Decimatio

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A decimatio ("dizimação") era uma das mais severas punições aplicadas no exército romano. Tratava-se de uma medida excepcional para punir casos de extrema covardia ou amotinamento.

História[editar | editar código-fonte]

A primeira dizimação documentada ocorreu em 471 a.C. durante as primeiras guerras contra o Volscos, na República Romana, sendo registrada por Lívio.[1] A prática foi restabelecida por Crasso em 71 a.C., durante a Terceira Guerra Servil contra Espártaco.

A dizimação era praticada ainda durante o Império Romano, sendo usada pela última vez por Augusto em 17 a.C.,[2] enquanto Tácito registra que Lúcio Aprónio usou a dizimação para punir a coorte da Legio III Augusta após ser derrotada por Tacfarinas em 20 d.C.[3]

Procedimento[editar | editar código-fonte]

O castigo consistia em isolar a coorte ou coortes selecionadas da legião amotinada e dividi-la em grupos de dez soldados. Dentro de cada grupo tirava-se a sorte quem devia ser castigado (independentemente de sua posição dentro da coorte) e era eleito um, o qual devia ser castigado pelos nove remanescentes, geralmente por lapidação ou por golpes de garrote.

Os sobreviventes eram obrigados a dormir fora do acampamento da sua legião, fato de grande perigo em época de guerra.[4]

Supostamente o castigo visava ensinar os soldados sobreviventes e as demais coortes, pois a morte podia chegar aleatoriamente, às mãos dos próprios companheiros, sem levar em conta categoria nem méritos anteriores. Contudo, mais habitualmente, a decimatio rompia o espírito de corpo e a união entre companheiros de armas (executores por sorteio dos seus próprios irmãos de armas), minando a confiança para os comandantes das legiões que ordenavam tal castigo: o imperador bizantino Maurício (582-602) advertia contra as punições arbitrárias na sua obra sobre ciência militar Estratégico, indicando que danavam mais do que beneficiavam o moral da tropa.

Uso atual do termo[editar | editar código-fonte]

Atualmente o termo "dizimar" refere-se à redução em número de uma tropa ou população, mas não necessariamente como resultado de um castigo.

Referências

  1. Ab Urbe condita libri, ii.59
  2. SUETÔNIO, Vida de Augusto, 24
  3. Tácito, Annales, 3
  4. Tito Lívio. Ab urbe condita, ii.59: Narração da guerra contra os Volscos (471 a.C.)