Dinis da Luz

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Dinis da Luz
Nascimento 8 de setembro de 1915
Nordestinho (Açores)
Morte 20 de dezembro de 1988 (73 anos)
Nordestinho (Açores)
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação padre, jornalista, escritor
Religião Igreja Católica

Dinis da Luz de Medeiros (São Pedro Nordestinho, ilha de São Miguel, 8 de setembro de 1915 — São Pedro Nordestinho, 20 de dezembro de 1988, mais conhecido por Dinis da Luz, foi um sacerdote católico, poeta e jornalista.[1][2][3] Assinou alguns artigos usando o anagrama DAZUL.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em São Pedro Nordestinho, concelho do Nordeste, onde conclui o ensino primário. Logo após a conclusão deste, partiu para Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, onde frequentou o Seminário Episcopal daquela cidade. Concluído o curso, foi ordenado sacerdote em 1938 e colocado como prefeito num colégio de Ponta Delgada.[1]

Ainda aluno do Seminário tinha iniciado a sua colaboração com A União, um jornal católico de Angra do Heroísmo, onde assinava usando o anagrama DAZUL. A capacidade de escrita evidenciada levou a que em 1940 fosse enviado para Lisboa com o objectivo de estagiar no jornal católico A Voz. O que deveria ter sido um período curto destinado a adquirir experiência, acabou por se transformar numa longa permanência, já que a convite do director de A Voz trabalhou como redactor daquele periódico de 1940 a 1970.

A fase inicial de permanência na redacção de A Voz coincidiu com a Segunda Guerra Mundial, tendo Dinis da Luz manifestado clara simpatia pela causa dos Aliados, o que lhe valeu a hostilidade dos germanófilos. Apesar de A Voz ser um dos periódicos mais conservadores, politicamente muito próximo dos meios mais reaccionários do salazarismo, ainda assim Dinis da Luz sempre manifestou o seu repúdio pelos totalitarismos. Em resultado, passou a ser seguido pelos informadores da polícia política do Estado Novo, situação que se manteve até sair de Lisboa.

A sua posição em favor dos Aliados levou a que, terminada a guerra, fosse condecorado com a Medalha da Liberdade pelo rei Jorge VI do Reino Unido e feito oficial da Ordem de Leopoldo II da Bélgica.

Questões de saúde e a transformação de A Voz num órgão oficial da União Nacional, com novo título, forçaram em 1970 o seu regresso à ilha de São Miguel, acabando por se fixar no seu Nordeste natal.

Apesar de distante de Lisboa, não deixou de colaborar em vários periódicos açorianos (A Ilha, A União, o Açoriano Oriental, o Diário dos Açores, o Correio dos Açores e A Crença, entre outros) e em alguns jornais de Lisboa (Diário de Lisboa, Sol, Novidades e ainda nas revistas Século Ilustrado, Lúmen e Acção).[1]

Também colaborou com alguns periódicos católicos estrangeiros, tendo escrito crónicas sobre os Açores para o The Catholic Register (de Meliapor). Colaborou com o Diário de Notícias de New Bedford, participando numa campanha a favor dos emigrantes açorianos na Nova Inglaterra.

No campo literário escreveu poesia, contos e ensaios, inserindo-se no panorama literário do modernismo, com expressão formalmente clássica. O seu primeiro livro de poesia apresenta textos escritos entre os 13 e os 16 anos.[4][5][6]

Foi membro do Instituto Cultural de Ponta Delgada. O seu nome consta da toponímia da vila do Nordeste.

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

Para além de uma vasta colaboração dispersa por vários periódicos, Dinis da Luz é autor das seguintes obras:

  • (1939) Ponta da madrugada. Angra do Heroísmo, Tip. Andrade.
  • (1944) Antes de vir a noite. Lisboa, Of. Artes Gráficas.
  • (1945) De Deus e do Homem (antologia de Blaise Pascal com tradução, prefácio e notas). Lisboa, Bertrand Editora.
  • (1945) Grandeza e miséria. Lisboa, Pró Domo Ltd.
  • (1951) Destinos no mar : contos e almas. Lisboa : Portugália Editora.
  • (1958) Asas de Natal e mais sete poemas. Lisboa, Editora Império Limitada.
  • (1979) A sereia canta nos portos. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional de Educação e Cultura.
  • (1979) Coisas da censura e um artigo para «inquietar» toda a gente. Angra do Heroísmo, União Gráfica Angrense.

Notas

  1. a b c d Enciclopédia Açoriana: "Luz, Dinis da (D. da L. de Medeiros)".
  2. J. Silva Júnior, Padre Dinis da Luz : apontamentos sobre a sua vida e obra. 2.ª ed., Nordeste, Câmara Municipal do Nordeste, 1990.
  3. José Augusto Pereira, Padres Açoreanos, p. 82. Angra do Heroísmo, União Gráfica Angrense, 1939.
  4. Lúcia Costa Melo, Dinis da Luz, sob o signo da insularidade (2.ª edição), Nordeste, Câmara Municipal do Nordeste, 1990.
  5. Pedro da Silveira, Antologia de poesia açoriana do século XVIII a 1975, p. 263. Lisboa, Sá da Costa, 1977.
  6. Maria de Jesus Maciel, Imagens de Mulheres. Estudo das Representações Femininas nos Provérbios Açorianos e nos Contos de Dinis da Luz. Lajes do Pico: Câmara Municipal das Lajes do Pico., pp. 130-131. Lajes do Pico, Câmara Municipal das Lajes do Pico, Nova Gráfica, 1999.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]