Diego de Alvarado

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Diogo de Alvarado)
Diego de Alvarado
Nascimento 1570
Biscaia
Morte 12 de fevereiro de 1643
Lisboa
Ocupação compositor
Instrumento órgão

Diego de Alvarado ou Diogo de Alvarado (Biscaia, c. 1570 — Lisboa, 12 de fevereiro de 1643) foi um compositor basco que residiu em Portugal durante cerca de 40 anos.

Vida[editar | editar código-fonte]

Diego (ou Diogo) de Alvarado nasceu por volta de 1570 na Biscaia, Espanha.[1] Esteve ao serviço da coroa espanhola, do rei Filipe III de Espanha (II de Portugal), como primeiro organista, até 13 de abril de 1602, altura em que se tornou organista da Capela Real em Lisboa, com o salário anual de 30.000 réis e (a partir de 13 de junho), três moios de trigo.[2] Foi organista na corte portuguesa por mais de 40 anos, sendo organista em simultâneo com Manuel Rodrigues Coelho (ativo como tangedor entre 1604 e 1633) e colaborado com os mestres de capela Francisco Garro (entre 1592 e 1623) e Filipe de Magalhães (entre 1623 e 1641).[3][4]

Camilo Castelo Branco faz-lhe referência no seu romance "O Regicida" (1874), adiciona uma nota (a 1.ª) onde transcreve informações de Diego (Diogo) de Alvarado recolhidas por Diogo de Paiva de Andrade (o jovem):

Diogo de Alvarado foi grande tangedor de tecla, que é o mesmo que de órgão. Viveu longa vida e conservou sempre a mesma destreza e agilidade no tanger daquele instrumento. Quarenta e três anos exerceu o ofício na Capela Real no tempo dos Filipes, e ainda três no reinado de D. João IV. Está sepultado na Igreja de Nossa Senhora dos Mártires, onde tem este epitáfio: “Sepultura de Diogo de Alvarado tangedor de tecla na Capela Real 43 anos, e de sua mulher, o qual faleceu em 12 de fevereiro de 1643.”[5]
 
Diogo de Paiva de Andrade, “Memórias (inéditas) de Diogo de Paiva de Andrade”.

Camilo Castelo Branco acrescenta ainda que a igreja citada é a "antiga igreja arrasada pelo terremoto de 1755" e que deste músico não achou "outra notícia, nem dele a teve o cardeal patriarca D. Frei Francisco de S. Luís na Lista de alguns artistas portugueses (Lisboa, 1839)".[5]

Obra[editar | editar código-fonte]

Dois motetos são referidos no Index da Biblioteca Real de Música de D. João IV, um "Ave virgo gloriosa", para 5 vozes, e "Versa est in luctum", para 4 vozes.[6] Duas peças suas para órgão [7] estão num manuscrito apenso à edição impressa da Facultad Organica de Francisco Correa de Arauxo na Biblioteca do Palácio Nacional da Ajuda, com a cota 38-XII-27, ff. 205-217v. Este manuscrito está em tablatura espanhola. A primeira peça é uma composição sobre o tema espanhol do Pange Lingua, ao passo que a segunda peça é uma composição sobre uma obra para órgão de António Carreira, o Velho, Mestre de Capela de D. João III e D. Sebastião. A peça sobre o Pange Lingua está também no manuscrito da Biblioteca Pública Municipal do Porto, Livro de Frei Roque da Conceição,[8] nos fólios 126v-127, com ligeiras diferenças relativas ao manuscrito da Biblioteca da Ajuda.

Referências

  1. Diccionario de la música española e hispanoamericana. , Volume Abad-Azzali José López-Calo, Ismael Fernández de la Cuesta 1999
  2. Viterbo, Francisco Marques de Sousa (2008/1932), Subsídios para a História da Música em Portugal, Coimbra, Imprensa da Universidade, Edição Facsimilada de Arquimedes Livros, pp. 29-31.
  3. Vieira, Ernesto (2007/1900), Diccionario Biographico de Musicos Portuguezes, Lisboa, Lambertini, Edição Facsimilada de Arquimedes Livros, vol. 1, p. 23.
  4. Vieira, Ernesto (1900). Diccionario Biographico de Musicos Portuguezes. Lisboa: Tipografia Matos Moreira e Pinheiro 
  5. a b Castelo Branco (1874), O Regicida, Lisboa, Livr. Ed. de Mattos Moreira.
  6. Primeira Parte do Index da Livraria de Música do Muito Alto, e Poderoso Rei Dom João o IV, Nosso Senhor. Porto: Imprensa Portuguesa. 1649 
  7. Kastner, Macario Santiago (1970), Otto Tentos del cinquecento di autori spagnoli e portoghesi per strumenti a tastiera, Milano, Edicioni Suvini Zerboni, pp. 7-14.
  8. Speer, Klaus (1967), Fr. Roque da Conceição: Livro de Obras de Órgão, Portugaliae Musica, vol. XI, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 182-183

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Castelo Branco (1874), O Regicida, Lisboa, Livr. Ed. de Mattos Moreira, [Ver nota 1ª].

Doderer, Gerhard (1997), Vox Humana: Spain, Baerenreiter, BA 8233, pp. 6-7.

Kastner, Macário Santiago (ed.), (1952), Libro de Tientos y Discursos de Musica Pratica, y Theorica de Organo Intitulado Facultad Organica, (Alcalá, 1626), Compuesto por Francisco Correa de Arauxo, Vol. II, Barcelona, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Instituto Español de Musicologia, pp. 13-14, pp. 242-243, pp. 262-267.

Kastner, Macário Santiago (1979), Três Compositores Lusitanos: António Carreira, Rodrigues Coelho, Pedro de Araújo, Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 56-57.

Ribeiro, Mário de Sampaio (1967), Livraria de Música de El-Rei D. João IV: Primeira Parte do Index, Reprodução Facsimilada da Edição de 1649, 2º Volume, Lisboa, Academia Portuguesa de História.

Stevenson, Robert (2001), "Alvarado, Diego [Diogo] de", in The New Grove Dictionary of Music and Musicians, London, MacMillan.

Valença, Manuel (1990), A Arte Organística em Portugal: c. 1326-1750, volume I, Braga, Província Portuguesa da Ordem Franciscana, pp. 87-89.

Vasconcelos, Joaquim de (1874), Primeira Parte do Index da Livraria de Música do Muy Alto, E Poderoso Rey Dom João IV Nosso Senhor, Porto.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]