Constantino Diógenes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Constantino Diógenes (desambiguação).
Constantino Diógenes
Morte 1032
Constantinopla
Nacionalidade Império Bizantino
Ocupação General
Título
Religião Catolicismo

Constantino Diógenes (em grego: Κωνσταντίνος Διογένης; m. 1032) foi um importante general bizantino do início do século XI e ativo na região dos Bálcãs. Serviu com distinção nos estágios finais da conquista bizantina da Bulgária sob o imperador Basílio II Bulgaróctono (r. 967–1025), e ocupou altos comandos nos Bálcãs até sua prisão em 1029, como resultado de sua participação na conspiração contra Romano III Argiro (r. 1028–1034). Preso e forçado a entrar num mosteiro, cometeu suicídio em 1032, durante um inquérito a respeito doutra conspiração. Foi o pai do imperador Romano IV Diógenes (r. 1068–1071).

Biografia[editar | editar código-fonte]

Início da carreira[editar | editar código-fonte]

Constantino Diógenes é o primeiro membro notável da nobre família capadócia dos Diógenes, que teve importante papel no Império Bizantino no século XI. Ele começou sua carreira como comandante dum tagma ocidental durante o reinado de Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025), principalmente na conquista bizantina da Bulgária.[1] Em 1014, participou da decisiva vitória bizantina na Batalha de Clídio (29 de julho)[2] e posteriormente sucedeu Teofilacto Botaniates como comandante (duque) de Tessalônica, com o estatuto de patrício, o que fazia dele o segundo general mais graduado do império nos Bálcãs, atrás apenas de Davi Arianita.[3][4] Após a morte do tsar búlgaro Samuel (r. 997–1014) em outubro, Diógenes e Nicéforo Xífias foram enviados para a região de Moglena como a vanguarda do imperador e o principal exército. Durante esta campanha, Diógenes construiu a fortaleza de Milobos (atual Megáli Géfira), como atestado numa inscrição de fundação.[5]

Iluminura de Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025)

A conquista de Moglena foi concluída em 1015 ou 1016. Em 1017, Constantino e Davi Arianita lideraram tropas para saquear a planície fértil da Pelagônia, onde capturaram muitos prisioneiros e gado. Logo depois, Basílio II colocou-o no comando dos tagmas das escolas do Ocidente e de Tessalônica, e encarregou-o com a perseguição do tsar João Vladislau (r. 1015–1018). O governante búlgaro montou uma emboscada para seus perseguidores, mas Basílio foi informado à tempo, e liderou o resto de suas tropas para ajudar Constantino, derrotando os búlgaros. Após a morte de João Vladislau em fevereiro de 1018, Constantino foi encarregado de eliminar os últimos centros de resistência búlgara. Tomou Sirmio e foi nomeado arconte da cidade, com sua autoridade se estendendo sobre o pequeno estado vassalo sérvio de Ráscia. Seu título era provavelmente "estratego da Sérvia" (em grego: στρατηγός Σερβίας), atestado num selo atribuído-lhe.[4][6][7]

Ele recebeu ordens imperiais para subjugar Sermão, o governante de Sirmio, para consolidar o domínio bizantino sobre a região norte dos Bálcãs. Para capturá-lo, Diógenes convidou-o para um encontro no estuário do rio Sava, no Danúbio, onde cada foi acompanhado apenas por três assistentes. Diógenes, porém, escondeu sua espada nas dobras de suas roupas e usou-a para assassiná-lo. Logo a seguir, marchou com seu exército para Sirmio, tomando controle da cidade e enviando a esposa de Sermão como cativa para Constantinopla.[5][8][9] Por volta de 1022 ou 1025, Constantino sucedeu Arianita como comandante-em-chefe bizantino (estratego autocrator) da Bulgária recém-conquistada. Nesta função, repeliu uma invasão pechenegue em 1027.[4][10][11] No mesmo ano, se retirou para o sul, de volta a Tessalônica, mas manteve, pelo menos nominalmente, seu título de comandante geral, fato atestado por outro selo nomeando-o "antípato, patrício e duque de Tessalônica, Bulgária e Sérvia".[12][13]

Miliarésio de Romano III (r. 1028–1034)
Fólis de Romano IV (r. 1068–1071)

Conspiração e morte[editar | editar código-fonte]

Constantino se casou com uma filha cujo nome não se conhece de Basílio Argiro, irmão do imperador Romano III (r. 1028–1034), mas, em 1029, foi acusado, juntamente com outros importantes generais - como Eustácio Dafnomeles - de conspirar contra o imperador com a porfirogênita Teodora. Foi transferido para o Oriente como estratego do Tema Tracesiano, mas logo depois, quando confirmou-se sua participação no assunto, foi reconvocado para Constantinopla. Lá foi preso, espancado, cegado[14] e publicamente desfilou no Mese junto com os demais conspiradores, sendo mais tarde tonsurado e forçado a entrar no Mosteiro de Estúdio.[1][5][15]

A própria Teodora foi tonsurada e enviada para um convento, mas aparentemente continuou a conspirar com Diógenes, que tencionava se aproveitar da ausência de Romano por causa de uma campanha no oriente em 1032 para fugir para os Bálcãs. Romano soube do plano através de Teófanes, o metropolita de Tessalônica e os conspiradores foram presos. Diógenes foi levado ao Palácio de Blaquerna para ser interrogado por João, o Eunuco, mas preferiu o suicídio à confessar sob tortura e comprometer seus colegas.[5][16][17] O filho de Constantino, Romano IV Diógenes, se tornou vitorioso general e se tornaria um dia o imperador bizantino entre 1068 e 1071.[4][18]


Ver também[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Teofilacto Botaniates
Duque de Salonica
1014–1018 (?)
Sucedido por
Desconhecido
Próximo citado:Nicéforo Cabásilas
Precedido por
Título novo
Arconte de Sirmio e estratego da Sérvia
1018–1022/25
Sucedido por
Desconhecido
Próximo citado:Liutovido
Precedido por
Davi Arianita
Estratego autocrator da Bulgária
1022/25–1027
Sucedido por
Desconhecido
Precedido por
Desconhecido
Duque de Salonica, Bulgária e Sérvia
1027–1029
Sucedido por
Desconhecido
Precedido por
Desconhecido
Estratego do Tema Tracesiano
1029
Sucedido por
Desconhecido

Referências

  1. a b Kazhdan 1991, p. 627.
  2. Stephenson 2000, p. 71.
  3. Stephenson 2000, p. 66.
  4. a b c d Guilland 1967, p. 449.
  5. a b c d Lilie 2013, cap. Konstantinos Diogenes (#24045).
  6. Stephenson 2000, p. 74.
  7. Stephenson 2003, p. 39.
  8. Holmes 2005, p. 233–234.
  9. Treadgold 1997, p. 528.
  10. Stephenson 2000, p. 81.
  11. Stephenson 2003, p. 44–45.
  12. Stephenson 2000, p. 124.
  13. Stephenson 2003, p. 45.
  14. Treadgold 1997, p. 584.
  15. Garland 1999, p. 161–162.
  16. Garland 1999, p. 162.
  17. Treadgold 1997, p. 585.
  18. Kazhdan 1991, p. 627, 1807.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Garland, Lynda (1999). Byzantine empresses: women and power in Byzantium, AD 527-1204. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-14688-7 
  • Guilland, Rodolphe (1967). Recherches sur les institutions byzantines, Tome I. Berlim: Akademie-Verlag 
  • Holmes, Catherine (2005). Basil II and the Governance of Empire (976–1025). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-927968-5 
  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 
  • Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt 
  • Stephenson, Paul. (2000). Byzantium's Balkan Frontier: A Political Study of the Northern Balkans, 900–1204. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-77017-3 
  • Stephenson, Paul (2003). The Legend of Basil the Bulgar-Slayer. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-81530-7 
  • Treadgold, Warren (1997). A History of the Byzantine State and Society (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2630-2