Luiz Gastão de Orléans e Bragança

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 Nota: Não confundir com Luís de Orléans e Bragança.
Pretendente
Luiz de Orléans e Bragança
Luiz Gastão de Orléans e Bragança
Reivindicação
Período 5 de julho de 1981
a 15 de julho de 2022
Predecessor Pedro Henrique
Sucessor Bertrand
Último monarca Pedro II (deposto em 1889)
Ligação com o último monarca Trineto
Dados pessoais
Nome completo Luiz Gastão Maria José Pio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga
Nascimento 6 de junho de 1938
Mandelieu, França
Morte 15 de julho de 2022 (84 anos)
São Paulo, Brasil
Sepultamento 18 de julho de 2022
Cemitério da Consolação, São Paulo
Casa Orléans e Bragança
(Ramo de Vassouras)
Pai Pedro Henrique do Brasil
Mãe Maria Isabel da Baviera
Religião Catolicismo
Ocupação Engenheiro Químico
Assinatura Assinatura de Luiz de Orléans e Bragança

Luiz de Orléans e Bragança (Mandelieu-la-Napoule, 6 de junho de 1938São Paulo, 15 de julho de 2022), foi um descendente da família imperial brasileira e pretendente ao extinto trono do Brasil de 1981 até sua morte, em julho de 2022.[1] Filho mais velho de Pedro Henrique de Orléans e Bragança, foi seu herdeiro aparente de 1938 até 5 de julho de 1981, quando assume a chefia da Casa Imperial do Brasil.

Nascido na França, onde sua família vivia desde o exílio, Luiz se mudou para o Brasil em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial. Teve seus estudos primários no Rio de Janeiro e em Jacarezinho, e seguiu então para a Europa, onde cursou Ciências Políticas e Sociais na Universidade de Paris, na França, e depois Química e Física na Universidade de Munique, na Alemanha. Formado, retornou ao Brasil em 1967, estabelecendo-se em São Paulo e assumindo a direção do Secretariado do pai, que então residia no Sítio Santa Maria, em Vassouras.[2]

Junto a seus irmãos, Bertrand e Antonio, desempenhou importantes papéis durante a campanha para o Plebiscito de 1993, onde o povo foi solicitado a escolher qual forma de governo o Brasil deveria ter: república ou monarquia constitucional; e qual forma de organização estatal: presidencialista ou parlamentarista. A causa monárquica não teve sucesso, recebendo 13,2% dos votos contra 66% da república.[3] Ao longo das quatro décadas seguintes Luiz percorreu todo o Brasil, participando de encontros monárquicos e eventos correlatos. Viajou também aos Estados Unidos e à Europa, proferindo palestras e participando de eventos culturais. Luiz concedia audiências em seu secretariado e procurava dirigir-se aos brasileiros através de comunicados e declarações à imprensa, sendo sempre entrevistado por jornalistas que desejavam conhecer suas opiniões acerca dos mais variados assuntos.[4]

Cada vez mais recluso por seus problemas de saúde, Luiz morreu no dia 15 de julho de 2022, no Hospital Santa Catarina, em São Paulo. Luiz foi sucedido na chefia da Casa Imperial por seu irmão, Bertrand.[5]

Infância e juventude[editar | editar código-fonte]

Maria Isabel e seus dez filhos mais velhos em Jundiaí do Sul-PR, em 1957.Museu da Moda Brasileira.

Luiz nasceu em 6 de junho de 1938 na casa de sua avó paterna em Mandelieu-la-Napoule, na França,[6] onde sua família vivia desde o exílio da família imperial brasileira. Era o primeiro filho de Pedro Henrique de Orléans e Bragança, e de sua esposa, a princesa Maria Isabel da Baviera.[7] Foi batizado na Capela do Mas-Saint-Louis, seus padrinhos foram: o seu tio materno, o príncipe Ludwig da Baviera, e sua avó paterna,[8] sendo nomeado Luiz Gastão em homenagem à o tio paterno, falecido ainda jovem. O seu pai era o filho mais velho do príncipe Luís de Orléans e Bragança e da princesa Maria Pia das Duas Sicílias, e a sua mãe era a filha mais velha do príncipe Franz da Baviera e da princesa Isabelle de Croÿ, e neta de Ludwig III, último rei da Baviera.[9] Luiz ainda era bisneto da Princesa Isabel,[10] trineto de Pedro II, o último imperador do Brasil, e tetraneto de Pedro I, imperador do Brasil e rei de Portugal, bem como em linha reta masculina de Luís Filipe I, último rei da França.

Luiz viu o Brasil pela primeira vez em 1945, após o término da Segunda Guerra Mundial, quando se estabeleceu definitivamente neste país, no Rio de Janeiro, depois no Paraná e finalmente em São Paulo, onde residiu até o fim da vida. Estudou em colégios tradicionais – como o carioca Colégio Santo Inácio, dos jesuítas – e mais tarde partiu para Paris, onde cursou Ciências Políticas e Sociais na Universidade de Paris, e depois Química e Física na Universidade de Munique entre 1962 a 1967.[11] Falava fluentemente português, francês e alemão, e compreendia espanhol, italiano e inglês.[12]

Com a morte do pai, em 1981, tornou-se pretendente ao título de Chefe da Família Imperial, pretensão essa que manteve até a data de sua morte.[13]

Herdeiros[editar | editar código-fonte]

Dos onze irmãos de Luiz, dois permaneceram solteiros, sete renunciaram a seus supostos direitos dinásticos para contrair casamentos desiguais, e apenas dois contrairam casamentos dinásticos com outro membro da realeza.[14]

Tendo Luiz permanecido solteiro durante toda sua vida, e sem filhos, a chefia da Casa Imperial passou para seu segundo irmão, Bertrand, pois o primeiro, Eudes, renunciou a seus supostos direitos, por si e por sua futura descendência, em 1966, vindo a falecer em 2020, antes mesmo de Luiz.[15] Sua terceira irmã, Isabel Maria, faleceu em 2017, solteira e sem descendência. O quarto e quinto irmão, Pedro de Alcântara e Fernando, renunciaram em 1972.

O sexto irmão, Antonio, será o próximo a suceder na chefia da Casa Imperial, tendo ele contraído casamento dinástico com a princesa belga Christine de Ligne, com quem teve quatro filhos, dos quais: um faleceu solteiro e sem descendência, uma renunciou 2014, e dois: Rafael e Maria Gabriela, permanecem solteiros, sendo os próximos na linha de sucessão, de jure. A sétima, Eleonora, também contraiu casamento dinástico, com o príncipe Michel de Ligne, com quem teve dois filhos: Alix, que renunciou em 2016; e Henri, que segue solteiro, sendo Eleonora e Henri os próximos.

Os demais irmãos, Francisco, Alberto, Maria Tereza e Maria Gabriela, renunciaram em 1980, 1983, 1995 e 2003 respectivamente.[16][17][18]

Morte[editar | editar código-fonte]

Luiz teve uma série de problemas de saúde nos anos 2010. A família anunciou, em 10 de junho de 2022, que havia sido internado no hospital Santa Catarina em São Paulo. No dia 8 de julho, também informou que, após ficar diversos dias internado, inclusive na unidade de terapia intensiva (UTI), seu estado era irreversível. Por fim, comunicou seu falecimento em 15 de julho de 2022.[19]

Por sua morte, foi decretado luto oficial em todo o Brasil, pelo período de um dia, por decreto do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro.[20] Em 16 de julho de 2022, o Itamaraty publicou nota de pesar em sua honra e agregou: "Dom Luiz é agora sucedido por seu irmão Dom Bertrand na chefia da Casa Imperial, a quem caberá a missão de representar os descendentes do fundador do Brasil neste ano do Bicentenário da Independência."[21] A nota foi criticada por atentar contra a natureza laica e republicana do Estado, definida constitucionalmente, assim como pela inexistência de títulos nobiliárquicos no país, e foi atribuída à problemática gestão da pasta das relações exteriores durante o governo Bolsonaro.[22][23]

O velório aconteceu em 16, 17 e 18 de julho de 2022, na sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, em São Paulo, reunindo monarquistas de todo o Brasil. A Missa que antecedeu o sepultamento (no Cemitério da Consolação) foi celebrada aos 18 de julho na paróquia de Santa Teresinha, na Capital do Estado de São Paulo.[24][25]

Honras[editar | editar código-fonte]

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Portal (16 de julho de 2022). «Chefe da Casa Imperial do Brasil, Luiz de Orleans e Bragança morre aos 84 anos». Notisul. Consultado em 21 de agosto de 2022 
  2. «Dom Luiz » Pró Monarquia». monarquia.org.br. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  3. http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/plebiscito-de-1993
  4. Redação (15 de julho de 2022). «Quem era Luiz de Orleans e Bragança, pretendente ao extinto trono brasileiro». Aventuras na História. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  5. https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-imprensa/falecimento-de-d-luiz-de-orleans-e-braganca
  6. Ribeiro 2009, p. 13.
  7. Ribeiro 2009, pp. 13-14, 81-82.
  8. «Biografia de Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança - eBiografia». eBiografia 
  9. «Biografia de Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança - eBiografia». eBiografia 
  10. Amorim, Kleber (5 de junho de 2017). «Família imperial brasileira quer a volta da monarquia no país». Gazeta Online 
  11. «Biografia de Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança - eBiografia». eBiografia 
  12. «Dom Luiz » Pró Monarquia». monarquia.org.br. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  13. Ribeiro 2009, p. 135.
  14. «Person Page». www.thepeerage.com. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  15. «Morre no Rio, aos 81 anos, Eudes de Orleans e Bragança, bisneto da Princesa Isabel». O Globo. 14 de agosto de 2020. Consultado em 27 de dezembro de 2023 
  16. Ribeiro 2009, p. 69.
  17. Ribeiro 2009, pp. 175-178.
  18. "Personalidades que firmaron"
  19. «Dom Luiz de Orleans e Bragança morre aos 84 anos». O Globo. Consultado em 15 de julho de 2022 
  20. Nacional, Imprensa. «DECRETO Nº 11.134, DE 15 DE JULHO DE 2022 - DOU - Imprensa Nacional». www.in.gov.br. Consultado em 15 de julho de 2022 
  21. «Falecimento de D. Luiz de Orleans e Bragança». Ministério das Relações Exteriores. Consultado em 20 de julho de 2022 
  22. «Itamaraty chama herdeiro da família imperial brasileira de 'Sua Alteza' que dedicou vida a 'valores cristãos'». O Globo. 16 de julho de 2022. Consultado em 16 de novembro de 2023 
  23. «Bolsonaro consolida enfraquecimento do Itamaraty com mentiras a embaixadores». Folha de S.Paulo. 23 de julho de 2022. Consultado em 16 de novembro de 2023 
  24. «Corpo de Dom Luiz de Orleans e Bragança é velado em São Paulo». G1. Consultado em 17 de julho de 2022 
  25. «Corpo de Dom Luiz, neto da Princesa Isabel, é velado em São Paulo». cultura.uol.com.br. Consultado em 17 de julho de 2022 
  26. Carneiro 2000, p. 205

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]