Construção (álbum)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Construção
Construção (álbum)
Álbum de estúdio de Chico Buarque
Lançamento 1971
Gênero(s) MPB
Samba
Duração 31:10
Idioma(s) português
Formato(s) LP (1971)
CD (1988)
Gravadora(s) Phonogram/Philips (até 1998)
Universal Music (a partir de 1999)
Produção Roberto Menescal
Cronologia de Chico Buarque
Chico Buarque de Hollanda - Nº4
(1970)
Quando o Carnaval Chegar
(1972)

Construção é um disco do cantor e compositor brasileiro Chico Buarque, lançado em 1971 e composto em períodos entre o exílio de Chico na Itália e sua volta ao Brasil. Liricamente, o álbum é carregado de críticas ao regime militar vigente, principalmente no que concerne à censura imposta pelo governo ("Cordão") e pelo estado indigno no qual as condições individuais se encontravam no país ("Construção"), além de algumas canções mais clássicas e pessoais ("Valsinha" e "Minha História").

O disco marca o aguçamento da vertente crítica da poética do autor.[1] Se antes ele harmonizava Bossa Nova com composições veladamente críticas à ditadura brasileira, em "Construção" o cantor mostrou-se mais ousado - como indica os versos iniciais de "Deus lhe Pague", faixa que abre o LP ("Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir"). Em "Samba de Orly", parceria com Toquinho e Vinicius de Moraes, Chico canta abertamente sobre o exílio - o que fez com que a canção fosse parcialmente censurada. A faixa-título é uma crítica sobre um homem que trabalhou arduamente até sua morte. Não faltaram também o lirismo característico do artista, como demostrado em "Olha Maria" e "Valsinha". O álbum conta com arranjos de Magro, então integrante do grupo MPB-4, e do maestro Rogério Duprat.[2]

Recepção e crítica[editar | editar código-fonte]

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
All Music Guide 5 de 5 estrelas.[3]

Construção teve grande sucesso comercial. Nas primeiras semanas após seu lançamento, o LP chegou a ter uma demanda de 10.000 discos por dia, o que levou a Philips a contratar duas gravadoras concorrentes para prensá-los, além de obrigar o trabalho em turnos de 24 horas por dia durante quase dois meses.[4] Até então, a gravadora nunca havia vendido tantos discos em tão pouco tempo - 140 mil cópias nas primeiras quatro semanas.[4]

Construção foi considerado um marco na música brasileira e na carreira do cantor. Em 1972, uma reportagem da revista Realidade elogiava o álbum, considerado "o melhor disco feito nos últimos vinte anos no Brasil", que "devolvia a Chico o sucesso de 'A Banda'" e o colocava como "nosso artista mais importante, na luta que se travava contra o 'som importado'".[4]

Na década de 2000, o LP foi eleito em uma lista da versão brasilieira da revista Rolling Stone como o terceiro melhor disco brasileiro de todos os tempos.[5] O álbum também se encontra no livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer", feito por jornalistas e críticos de música internacionalmente reconhecidos.[6] Em setembro de 2012, foi eleito pelo público da Rádio Eldorado FM, do portal Estadao.com e do Caderno C2+Música (estes dois últimos pertencentes ao jornal O Estado de S. Paulo) como o sexto melhor disco brasileiro da história.[7]


Faixas[editar | editar código-fonte]

N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Deus Lhe Pague"  Chico Buarque 3:19
2. "Cotidiano"  Chico Buarque 2:49
3. "Desalento"  C. Buarque, Vinicius de Moraes 2:48
4. "Construção"  Chico Buarque 6:24
5. "Cordão"  Chico Buarque 2:31
6. "Olha Maria (Amparo)"  C. Buarque, V. de Moraes, Tom Jobim 3:56
7. "Samba de Orly"  C. Buarque, Toquinho, V. de Moraes 2:40
8. "Valsinha"  C. Buarque, V. de Moraes 2:00
9. "Minha História"  Lucio Dalla, Paola Pallotino; versão de C. Buarque 3:01
10. "Acalanto"  Chico Buarque 1:38

Ficha Técnica[editar | editar código-fonte]

  • Gravado no Estúdio Phonogram, Rio de Janeiro[8]
  • Direção de Produção: Roberto Menescal
  • Direção de Estúdio: Roberto Menescal
  • Técnicos de gravação: Toninho e Mazola
  • Direção Musical: Magro
  • Foto: Carlos Leonam
  • Capa: Aldo Luz
  • Participações especiais:
    • MPB-4 - vozes nas faixas 1, 3, 4, 7 e 9.
    • Tom Jobim - piano em "Olha Maria (Amparo)"
    • Trio Mocotó- percussão em "Samba de Orly"[9]
    • Toquinho - violão em "Samba de Orly"

Referências

  1. MENESES, Adélia Bezerra de. Desenho mágico: poesia e política em Chico Buarque. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002. pp 144 a 154
  2. Entrevista: Rogério Duprat - Cliquemusic, 30 de abril de 2000
  3. Alvaro Neder. «Chico Buarque: Songs, Reviews, Credits, Awards». Consultado em 1 de dezembro de 2014 
  4. a b c Revista Realidade, número 71 (fevereiro de 1972). «Chico põe nossa música na linha». Consultado em 15 de outubro de 2022. Arquivado do original em 9 de maio de 2003 
  5. Os 100 maiores discos da Música Brasileira - Revista Rolling Stone, Outubro de 2007, edição nº 13, página 111
  6. «1001 Discos». ISTOÉ. Editora Três. 2006. Consultado em 28 de janeiro de 2016 
  7. Bomfim, Emanuel (7 de setembro de 2012). «'Ventura' é eleito o melhor disco brasileiro de todos os tempos». Combate Rock. Grupo Estado. Consultado em 28 de janeiro de 2016 
  8. «Chico - Cancioneiro». chicobuarque.com.br. Consultado em 11 de agosto de 2021 [ligação inativa] 
  9. «Música: Trio Mocotó prepara álbum após 27 anos». Ilustrada - Folha de S.Paulo. 6 de junho de 2000. Consultado em 19 de dezembro de 2018 

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]