Cotação (montanha)

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Graus de dificuldade na escalada rochosa, segundo Wilhelm Willo Welzenbach, 1926.

No alpinismo ou na escalada, cotação ou graduação é a classificação de uma via de montanha, em função das dificuldades encontradas no percurso.

História[editar | editar código-fonte]

A ideia de atribuir valores aparece muito cedo na história do alpinismo, quando o Grupo de Alta Montanha (Groupe de Haute Montagne) francês, conforme proposta do alpinista alemão Wilhelm ''Willo'' Welzenbach, em 1925, introduz uma escala de seis valores - de fácil a extremamente difícil. Definido à partida para as escaladas dos Alpes Orientais, a escala será adaptada aos Alpes Ocidentais por Lucien Devies, em 1935, limitada "unicamente às escaladas puramente rochosas supostas em boas condições" («aux seules escalades purement rocheuses supposées en bonnes conditions ») [1].

Esta notação vai sofrer várias alterações e desde 1947, em França, é formada por 6 valores (I a VI) e três letras (a, b, c) para substituir a anterior classificação (VI-, VI, VI+), se bem que as duas continuam a existir em paralelo.

Exemplo de cotação da via Festin de Babeth na Aiguille des Ciseaux [2]

  • Cotação global : ED
  • Empenho : I
  • Cotação livre > oblig. : 6c+ > 6b+

Em 1978, a União Internacional das Associações de Alpinismo junta vários graus à escala das dificuldades introduzidas em 1947 e que na origem só contava seis [3].

Terreno[editar | editar código-fonte]

A escalada é primeiramente classificada segundo o tipo de terreno, pelo que se fala de escalada rochosa, escalada no gelo e escalada no muro, a artificial.

Escalada livre[editar | editar código-fonte]

Hoje existem vários sistemas de notação o que complica a troca de dados. Em resumo, tem-se:

Cotação francesa[editar | editar código-fonte]

Sete valores de I, que corresponde a um caminho abrupto, sendo que no II já é preciso utilizar as mãos, até ao VI. Um bom alpinista está no IV, e sem prática regular é difícil fazer o VI.

Descrição francesa da cotação de uma via, com mistura da notação antiga com a nova.

Cotação Ewbank[editar | editar código-fonte]

Utilizado na Austrália e Nova Zelândia, foi desenvolvida nos meados dos anos 1960 por John Ewbank. Sistema aberto, vai de 1 a 34.

Cotação YDS[editar | editar código-fonte]

O Yosemite Decimal System' (YDS), é um sistema numérico que vai de 1 a 5.

Cotação inglesa[editar | editar código-fonte]

Alfabética de 9 valores que vai do E por Easy ao ES por Extremely Severe

Escalada artificial[editar | editar código-fonte]

É feita num muro construído para treino ou em locais onde não haja montanhas nas proximidades. A grande vantagem é de poder oferecer num espaço restrito todas as dificuldades que se quiser. A notação é alfanumérica (de A0 a A6).

Cotação UIAA[editar | editar código-fonte]

Como já dito, 1978, a União Internacional das Associações de Alpinismo (UIAA) juntou mais seis graus à escala das dificuldades introduzidas em 1947, e que na origem só continha seis, utilizando assim um número seguido de um + ou de um -, e que varia de 1 a 12 [3].

Tabela comparativa[editar | editar código-fonte]

N.B.: As cotações dadas na Wikipédia em português para montanhas, agulhas e esqui baseiam-se normalmente nas informações recolhidas em CamptToCamp.

Cotação em escalada livre[4] · [5] · [6] · [7] · [8] · [9]
UIAA  Estados Unidos  França  Áustria  Reino Unido  Alemanha (Saxônia) scope=col |  Noruega  Suécia  Brasil África do Sul ZAF  Austrália
1 5.2 1 10 Easy I Isup 8 10
2 5.3 2 11 M II II 9 11
3 5.4 3 12 D III IIsup 10 12
4 5.5 4 HVD IV III 11
13 12
5- 5.6 MS V IIIsup 13
5a 13
5 5.7 14 4a S VI 5- 5- IV 14
5+ 5b 15 4b VS 5 5 14 15
5.8 VIIa IVsup 16
6- 5c 16 4c HVS 5+ 5+ 15
5.9 17 5a E1 VIIb V 17
6 6a 6- 6- 16
18 17 18
6+ 5.10a 6a+ 5b VIIc Vsup 19
19 6 6 18
5.10b VI 20
7- 20 5c E2 19
5.10c 6b VIIIa 6+ 6+ 21
7 5.10d 21 VIIIb VIsup 20 22
5.11a 6b+ VIIIc 7- VIIa 21 22
7+ 6c 22
6a 7- 22
5.11b 6c+ E3
8- 23 23
5.11c IXa 7 VIIb 24
23 24
8 5.11d 7a E4 IXb 7 VIIc 25
6b 7+ 25
5.12a 7a+ 24 IXc VIIIa
8+ 7+ 26
5.12b 7b E5 8- VIIIb
25
9- 5.12c 7b+ Xa VIIIc 27 26
8 8-
26 6c
9 5.12d 7c 27 Xb IXa 28 27
8
5.13a 7c+ E6 Xc IXb 29 28
28 8+
9+ 5.13b 8a 7a IXc 30 29
29
E7 9- 8+
10- 5.13c 8a+ 30 XIa Xa 31
30
31
10 5.13d 8b 31 9- Xb 32 32
9
5.14a 8b+ 7b XIb Xc 33
10+ 32 E8 9
5.14b 8c 33 9+ XIa 34 33
11-
5.14c 8c+ 34 E9 XIc 9+ 35
11 5.14d 9a 35 36 34
E10
11+ 5.15a 9a+ 36 37
5.15b 9b 37 E11
5.15c 9b+

Referências

  1. Olivier Hoibian, Les alpinistes en France, 1870-1950 : une histoire culturelle, p. 242
  2. «Camp2Camp: Les Ciseaux» (em francês) 
  3. a b «DHS: L'âge D'or De L'alpinisme» (em francês). Auteur(e): Paul Meinherz 
  4. «Comparison between UIAA grades and other grading systems» (PDF). www.theuiaa.org. Consultado em 16 de maio de 2011 
  5. «Tableau de cotations d'escalade : Comparaison des systèmes de cotation». www.belclimb.net. Consultado em 6 julho 2009 
  6. C.Larcher. «Les cotations en escalade». www.kairn.com. Consultado em 23 de março de 2007. Arquivado do original em 13 de julho de 2011 
  7. (em inglês) Jens Larssen. «Grade Conversion». www.8a.nu. Consultado em 30 de outubro de 2010 
  8. (em inglês) «Grade conversions». www.rockfax.com. Consultado em 16 de maio de 2011. Arquivado do original em 4 de setembro de 2011 
  9. (em inglês) The American Alpine Journal - Grades Arquivado em 1 de julho de 2012, no Wayback Machine.