Eduardo Ismael dos Santos de Andrea

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Eduardo Ismael dos Santos de Andrea (Lisboa, Pena, 10 de Novembro de 1879 - Lisboa, 15 de Fevereiro de 1937) foi um matemático, astrónomo, professor universitário e publicista português.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filho do Oficial da Armada e Professor de Astronomia da Escola Naval Álvaro José de Sousa Soares de Andrea[1] e de sua mulher Leopoldina dos Santos e neto paterno de Tomás José de Sousa Soares de Andrea, irmão do Barão de Caçapava, e de sua mulher Maria Hedviges da Graça Torres.

Pensou continuar a tradição familiar seguindo para a Marinha de Guerra, mas uma acentuada miopia não o deixou entrar, como pretendia, na Escola Naval. Voltando à Escola Politécnica de Lisboa, terminou o curso de Matemática e iniciou a sua vida oficial como Aluno Astrónomo do Observatório Astronómico de Lisboa, na Tapada da Ajuda, onde trabalhou com César Augusto de Campos Rodrigues e Frederico Augusto Oom.[1]

Depois de concurso de provas públicas, foi nomeado, em Outubro de 1901, Professor do 5.º Grupo do Liceu Nacional de Bragança, tendo, em 1903, sido transferido, a seu pedido, para o Liceu de Vila Real.[1]

Em 1903, foi nomeado, após concurso de provas públicas, Repetidor de Matemática da Escola Politécnica de Lisboa, sendo colocado na 2.ª Cadeira, de Cálculo Diferencial e Integral, da qual era Lente Proprietário Augusto José da Cunha.[1]

Em Janeiro de 1906, novamente a seu pedido, foi colocado no Liceu Central de Lisboa, da 3.ª Zona Escolar, o chamado Liceu da Lapa, mais tarde denominado Liceu Pedro Nunes.[1]

Com a prestação de novas provas públicas, em Janeiro de 1911, foi designado Professor Extraordinário da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tendo apresentado nesse concurso a Tese intitulada: Análise de algumas hipóteses cosmogónicas. Em 1913, foi nomeado Professor Ordinário da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, lugar que ocupou até à data da sua morte. Regeu, também, as cadeiras de Cálculo Infinitesimal e Análise Superior, cujas lições publicou em 1914.[1]

Na Astronomia, começou a auxiliar o Prof. Doutor Pedro José da Cunha, que, com os maiores esforços, tentara restaurar o antigo Observatório da Escola Politécnica de Lisboa, com o qual, seguidamente, permutou, assumindo a Regência da IV.ª cadeira, de Astronomia e Mecânica Celeste. No desejo de interessar o público pela Astronomia, fundou a Sociedade Astronómica de Portugal, promovendo, assim a divulgação dos conhecimentos astronómicos. Conseguiu, também, a colaboração de amadores para o estudo dos problemas da Astrofísica.[1]

Pertenceu ao Corpo Docente da Escola Normal Superior, no período de 13 de Novembro de 1915 até à sua extinção em 1930, e ali regeu a cadeira de Metodologia Geral das Ciências Matemáticas. Foi Secretário desta Escola de 26 de Novembro de 1915 a Junho de 1930, data em que foi nomeado Director, lugar que ocupou até à extinção da Escola.[1]

Pertenceu ao Conselho Superior de Instrução Pública e foi Membro do Senado da Universidade de Lisboa.[1]

Em 1921, por sua sugestão, o Conselho da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa apresentou ao Governo a proposta para que fosse criado o Curso de Engenheiro Geógrafo, como complemento da Licenciatura em Ciências Matemáticas.[2]

Aquando do Doutoramento Honoris Causa de Carlos Viegas Gago Coutinho e Artur de Sacadura Freire Cabral na Universidade de Lisboa, foi encarregado do elogio público dos homenageados.[1]

Por Jubilamento do Prof. Luís Cabral e Sousa Teixeira de Morais, foi designado Encarregado da Regência da Cadeira de Álgebra Superior, Geometria Analítica e Trigonometria Esférica, que ensinou de 1926 até 1935.[1]

Foi transferido, em Janeiro de 1931, para o Liceu Camões, onde permaneceu até à data do seu falecimento.[1]

Tomou parte em diversos congressos científicos, tais como o Congresso Luso-Espanhol para o Avanço das Ciências, da União Internacional Geodésica e Geofísica e outros, tendo, no Congresso Luso-Espanhol de Barcelona, feito o discurso inaugural da Secção de Astronomia, Geodésia e Geofísica.[1]

Casou com Hilda de Carvalho (Lisboa, São Nicolau - ?) e foi pai do Coronel Mário de Carvalho de Andrea, Comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis a 15 de Junho de 1962.[3]

A Rua Professor Santos Andrea, em Lisboa, recebeu o seu nome.

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

Publicou, além de livros de Matemática, Geometria e Trigonometria para o Ensino Liceal, os seguintes trabalhos científicos: [1]

  • Análise de algumas hipóteses cosmogónicas, 1911[1]
  • O que é e para que serve a Matemática, XI.ª lição proferida em 4 de Maio de 1912[1]
  • Análise Matemática, in Revista de Ensino Médio e Profissional, anos 1913 a 1916[1]
  • Apontamentos de análise superior - Lições feitas aos alunos da Faculdade de Ciências, 1.º fascículo, 1914[1]
  • Observations de l'éclipse de lune 1914 Mars 14 à l'Observation de la Faculté des Sciences (Lisbonne), Separata dos Arquivos da Universidade de Lisboa, Vol. I, 1914[1]
  • Sur les conditions d'éqilibre relatif d'une masse fluide, Separata dos Arquivos da Universidade de Lisboa, Vol. II, 1915[1]
  • Curso de Astronomia, professado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, nos anos de 1915-1916, lições coligidas pelos alunos do referido curso S. Pereira e J. M. Caeiro[1]
  • Curso de Astronomia e Geodésia, professado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, nos anos de 1922-1923, lições coligidas por um aluno[1]
  • Mecânica Celeste e Complementos de Geodésia, lições professadas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa nos anos de 1922-1923, coligidas pelo licenciado Francisco Leite Pinto[1]
  • Lições de Álgebra Superior, professadas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa nos anos de 1926-1927, coligidas pelos licenciados Francisco Leite Pinto e José Cohen Viana[1]
  • Lições de Álgebra Superior, Geometria Analítica e Trigonometria Esférica, professadas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa nos anos de 1928-1929[4]
  • Discurso inaugural de la Sección 2.ª - Ciências Astronómicas, Geofísicas y Geográficas - Congresso de Barcelona Associación Española para el progresso de las Ciencias em 1929[2]
  • Memória sobre a reforma do Calendário, apresentada pela Comissão Nacional de Estudo nomeada pelas portarias de 4 e 19 de Novembro de 1930[2]
  • Resumo das lições de Astronomia professadas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, nos anos de 1933-34, lições coligidas pela aluna D. Maria Rosa Pessoa Lobato Cortezão[2]
  • Apontamentos de Álgebra Superior, Geometria Analítica e Trigonometria Esférica, com exercícios e respectivas soluções, nos anos de 1934-35[2]
  • Lições de Astronomia, nos anos de 1934-35, coligidas pelo aluno José Palma Cabral Madeira[2]
  • A IV Cadeira e os seus professores, volume IV da Escola Politécnica de Lisboa - publicação comemorativa do 1.º Centenário da Escola Politécnica de Lisboa (1837-1937)[2]

Colaborou e vários jornais e revistas das especialidades.[2]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 27. 384 
  2. a b c d e f g h Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 27. 385 
  3. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Mário de Carvalho de Andrea". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 15 de novembro de 2015 
  4. Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 27. 384-5