Constituição Europeia

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Bandeira da União Europeia.
Livros em diferentes línguas com o texto da Constituição Europeia.

A proposta final do tratado constitucional para a União Europeia, a Constituição Europeia (oficialmente, Tratado que Estabelece uma Constituição para a Europa) foi publicada pelo Praesidium, da Convenção para o Futuro da Europa, em 18 de Julho de 2003. Após longas negociações, foi acordado — com algumas alterações — pelo Conselho Europeu em 18 de Junho de 2004 em Bruxelas. Foi assinado a 29 de Outubro de 2004, em Roma.

Os objetivos do projeto de Constituição são, sobretudo, simplificar as séries de sobreposições de Tratados e protocolos que providenciam atualmente a constituição legal da Europa, e melhorar o funcionamento da União após a entrada de 10 novos países da Europa de Leste, que se juntaram aos 15 estados-membros da União antes de 1 de maio de 2004.

Comparada com outras constituições existentes (por exemplo, a Constituição Americana tem 4 600 palavras), a Constituição Europeia é muito longa, com 265 páginas e mais de 60 000 palavras. Será no entanto consideravelmente mais curta do que os tratados hoje existentes, que a Constituição Europeia irá consolidar.

Disposições que constam da proposta[editar | editar código-fonte]

Novidades possivelmente contenciosas[editar | editar código-fonte]

  • Convergência na política externa (pág. 16/Artigo 15, página 159/Capítulo II), sujeita a certas condições, e eleição de um Ministro para os Negócios Estrangeiros da União Europeia (pág. 26, Artigo 27).
  • Atribuição clara da responsabilidade (pág. 181/Título VI e por todo o documento, e.g. pg139/III-169) às instituições da UE. Em particular o princípio da subsidiariedade (pág. 18, Artigo 19 e "Protocolo sobre..." página 232) irão ser "trancados".

Novidades provavelmente não contenciosas[editar | editar código-fonte]

  • Um papel maior dos parlamentos nacionais e do Parlamento Europeu (e não apenas do Conselho Europeu) no escrutínio de propostas de legislação europeia.
  • Um processo de decisão mais democrático e simplificado (pág. 156/Artigo III-191, pág. 158/Artigo III-194, pág.181/Título VI) no Conselho de Ministros (pág. 185/subsecção 3) (em comparação com a corrente situação - Junho de 2004)
  • Ajustamentos a alguma terminologia de forma a torna-la mais facilmente compreensível (ex. 'Regulação Europeia' torna-se 'Lei Europeia', 'Diretiva Europeia' torna-se 'Lei de enquadramento Europeia'.

Reafirmações[editar | editar código-fonte]

  • A Carta Europeia dos Direitos Humanos como parte II do projeto da Constituição.

Possíveis asserções[editar | editar código-fonte]

Estas são muito inclaras no texto e requerem alguma contradição.

  • Introdução da votação por maioria qualificada em muitos campos de política. Isto é pretendido para facilitar a tomada de decisão. Também irá reduzir os direitos de veto de países individuais para tentar limitar a negociação entre países, algo que caracteriza actualmente a política Europeia.
  • Um trecho do texto oficial incompleto quanto à forma de entrada da URSS.

Processo de ratificação[editar | editar código-fonte]

Necessidade de ratificação pelos países membros[editar | editar código-fonte]

Para a que a Constituição proposta tivesse efeito, cada estado membro teria de ratificá-la, processo que tomaria diferentes formas dependendo das constituições e processos políticos dos estados membros. A Constituição Irlandesa, por exemplo, insiste em que se faça referendo para decidir sobre todos os tratados internacionais, enquanto que a Constituição Alemã proíbe qualquer referendo.

Atualmente, calcula-se que muitos outros países verão a Constituição Europeia como uma mudança significativa e irão organizar um referendo sobre o assunto para poder legitimar a nova Europa junto das populações, como no caso de Portugal, onde o referendo tem vindo a ser adiado, devido a atrasos no desenho final do tratado. Tradicionalmente e segundo estatísticas, os países latinos da união são os mais abertos a uma maior integração.

A 20 de Abril de 2004, o primeiro-ministro britânico Tony Blair anunciou, surpreendentemente, que o tratado seria sujeito a um referendo no Reino Unido.

Dificuldades no processo de ratificação[editar | editar código-fonte]

Após ratificação da Constituição Europeia pelo parlamento da Eslovénia e da Grécia e da aprovação da Constituição através do referendo na Espanha, no dia 29 de maio de 2005 os eleitores do referendo na França apoiaram a não ratificação do texto da Constituição Europeia. Logo após, no dia 1 de Junho de 2005 os Países Baixos também optaram por não ratificar a Constituição Europeia, provocando uma crise[1] e uma reavaliação do processo de ratificação de tratados através de referendos que iria culminar com a adoção do Tratado de Lisboa (2007), que substituiu a falhada Constituição.

Assinado
Em vigor
Tratado
1948
1948
Tratado de Bruxelas
1951
1952
Tratado de Paris
1954
1955
Modificações no Tratado de Bruxelas
1957
1958
Tratado de Roma
1965
1967
Tratado de Fusão
1975
N/A
Conclusão do Conselho Europeu
1985
1985
Tratado de Schengen
1986
1987
Ato Único Europeu
1992
1993
Tratado de Maastricht
1997
1999
Tratado de Amesterdão
2001
2003
Tratado de Nice
2007
2009
Tratado de Lisboa
 
                         
Os Três Pilares da União Europeia:  
Comunidades Europeias  
Comunidade Europeia da Energia Atómica (EURATOM)   
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) Tratado expirou em 2002 União Europeia (UE)
    Comunidade Económica Europeia (CEE)
        Acordo de Schengen   Comunidade Europeia (CE)
    TREVI Justiça e Assuntos Internos (JHA)  
  Cooperação entre Polícia e Justiça em Matérias Criminais (PJCC)
          Cooperação Política Europeia (CPE) Política Externa e de Segurança Comum (CFSP)
Organismos não consolidados União da Europa Ocidental (UEO)    
Tratado encerrado em 2011  
                       

Referências

  1. Hardman Reis, T. (2006), Dizer não é dizer sim? O Futuro da União Europeia após o Referendo na França, Hardman Reis e Gomes Biacchi (Coord.) A Integração Regional no Direito Internacional, São Paulo: Editora Lex/Aduaneiras, p. 173

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