de Comunicações de Selva (São Gabriel da Cachoeira, AM)
    • 22.º Pelotão de Polícia do Exército (São Gabriel da Cachoeira, AM)
  • 16.ª Brigada de Infantaria de Selva (Tefé, AM)
    • Companhia de Comando da 16.ª Brigada de Infantaria de Selva (Tefé, AM)
    • Comando de Fronteira Solimões/8.º Batalhão de Infantaria de Selva (Tabatinga, AM)
      • 1.º Pelotão Especial de Fronteira (Palmeira do Javari, AM)
      • 2.º Pelotão Especial de Fronteira (Ipiranga, AM)
      • 4.º Pelotão Especial de Fronteira (Estirão do Equador, AM)
    • Comando de Fronteira Japurá/17.º Batalhão de Infantaria de Selva (Tefé, AM)
      • 3.º Pelotão Especial de Fronteira (Vila Bittencourt, AM)
    • 16.ª Base Logística de Selva (Tefé, AM)
    • 16.º Pelotão de Comunicações de Selva (Tefé, AM)
    • 34.º Pelotão de Polícia do Exército (Tefé, AM)
  • 17.ª Brigada de Infantaria de Selva (Porto Velho, RO)
    • Companhia de Comando da 17.ª Brigada de Infantaria de Selva (Porto Velho, RO)
    • Comando de Fronteira Acre/4.º Batalhão de Infantaria de Selva (Rio Branco, AC)
    • Comando de Fronteira Rondônia/6.º Batalhão de Infantaria de Selva (Guajará-Mirim, RO)
      • 1.º Pelotão Especial de Fronteira (Príncipe da Beira, RO)
    • 54.º Batalhão de Infantaria de Selva (Humaitá, AM)
    • Comando de Fronteira Juruá/61.º Batalhão de Infantaria de Selva (Cruzeiro do Sul, AC)
    • 17.ª Companhia de Infantaria de Selva (Porto Velho, RO)
    • 17.ª Base Logística de Selva (Porto Velho, RO)
    • 17.º Pelotão de Comunicações de Selva (Porto Velho, RO)
    • 17.º Pelotão de Polícia do Exército (Porto Velho, RO)
  • 2.º Grupamento de Engenharia (Manaus, AM)
    • Companhia de Comando do 2.º Grupamento de Engenharia (Manaus, AM)
    • 5.º Batalhão de Engenharia de Construção (Porto Velho, RO)
    • 6.º Batalhão de Engenharia de Construção (Boa Vista, RR)
    • 7.º Batalhão de Engenharia de Construção (Rio Branco, AC)
    • 8.º Batalhão de Engenharia de Construção (Santarém, PA)
    • 21.ª Companhia de Engenharia de Construção (São Gabriel da Cachoeira, AM)
    • Comissão Regional de Obras da 12.ª Região Militar (Manaus, AM)

Referências

  1. «DECRETO Nº 40.179, DE 27 DE OUTUBRO DE 1956». planalto.gov.br. 27 de outubro de 1956. Consultado em 16 de agosto 2018 
  2. «Informex 024-2025» (PDF). 26 de junho de 2025. Consultado em 16 de outubro de 2025 
  3. Brasil, Decreto de 19 de outubro de 1999. Dispõe sobre as áreas de jurisdição dos Comandos Militares de Área e das Regiões Militares no Exército Brasileiro, e dá outras providências. Com redações dadas pelo Decreto nº 8.053, de 2013, e o Decreto nº 8.635, de 2016.
  4. «Comando Militar do Norte terá sede em Belém». Diário do Pará. 23 de março de 2013. Consultado em 1 de abril de 2013. Arquivado do original em 29 de março de 2013 
  5. a b «Organograma». Comando Militar da Amazônia. Arquivado do original em 3 de maio de 2024 
  6. Cravo, Silmara Cosme (2022). Geografia Política do Brasil e a questão de defesa das fronteiras terrestres (PDF) (Tese). Universidade de São Paulo . p. 323-326.
  7. a b «O Comando Militar da Amazônia: origens, evolução e motivações atuais» (PDF). Comando Militar da Amazônia. Arquivado do original (PDF) em 24 de maio de 2024 . p. 4, 7.
  8. a b McCann, Frank (2017). «"Brasil: acima de tudo"!! the Brazilian Armed Forces: remodeling for a new era» (PDF). Diálogos. 21 (1) . p. 65-66.
  9. a b Marques, Adriana Aparecida (2007). Amazônia: pensamento e presença militar (PDF) (Tese). Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo . p. 190-192.
  10. a b Martins Filho, João Roberto (julho–dezembro de 2006). «As Forças Armadas brasileiras no pós-Guerra Fria». Fortaleza: Universidade Estadual do Ceará. Tensões Mundiais. 2 (3) . p. 92-93.
  11. Kuhlmann, Paulo Roberto Loyolla (2007). Exército brasileiro: estrutura militar e ordenamento político 1984-2007 (PDF) (Tese). Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo . 99-100.
  12. Piletti, Felipe José (2008). Segurança e defesa da Amazônia: o exército brasileiro e as ameaças não-tradicionais (PDF) (Dissertação). Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul . p. 166-168.
  13. Cope, John A.; Parks, Andrew (2016). «Frontier security: the case of Brazil» (PDF). Institute for Strategic Studies. Strategic Perspectives (20) . p. 19.
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