Doubaiazete
Doubaiazete
Doğubayazıt • Bazîd • Bayazet
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Distrito (ilçe) | |
Localização | |
![]() | |
Localização de Doubaiazete na Turquia | |
Coordenadas | 39° 32′ N, 44° 05′ L |
País | Turquia |
Região | Anatólia Oriental |
Província | Are |
Características geográficas | |
Área total [1] | 2 250 km² |
População total (dezembro de 2021) [2] | 118 643 hab. |
• População urbana | 80 061 |
Densidade | 52,7 hab./km² |
Doubaiazete (em turco: Doğubayazıt), Bazide (em curdo: Bazîd)[3] ou Baiazate (em armênio: Բայազետ; romaniz.: Bayazet) é uma cidade e distrito da Turquia, na província de Are e na região da Anatólia Oriental. O distrito tem 2 250 km² de área[1] e em dezembro de 2021 tinha 118 643 habitantes (densidade: 52,7 hab./km²), dos quais 80 061 na sua capital.[2]
Nome
[editar | editar código-fonte]O nome atual da cidade de Doubaiazete deriva de Baiazite, que foi introduzido pelo Império Otomano desde o século XVI. Foi proposto que seja uma referência ao sultão otomano Bajazeto I (r. 1389–1403) ou ao irmão do sultão jalaírida Amade Jalair (r. 1382–1410), o príncipe Bajazeto.[4] Apesar disso, é possível que surgiu de uma corrupção de alguma forma nativa armênia, haja vista a menção de "Berdene Biazti" (Բերդն Բիազտի, Berdn Biazti) por Araquel de Tabriz a partir de uma cópia de 1451 do Haysmavurk (um livro litúrgico). De todo modo, antes do século XV,[5] era referida como Dariunque (Դարյունք, Dariunk’), Dareunque (Դարևունք, Dareunk’), Daroinque (Դարոյնք, Daroynkʿ), Dareonque (Դարեոնք, Dareonk’) etc.[6] Ptolemeu chamou-a Terua (em grego: Τερούα, Teroúa), de uma possível forma *Derua (Δερούα, *Deroúa).[7]
História
[editar | editar código-fonte]O atual assentamento de Doubaiazete se desenvolveu a alguns quilômetros de distância da antiga fortaleza armênia que lhe deu nome.[4] Abaixo das fundações foram identificados resquícios de ocupação desde o século VIII a.C., do Reino de Urartu. A primeira menção em fontes armênias à fortaleza ocorreu no século V, a respeito de fatos históricos do século precedente.[6] Ela pertenceu aos reis arsácidas do Reino da Armênia até o século V, quando foi adquirida pelos bagrátidas. No início do século X, ficou momentaneamente sob controle do emir sájida Iúçufe ibne Abi Alçaje até sua conquista pelo rei Cacício I (r. 904–943/4). Em 1020, foi conquistada pelo Império Bizantino, mas rendida ao Império Seljúcida 50 anos depois. Tamerlão (r. 1370–1405) ocupou brevemente a região onde a cidade se localiza. No início do século XV, fazia parte dos territórios do Império Safávida na Armênia Ocidental, mas foi conquistada pelo sultão Solimão, o Magnífico (r. 1520–1566) no rescaldo de sua vitória na guerra de 1532–1555.[4] Dada sua proximidade com a fronteira iraniana, os otomanos atribuíram aos beis curdos locais a responsabilidade de defendê-la como governadores semiautônomos até o século XIX.[8]
Aquando de sua incorporação no Império Otomano, a cidade e seu distrito circundante (caza) foram incorporados ao eialete de Erzurum,[4] ao qual foram subordinados até o início do século XIX, quando formaram um paxalique próprio. Na segunda metade do século, foram incorporados ao vilaiete de Erzurum.[8] Sabe-se que no século XVIII a cidade era muito povoada e abrigava ao menos dois mil residentes armênios.[5] No mesmo período é mencionada uma diocese, subordinada à sé apostólica de Echemiazim (atual Valarsapate) da Igreja Armênia.[9] Em 1735, tropas safávidas destruíram parte do assentamento, mas não tomaram a fortaleza. No tempo da Guerra Russo-Turca de 1806–1812, sua população era de 1 735 armênios e 310 muçulmanos. Serovbe de Erzurum, que estava na cidade em 1812, mencionou uma população de 12 mil pessoas. Durante a Guerra Russo-Turca de 1828–1829, o assentamento foi severamente destruído. Em 1829, de acordo com fontes estatísticas russas, tinha sete mil habitantes, a maioria dos quais eram armênios. No rescaldo do conflito, os armênios migraram em massa e suas casas foram gradualmente ocupadas por curdos. Anos depois, a cidade sofreu grandes danos com os sismos que duraram de 20 de junho a 28 de setembro de 1840. Em 1854, em meio aos confrontos da Guerra da Crimeia (1853–1856), foi novamente invadida pelos russos.[5]
Em 27 de abril de 1877, o general russo de origem armênia Arshak Ter-Gukasov capturou a cidade. Em resposta, tropas otomanas e curdas contra-atacaram entre 6 e 29 de junho e no processo destruíram a quase totalidade de Doubaiazete. Das 300 casas armênias registradas, apenas 100 foram salvas e muitos habitantes fugiram para Macu e Carse. Após a destruição, foram contabilizadas 260 famílias residentes, das quais 134 eram turcas, 108 curdas e 18 armênias.[5] No início do século XX, estima-se que a população do distrito era de 52 544 pessoas, das quais 10 505 eram armênios,[8] mas na capital não excederam duzentos a trezentos residentes. Em 1909, a cidade tinha cerca de mil habitantes, dos quais 350 era armênios.[5] Dada a presença de terras férteis, lagos e planícies e rica fauna e flora, os residentes do distrito ocupavam-se da agricultura, jardinagem e pecuária.[8] Na capital, por conseguinte, desenvolveu-se o artesanato e o comércio, com ao menos 200 lojas registradas em Doubaiazete, sobretudo pertencentes a comerciantes armênios.[5] Em 1914, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, houve uma sensível recuperação da população na capital, que registrou cinco mil habitantes, dos quais dois mil eram armênios, e o restante turcos e curdos.[5] Em 1914, a cidade foi reocupada pelos russos.[4] Em 1918, foi devolvida aos otomanos, que deportaram todos os residentes armênios. Hoje, a cidade tem um tamanho modesto e é habitada apenas por curdos e turcos.[5] Os curdos também seriam parcialmente dispersos desde a supressão da Revolta de Ararate de 1930.[4]
Patrimônio histórico
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Em Doubaiazete sobreviveram, a oeste, na base de um cânion acidentado, os restos de antigas ocupações no sítio; a leste, no flanco norte da estrada, a fortaleza, que circunda um afloramento; e no flanco sul, o cemitério armênio e o Palácio de Ixaque Paxá.[4] Antes da Primeira Guerra Mundial, havia uma escola armênia, três mesquitas e duas igrejas, uma dedicada a São Precursor (Surb Karapet), que foi construída em pedra com telhado de madeira, e outra a São Vardanes (Surb Vardan).[5]
Geografia
[editar | editar código-fonte]O centro do distrito fica ao sul das montanhas Aras,[10] a cerca de 25 quilômetros a sudoeste do monte Ararate, próximo ao monte Tendureque, que faz parte das montanhas Salcanse, a uma altitude de cerca de 1 900 metros. É cercado em três lados por penhascos rochosos e é aberto no lado leste, de onde se avista a planície de Guernavuque. O rio Conatique flui nas cercanias e sobre o qual há uma ponte de pedra de arco único.[9] Administrativamente, Doubaiazete faz parte da atual província de Are, na Turquia, e está perto da fronteira com o Irã, sobre a estrada que liga Erzurum com Tabriz.[4]
Subdivisões
[editar | editar código-fonte]O distrito é formado pelo município (em turco: belde) de Doubaiazete e 85 aldeias (köy):[2]
- Actarla (Aktarla)
- Actulu (Aktuğlu)
- Alentepe (Alıntepe)
- Axaetávela (Aşağıtavla)
- Atabacane (Atabakan)
- Airance (Ayrancı)
- Bardacle (Bardaklı)
- Barende (Barındı)
- Bascoi (Başköy)
- Berequete (Bereket)
- Besler
- Bezircane (Bezirhane)
- Bincaia (Binkaya)
- Bozcurte (Bozkurt)
- Boziaila (Bozyayla)
- Bolujeque (Bölücek)
- Bulacbaxe (Bulakbaşı)
- Buiureti (Buyuretti)
- Calache (Hallaç)
- Calejique (Kalecik)
- Carabulaque (Karabulak)
- Caraburune (Karaburun)
- Caraja (Karaca)
- Caraquente (Karakent)
- Carasseique (Karaseyh)
- Cargaconmaz (Kargakonmaz)
- Cazane (Kazan)
- Chalecoi (Çalıköy)
- Chetenli (Çetenli)
- Chiftlicoi (Çiftlikköy)
- Chomecheli (Çömçeli)
- Cuchaque (Kucak)
- Cutlubulaque (Kutlubulak)
- Dadelene (Dağdelen)
- Dalbaqueche (Dalbahçe)
- Demirtepe
- Dolacle (Dolaklı)
- Dostali
- Enjessu (Incesu)
- Esquissu (Eskisu)
- Esnemez
- Gocchecainaque (Gökçekaynak)
- Goler (Göller)
- Goliuzu (Gölyüzü)
- Gozucara (Gözükara)
- Guluje (Güllüce)
- Gultepe (Gültepe)
- Gungorene (Güngören)
- Guniolu (Günyolu)
- Gurbulaque (Gürbulak)
- Iamurduxene (Yağmurdüşen)
- Ialensaz (Yalınsaz)
- Ianoba (Yanoba)
- Iaigueniurte (Yaygınyurt)
- Ienicarmane (Yeniharman)
- Iinchal (Yığınçal)
- Ielanle (Yılanlı)
- Iitiatae (Yiğityatağı)
- Iucaretávela (Yukarıtavla)
- Meliquexaque (Melikşah)
- Mescitecoi (Mescitköy)
- Ortadireque (Ortadirek)
- Ortacoi (Ortaköy)
- Ormeli (Örmeli)
- Ortulu (Örtülü)
- Pulutarla (Pullutarla)
- Quezelcaia (Kızılkaya)
- Sadeche (Sağdıç)
- Salecsuiu (Sağlıksuyu)
- Sarebeieque (Sarıbıyık)
- Sarechavuxe (Sarıçavuş)
- Sazoba
- Seslitaxe (Seslitaş)
- Somecaia (Somkaya)
- Subexii (Subeşiği)
- Sulucheme (Suluçem)
- Tanectepe (Tanıktepe)
- Telchequer (Telçeker)
- Topechatane (Topçatan)
- Tulumelu (Tulumlu)
- Tutaque (Tutak)
- Uzuniaze (Uzunyazı)
- Uchegoze (Üçgöze)
- Uchemurate (Üçmurat)
- Uzenguili (Üzengili)
Referências
- ↑ a b «Áreas de províncias e distritos» (XLS). www.harita.gov.tr (em turco). Direção Geral de Cartografia. Ministério da Defesa da Turquia. 2014. Cópia arquivada em 19 de janeiro de 2025
- ↑ a b c «31 Aralik 2021 Tarİhlİ adrese dayali nüfus kayit sıstemı (ADNKS) sonuçlari beledıye nüfuslari» [Resultados do sistema de registo da população baseado em endereços (ADNKS) datado de 31 de dezembro de 2021. Populações de distritos] (XLS) (em turco). Instituto de Estatística da Turquia. www.tuik.gov.tr. Consultado em 8 de janeiro de 2025. Cópia arquivada em 18 de novembro de 2024
- ↑ Avcıkıran 2009, p. 56.
- ↑ a b c d e f g h Edwards 1988, p. 886-887.
- ↑ a b c d e f g h i Hakobyan, Melik-Baxšyan & Barsełyan 1988–2001, p. 584.
- ↑ a b Fausto, o Bizantino 1989, p. 459.
- ↑ Hewsen 1992, p. 218, nota 296; 334, nota 16.
- ↑ a b c d Hakobyan, Melik-Baxšyan & Barsełyan 1988–2001, p. 582.
- ↑ a b Hakobyan, Melik-Baxšyan & Barsełyan 1988–2001, p. 583.
- ↑ Gür 2022, p. 1.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Avcıkıran, Adem (2009). Kürtçe Anamnez Anamneza. Diarbaquir: Diyarbakır Tabip Odası
- Edwards, Robert W. (1988). «Bayazit». Enciclopédia Irânica Vol. III, Fasc. 8. Nova Iorque: Columbia University Press
- Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard
- Gür, Barış (2022). «Karasu-Aras Dağlari'nin Güney Yamaçlarinda Doğubayazit Bölgesi Erken Demir Çaği Yerleşmeleri». Amisos. 1
- Hakobyan, Tadevos X.; Melik-Baxšyan, Stepan T.; Barsełyan, Hovhannes X. (1988–2001). «Պայազատ». Hayastani ev harakitsʻ šrjanneri tełanunneri baṛaran Հայաստանի և հարակից շրջանների տեղանունների բառարան [Dicionário da Toponímia da Armênia e Territórios Adjacentes]. 3. Erevã: Yerevan State University Publishing House