Discussão:Esporo (catamita)

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A identidade de gênero de Sabina[editar código-fonte]

Quando levantamos informação sobre pessoas trans falecidas, é importante reconhecer que o seu status enquanto pessoas trans não foi reconhecido na maior parte do tempo e do espaço entre a sua vida e o presente. Sem levar isso em consideração, não conseguimos avaliar e separar os vieses do seu círculo imediato, dos contemporâneos, das fontes primárias e das secundárias. Para uma boa reconstrução, a prevalência de disforia nas populações humanas (hoje conhecida) e a experiência de ser uma pessoa trans precisam ser também consideradas.

Nos EUA, onde dados são mais confiáveis, entre 250 e 650 a cada 100.000 habitantes (cerca de 0.5%) se identificam como homens trans ou como mulheres trans (https://worldpopulationreview.com/state-rankings/transgender-population-by-state). Hoje se sabe que o bloqueio de hormônios de fato reduz drasticamente a cogitação de suicídio entre pessoas trans (https://www.nbcnews.com/feature/nbc-out/puberty-blockers-linked-lower-suicide-risk-transgender-people-n1122101) e que o tratamento dessas pessoas no gênero errado aumenta a prevalência de depressão e suicídio (site bloqueado). De fato, a prevalência de pessoas que transicionam aumentou junto com a nossa maior capacidade de controlar as formas dos corpos humanos por bloqueadores de hormônio, suplemento de hormônios, e cirurgias. Métodos anteriores eram mais drástico e incluíam a castração antes da puberdade. Contudo, é ingênuo partir do pressuposto de que as pessoas trans não existiam até a modernidade e que contos como o de Iphis por Ovídio não se pautassem em observações da realidade (https://www.athensjournals.gr/history/2021-7-2-1-Moore.pdf).

Em particular, a Popéia Sabina II, a terceira mulher com quem Nero se casou voluntariamente (aqui ignoro Otávia), cresceu como um menino delicado (puer dēlicātus) e foi castrada como meio de bloquear hormônios da puberdade. Após o procedimento, assumiu o nome de Popéia Sabina em homenagem à ex-mulher do Nero, que havia morrido durante um aborto. Então, ela se casou com Nero, foi tratada por Nero e pela corte como uma mulher, foi apresentada em público como imperatriz. Ela o acompanhou até a morte, fugindo com ele dos que o queriam morto em vez de abandoná-lo nessa hora como muitos da corte o fizeram.

Contudo, a história dela nos chega por historiadores que se auto-declaram homotransfóbicos. Cassio Dio, que se refere a ela como se ela fosse um homem, cogita inclusive que Antínoo, parceiro de Adriano, tenha se afogado de propósito no Nilo porque morrer após 5 anos de relacionamento teria sido um destino melhor do que continuar sendo supostamente abusado sexualmente por Adriano. Esses historiadores sequer consideraram possível um homem querer manter relações sexuais e afetivas com outro. Com toda certeza, não lhes passou a hipótese de que uma mulher trans pudesse querer ser castrada para não adquirir os traços secundários masculinos.

Nesse sentido, tenhamos em vista que até hoje há um número grande de pessoas que não reconhecem essa vontade dos indivíduos por mais que as pessoas trans venham a público e digam por elas mesmas que o bloqueio de hormônios salvou a vida delas. Isso inclui servidores públicos como a Damares Alves e outros tantos no governo brasileiro, os quais defendem que bloqueadores de hormônio e operações plásticas nos órgãos sexuais são mutilações (https://noticias.r7.com/minas-gerais/em-bh-ministra-damares-alerta-para-casos-de-mutilacao-de-jovens-19112019). Sabendo disso, não me parece uma prática adequada confiar nas fontes secundárias enviesadas como o Cassio Dio e ignorar todas as fontes primárias citadas e forjadas pelo mesmo, as quais tratavam a Popéia Sabina II sistematicamente como mulher.

Por isso, por respeito às pessoas trans de hoje, e por respeito à Popéia Sabina II, sugiro referirmos à Popéia Sabina no feminino e apresentarmos o nome de nascimento como nome secundário. Segue uma sugestão de como reescrever o texto sem ocultar o fato de que se tratava de uma mulher trans e sem ocultar o fato de que ela foi vista por historiadores como um menino castrado involuntariamente a mando do Nero.

Popéia Sabina II, nome original Esporo (em latim: Sporus), foi uma jovem trans que se tornou favorita do imperador Nero e posteriormente sua esposa. Se submeteu à castração antes da puberdade como medida para bloquear hormônios e evitar a aquisição de traços secundários masculinos. Após o procedimento, se casou com o imperador em público [Dio 62-28-3]. Era tratada como mulher pelo imperador e pelos outros membros da corte. Era parecida com a esposa anterior Popéia Sabina I, falecida durante o parto [Dio 62-28-2], cujo nome adotou em sua homenagem após a transição.

Mais de um século e meio após a sua morte, o historiador Dião Cássio, que não a considerava uma mulher e considerava Nero um homem perverso e ridículo, alegou que ela foi castrada à força para servir aos caprichos do imperador [Dio 62-28-2] e que o casamento dos dois consistiu em mais um dos muitos atos ridículos do imperador [Dio 62-29-1].[1][2][3][4]

Daniel Couto Vale (discussão) 11h37min de 19 de setembro de 2021 (UTC)[responder]

Não tem sentido nenhum esse palavrório inteiro. A pessoa biografada chamava Esporo. Chamar-se Popeia Sabina não foi um ato de escolha da figura, mas uma imposição das circunstâncias devido a sua castração por ordens do Nero para que ele a desposasse, ao que parece por se arrepender de ter matado a verdadeira Popeia Sabina. Há absolutamente nada de trans nisso aqui.--Rena (discussão) 11h48min de 19 de setembro de 2021 (UTC)[responder]
Essa é a versão da história contada pelo Cássio Dio, um homotransfóbico contumaz. A pessoa biografada chamava-se Popéia Sabina para o Nero, após a sua morte para o Otto e, possivelmente, para outro imperador. Foi tratada como mulher por todos no seu círculo direto e foi apresentada como imperatriz ao público. Até mesmo as falas de contemporâneos que o Cássio Dio forjou demonstram que as pessoas se referiam a ela e a tratavam como uma mulher. Vou repetir: não me parece uma prática adequada confiar em fontes secundárias enviesadas, homotransfóbicas, como o Cassio Dio e ignorar todas as fontes primárias citadas e forjadas pelo mesmo, as quais tratavam a Popéia Sabina II sistematicamente como mulher. O marido dela e os dois pretendentes seguintes também a entenderam e a trataram como mulher. Daniel Couto Vale (discussão) 15h04min de 19 de setembro de 2021 (UTC)[responder]
Em caso de você de fato estar interessado em entender o problema neste artigo, o nome social é definido legalmente no Brasil como
  1. A designação pela qual a pessoa transsexual ou travesti se identifica
  2. A designação pela qual a pessoa transsexual ou travesti é conhecida socialmente
Já a identidade de gênero é definida como:
  1. A dimensão da identidade da pessoa que corresponde à representação da feminilidade ou masculinidade dela.
  2. Como essas duas opções se traduzem em práticas sociais distintas.
Segue o dectreto:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/decreto/d8727.htm
Segundo ambas as definições, a Popéia Sabina II se chamava, sem margem alguma de dúvida, Popéia Sabina. Esse era o nome social dela.
Pouco importa o motivo que leva uma pessoa a ser transsexual ou travesti. Ninguém sai perguntando para uma travesti na rua se ela foi forçada a ser travesti antes de referirmos a ela ou tratá-la como uma mulher. Após a morte de uma travesti, continua sendo um desrespeito à memória dela se referir a ela como se homem fosse. Para tanto, também não importa o que a levou a ser travesti, só importa como ela se identificava e como era conhecida socialmente.
Ademais, segue um vídeo curto sobre a diferença entre nome social e apelido, explicado por um homem trans, o qual é pertinente aqui.
https://www.youtube.com/watch?v=UIB4h6HI0kM Daniel Couto Vale (discussão) 15h43min de 19 de setembro de 2021 (UTC)[responder]
Puxa, não sabia que a Uiquipédia era brasileira. E puxa, não sabia que a Roma Antiga seguia legislações de um país tão posterior. E repuxa, não tinha noção que dá para avaliar um romano (Dião Cássio), com critérios e demandas militantes que importavam a ninguém naquele tempo, ainda mais para tratar sobre alguém que foi castrado para servir a um papel e não mudou fisicamente para atender a uma questão pessoal. Enfim, é perca de tempo tentar colocar tudo isso no artigo, pois não tem lastro histórico algum no contexto presente.--Rena (discussão) 00h51min de 20 de setembro de 2021 (UTC)[responder]
Prezado Renato, ainda que você tenha debochado de mim, eu sigo tratanto você bem porque você é digno de bom tratamento como todo ser humano é. Eu trato bem todas pessoas vivas e respeito tanto elas quanto os nossos ancestrais.
No português brasileiro, o dialeto nacional falado pelo maior número de falantes de português no mundo, o nome social das pessoas é o nome que, por decreto presidencial, se deve usar oficialmente e academicamente para as pessoas. Portanto, este artigo viola o decreto presidencial no Brasil que visa garantir a representação das pessoas enquanto homens ou mulheres conforme a identidade delas e conforme as práticas sociais que elas performam na sociedade e não conforme o sexo biológico. Essa violação se dá no artigo em português, em que se descreve uma pessoa histórica, e não na sociedade em que Cássio Dio viveu, mais de um século após a jovem ter morrido.
Além disso, eu parto do pressuposto de que você não é historiador e não está acostumado a avaliar os vieses de fontes secundárias como o Cássio Dio. As fontes primárias e as fontes contemporâneas forjadas por Cássio Dio claramente não representavam a Popéia Sabina como um jovem castrado à força. Isso é uma interpretação tardia do Cássio Dio, um homotransfóbico sim segundo o próprio, que considerava sexualmente perversos todos os imperadores da história que tiveram parceiros do sexo masculino. Suetônio, por exemplo, documenta o rumor de que alguém fez o seguinte comentário no casamento dos dois no livro sobre a vida de Nero (28.1):
Texto: exstatque cuiusdam non inscitus iocus bene agi potuisse cum rebus humanis, si Domitius pater talem habuisset uxorem.
Comentário Original: bene agi potesset cum rebus humanis, si Domitius pater talem habuisset uxorem.
Comentário Traduzido: Teriam feito um bem para a humanidade se o pai [de Nero] Domício tivesse se casado com esse tipo de mulher.
Original: https://www.thelatinlibrary.com/suetonius/suet.nero.html
Tradução: https://penelope.uchicago.edu/Thayer/e/roman/texts/suetonius/12caesars/nero*.html
Ou seja, as pessoas da época, até as que se opunham ao Nero e queriam que ele nunca tivesse nascido, se referiam à Popéia Sabina como uma mulher. talem uxorem sozinho significa esse tipo de esposa. Essa representação da Popéia Sabina enquanto mulher sobreviveu 300 anos nos rumores jocosos (inscitus jocus). Foram os historiadores tardios que inventaram essa história de que ela teria sido percebida pelos contemporâneos como um jovem castrado à força. Neste artigo, nos vemos o mesmo acontecendo de novo. Agora se tenta ocultar até memo que as pessoas da época percebiam ela como mulher. No artigo está escrito:
Segmento do artigo: Segundo Suetônio, um romano que viveu na época de Nero, o mundo estaria melhor se o pai de Nero, Cneu Domício Enobarbo, tivesse se casado com alguém como o jovem castrado.
É esse tipo de falseamento da história que estamos falando. Daniel Couto Vale (discussão) 11h18min de 20 de setembro de 2021 (UTC)[responder]

Segue um link sobre esse tipo de falseamento da história. https://www.otempo.com.br/mobile/brasil/travesti-e-enterrada-como-homem-por-familia-em-sergipe-violencia-desrespeito-1.2555134