Diogo do Couto

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Diogo do Couto
Diogo do Couto
"Diogo de Couto" - Ilustração no jornal "O Panorama" em 1837 (colecção privada de Nuno Carvalho de Sousa - Lisboa)
Nascimento ca. 1542
Morte 10 de dezembro de 1616 (74 anos)
Goa
Nacionalidade Português
Ocupação Historiador
Magnum opus Soldado Prático

Diogo do Couto (ca. 1542Goa, 10 de dezembro de 1616) foi um historiador português com a função de guarda-mor da Torre do Tombo de Goa.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu em 1542, em Lisboa, filho dos nobres Gaspar do Couto e de Isabel de Serrã de Calvos.

Aos onze anos começou a ouvir gramática, estudou Latim e Retórica no Colégio de Santo Antão e Filosofia no Convento de Benfica.[2][3] Em 1559 vai para o Estado da Índia, donde só regressaria uma década depois.

Escreveria o autor posteriormente, que se o Oceano, em vez de água, fosse uma estrada, estaria "toda calçada de ossos de Portugueses, perdidos em tão perigosa viagem".[4]

Amigo íntimo de Luís Vaz de Camões, vai descobri-lo na Ilha de Moçambique em 1569, com dívidas e sem dinheiro para voltar. Diogo de Couto e outros amigos disponibilizam-se para ajudar o poeta, que deste modo poderá apresentar na capital a sua maior obra, os Lusíadas. Chegam a Lisboa em Abril de 1570 na nau Santa Clara:

"Em Cascais, as naus fundeadas esperavam que Diogo de Couto voltasse de Almeirim, onde fora solicitar de el-Rei a sua entrada no Tejo, porque Lisboa estava fechada com a peste. Logo que a ordem veio, Santa Clara entrou na barra." (Oliveira Martins)

No entanto voltou de novo ao Oriente, tendo recebido do Rei Filipe I a missão de prosseguir as «Décadas» de João de Barros. Escreveu as que vão da IV à XII, mas só publicou completas a IV, V e VII e um resumo da VIII e IX porque VI ardeu na casa de imprensa, a VIII e IX foram roubadas, XI perdeu-a.

Entendeu que a história deve conter as "verdades" sem restrições, acaba por sofrer repressões, dizendo como objectividade incomodava muita gente cujos antepassados estavam envolvidos nos acontecimentos que narrava. Este historiador criticou os abusos, a corrupção e as violências correntes na Índia, protestando abertamente contra eles.

Além das Décadas, de orações congratulatórias e comemorativas que proferiu em solenidades no Oriente, e do relato do naufrágio da Nau São Tomé, escrito na História trágico-marítima, escreveu também o célebre Diálogo do Soldado Prático, que contém uma critica mordaz ao funcionalismo na Índia, pondo a descoberto a ambição da riqueza, o amor ao luxo, a opressão aos pobres, a falta de dignidade e a deslealdade nas informações ao Rei.

Referências

  1. «Diogo do Couto, o português da Índia há 500 anos, por Carlos Maria Bobone, Observador, 16/12/2016». observador.pt 
  2. «Diogo do Couto». Porto Editora. Infopédia. Consultado em 9 de dezembro de 2013 
  3. Couto, Diogo do; Caminha, Antonio Lourenço (1808). Obras ineditas de Diogo do Couto. [S.l.]: Imperial e Real 
  4. J. Cândido Martins, Naufrágio de Sepúlveda: texto e intertexto (Editora Replicação, 1997), p. 75.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]