Ecce Homo (MNAA)

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Ecce Homo
Ecce Homo (MNAA)
Autor Desconhecido
Data c. 1570
Técnica Pintura a óleo sobre madeira de carvalho
Dimensões 89 cm × 65 cm 
Localização Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal Portugal

O Ecce Homo é uma pintura a óleo sobre madeira de carvalho realizada cerca de 1570, não estando de forma indubitável definida a autoria da obra que a Matriznet equaciona como pertencendo à oficina do pintor do gótico português Nuno Gonçalves.[1]

A obra representa o episódio bíblico narrado no Evangelho segundo São João (19.5), em que Jesus (flagelado, atado e com a coroa de espinhos) foi apresentado com a expressão "Ecce homo" ("Eis o Homem") pelo governador da província da Judeia Pôncio Pilatos à multidão hostil, a quem Pilatos submeteu o destino final de Cristo (e daí "lavava as mãos", ou seja, eximia-se à responsabilidade da decisão).[2]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Sobre um fundo escuro, Cristo com a auréola da sua santidade surge martirizado com uma corda ao pescoço que, descendo ao longo do peito nu, vai prender os pulsos. O lenço branco que cobre a cabeça, os olhos, os ombros e os braços, contribui para acentuar o dramatismo do quadro, o que é ainda realçado pela coroa de espinhos que trespassa o pano.[1]

Para o académico Pedro Dias "o Ecce-Homo do MNAA é a mais impressionante representação de Cristo de todo o Quatrocentos. Captou com rara mestria a angústia e solidão do Condenado, fazendo ressaltar a anatomia martirizada e, baixando o pano, como que para não fitar os olhos Daquele que tudo passava em silêncio para salvação da humanidade" e que "o autor conseguiu a simbiose perfeita entre o homem e Deus, mostrando-nos o corpo macerado, mas escondendo os olhos, retratando o martírio e glória do Filho de Deus como nenhum outro pintor até hoje o conseguiu fazer".[3]

História[editar | editar código-fonte]

A pintura foi durante algum tempo, atribuída a Nuno Gonçalves dado os supostos paralelismos estilísticos com outras obras atribuídas ao pintor, nomeadamente os Painéis de São Vicente de Fora. Por exemplo, o académico Pedro Dias sustentou que o autor foi indiscutivelmente Nuno Gonçalves.[3]

Mas já antes o historiador José de Figueiredo considerava a obra como um cópia de uma pintura original de meados do século XV, opinião que não teve imediatos seguidores, mas que foi a seguida no catálogo da exposição realizada em Paris em 1931.[1]

A leitura dendrocronológica do suporte, efectuada em 2001, indica, de facto, uma cronologia mais tardia do que a geralmente admitida, situando a criação da obra no terceiro quartel do século XVI. E assim, alguma da historiografia mais recente tem-na considerado como uma cópia quinhentista de uma imagem antiga. Existem cópias ou versões muito próximas nas reservas do Museu Nacional de Arte Antiga (estas sobre tela), e no Museu de Setúbal/Convento de Jesus e no Museu Rainha Dona Leonor em Beja, estas sobre madeira. [1]

Quando da extinção das ordens religiosas e a nacionalização dos bens da Igreja a obra entrou no património do Estado.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d Nota sobre a obra na Matriznet [1]
  2. Trecho do Evangelho segundo S. João na BibleGateway, (em português) [2]
  3. a b Pedro Dias, História da Arte em Portugal, Volume 4 - O Gótico, Publicações Alfa, Lisboa, 1986, pags. 177

Ligação externa[editar | editar código-fonte]

  • Página Oficial do Museu Nacional de Arte Antiga, [3]