Conflito no Sudão em 2023

Conflito no Sudão em 2023
Situação militar em abril de 2023:   Território sob controle do exército sudanês   Território sob controle dos rebeldes das Forças de Suporte Rápidas
Período 15 de abril de 2023 – presente Local Cartum e outras cidades estratégicas pelo Sudão Causas Disputa por poder Situação Em andamento
Participantes do conflito
Forças de Suporte Rápidas Apoio: Exército Nacional Líbio  Rússia (alegado; via Grupo Wagner)	Forças Armadas do Sudão Apoio: Egito
Líderes
Mohamed Hamdan Dagalo	Abdel Fattah al-Burhan
Forças
70 000 – 150 000 combatentes	110 000 – 120 000 militares e milicianos
Baixas
Desconhecido	Desconhecido
Pelo menos 700 mortos e 5 100 feridos

 Nota: Para outros conflitos internos no Sudão, veja Guerra Civil Sudanesa.

Em 15 de abril de 2023, combates entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido eclodiram em todo o Sudão, com combates relatados no palácio presidencial e na sede da RSF. Combates também foram relatados no Aeroporto Internacional de Cartum e no Aeroporto de Merowe, ambos os quais a RSF afirmou ter capturado. Tiros e confrontos também foram relatados em seções de Cartum e no Aeroporto El Obeid, no norte de Kordofan.

Antecedentes

O ex-presidente sudanês Omar al-Bashir presidiu um conflito destrutivo no sul do país que resultou na secessão do Sudão do Sul em 2011 e na violência patrocinada pelo Estado na região ocidental de Darfur, levando a acusações de crimes de guerra e genocídio. Depois de serem depostos em uma revolução de 2019 e condenados por corrupção e outros crimes, os militares tomaram o poder em um golpe em outubro de 2021, destruindo as esperanças de democracia. Em meio a uma crise econômica, os militares concordaram em entregar a autoridade a um governo liderado por civis em abril de 2023, mas as tensões aumentaram entre os líderes militares rivais, o general Abdel Fattah al-Burhan (visto como chefe de estado de fato), líder das Forças Armadas do Sudão e o comandante general Mohamed Hamdan Dagalo, mais conhecido como Hemeti, das Forças de Apoio Rápido. Ambos atuam como presidente e vice do Conselho de Soberania de Transição, respectivamente.

As Forças de Apoio Rápido são uma organização paramilitar sudanesa que tem suas raízes nas milícias Janjaweed que operam durante a Guerra de Darfur.

Desde 11 de abril, as forças da RSF estão posicionadas perto da cidade de Merowe, bem como em Cartum. As forças do governo ordenaram que eles saíssem, mas eles se recusaram. Os confrontos começaram quando as forças RSF assumiram o controle da base militar de Soba ao sul de Cartum.

Eventos

Em 15 de abril de 2023, combatentes das Forças de Apoio Rápido atacaram vários acampamentos do exército em Cartum e em outras partes do Sudão. Tiros também foram ouvidos em Merowe. Os confrontos também se espalharam para os bairros de Jabra, Kafouri e Shambat em Cartum. As forças RSF afirmaram ter capturado o aeroporto e a base militar de Merowe, o aeroporto de Cartum, bem como a base de Soba, causando baixas às forças armadas. O tiroteio foi ouvido perto do Comando Geral e da residência do General Al-Burhan. As forças da RSF reforçaram suas posições no aeroporto enquanto as forças do governo posicionavam veículos blindados perto do palácio presidencial. A RSF afirmou ter capturado o Palácio Presidencial, Aeroporto El Obeid, Guest House e outros locais no país. A presença de forças armadas foi relatada em Omdurman.

As forças armadas afirmaram ter repelido um ataque ao Estádio Sports City de Cartum. Os confrontos ocorreram na ponte do Nilo Branco em Cartum. Os militares fecharam todos os aeroportos do país e bombardearam o Aeroporto de Nyala. As forças armadas também negaram as alegações da RSF sobre a captura da residência de al-Burhan. Confrontos foram relatados na cidade satélite de Omdurman usando armas pesadas. A Força Aérea Sudanesa esteve fortemente envolvida nos confrontos que bombardearam as posições rebeldes. O fogo de artilharia foi ouvido em diferentes partes da cidade. Os confrontos também eclodiram na capital do estado de Darfur do Norte, Al-Fashir. As forças armadas afirmaram que as forças rebeldes queimaram dois aviões civis no aeroporto. Eles também conduziram ataques aéreos contra bases rebeldes em Taíba e Soba. O coronel Khaled Abdullah das Forças Armadas Sudanesas disse que 80 veículos operados pela RSF foram destruídos e que as ameaças da RSF dentro de Cartum diminuíram. Os confrontos foram relatados na sede da TV estatal sudanesa. Pontes e estradas em Cartum foram fechadas e postos de controle começam a ser montados.

Às 13h30 (CAT), as Forças Armadas Sudanesas afirmaram que o comandante das forças RSF no estado do Nilo Branco se rendeu, tendo também afirmado que os acampamentos de Taiba e Soba foram "destruídos". No Aeroporto Internacional de Cartum, várias aeronaves pertencentes à Saudia, Badr Airlines e SkyUp Airlines, entre outras, foram danificadas, de acordo com o Flightradar24. Em entrevista à Al Jazeera, Mohamed Hamdan Dagalo, comandante das Forças de Apoio Rápido, acusou Abdel Fattah al-Burhan de forçar o RSF a iniciar confrontos e acusou os comandantes do SAF de tramar para trazer o líder deposto Omar al-Bashir de volta ao poder. al-Burhan respondeu a essas acusações e foi citado como tendo dito que estava "chocado por terem atacado [minha] casa às nove da manhã", ao mesmo tempo em que afirmou que o Palácio Presidencial e outras instalações do governo estão sob controle do SAF. Durante os confrontos em Al-Obeid e Cartum, pelo menos três civis foram mortos e dezenas ficaram feridos. Em Al-Fashir, confrontos pesados ocorreram usando armas leves e pesadas com forças rebeldes tentando capturar o aeroporto e outros edifícios. Lojas foram fechadas e ruas vazias. Às 14h30 (CAT), as Forças Armadas Sudanesas declararam que assumiram o controle de um acampamento RSF em Marwi, Omdurman. Confrontos envolvendo armas pesadas também foram relatados no sul e no centro de Cartum, levando a novos confrontos nas proximidades do Palácio Presidencial. Al-Arabiya relatou que a sede da Sudan TV foi capturada pelas forças RSF. Fortes confrontos ocorreram no estádio Sport Center e no Departamento de Aeronáutica. Pelo menos dois civis foram mortos e 26 feridos durante confrontos no norte de Darfur.

Em entrevista à Al Jazeera, Mohamed Hamdan Dagalo, comandante das Forças de Apoio Rápido, acusou Abdel Fattah al-Burhan de forçar o RSF a iniciar confrontos e acusou os comandantes do SAF de tramar para trazer o líder deposto Omar al-Bashir de volta ao poder. Al-Burhan respondeu a essas acusações e foi citado como tendo dito que ficou "chocado por terem atacado [minha] casa às nove da manhã", ao mesmo tempo em que afirmou que o Palácio Presidencial e outras instalações do governo estão sob controle do SAF. Em Al-Fashir, confrontos pesados ocorriam usando armas leves e pesadas com forças rebeldes que tentavam capturar o aeroporto e outros edifícios. Lojas foram fechadas e ruas vazias. Às 14h30 (CAT), as Forças Armadas Sudanesas declararam que assumiram o controle de um acampamento RSF em Marwi, Omdurman. Confrontos envolvendo armas pesadas também foram relatados no sul e no centro de Cartum, levando a novos confrontos nas proximidades do Palácio Presidencial. Fortes confrontos ocorreram no estádio Sport Center e no Departamento de Aeronáutica.

Confrontos também foram relatados na cidade costeira de Port Sudan e Zalingei no centro de Darfur. As forças RSF afirmaram ter capturado o aeroporto, a sede do Signal Corps e do Medical Corps em Al-Fashir. Às 14h43 GMT, al-Burhan afirmou que o exército estava no controle do palácio presidencial, do quartel-general militar e do Aeroporto Internacional de Cartum. Às 17h00 (CAT) as forças da RSF afirmaram, via Twitter, ter feito prisioneiros várias tropas egípcias perto de Merowe. Inicialmente, nenhuma explicação oficial foi dada para a presença dos soldados egípcios, embora o Egito e o Sudão tenham mantido uma ampla cooperação militar devido às tensões diplomáticas com a Etiópia. Mais tarde, as Forças Armadas egípcias disseram que seus soldados estavam no Sudão para realizar exercícios com os militares sudaneses. Naquela época, o exército teria cercado as forças RSF na base aérea de Merowe. Como resultado, as Forças Armadas egípcias anunciaram que estavam acompanhando a situação como precaução para a segurança de seu pessoal, de acordo com o coronel da SAF Gharib Abdel Hafez. As forças armadas alegaram que as forças RSF nos estados de Gedaref e Kassala se renderam. Por volta das 18h00 (CAT), a RSF afirmou que todas as estradas que seguem para o sul de Cartum foram fechadas. A Força Aérea Sudanesa também refutou as alegações do RSF relacionadas à neutralização de aeronaves SAF.

Às 18h50 (CAT) o representante dos meios de comunicação das Forças Armadas Sudanesas disse à Al Jazeera que veteranos reformados se juntaram à luta das SAF contra as RSF. Os confrontos também recomeçaram em Cartum após o Iftar. Os militares alegaram ter capturado Nyala após confrontos e que as forças RSF se renderam em Port Sudan e Kosti.

Vítimas

O Comitê de Médicos Sudaneses disse que pelo menos 97 pessoas morreram e estimou o número de feridos em 1 100 em todo o país, observando que o número não inclui todas as vítimas, pois muitas pessoas não conseguiram chegar aos hospitais devido a dificuldades. em movimento. Um porta-voz do Crescente Vermelho Sudanês também disse que o número de vítimas "não foi pequeno".

Por localização

Vários relatórios sobre vítimas apareceram. Durante os confrontos em Al-Obeid e Cartum, pelo menos três civis foram mortos e dezenas ficaram feridos. Pelo menos vinte e cinco civis foram mortos e 26 feridos durante os confrontos no norte de Darfur, e outros três civis foram mortos por uma granada lançada por foguete, com uma mulher também ferida por uma bala. Uma declaração do Comitê de Médicos do Sudão disse que dois civis foram mortos no aeroporto de Cartum e outro homem foi morto a tiros no estado de Kordofan do Norte. Em Foro Baranga, no oeste de Darfur, dezenas foram mortos e centenas ficaram feridos. Em al-Fashir, três civis foram mortos e 27 feridos em confrontos que atingiram a cidade vizinha de Kabkabiya. Na cidade de Nyala, no sul de Darfur, 5 civis foram mortos durante os confrontos em curso.