Eleições estaduais no Ceará em 1978

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1974 Brasil 1982
Eleições estaduais no  Ceará em 1978
1º de setembro de 1978
(Eleição indireta)
15 de novembro de 1978
(Eleição direta)


Candidato Virgílio Távora


Partido ARENA


Natural de Jaguaribe, CE


Vice Manuel de Castro
Votos 308
Porcentagem 98,40%

As eleições estaduais no Ceará em 1978 ocorreram em duas etapas conforme determinava o Pacote de Abril: em 1º de setembro aconteceu a via indireta e nessa ocasião a ARENA elegeu o governador Virgílio Távora, o vice-governador Manuel de Castro e o senador César Cals. A fase seguinte aconteceu em 15 de novembro em todos os 22 estados brasileiros[nota 1] e nisso foi eleito o senador José Lins e quanto aos 20 deputados federais e 44 deputados estaduais que foram eleitos, a ARENA conquistou a maioria das cadeiras.[1]

Nascido em Jaguaribe, o governador Virgílio Távora é sobrinho de Juarez Távora e por sua influência ingressou em 1938 na Escola Militar do Realengo com passagens pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e Escola Superior de Guerra alcançando o posto de coronel em 1960. Filiado à UDN foi eleito deputado federal em 1950 e 1954 e foi derrotado por Parsifal Barroso na eleição para o governo cearense em 1958. Depois ocupou vagas na direção da Companhia Urbanizadora da Nova Capital e no conselho nacional do Serviço Social Rural no governo Juscelino Kubitschek.[2] No gabinete parlamentarista de Tancredo Neves durante a presidência de João Goulart ocupou o Ministério dos Transportes, cargo que deixou para eleger-se governador do Ceará em 1962. Sua primeira vitória na disputa pelo Palácio Iracema foi resultado de uma coligação entre UDN e PSD chamada "União pelo Ceará" e nisso filiou-se à ARENA ante a adoção do bipartidarismo assumindo o controle da política estadual junto dos coronéis políticos Virgílio Távora, Adauto Bezerra e César Cals que alternaram-se no poder como governadores ao longo do Regime Militar de 1964. Eleito deputado federal em 1966 e senador em 1970, Virgílio Távora retornou ao governo cearense em 1978.[3][4]

Por conta da reorganização partidária do governo João Figueiredo, os governistas do Ceará ingressaram no PDS enquanto a oposição dividiu-se entre o PMDB e o PT com vistas ao pleito de 1982 quando Virgílio Távora renunciou para candidatar-se a senador entregando o poder a Manuel de Castro no limiar de uma campanha onde a vitória foi da situação.

Os cearenses residentes no Distrito Federal escolheram seus representantes por força da legislação vigente.[5]

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

O Colégio Eleitoral do Ceará era composto por 313 membros sendo dominado pela ARENA.[6] Por considerar-se impedido em virtude de ser candidato a vice-governador, Manuel de Castro absteve-se de votar havendo quatro ausências entre os delegados situacionistas.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Virgílio Távora
ARENA
Manuel de Castro
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
308
98,40%
  Eleito

Biografia dos senadores eleitos[editar | editar código-fonte]

César Cals[editar | editar código-fonte]

Natural de Fortaleza, César Cals ingressou na Escola Militar do Realengo em 1943 e atingiu a patente de coronel do Exército. Formado em Engenharia Militar pela Academia Militar das Agulhas Negras e em Engenharia Civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi lotado no 23º Batalhão de Caçadores e no Serviço de Obras da 10ª Região Militar.[7] Vinculado ao setor energético brasileiro, trabalhou na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), dirigiu a Companhia Energética do Piauí, foi conselheiro da Eletrobras e presidente da Companhia Energética do Maranhão. Renunciou à presidência da Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança e filiou-se à ARENA para eleger-se governador do Ceará por via indireta em 1970 após escolha do presidente Emílio Garrastazu Médici. Após deixar o Palácio da Abolição substituiu Lucas Nogueira Garcez como diretor de coordenação da Eletrobras por três anos até ser eleito senador "biônico" em 1978, mandato do qual licenciou-se para assumir o cargo de ministro de Minas e Energia a convite do presidente João Figueiredo.[7][8][9][nota 2]

José Lins[editar | editar código-fonte]

Para senador venceu José Lins. Engenheiro civil nascido em Crateús, formado na Universidade Federal de Ouro Preto e professor da Universidade Federal do Ceará, trabalhou em Minas Gerais e no Maranhão antes de voltar ao Ceará onde integrou o secretariado do primeiro governo Virgílio Távora e nos de Franklin Chaves e Plácido Castelo antes de assumir a direção do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste, esta última durante o Governo Ernesto Geisel.[10] A outra vaga no Senado Federal ficou com César Cals, entretanto o mesmo ocupou o Ministério de Minas e Energia no governo João Figueiredo e assim a cadeira foi dada a Almir Pinto.

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Mandato biônico de oito anos[editar | editar código-fonte]

A eleição para senador biônico levou à vitória de César Cals.[11][nota 3]

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
César Cals
ARENA
Almir Pinto[nota 4]
ARENA
Armando Aguiar
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
309
98,72%
  Eleito

Mandato direto de oito anos[editar | editar código-fonte]

Conforme o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará houve 129.066 votos em branco (7,92%) e 45.495 votos nulos (3,00%) calculados sobre o comparecimento de 1.524.412 eleitores com os 1.349.851 votos nominais assim distribuídos:[6]

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
José Lins
ARENA
Hermano Teles
ARENA
Dias Macedo
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
758.817
56,21%
Chagas Vasconcelos
MDB
Barros Pinho
MDB
Lustosa da Costa
MDB
-
MDB (sem coligação)
591.034
43,79%
  Eleito

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[12][13]

Representação eleita

  ARENA: 15
  MDB: 5
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Adauto Bezerra ARENA 117.282 Juazeiro do Norte  Ceará
Antônio Morais MDB 63.988 Pereiro  Ceará
Marcelo Linhares ARENA 59.454 Fortaleza  Ceará
Ossian Araripe ARENA 57.628 Crato  Ceará
Paulo Lustosa ARENA 57.352 Sobral  Ceará
Flávio Marcílio ARENA 57.006 Picos  Piauí
Furtado Leite ARENA 56.439 Santana do Cariri  Ceará
Paes de Andrade MDB 56.234 Mombaça  Ceará
Evandro Ayres de Moura ARENA 55.482 Piancó  Paraíba
Cláudio Filomeno ARENA 53.825 Fortaleza  Ceará
Leorne Belém ARENA 53.316 Quixeramobim  Ceará
Mauro Sampaio ARENA 50.476 Fortaleza  Ceará
Gomes da Silva ARENA 44.911 Uruburetama  Ceará
Manuel Gonçalves MDB 40.870 Assaré  Ceará
Cesário Barreto ARENA 40.046 Sobral  Ceará
Haroldo Sanford ARENA 38.919 Camocim  Ceará
Paulo Studart ARENA 36.962 Fortaleza  Ceará
Claudino Sales ARENA 35.133 Novo Oriente  Ceará
Figueiredo Correia[nota 5] MDB 34.158 Várzea Alegre  Ceará
Iranildo Pereira MDB 28.274 Santana do Cariri  Ceará

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

A Assembleia Legislativa do Ceará recebeu trinta e três representantes da ARENA e onze do MDB.[6]

Representação eleita

  ARENA: 33
  MDB: 11
Fonteː[1]
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Orlando Bezerra ARENA 40.763 Juazeiro do Norte  Ceará
Douvina de Castro ARENA 30.836 Limoeiro do Norte  Ceará
Marconi Alencar ARENA 27.537 Juazeiro do Norte  Ceará
Antônio dos Santos ARENA 26.612 Crateús  Ceará
Carlos Benevides MDB 26.323 Fortaleza  Ceará
Ubiratan Aguiar ARENA 25.664 Cedro  Ceará
Etevaldo Nogueira ARENA 25.011 Pedro II  Piauí
José Mário Barbosa ARENA 23.994 Maranguape  Ceará
Aquiles Peres Mota ARENA 23.409 Ipueiras  Ceará
Francisco Figueiredo ARENA 22.423 Sobral  Ceará
Fernando Mota ARENA 22.382 São Gonçalo do Amarante  Ceará
Erivano Cruz ARENA 22.103 Barbalha  Ceará
Alfredo Machado ARENA 21.990 Quixeramobim  Ceará
Francisco Aguiar ARENA 21.332 Camocim  Ceará
Walfrido Monteiro ARENA 21.227 Icó  Ceará
José Prado ARENA 19.697 Sobral  Ceará
José Gomes da Silva ARENA 19.200 Uruburetama  Ceará
Antônio Jacó ARENA 19.191 Redenção  Ceará
Antônio Câmara ARENA 18.702 Tauá  Ceará
Gerôncio Bezerra ARENA 18.405 Russas  Ceará
Maria Luíza Fontenele MDB 18.133 Quixadá  Ceará
Deusimar Maciel ARENA 17.964 Brejo Santo  Ceará
Otacílio Correia ARENA 17.930 Várzea Alegre  Ceará
Paulino Rocha MDB 17.495 Serra da Meruoca  Ceará
Orzete Ferreira Gomes ARENA 17.412 Acaraú  Ceará
Quariguasi Frota ARENA 17.280 Granja  Ceará
José Vieira Filho ARENA 17.200 Boa Viagem  Ceará
Carlos Cruz ARENA 16.750 Juazeiro do Norte  Ceará
Diógenes Nogueira ARENA 16.658 Jaguaribe  Ceará
Júlio Rêgo ARENA 16.521 Tauá  Ceará
João Viana ARENA 16.306 Cedro  Ceará
Airton Maia ARENA 15.984 Fortaleza  Ceará
José Batista de Oliveira ARENA 15.906 Pacatuba  Ceará
Fonseca Coelho ARENA 15.878 Tamboril  Ceará
Maria Lúcia Corrêa ARENA 15.875 Senador Pompeu  Ceará
Everardo Silveira MDB 15.777 Baturité  Ceará
Filinto Elísio ARENA 15.661 Cariré  Ceará
José Humberto MDB 15.428 Crateús  Ceará
Irapuan Pinheiro MDB 14.893 Solonópole  Ceará
Wilson Machado MDB 14.461 Caririaçu  Ceará
Aílton Alexandre MDB 14.390 Iguatu  Ceará
Wilson Magalhães MDB 14.043 Canindé  Ceará
Eufrasino Neto MDB 13.669 Poranga  Ceará
Castelo de Castro MDB 11.410 Mombaça  Ceará

Notas

  1. No Distrito Federal havia seções especiais para captar o voto de quem estava fora do seu estado de origem e nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima serviu apenas para a escolha de deputados federais.
  2. Sede do governo estadual a partir de 4 de julho de 1970, o Palácio da Abolição foi privado dessa condição até recuperá-la em 2011.
  3. Em 1978 o senador biônico seria eleito sob a legislação concebida pelo Pacote de Abril e a outra vaga foi preenchida por eleição direta.
  4. O senador César Cals serviu ao presidente João Figueiredo como ministro das Minas e Energia, transmitindo assim o exercício do mandato a seu suplente, Almir Pinto.
  5. Faleceu na capital cearense em 16 de junho de 1981 e em seu lugar foi efetivado Alfredo Marques.

Referências

  1. a b BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais – 1978». Consultado em 16 de agosto de 2020 
  2. «(FGV CPDOC) O governo de Juscelino Kubitschek – biografia de Virgílio Távora». Consultado em 16 de agosto de 2020 
  3. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Virgílio Távora». Consultado em 25 de julho de 2013 
  4. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Virgílio Távora». Consultado em 16 de agosto de 2020 
  5. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.091 de 15/08/1974». Consultado em 25 de julho de 2013 
  6. a b c «Banco de dados do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará». Consultado em 25 de julho de 2013 
  7. a b «Biografia de César Cals no CPDOC/FGV». Consultado em 16 de agosto de 2020 
  8. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador César Cals». Consultado em 16 de agosto de 2020 
  9. «Governo do estado do Ceará: Palácio da Abolição volta a sediar Poder Executivo Estadual». Consultado em 16 de agosto de 2020 
  10. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador José Lins». Consultado em 16 de agosto de 2020 
  11. Menos de dez mil votos elegeram 22 senadores (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 01/09/1978. Primeiro caderno, p. 04. Página visitada em 4 de junho de 2018.
  12. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 12 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  13. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 12 de fevereiro de 2015