Desembarque em Pontian
O desembarque em Pontian (17 de agosto de 1964) foi um desembarque anfíbio realizado por um pequeno corpo de tropas indonésias no Distrito de Pontian do sudoeste da Malásia.
Origens[editar | editar código-fonte]
Durante as celebrações da independência da Indonésia dos Países Baixos em 17 de agosto de 1964, o presidente da Indonésia Sukarno declarou que o ano que se seguiria seria um 'Ano de Vida Perigosa'. O objetivo era sinalizar sua intenção de intensificar o confronto em curso com a Malásia a ponto de seguir a linha de uma poderosa resposta militar anglo-malaia. Sem o conhecimento de seu povo ou dos malaios e seus aliados, no entanto, Sukarno pretendia prosseguir com sua declaração e havia planejado uma série de ataques aéreos e marítimos contra a península da Malásia, um ato abertamente agressivo no que havia sido um conflito contido para o norte de Bornéu. Embora tenha sido uma medida arriscada, teve a chance de capitalizar sobre os recentes distúrbios na Malásia e Cingapura, colocando soldados indonésios e simpatizantes dentro do território malaio, onde eles poderiam tentar levantar a população contra um governo muito novo ao qual deviam pouca lealdade.[1]
Desembarques[editar | editar código-fonte]
Sukarno planejou começar seu 'Ano de Vida Perigosa' imediatamente, começando com um pouso anfíbio naquela mesma noite (17 de agosto) de paraquedistas indonésios e chineses-malaios exilados, que serviram como guias.[2] A sua missão era dupla: os indonésios deviam estabelecer uma base de guerrilha e começar a recrutar e treinar os locais nesse estilo de guerra, enquanto os outros cometiam atos de sabotagem e assassinatos. O primeiro estabeleceria um ponto de apoio para ataques posteriores ao território da Malásia, bem como tentaria criar agitação entre a população contra o governo e os britânicos, e o último aumentaria a ameaça da presença indonésia de modo a exacerbar o estresse interno lá.[1] Os indonésios também esperavam que a cobertura dos imensos manguezais ocultasse a chegada de seus intrusos.[3]
Os desembarques foram realizados conforme planejado, com as tropas sendo desembarcadas secretamente em três locais ao longo da costa de Pôncio durante a noite de 17 de agosto. A partir daí, porém, os planos indonésios rapidamente se perderam. A população local revelou-se extremamente pouco receptiva à incursão indonésia e, antes que pudessem começar a estabelecer qualquer tipo de apoio e governo provisório, as forças de segurança da Malásia começaram a chegar ao local. Várias unidades foram implantadas pelo governo da Malásia, incluindo uma companhia do Regimento Real da Malásia, um regimento de reconhecimento e um esquadrão da polícia da selva Senoi Praaq, que se revelaria importante para encontrar o futuro pousos.[3]
Metade dos invasores foi capturada imediatamente após o desembarque, e como os malaios isolaram uma área com um raio de duzentas milhas ao redor de Pontian, tornou-se simplesmente uma operação de limpeza para prender os outros. O Senoi Praaq seria fundamental neste processo, provando ser adepto de capturar intrusos indonésios enquanto eles se escondiam para obter comida de aldeões malaios, bem como seguir seus rastros pela selva. O perímetro foi rapidamente reduzido para um raio de apenas oito milhas conforme os postos de controle mais apertados foram estabelecidos e as unidades de segurança varreram a área, e a resistência indonésia rapidamente desmoronou. Todos menos quatro foram capturados ou mortos neste esforço (a grande maioria capturada).[3]
Resultado[editar | editar código-fonte]
Os desembarques em Pontian, embora pequenos em escala e malsucedidos na natureza, causaram uma enorme crise política para a Grã-Bretanha. O governo da Malásia ficou furioso e acusou os indonésios de "agressão flagrante", ameaçando atacar (através da Grã-Bretanha) em suas bases em Sumatra, ao mesmo tempo pressionando Londres imensamente para agir.[4]
Referências
- ↑ a b Easter 2012, p. 98.
- ↑ Tuck 2016, p. 31.
- ↑ a b c Jumper 2001, p. 146.
- ↑ Freeman 2003, p. 200.
- Bibliografia
- Easter, David (2012). Britain and the Confrontation with Indonesia, 1960–66. [S.l.]: I.B.Tauris. ISBN 0857721151
- Freeman, Donald (2003). Straits of Malacca: Gateway Or Gauntlet?. [S.l.]: McGill-Queen's Press – MQUP. ISBN 9780773525153
- Jumper, Roy Davis Linville (2001). Death Waits in the "dark": The Senoi Praaq, Malaysia's Killer Elite. [S.l.]: Greenwood Publishing Group. ISBN 9780313315152
- Lim, Cheng Leng; Lee, Khor Eng (2016). Waging an Unwinnable War: The Communist Insurgency in Malaysia (1948–1989). [S.l.]: Xlibris Corporation. ISBN 9781524518639
- Toh, Boon Kwan (2005). «Brinkmanship and Deterrence Success during the Anglo-Indonesian Sunda Straits Crisis, 1964–1966». Journal of Southeast Asian Studies. 36. JSTOR 20072668
- Tuck, Christopher (2016). Confrontation, Strategy and War Termination: Britain's Conflict with Indonesia. [S.l.]: Routledge. ISBN 9781317162100