Dadá (cangaceira)

Sérgia Ribeiro da Silva | |
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Dadá, ao lado de Corisco Foto de Benjamin Abrahão Botto. | |
Pseudônimo(s) | Dadá |
Nascimento | 25 de abril de 1915 Belém do São Francisco, ![]() |
Morte | 7 de fevereiro de 1994 (78 anos) Salvador, ![]() |
Nacionalidade | brasileiro |
Progenitores | Mãe: Maria Santana Ribeiro da Silva Pai: Vicente Ribeiro da Silva |
Cônjuge | Corisco |
Ocupação | Cangaceira |
Sérgia Ribeiro da Silva[1] mais conhecida como Dadá (Belém do São Francisco, 25 de abril de 1915 — Salvador, 7 de fevereiro de 1994), foi uma cangaceira - única mulher a usar fuzil no bando de Lampião.[2]
Biografia[editar | editar código-fonte]
Origem[editar | editar código-fonte]
Nasceu em Belém do São Francisco, onde viveu seus primeiros anos de vida e teve algum contato com índios. A família muda-se para Macururé, na Bahia, onde é raptada aos doze anos por Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto) - apelidado de Diabo Louro, de quem seria prima.
Ingresso no cangaço[editar | editar código-fonte]
Com 12 anos de idade foi violentada pelo cangaceiro Corisco, sua defloração foi tão violenta que lhe causou hemorragia e ela quase morreu. Passou três anos de sua vida na casa dos parentes de seu estuprador, pois não podia voltar para casa. Quando mulheres puderam entrar no cangaço, com a entrada de Maria Bonita, ela se juntou ao cangaço.
A relação, que começara instintiva, transforma-se com o tempo. A vida nômade, seguindo o companheiro, que era o segundo homem na hierarquia do bando, a chegada dos filhos fez com que, mais que uma amante, Dadá se tornasse a companheira de Corisco, com quem, ainda no meio das lutas, veio a se casar.
Tiveram sete filhos, que eram ocultamente deixados em casas de parentes para serem criados. Destes, apenas três sobreviveram.
O bando de Lampião dividia-se, como forma de defesa, em partes menores, a mais importante delas era justamente a chefiada por Corisco. A esposa tinha uma pistola, que ele dera, para sua defesa pessoal, e também lhe ensinou a ler, escrever e contar.
Num dos ataques feitos pelas volantes (em outubro de 1939, na fazenda Lagoa da Serra em Sergipe), o Diabo Louro é ferido em ambas as mãos, perdendo a capacidade para atirar. Dadá, então, torna-se a primeira e única mulher a tomar parte ativa - e não meramente defensiva - nas lutas do cangaço.
Se o marido era temido como um dos mais violentos bandoleiros, consta que muitas pessoas tiveram sua vida poupada graças à intervenção de sua companheira. Dadá também era chamada "Suçuarana do Cangaço".
Morte de Corisco[editar | editar código-fonte]
Tendo Lampião sido executado em 1938, Corisco, que estava em Alagoas com parte do bando, empreendeu feroz vingança. Como seus companheiros tiveram as cabeças decepadas, e expostas no Museu Nina Rodrigues de criminologia, na capital baiana, Corisco também cortou a cabeça de muitas vítimas, então.
O cangaço definhava, sobretudo pela disparidade de armamentos: os volantes tinham uma arma que os cangaceiros nunca conseguiram obter: a metralhadora. A própria Justiça passa a oferecer vantagens para os bandoleiros que se rendessem.
A 25 de maio de 1940 Corisco e seu bando é cercado em Brotas de Macaúbas, pela volante do tenente Zé Rufino. Dissolvera o bando, e abandonara as vestes típicas, procurando passar por simples retirantes.
Uma rajada da metralhadora rompe os intestinos de Corisco. Dadá é ferida na perna direita.
O último líder do cangaço morre dez horas depois do ataque, sendo enterrado em Jeremoabo e, dez dias após, exumado e a cabeça decepada é enviada ao Museu, junto às demais do bando.
Prisão[editar | editar código-fonte]
Dadá, colocada em condições infectas, tem seu ferimento agravado para uma gangrena, que restou-lhe, na prisão, à amputação quase total da perna. Por essa situação, o célebre rábula baiano Cosme de Farias, representa Dadá na Justiça, pleiteando sua libertação, em 1942.
Vida após o cangaço[editar | editar código-fonte]
Dadá passou a viver em Salvador, lutando para ver a legislação que assegura o respeito aos mortos fosse cumprida - e a tétrica exposição do Museu Antropológico Estácio de Lima,[3] localizado no prédio do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues tivesse fim. Só a 6 de fevereiro de 1969, no governo Luiz Viana Filho, foi que os restos mortais dos cangaceiros puderam ser inumados definitivamente - tendo, porém, o museu feito moldes para expor, em substituição.
Por sua luta e representatividade feminina, Dadá foi, na década de 1980, homenageada pela Câmara Municipal de Salvador. Na Bahia, que tivera Gláuber Rocha e tantos outros a retratar o cangaço nas artes, Dadá era a última prova viva a testemunhar o cotidiano de lutas, dificuldades e, também, de alegrias e divertimentos. Deu muitas entrevistas, demonstrando sua inteligência e desenvoltura.
Morte[editar | editar código-fonte]
Morreu em Salvador, em 1994.
Representações na cultura popular[editar | editar código-fonte]
Cinema e Televisão[editar | editar código-fonte]
- Corisco & Dadá(1996), filme de Rosemberg Cariry. No filme Dadá é interpretada por Dira Paes.
- A Mulher no Cangaço (1976), curta-metragem de Hermano Penna.
- Corisco o Diabo Loiro (1969), filme de Carlos Coimbra. No filme Dadá é interpretada por Leila Diniz.
- Lampião e Maria Bonita(1982), minissérie da Rede Globo com direção de Paulo Afonso Grisolli e Luís Antônio Piá. Na minissérie Dadá é interpretada por Lu Mendonça.
Referências
- ↑ SAVAGET, Luciana. Dadá, a mulher de Corisco, ed. DCL, (ISBN 8536800240), traz seu "nome de batismo" como sendo "Sérgia da Silva Chagas".
- ↑ VAINSENCHER, Semira Adler. Corisco. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Acesso em: 8 de janeiro de 2016.
- ↑ Sociedade Brasileira de História da Medicina. «Biografia do Médico Raimundo Nina Rodrigues no site da SBHM» 🔗. Consultado em 10 de maio de 2011. Arquivado do original em 25 de novembro de 2010