Cultura de Moéris

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A cultura Moeriana desenvolveu-na região de Qasr al-Sagha entre 4300-3 700 a.C. e foi identificada durante as escavações de Kozlowski e Ginter na área: "As diferenças são marcadas, a tal ponto que pode-se dizer que a parte posterior da sequência neolítica representa uma cultura distinta, pronvavelmente de origem diferente".[1] Acredita-se que tenha se originado de deslocamentos populacionais do Deserto Ocidental: "A Moeriana do Neolítico Superior da segunda metade do milênio IV a.C. pensa-se ser atribuída ao deslocamento de pessoas do Deserto Ocidental[2] (...) A sequência cronológica das culturas no Faium mostra que influência de duas regiões atrigiram o Faium in períodos separados, primeiro do Levanto de pois do Deserto Ocidental".[3] Além disso, achados arqueológicos análogos das culturas Faiumiana e Moeriana são possíveis evidências de contato entre ambas as culturas,[4] embora sua cerâmica e indústria lítica tenha sido diferente: "Tanto em relação aos investários líticos, bem como os tipos de cerâmica dos sítios da Moeriana diferem na forma daqueles da Faiumiana de maneira essencial".[5]

Os sítios do período são caracterizados por lareiras, restos faunísticos e artefatos líticos e estão localizados em uma formação correlacionada a uma fase de recessão da seca: "abundantes traços de assentamentos são encontrados na parte leste da área investigada".[6] O sítio mais importante dessa cultura foi QS VIIA/80, um sítio caracterizado por duas fases ocupacionais e a presença de habitações: "em ambas as camadas principais da cultura e em todas as unidades estratigráficas, ocorreu um material culturalmente e tecnologicamente bastante homogêneo (artefatos de pedra, cerâmica), representando a fase final (...) pode ser assumido que a área próxima aos locais abrigados para dormir diferiam em forma funcinal da área de atividades domésticas diretamente pelas lareiras".[7] O sítio QS VID/80 consistia em um forno rodeado por cerâmica e material lítico coberto por uma camada de arenito, argilito e calcário organogênico.[8]

A indústria lítica era composta por ferramentas de sílex ou quartzo e suas principais formas foram lascas (retocadas ou não), lâminas retocadas, perfuradores, microlâminas e lamelas retocadas, lâminas apoiadas, raspadores laterais, ferramentas entalhadas e denticuladas e bifaciais.[8] A cerâmica era produzida com argila terciária e tinha como principais formas tigelas hemisféricas com paredes arredondadas, vasos com barriga hemisférica/esférica e jantes invertidos, vasos de perfil S, potes com pescoço cilíndrico e jantes invertidos ou engrossados, vasos profundos com fundo arredondado e vasos com fundo cônico; a cerâmica identificada em QS VIIA/80 foi dividida em quatro grupos: grupo I é marrom avermelhado ou preto com textura porosa, superfície externa ligeiramente alisada e temperamento a base de plantas; grupo II é vermelho, marrom ou preto com menos temperamento com plantas; grupo III é vermelho ou marrom escuro, possivelmente produzido com sedimentos lacustres, e era temperado com areia; grupo IV é vermelho-acastanhado com temperamento a base de areia grossa.[8] A economia era baseada na pesca (tilápias, Clarias, percas, Synodontis), caça (gazelas, aves aquáticas) e pecuária (ovinos, caprinos).[8]

Referências

  1. Ginter 1983, p. 38
  2. Caneva 1992, p. 221
  3. Caneva 1992, p. 223
  4. Ginter 1983, p. 70-71
  5. Ginter 1989, p. 169
  6. Ginter 1989, p. 159
  7. Ginter 1983, p. 40
  8. a b c d «The Faiyum Moerian» (em inglês). Consultado em 14 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 20 de outubro de 2009 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Caneva, I. (1992). Predynastic Cultures of Lower Egypt: The Desert and the Nile. [S.l.: s.n.] 
  • Ginter, Kozlowski; Bolesko Ginter (1983). Qasr el-Sagha. [S.l.: s.n.] 
  • Ginter, Kozlowski; Bolesko Ginter (1989). The Faiyum Neolithic in the light of new discoveries. [S.l.: s.n.]