Dracar


Dracar ou drácar[1] (forma aportuguesada para a palavra nórdica antiga Drakkar[2] - navio-dragão) — designado nos países nórdicos por langskip, langskib ou långskepp — é um nome genérico pelo qual são conhecidos os navios clássicos dos viquingues, gênero que admitia algumas variações, em função tanto do tamanho (comprimento, largura e calado), como da finalidade da embarcação.
Tinha por características principais os seguintes elementos identificadores, que distinguiam essa embarcação das demais então contemporâneas: era aberto, tinha casco trincado, era dotado de vela quadrada, de um remo-leme lateral na popa, além de duas filas laterais de remos, e, exibia como adorno e a modo de carranca, uma ponta na proa, em forma de cabeça de serpente marinha.[3]
Seu comprimento variava entre vinte e quarenta metros, e a sua largura raramente excedia três metros, podendo ter até 36 pares de remos de impulso, além do remo-leme lateral da popa. Essa embarcação rápida e flexível tinha, pois, capacidade para navegar tanto em águas profundas como rasas, e podia transportar tanto guerreiros, como passageiros e mercadorias.[4]
Termo drakkar[editar | editar código-fonte]

O termo drakkar, usado para designar esse tipo de embarcação, embora bastante difundido como se fora da época original da cultura viquingue, é de origem recente. Com efeito, segundo o etimologista francês Alain Rey, esse termo teria surgido em 1840, a partir do correspondente termo sueco drakar (dragão), plural de drake, este mesmo similar ao antigo nórdico dreki.[5]
O termo nórdico para estas embarcações é langskip em islandês e norueguês, langskib em dinamarquês e långskepp em sueco, significando navio longo, em oposição ao knorr, mais curto e largo.[6]
Características[editar | editar código-fonte]

Tanto os barcos-dragão quanto os knerrir eram ornados na proa com a cabeça da serpente marinha Jormungand. Os passageiros, que ocupavam todos uma posição junto aos remos (exceto o piloto), ficavam sentados sobre um arranjo feito com as próprias bagagens (composta, dentre outros itens, de suas armas e vestes guerreiras). Na popa havia um lugar para o piloto, cuja atribuição era direcionar o leme.[7]
Ao contrário do barco comercial knorr, os drakkars tinham em geral duas velas: uma vela redonda (de forma, entretanto, quadrada) e outra triangular. O colorido era em listras ou xadrez, em cores verde, vermelho, azul e branco. Levavam cerca de quarenta passageiros, quantidade inferior aos knerrir (plural de knorr). Ambas as embarcações foram as usadas pelos viquingues nas suas conquistas na Grã-Bretanha, leste europeu, Islândia, Groenlândia e América.[7]
Histórico[editar | editar código-fonte]
Até meados do século VI os viquingues não haviam desenvolvido as velas em suas embarcações, o que foi um atraso em relação a outros povos europeus. Em 560 Procópio, historiador bizantino, relata que eram povos que navegavam apenas com uso de remos. Gravuras dos séculos VI e VII, encontradas na Gotlândia, revelam sua evolução de um pano quase que decorativo até as grandes velas posteriores. Ao mesmo tempo era desenvolvida a quilha, que fazia do bote um navio, capaz de grandes deslocamentos.[6]
Arqueologia[editar | editar código-fonte]
No fiorde Oslo, na Noruega foram encontradas três embarcações, colocadas em diques pelos seus construtores. Transportadas para o Museu dos barcos viquingues de Oslo, exibem as relíquias conhecidas pelos nomes dos lugares em que foram achadas: o Navio de Tune, no lado oriental; o barco de Gokstad e o barco de Oseberga, do lado ocidental.[6] Além destes há os barcos de Skuldelev, achados no fiorde de Roskilde na Dinamarca.
Referências
- ↑ Dicionário Houaiss, verbete Drácar.
- ↑ Dicionário Aurélio, verbete Dracar
- ↑ «Vikingaskepp». Bonniers Compact Lexikon (em sueco). Estocolmo: Bonnier lexikon. 1995–1996. p. 1189. 1301 páginas. ISBN 91-632-0067-8
- ↑ «Långskepp» (em sueco). Katarinas arv. Consultado em 28 de abril de 2016. Arquivado do original em 5 de junho de 2016
- ↑ Alain Rey (dir), Dictionnaire historique de la langue française, Dictionnaires Le Robert, 1998, p. 1135.
- ↑ a b c Os Drakkars - A Arte Naval dos Vikings Arquivado em 22 de novembro de 2008, no Wayback Machine., em português (página acessada em dezembro de 2008)
- ↑ a b História Viking, sítio em português, com descrição das embarcações viquingues. (acesso em dezembro de 2008)
Ver também[editar | editar código-fonte]
Outros tipos de navios víquingues:
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- BRØNDSTED, Johannes. Os Vikings: História de uma Fascinante Civilização, tradução de Mercedes Frigolla & Claudete Água de Melo, São Paulo, Hemus, s/d.