Coveiro

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Coveiro com pás, Sarajevo, Bósnia e Herzegovina.

Coveiro é um trabalhador dos cemitérios, responsável - dentre outras atividades - pela preparação das covas e dos túmulos durante um funeral.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Os coveiros utilizam várias ferramentas(pá, enxada, escada e etc.) para realizar sua atividade: um molde, na forma de um quadro de madeira, é frequentemente colocado para a abertura da cova e tendas são utilizadas em dias de chuva. São responsáveis pela abertura (apenas quando forem utilizadas) das covas e sepulturas realizando respectivamente a exumação, a limpeza e sepultamento,[1] não é de competência dos coveiros desempenhar a limpeza e jardinagem do cemitério, esta é uma função do auxiliar de serviços gerais pesado (ASG) e/ou jardineiro.[2] A profissão não costuma oferecer preparação emocional para os desafios de enterrar as pessoas e costuma ser mal-remunerada.[3]

Coveiros famosos[editar | editar código-fonte]

  • Abraham Lincoln, mais tarde presidente dos Estados Unidos, trabalhou como sexton (um tipo de sacristão que desempenha atividades funerárias) num cemitério religioso no condado de Spencer, no estado de Indiana, [1]
  • O músico de blues James "Sonny Ford" Thomas trabalhou como coveiro em sua juventude no Mississípi.[4]
  • O também músico de blues John Jackson trabalhou como coveiro Condado de Fairfax , na Virgínia.[5]
  • Menciona-se frequentemente que o cantor-compositor britânico Rod Stewart teria trabalhado como coveiro no Cemitério de Highgate, ao norte de Londres.[6] Na verdade, esta é uma lenda urbana, uma vez que Stewart apenas ajudou a marcar as covas e a realizar pequenos trabalhos manuais no cemitério - e apenas por poucas horas. O próprio Rod Stewart reconhece que "o mito popular criado (o qual eu próprio levei adiante) de que fui coveiro. É uma pequena, deliciosa e misteriosa parte de minha história pessoal, mas novamente devemos nos esforçar para desmenti-la."[7]
  • O autor britânico Sid Smith trabalhou por pouco tempo como coveiro.[8]
  • O ex-jogador da Major League Baseball Richie Hebner ocupou-se fora de temporada como coveiro em um cemitério administrado por seu pai.[9]
  • O serial killer britânico Peter Sutcliffe foi coveiro na década de 1960. Durante seu julgamento, Sutcliffe disse ter ouvido vozes ordenando que ele matasse prostitutas. Disse também que as vozes se originavam do túmulo de um polonês, Bronisław Zapolski,[10] e atribuía aquelas vozes a Deus.[11][12]

Na literatura[editar | editar código-fonte]

Hamlet e os Coveiros, de Pascal Dagnan-Bouveret.

Um dos romances de Barbara Paul foi intitulado First Gravedigger.[13] O trabalho de coveiro é frequentemente usado como tema na ficção criminal e detetivesca. Gravedigger Jones é um dos dois detetives negros apresentados no conjunto de romances "Harlem cycle", escritos por Chester Himes.[14] Seu parceiro nos romances é Coffin Ed Johnson e a dupla muitas vezes se envolve em confrontos violentos.

Em função seu sua associação com a morte, os coveiros têm aparições notáveis em obras literárias. Talvez a mais famosa seja a do Ato 5, Cena 1 em Hamlet, de Shakespeare, na qual Hamlet e Horatio dialogam com um coveiro que cava a vala de Ofélia. Depois de dialogar com o coveiro, a cena termina com um solilóquio de Hamlet sobre o círculo da vida após a descoberta do crânio de seu querido bobo da corte, Yorick, desencavado pelo coveiro.[15]

Marxismo[editar | editar código-fonte]

Na terminologia do marxismo, uma classe revolucionária ascendente está destinada a suplantar a classe dominante anterior é frequentemente referida como "coveira" da classe anterior. Assim, o papel histórico da burguesia de "coveira do feudalismo", tendo depois criado uma vasta e explorada classe trabalhadora, destinada a organizar e a promover uma revolução, teria feito com que a burguesia inevitavelmente criasse sua própria "coveira".[16]

Este uso metafórico de "coveiro", alem de atestado nos escritos de Karl Marx, teve continuidade no mesmo sentido por Lênin, Trotsky e muitos outros líderes e teóricos marxistas.

Discriminação[editar | editar código-fonte]

Uma várias sociedades no mundo todo, os coveiros sofrem grande discriminação social, frequentemente pertencendo, às classes sociais tidas como mais baixas e tidos como "impuros".[17] Na Índia, tradicionalmente, os coveiros pertencem à casta dos intocáveis. No Japão feudal, abrir covas era uma das profissões "impuras" historicamente atribuídas à classe dos burakumin. Outros exemplos podem ser encontrados no Egito antigo.

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Notas[editar | editar código-fonte]

Como mostrado numa placa postada no cemitério, cf. graveyards.com (foto 10 de 10)

Referências

  1. RESENDE, Fernanda (1 de novembro de 2011). «Às vésperas do Dia de Finados, conheça a profissão de coveiro». Correio de Uberlândia. Consultado em 7 de setembro de 2018 
  2. LUCCA, Guss de. «As dificuldades da carreira de sepultador». Vagas. Consultado em 7 de setembro de 2018 
  3. «Coveiro, profissão que exige força e coragem, mas não ensina a lidar com a morte». IviNotícias. 30 de outubro de 2014. Consultado em 7 de setembro de 2018 
  4. Encyclopædia Britannica Book of the Year artigo James "Sonny Ford" Thomas, Online. Acesso em: 15 de outubro de 2005
  5. "John Jackson." Contemporary Black Biography, Volume 36. Edited by Ashyia Henderson. Gale Group, 2002.
  6. "Rod Stewart." 20 Worst Pre-Rock Star Jobs: No. 7. Spinner.com. 2007.
  7. Rod Stewart Was Never a Gravedigger - Neatorama
  8. "Sid Smith" Contemporary Authors Online, Gale, 2005. Reproduzido em Biography Resource Center.
  9. «Baseball Library entry for Richie Hebner». Baseballlibrary.com. Consultado em 24 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 29 de junho de 2011 
  10. "The Trial: Week Two", Trial of Peter Sutcliffe
  11. "MP's Ripper prison demand", BBC World News. 9 March 2003
  12. "Yorkshire Ripper, Peter Sutcliffe's Weight-Gain Strategy in Latest Bid for Freedom", Arquivado em 2012-05-27 na Archive.today New Criminologist. 25 May 2005
  13. «Barbara Paul's website». Barbarapaul.com. Consultado em 24 de dezembro de 2011 
  14. "Chester Bomar Himes." Encyclopedia of World Biography Supplement, Vol. 22. Gale Group, 2002. Reproduced in Biography Resource Center. Farmington Hills, Mich.: Thomson Gale. 2005
  15. Cliffs Notes summary of Act 5, Scene 1 in Hamlet Arquivado em 2005-12-11 no Wayback Machine
  16. «Resources | Ideas | The significance of the Communist Manifesto». A World to Win. Consultado em 24 de dezembro de 2011 
  17. IRAHA, Isabel de Santana; et al. (dezembro de 2017). «Sentidos do trabalho dos coveiros: um estudo exploratório». Pretextos - Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas. Consultado em 7 de setembro de 2018