Diogo Alves
Diogo Alves | |
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Gravura da época, 1840 | |
Pseudônimo(s) | O (alegado) assassino do Aqueduto das Águas Livres |
Data de nascimento | 1810 |
Local de nascimento | Galiza |
Data de morte | 19 de fevereiro de 1841 (31 anos) |
Local de morte | Cais do Tojo (Lisboa) |
Nacionalidade(s) | ![]() |
Crime(s) | homicídio e furto |
Pena | enforcamento |
Situação | morto |
Diogo Alves (c. 1810 – Lisboa, 19 de fevereiro de 1841) foi um criminoso galego radicado em Portugal, cuja fama como o “assassino do Aqueduto das Águas Livres” foi amplamente divulgada na cultura popular portuguesa, mas carece de fundamento documental[1].
Biografia
[editar | editar código-fonte]Estabelecido em Lisboa ainda jovem, Diogo Alves ficou posteriormente ligado, através da tradição oral e ficção popular, a uma alegada vaga de assassinatos ocorrida no Aqueduto das Águas Livres entre 1836 e 1841, embora nunca tenha sido julgado ou sequer formalmente acusado de tais crimes[2]. As acusações concretas contra ele incidiram sobre os assassinatos da família acolhida pelo médico Pedro de Andrade, bem como o subsequente homicídio do criado Manuel Alves[3]. Foi condenado e executado por esses crimes, juntamente com outros cúmplices[4].
O seu caso foi extensivamente revisto e analisado na obra de investigação histórica Os Segredos de Diogo Alves (2025), onde se conclui, com base no processo judicial arquivado na Torre do Tombo e outros documentos históricos e literários, que Diogo Alves nunca foi julgado por quaisquer “crimes do aqueduto”[5]. Segundo o autor, a associação de Alves a esses crimes resultou de rumores e reconstruções ficcionais surgidas somente após a sua execução[6], consolidando-se através de relatos literários, jornais sensacionalistas e até produções cinematográficas posteriores.
Após a sua execução por enforcamento a 19 de fevereiro de 1841, no Cais do Tojo, o seu corpo foi levado para o Cemitério do Alto de São João, onde décadas mais tarde o seu crânio terá sido obtido por Francisco Ferraz de Macedo, para fins de estudo anatómico[7].
A ideia de que é sua a cabeça actualmente preservada e exposta no teatro anatómico da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa é rejeitada por Miguel Carvalho Abrantes, com base em incongruências físicas, cronológicas e museológicas[8].
Apesar da sua notoriedade, não há qualquer prova documental contemporânea que associe Diogo Alves a uma série de homicídios no Aqueduto das Águas Livres. O seu mito como “primeiro serial killer português” assenta numa construção posterior, dissociada dos factos judiciais verificados[9].
Representações culturais
[editar | editar código-fonte]A figura de Diogo Alves inspirou peças literárias, filmes e crónicas ao longo do século XX e XXI. Entre as mais conhecidas, encontra-se o filme mudo Os Crimes de Diogo Alves (1911), frequentemente citado como o primeiro filme de ficção português, que ajudou a cimentar o mito do “assassino do aqueduto”[10].
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de assassinos em série por número de vítimas
- Spree killer
- Frenologia
- Aqueduto das Águas Livres
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Miguel Carvalho Abrantes, Os Segredos de Diogo Alves: Entre o Homem e o Assassino do Aqueduto, edição de autor, 2025.
- Gideon Haigh, Tudo o que não queria saber (tradução e adaptação de Vladimiro Nunes), Tinta da China, 2006.
- Portugal: Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume IV, págs. 599–600.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Documentos originais sobre Diogo Alves na Biblioteca Nacional Digital»
- «Filme mudo "Os Crimes de Diogo Alves" (1911)»
- «Museu de Anatomia da Faculdade de Medicina de Lisboa»
- ↑ Abrantes, Miguel Carvalho. Os Segredos de Diogo Alves: Entre o Homem e o Assassino do Aqueduto (2025)
- ↑ Abrantes (2025), pp. 7–76.
- ↑ Abrantes (2025), pp. 21–25.
- ↑ Abrantes (2025), p. 34-36.
- ↑ Abrantes (2025), pp. 7–76.
- ↑ Abrantes (2025), pp. 77–116
- ↑ Abrantes (2025), pp. 101-102.
- ↑ Abrantes (2025), pp. 130-132.
- ↑ Abrantes (2025), pp. 147–149.
- ↑ Abrantes (2025), pp. 97–101.