Condado de Trípoli

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Comitatus Tripolitanus
Condado de Trípoli

Condado autónomo, vassalo
do Reino Latino de Jerusalém,
do Principado de Antioquia
ou do Império Mongol


1102 – 1289

Brasão de Trípoli

Brasão



Localização de Trípoli
Localização de Trípoli
Os estados cruzados do Levante em 1135
Continente Ásia
País Actual Síria e Líbano
Capital Trípoli
Língua oficial Occitano, siciliano, latim
Religião Cristianismo ocidental
Governo Suserania hereditária
Condes de Trípoli
 • 1102-1105 Raimundo IV de Toulouse
 • 1105-1110 Guilherme-Jordão da Cerdanha
 • 1109-1112 Bertrando de Toulouse
 • 1112-1137 Pôncio de Trípoli
 • 1137-1152 Raimundo II de Trípoli
 • 1152-1187 Raimundo III de Trípoli
 • 1187-1189 Raimundo IV de Trípoli
 • 1189-1233 Boemundo IV de Antioquia
 • 1233-1251 Boemundo V de Antioquia
 • 1251-1275 Boemundo VI de Antioquia
 • 1275-1287 Boemundo VII de Trípoli
 • 1287-1289 Lúcia de Trípoli
Regentes
 • 1164-1173 Amalrico I de Jerusalém
Período histórico Idade Média
 • 1102 Raimundo IV de Toulouse conquista territórios ao emirado de Trípoli
 • 12 de Julho de 1109 Bertrando de Toulouse conquista a cidade de Trípoli
 • ano de 1201 Início da união pessoal com Antioquia
 • 27 de Abril de 1289 Conquista da cidade de Trípoli pelo sultão mameluco Qala'un
Membro de: Estados cruzados

O Condado de Trípoli foi o último dos quatro principais estados cruzados no Levante a ser criado. Localizava-se em territórios que actualmente pertencem à Síria e ao Líbano, tinha a sua capital em Trípoli, e duas das suas cidades mais importantes eram Safita e Tartus.

A população franca do condado era constituída principalmente por cruzados originários do centro da França e da Itália. Dos estados latinos do oriente, este era o único onde se falava a langue d'Oc, contrariamente aos outros, onde se falava a langue d'oïl, pelo que a dominação dos normandos de Antioquia foi mal aceite. O século XIII seria mesmo semeado de intrigas, revoltas e assassinatos. Um senhor de Gibelê, vassalo do condado chegou a ofender o seu suserano às portas de Trípoli.

Fundação[editar | editar código-fonte]

Pintura de Raimundo IV de Toulouse por Merry-Joseph Blondel, c.1840.

O condado foi fundado em 1102, quando Raimundo IV de Toulouse, um dos líderes da Primeira Cruzada, iniciou uma demorada guerra contra os emires de Trípoli, teoricamente vassalos dos califas fatímidas de Cairo. Nesse ano tomou a fortaleza de Tartous e gradualmente foi tomando a maioria dos seus territórios.

Tentou, sem sucesso, conquistar Homs, nas margens do rio Orontes, uma cidadela cuja posse permitiria uma resistência mais prolongada. Iniciou o cerco a Trípoli em 1104, mas a cidade resistiu ainda vários anos, abastecida por mar pelos egípcios.

Raimundo morreu em 1105, sendo sucedido no Condado de Tolosa pelo seu filho Bertrando de Toulouse, que já era regente desde a partida do pai para a Terra Santa. No Condado de Trípoli foi sucedido pelo seu primo Guilherme-Jordão da Cerdanha, que cercou a cidade por mais quatro anos. Em 1109 Bertrando chegou ao Oriente para assumir este domínio, deixando ao seu meio-irmão Afonso-Jordão de Toulouse o condado francês.

Bertrando e Guilherme-Jordão, com a mediação do rei Balduíno I de Jerusalém, acabaram por acordar em cada um manter o controlo das suas próprias conquistas. Bertrando lucrou mais com este acordo quando capturou Trípoli pouco depois. Quando Guilherme-Jordão foi assassinado, alguns meses mais tarde, Bertrando tornou-se no único governante do condado.

Vassalagem ao Reino de Jerusalém[editar | editar código-fonte]

O Condado de Trípoli prestava vassalagem ao Reino de Jerusalém, e tal como neste, foram estabelecidos os cargos de senescal, condestável, marechal, mordomo, camareiro e chanceler.

Os cavaleiros da Ordem do Hospital obtiveram em 1142 um importante castelo autónomo neste território, chamado Fortaleza dos Cavaleiros, senhorio vassalo de Trípoli.

Enquanto a Ordem do Templo obtinha para si o Castelo de Tortosa.

Cidadela de Raimundo de Saint-Gilles em Trípoli, no Líbano

O conde Raimundo III de Trípoli foi uma figura importante da história de Jerusalém a sul, devido à estreita relação que tinha com os seus reis, sendo neto de Balduíno II de Jerusalém, e à sua posição como Príncipe da Galileia através da sua esposa. Foi regente deste reino em duas ocasiões, primeiro em nome do jovem Balduíno IV de Jerusalém, de 1174 a 1177, e depois em nome de Balduíno V de Jerusalém, de 1185 a 1186.

Também liderou os nobres locais contra a influente família Courtenay de Balduíno IV, e dos cavaleiros templários Guido de Lusignan e Reinaldo de Châtillon. Defendeu um tratado de paz com Saladino, no que foi recusado pelos restantes cruzados. Ironicamente, foi o cerco de Saladino à esposa de Raimundo em Tiberíades que levou o exército cruzado à sua derrota na batalha de Hatim em 1187, e apesar de Raimundo sobreviver a esta, morreu pouco depois.

O condado conseguiu resistir ao ímpeto conquistador de Saladino, e passou para Boemundo, o segundo filho de Boemundo III de Antioquia. Com a morte de Boemundo III em 1201, Trípoli fez parte de uma união pessoal com o Principado de Antioquia por quase três anos (1216-1219), até à queda deste último frente aos mamelucos em 1268. Trípoli sobreviveu apenas mais alguns anos.

Queda do condado[editar | editar código-fonte]

A morte do impopular conde Boemundo VII de Trípoli em 1287 levou a uma disputa entre a herdeira, a sua irmã Lúcia de Trípoli, com a comuna da cidade, que se colocou sob a protecção de Génova.

Lúcia acabou por chegar a um acordo com os genoveses e a comuna, o que desagradou a Veneza e ao ambicioso Bartolomeu Embriaco, o governante genovês da cidade. Este pediu ajuda ao sultão mameluco Qala'un, que cercou a cidade em Fevereiro de 1289 e a capturou a 27 de abril, dissolvendo o condado.

Condes de Trípoli (1102-1289)[editar | editar código-fonte]

Mapa político dos estados cruzados a cerca de 1100.

Casa de Toulouse[editar | editar código-fonte]

Casa de Antioquia-Poitiers[editar | editar código-fonte]

Condes titulares de Trípoli[editar | editar código-fonte]

Com o principado perdido para os mamelucos, o título passou a ser apenas nominal.

Do mesmo modo que com o Principado de Antioquia, o título passou para os reis de Chipre e Jerusalém, e por vezes foi atribuído como uma honra aos membros mais jovens dessa casa real ou a senhores cipriotas.

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Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • L'Empire du Levant: Histoire de la Question d'Orient, René Grousset, 1949