Dandara (jogo eletrônico)
Dandara | |
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Desenvolvedora(s) | Long Hat House |
Publicadora(s) | Raw Fury |
Produtor(es) | João Brant Lucas Mattos |
Artista(s) | Victor Leão |
Compositor(es) | Thommaz Kauffmann |
Plataforma(s) | Android iOS Linux macOS Windows Nintendo Switch PlayStation 4 Xbox One |
Lançamento | 6 de fevereiro de 2018 |
Gênero(s) | Plataforma Metroidvania Ação-aventura |
Modos de jogo | Um jogador |
Página oficial |
Dandara é um jogo de plataforma e metroidvania 2D desenvolvido pelo estúdio brasileiro Long Hat House e publicado pela Raw Fury.[1][2] A personagem principal do jogo mineiro, Dandara, é baseada na guerreira negra Dandara dos Palmares, escrava fugitiva e esposa de Zumbi dos Palmares, que lutou contra o sistema escravista.[3] No entanto, a proposta do jogo não se baseia no que Dandara fez na vida real.[3]
Jogabilidade[editar | editar código-fonte]
Dandara segue a mesma dinâmica de clássicos como Metroid e Castlevania. O jogador controla a personagem Dandara em uma plataforma de aventura 2D. É recomendado usar um controlador de jogo ou jogar por toque para uma melhor experiência.[4] A personagem não anda, o movimento é feito apontando a mira do jogo e usando o botão de salto para navegar entres plataformas, sendo elas pisos, paredes ou tetos. O combate é feito segurando o botão de ataque primário e soltando para descarregar o tiro na direção que está mirando, bem como para evitar projéteis em sua direção.[2] Ao longo do jogo, Dandara irá adquirir power-ups de armas e vida, que mudam as dinâmicas das batalhas e oferecem novas possibilidades de interação com os cenários. Neste mundo surreal de plataformas móveis e giratórias, Dandara conhece personagens estranhos e enfrenta figuras autoritárias e militares. Há também momentos de descanso, em acampamentos que representam checkpoints.[5]
Enredo[editar | editar código-fonte]
O mundo de Salt está à beira do colapso. Os cidadãos, que um dia foram espíritos livres, agora estão oprimidos e isolados. Mas nem tudo está perdido. Dessa atmosfera de medo surge uma heroína, um raio de esperança. Seu nome é Dandara. Bem-vindo a um jogo de plataforma metroidvania 2D único, cheio de criaturas místicas e exploração sem limites. Desafie a gravidade saltando igualmente sobre pisos, paredes e tetos. Descubra os mistérios e segredos escondidos por todo o mundo de Salt e sua grande variedade de personagens. Prepare Dandara para o combate e para sobreviver aos inimigos dedicados à opressão. Desperte, Dandara, para trazer a liberdade e equilíbrio a esse mundo sem direção.[4]
Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]
O desenvolvimento durou pouco mais de dois anos.[6] A princípio, o jogo seria sobre um soldado, seguindo os moldes de jogos americanos. A equipe, então, lapidou a ideia, aproximando-a a eles mesmos, seus cenários pessoais e familiares e à Belo Horizonte, cidade onde a maioria da equipe nasceu ou reside. O tema da escravidão surgiu, e conforme a busca por referências avançava, chegaram até a personagem histórica Dandara dos Palmares, o ponto de partida para a construção da protagonista.[6] O tema do jogo seria a escravidão no brasil, mas descartaram a ideia pois não tinham "a proximidade necessária para tocar em um assunto tão complexo e delicado".[5] "Ainda acredito que dê para fazer um belíssimo jogo sobre o tema, mas é algo que está muito distante da realidade de dois homens brancos. História e sociologia, por exemplo, não são nosso forte, muito menos o entendimento sobre o preconceito e da dor sofrida pelos negros. Tentar desenvolver agora um jogo guiado por história, escrito por nós, sem experiência, seria um grande erro", concluem os criadores.[5] Apesar dos desenvolvedores optarem por se distanciar da história da escravidão no Brasil, os temas centrais, como a luta pela liberdade, ainda estão presentes na trama que eles criaram para o jogo, bem como a figura mística de Dandara, que busca libertar seu povo no mundo de Sal.
Em 2016, o jogo foi apresentado no BIG Festival, principal evento de jogos independentes da América Latina, onde concorreu o prêmio de "Melhor Jogo Brasileiro". Dandara não venceu, mas ganhou destaque no evento.[3] A entrada da publicadora sueca Raw Fury alavancou o jogo, chamando a atenção da Nintendo que os abraçou e os divulgou ainda mais.[6] A Raw Fury conseguiu disponibilizar o jogo para consoles e para Nintendo Switch. Foi nesse momento que o jogo foi divulgado para o mundo pela própria Nintendo.[6] Em 2017 o jogo foi apresentado na E3, maior evento de jogos do mundo, em Los Angeles.[3]
Personagens[editar | editar código-fonte]
Dandara traz referências à cultura brasileira, uma personagem do jogo, por exemplo, é inspirada na obra "Abaporu", de Tarsila do Amaral.[7] Há outros elementos referentes a grupos musicais, locais reais, povos e até outros nomes relacionados com programas de TV brasileiros.[8] Dandara, a personagem principal, é baseada em Dandara dos Palmares, guerreira do período colonial do Brasil, esposa de Zumbi dos Palmares. Dandara foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII e auxiliou Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa do Quilombo dos Palmares.[9] No entanto a história do jogo não se baseia nos feitos de Dandara, mas sim na luta por liberdade.[7] "Nunca tivemos a intenção de fazer propaganda da cultura brasileira. O que fizemos foi procurar inspiração no que a gente vê...Mas acreditamos que fazer algo inspirado em nós mesmos vai criar um diferencial num cenário cheio de mesmices. É uma das formas de você ser criativo sendo influenciado pela própria cultura", afirmam os desenvolvedores.[7]
Em uma conversa ao IGN Brasil, os desenvolvedores explicam: "Mudamos a ideia para trazer pra algo mais próximo da gente. Então, surgiu o tema da escravidão. Buscamos algumas referências e chegamos na Dandara, inspirada na heroína Dandara dos Palmares, que foi uma escrava fugitiva trazida para o Brasil para fazer parte do Quilombo dos Palmares, onde foi companheira do Zumbi dos Palmares. As lendas tratam Dandara como uma estrategista que também lutava no fronte de batalha. Daí a inspiração da personagem".[6] Acrescentam: "A Dandara do jogo não representa a Dandara dos Palmares, é apenas baseada nela".[5]
Música[editar | editar código-fonte]
Thommaz Kauffmann, compositor do jogo, afirma que entrou na equipe nos primeiros meses de produção do jogo. O desenvolvedores João Brant e Lucas Mattos deram bastante liberdade para Thommaz, passando algumas referências de músicas que eles gostavam – como Pink Floyd –, e inspirações de artes e referências culturais. "A sonoridade mudou bastante nos dois anos de produção. No primeiro ano foram menos músicas e mais uma tentativa de encontrar algo que dialogasse com a narrativa pluridirecional da jogabilidade, que traz o mundo com um aspecto mais abstrato", afirma Thommaz.[6] Os instrumentos utilizados foram "um conjunto de aparelhos acústicos", como violinos e instrumentos de corda no geral, que tiveram modificações e foram "sampleados ao gosto de Thommaz.[6] "O piano também está presente, mas a maior parte são sintetizadores tentando imitar um aspecto orgânico do som, mais flutuante e não tão digital", concluiu o compositor.
Recepção[editar | editar código-fonte]
Recepção | |
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Resenha crítica | |
Publicação | Nota |
Edge[10] | 5/10 |
GameSpot[11] | 7/10 |
PC Gamer[12] | 68/100 |
TouchArcade[13] | ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
Pontuação global | |
Publicação | Nota média |
Metacritic | 81% (iOS)[14] |
Premiações | |
Premiador | Prêmio |
BGA 2018 | Brazil Game Awards[17] |
SBGAMES 2018 | Melhor Design[17] |
SBGAMES 2018 | Melhor Jogo[17] |
A recepção de Dandara foi mista, inclinando-se para positivo. Foi mais bem aceito em publicações voltadas para plataformas móveis, mostrando suas origens como um jogo touchscreen.[14][15][16]
Dandara atraiu a produção internacional e apareceu em sites estrangeiros de destaque.[7] O jogo foi eleito um dos dez melhores do ano pela revista Time, sendo este o primeiro jogo brasileiro a aparecer nesta colocação.[18] Dandara apareceu no ranking ao lado de grandes jogos, como Super Mario Party, Red Dead Redemption e God of War. Além disso, o jogo foi nomeado para "Jogo Portátil do Ano" no 22º Annual D.I.C.E. Awards.[19]
Referências
- ↑ «Long Hat House». www.longhathouse.com. Consultado em 25 de julho de 2019
- ↑ a b «Dandara for iPad (2018)». MobyGames. Consultado em 25 de julho de 2019
- ↑ a b c d «Game mineiro 'Dandara' é eleito um dos melhores do ano». Folha de S.Paulo. 11 de dezembro de 2018. Consultado em 25 de julho de 2019
- ↑ a b «Comprar Dandara - Microsoft Store pt-BR». Microsoft Store. Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ a b c d «Dandara é um belo metroidvania brasileiro criado especialmente para telas de toque». Overloadr. 17 de maio de 2016. Consultado em 25 de julho de 2019
- ↑ a b c d e f g Aliaga, Víctor (6 de fevereiro de 2018). «Criadores de Dandara revelam detalhes da produção do game brasileiro». IGN Brasil. Consultado em 25 de julho de 2019
- ↑ a b c d «Conheça 'Dandara', game com Tarsila do Amaral, Brasil colonial e uma nova ideia para o gênero de 'Metroid'». G1. Consultado em 25 de julho de 2019
- ↑ «Review Dandara». TechTudo. Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ Ascom. «Personalidades Negras – Dandara». Fundação Cultural Palmares. Consultado em 25 de julho de 2019
- ↑ «Dandara». Edge 317 ed. 26 de janeiro de 2018. 122 páginas
- ↑ «Dandara Review: Off The Wall». GameSpot (em inglês). Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ Prescott, Shaun (7 de fevereiro de 2018). «Dandara review». PC Gamer (em inglês). Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ «'Dandara' Review - Gravity-Defying Goodness». TouchArcade (em inglês). 6 de fevereiro de 2018. Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ a b «Dandara - iOS». Metacritic (em inglês). Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ a b «Dandara - NS». Metacritic (em inglês). Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ a b «Dandara - PC». Metacritic (em inglês). Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ a b c «Long Hat House: Indie Game Studio». Long Hat House. Consultado em 26 de julho de 2019
- ↑ «Jogo "Dandara" é o primeiro brasileiro a aparecer em ranking dos melhores do ano em revista». Revista Marie Claire. Consultado em 25 de julho de 2019
- ↑ «God Of War, Spider-Man Lead DICE Awards; Here's All The Nominees». GameSpot (em inglês). Consultado em 26 de julho de 2019