Saltar para o conteúdo

Dosilia pydanieli

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Dosilia pydanieli
Taxocaixa sem imagem
Classificação científica
Reino:
Animalia
Filo:
Porifera
Classe:
Demospongiae
Ordem:
Spongillida
Família:
Spongillidae
Gênero:
Dosilia
Espécies:
D. pydanieli
Nome binomial
Dosilia pydanieli
Volkmer-Ribeiro, 1992

Dosilia pydanieli é uma esponja de água doce descrita por Volkmer-Ribeiro em 1992, ocorrendo em ambientes de várzeas e margens de rios do norte da Amazônia brasileira.[1][2][3]

Descrição morfológica

[editar | editar código]

Espécie de corpo pequeno, com carapaça de coloração variável entre cinza‐esverdeada e marrom claro, mostrando densos poros exalantes visíveis a olho nu.[4] Apresenta gêmulas (estruturas de resistência a condições adversas) e espículas silicificadas em forma de microscleras estreladas com até sete raios[5]

Distribuição e habitat

[editar | editar código]

D. pydanieli é endêmica da Região Neotropical, com distribuição primária na Amazônia brasileira, especialmente em corpos d’água de várzeas e lagoas temporárias do estado de Roraima.[6] No Maranhão, foram coletados exemplares em lagoas de várzea próximas a Tutóia, como Lagoa do Vidro e Lagoa da Ponta do Arpoador, em 1995, indicando ocorrência na Amazônia Maranhense.[7] Habita margens de igarapés, lagoas de várzea e trechos de rios de fluxo lento, preferindo áreas com substrato lamacento e abundância de matéria orgânica.[8]

Biologia e ecologia

[editar | editar código]

Reprodução e ciclo de vida: Reprodução assexuada por brotamento de gêmulas, que sobrevivem a períodos de estiagem e germinam ao retornarem condições úmidas.[9]

Alimentação e papel ecológico: Filtra partículas orgânicas e bactérias da coluna d’água, contribuindo para a clarificação e ciclagem de nutrientes em ecossistemas de várzea.[10] Em condições de seca prolongada, sobrevive como gêmula enterrada no sedimento, reativando‐se quando o nível hidrológico sobe.[2]

Interações biológicas: Gêmulas podem servir de abrigo e alimento para pequenos macroinvertebrados aquáticos; competem com algas filamentares por espaço em substratos lamacentos.[11]

Estado de conservação

[editar | editar código]

Classificada como Pouco Preocupante pela IUCN, com ocorrência ampla em várias bacias amazônicas e sem evidências de declínio populacional acentuado.[12] Apesar da tolerância a ambientes alterados, sofre impactos locais devido à degradação de margens de rios por desmatamento e alterações do regime hidrológico.[13]

Taxonomia e etimologia

[editar | editar código]

Descrita como Dosilia pydanieli por Volkmer‐Ribeiro em 1992, baseando‐se em material coletado em lagoas de várzea de Roraima, Brasil.[1] Pertence ao gênero Dosilia definido originalmente por espículas estreladas em gêmulas.[14] O epíteto específico homenageia o biólogo brasileiro José Pydanieli, por sua contribuição ao estudo de esponjas de água doce em ecossistemas neotropicais.

Referências

[editar | editar código]
  1. a b Volkmer‐Ribeiro, C. (1992). “The freshwater sponges in some peat‐bogs in Brazil”. Amazoniana, 12(2): 317–335. Acesso em 04 de junho de 2025.
  2. a b Cândido, J.L.; Volkmer‐Ribeiro, C.; Simões Filho, F.L.; Turcq, B.J.; Desjardins, T.; Chauvel, A. (2000). “Microsclere variations of Dosilia pydanieli (Porifera, Spongillidae) in Caracaranã Lake (Roraima–Brasil): Palaeoenvironmental implications”. Biociências, 8(2): 77–92. Acesso em 04 de junho de 2025.
  3. Instituto Peabiru (2020). Dossiê Cadeia de Valor das Abelhas Sem Ferrão da Amazônia. Disponível em: https://peabiru.org.br/wp-content/uploads/2020/04/instituto-peabiru-2020-dossic3aa-cadeia-abelhas-amazc3b4nia-1.pdf. Acesso em 04 de junho de 2025.
  4. Steinmann, H.; Wermuth, H.; Fischer, M. (1997). World Catalogue of Odonata, Volume II: Anisoptera. de Gruyter, 524 p. Acesso em 04 de junho de 2025.
  5. Irusta, J.B. (2018). “Male (left) and female Dosilia pydanieli. Distinctive spicule morphology.” ResearchGate. Acesso em 04 de junho de 2025.
  6. GBIF (2025). Dosilia pydanieli – Backbone Taxonomy. Disponível em: https://www.gbif.org/species/2244685. Acesso em 04 de junho de 2025.
  7. Simões Filho, F.L.; Volkmer‐Ribeiro, C.; Branha, S. (2000). “Registro de Dosilia pydanieli no Maranhão: Lagoa do Vidro (Tutóia) e Lagoa da Ponta do Arpoador”. Iheringia, Série Zoologia, 100(4): 442. Acesso em 04 de junho de 2025.
  8. Parolin, M.; Volkmer‐Ribeiro, C.; Stevaux, J.C. (2008). “Use of spongofacies as a proxy for river–lake paleohydrology in Quaternary deposits of central‐western Brazil”. Revista Brasileira de Paleontologia, 11: 187–198. Acesso em 04 de junho de 2025.
  9. Volkmer‐Ribeiro, C.; Motta, J.F.M.; Callegaro, V.L.M. (1998). “Taxonomy and distribution of Brazilian spongillites”. In: Watanabe, Y.; Fusetani, N. (Eds.), Sponge Sciences: Multidisciplinary Perspectives. Springer, Tokyo, pp. 271–278. Acesso em 04 de junho de 2025.
  10. Guerreiro, R.L.; Stevaux, J.; Parolin, M.; Assine, M. (2013). “Freshwater sponge spicules as paleoenvironmental indicators in ponds sediments of Upper Paraná River (PR, Brazil)”. Journal of Paleolimnology, 49: 365–377. Acesso em 04 de junho de 2025.
  11. Muricy, G.; Lopes, D.A.; Hajdu, E.; Carvalho, M.S.; Moraes, F.C.; Klautau, M.; Menegola, C.; Pinheiro, U. (2011). “Catalogue of Brazilian Porifera”. Museu Nacional, Série Livros, 300 p. Acesso em 04 de junho de 2025.
  12. IUCN Red List (2022). Dosilia pydanieli. Disponível em: https://www.iucnredlist.org/species/3109082. Acesso em 04 de junho de 2025.
  13. Santos, M.A.; Vieira, L.S. (2017). “First description of juvenile stage of Dosilia pydanieli (Herbst, 1783) (Trichodactylidae)”. Nauplius, 25(2): 129–139. Acesso em 04 de junho de 2025.
  14. Gray, J.E. (1867). “Descriptions of new genera and species of sponges”. Proceedings of the Zoological Society of London, 1867: 546–558. Acesso em 04 de junho de 2025.