Cosso
Cosso | |
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Deus da guerra. | |
Ara a Cosou Daviniago[1]: COSOV/ DAVINI/AGO/ Q V C / EX VOTO. A Cosou Daviniago. Q(uintus), V (?) C (?) cumpriu o seu voto. Procedência: Antiga igreja paroquial de San Martiño de Meirás, Sada, A Corunha AE 1955, 257. | |
Outro(s) nome(s) | Cosus, Cosou, Cossuo, Cossuvo, Cossue ou Cosei |
Região | Galécia |
Religiões | Politeísmo |
Equivalentes | |
Romano | Marte |
Grego | Ares |
Cosso (ou Cosus, Cosou, Cossuo, Cossuvo, Cossue, Cosei) é um deus guerreiro presente na zona norte do território da antiga Gallaecia, que desfrutou de uma grande popularidade entre os galaicos lucenses.[2] Foi um dos deuses mais venerados na antiga Galécia. Vários autores assinalam que Cosso e Bandua sejam o mesmo deus, não obstante estariam sob diferentes denominações. Era associado ao urso.
Blanca María Prósper relaciona o étimo Cosso com a raiz *Kom-dH-to, que quer dizer "união de rios", onde se produziu uma evolução mdt > ns > ss / s. Segundo isso, Cosso concordaria perfeitamente com o britónico Condatis, conhecido por várias inscrições aparecidas no Reino Unido e uma achada em Sarthe (França).[3]
Condatis assimila-se também com a divindade correspondente romana (cif: CONDATI MARTI. Barnard Castle-Yorkshire) e, como no caso de Cosso, seu nome significa "Deus da união". Tal associação, mais o fato de que se tratem de deuses guerreiros assimilados a Marte, conecta as culturas galaica e ástur com o mundo gaulês e britônico.
Esta deidade indígena foi estudada pelo historiador português Armando Coelho Ferreira da Silva por meio das inscrições com o radical COM Os-.[4] Segundo o investigador português, as inscrições demonstram a grande presença deste deus na zona, já que existem sete testemunhos fiáveis, ademais de dois duvidosos.[2] Um exemplo confirmado é a inscrição de Brandomil (A Corunha) consagrada a "COSO M(ARTI)", uma clara assimilação de divindades. Tal asimiliación faz pensar a #Ferreiro da Silva que Cosso seria um deus supremo da guerra e não uma deidade que tivesse de partilhar a sua atribuição com outras personagens.[5]
Cosso seria um equivalente galaico lucense do deus Bandua ou do Marte romano. Tratar-se-ia duma deidade que acoplaria com o modo de vida das tribos galaicas que, segundo Estrabão (3-3.7), estavam continuamente em pé de guerra antes da chegada dos romanos. Quando Estrabão fala dos habitantes montanheses do norte diz que "sacrificam a Ares cabritos, bois e cavalos".[6] O geógrafo opina que um deus com as funções do Ares grego, deus da guerra, era o deus principal do panteão dos povos do norte.
Tradicionalmente, houve a convicção de que este deus supremo dos galaicos seria o que aparece mencionado nas inscrições com o radical COM Os- ou CUS-.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Blázquez, J.M: Primitivas religiones ibéricas, vol. II - Religiones prerromanas, 1984 ISBN 9788470573330
- Prósper, Blanca Mª.: Lenguas y religiones prerromanas dele ocidente de la Península Ibérica, Ed. Universidad de Salamanca, Salamanca 2002. ISBN 9788478008186
Referências
- ↑ Tranoy, Alain (1981). La Galice Romaine. Recherches sur le nord-ouest de la péninsule ibérique dans l’antiquité. (em francês). Paris: Diffusion Boccard
- ↑ a b Olivares Pedreño, Juan Carlos (2002). Los dioses de la Hispania céltica. Col: Bibliotheca Archaeologica Hispana 15 (em espanhol). Alacant: [s.n.] pp. 67–84. ISBN 84-95983-00-1
- ↑ Prósper, Blanca María (2002). Lenguas y religiones prerromanas del occidente de la Península Ibérica. Col: Estudios Filológicos (em espanhol). Salamanca: [s.n.] pp. 250–252. ISBN 9788478008186
- ↑ Armando, Coelho Ferreira da Silva (1986). A cultura castreja no noroeste de Portugal. [S.l.: s.n.] pp. 286–300
- ↑ Blázquez, José María (1998). «Los cultos sincréticos y su propagación por las ciudades hispanorromanas». Vol. 1: 249-274
- ↑ Estrabão (1867). Géographie (em francês). París: [s.n.] 253 páginas