Eleições estaduais no Espírito Santo em 1962

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1958 Brasil 1966
Eleições estaduais no  Espírito Santo em 1962
7 de outubro de 1962
(Turno único)
Candidato Francisco Aguiar Jones dos Santos Neves
Partido PTB PSD
Natural de São José do Calçado, ES São Mateus, ES
Vice Rubens Rangel Moacir Brotas
Votos 114.586 105.673
Porcentagem 52,02% 47,98%
Candidato mais votado por município (40):

     Francisco Aguiar (22)
     Jones dos Santos (18)


As eleições estaduais no Espírito Santo em 1962 ocorreram em 7 de outubro como parte das eleições gerais em 22 estados e nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima. Foram eleitos o governador Francisco Aguiar, o vice-governador Rubens Rangel, os senadores Eurico Resende e Raul Giuberti, além de oito deputados federais e quarenta e três estaduais.[1][2][nota 1]

Natural de São José do Calçado e graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,[3] o engenheiro eletricista Francisco Aguiar fez carreira em Guaçuí, cidade onde fundou o Rotary Club, lecionou matemática no Ginásio Barão de Macaúbas e trabalhou junto ao Banco do Brasil como avaliador. Eleito vereador antes do Estado Novo, teve o mandato extinto e aguardou até 1944 quando foi nomeado prefeito de Guaçuí, cargo ao qual voltaria após as eleições de 1947 quando estava filiado ao PSD. Eleito deputado federal em 1950, trocou de partido e após migrar para o PTB foi eleito governador do Espírito Santo em 1954 e voltou ao Palácio Anchieta pelo voto direto em 1962.[3] Em seu novo mandato foi alvo de um Inquérito Policial Militar para apurar denúncias de corrupção e devido à repercussão política do caso renunciou ao mandato em 5 de abril de 1966 quando entregou o poder ao vice-governador Rubens Rangel e afastou-se da vida pública.[4]

Nascido na cidade fluminense de São Fidélis, o agricultor Rubens Rangel fixou residência em Mimoso do Sul, onde foi vitorioso ao disputar um mandato de vereador em 1947 e a eleição para prefeito em 1950.[5] Sua carreira política teve sequência ao eleger-se deputado federal pelo PTB em 1954, todavia licenciou-se para assumir o cargo de secretário de Viação e Obras Públicas no primeiro governo Francisco Aguiar. Reeleito para a Câmara dos Deputados em 1958, foi alçado ao posto de vice-governador em 1962 sendo efetivado quando Francisco Aguiar renunciou ao mandato de governador que exercia pela segunda vez. Tal arranjo foi possível após visitas do então coronel Dilermando Monteiro, subchefe da Casa Militar do presidente Castelo Branco, às forças políticas locais.[6]

Mineiro de Ubá e militante político desde os tempos de estudante, Eurico Resende foi para a cadeia em sua juventude ao manifestar publicamente sua oposição ao Estado Novo. Com o passar dos anos diplomou-se advogado na Universidade Federal do Espírito Santo,[7] assumiu a diretoria jurídica da Itabira Agro-Industrial em Cachoeiro de Itapemirim e prestou assessoria à Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo antes de filiar-se à UDN nos estertores da Era Vargas sendo escolhido presidente do diretório estadual da legenda.[8] Eleito deputado estadual em 1950, 1954 e 1958, disputou o governo do estado neste último ano graças ao artifício da "candidatura múltipla" num embate onde o vencedor foi Carlos Lindenberg.[nota 2] Escolhido presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, disputou e venceu a eleição para senador em 1962, mas não sem antes deixar sua cadeira no legislativo capixaba para o seu cunhado, Moacir Dalla.

Também vitorioso nas urnas, o médico Raul Giuberti é graduado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro[nota 3] e exerceu sua profissão em Colatina, onde nasceu. Eleito vereador em sua cidade natal em 1950 e prefeito em 1954, venceu a eleição para vice-governador pelo PSP em 1958 na chapa de Carlos Lindenberg, a quem derrotou na disputa por uma cadeira de senador em 1962.[9]

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

Conforme o Tribunal Superior Eleitoral houve 220.259 votos nominais.[1][2][nota 1][nota 4]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Francisco Aguiar
PTB
Ver abaixo
-
-
Nome não disponível
(PTB, PDC, UDN, PSP, PRP)
114.586
52,02%
Jones dos Santos Neves
PSD
Ver abaixo
-
-
Nome não disponível
(PSD, PTN, PRT)
105.673
47,98%
  Eleito

Resultado da eleição para vice-governador[editar | editar código-fonte]

Conforme o Tribunal Superior Eleitoral houve 185.535 votos nominais.[1][2][nota 1][nota 4]

Candidatos a vice-governador
Candidatos a governador do estado Número Coligação Votação Percentual
Rubens Rangel
PTB
Ver acima
-
-
Nome não disponível
(PTB, UDN, PSP, PRP)
81.255
43,79%
Moacir Brotas
PSD
Ver acima
-
-
Nome não disponível
(PSD, PTN, PRT)
54.358
29,30%
Ademar Martins
PDC
Ver acima
-
-
PDC (sem coligação)
48.902
26,91%
  Eleito

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Conforme o Tribunal Superior Eleitoral houve 340.854 votos nominais.[1][2][nota 1][nota 4][nota 5]

Candidatos a senador da República
Primeiro suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Eurico Resende
UDN
Paulo Barros
UDN
-
Nome não disponível
(PTB, PDC, UDN, PSP, PRP)
111.897
32,83%
Raul Giuberti
PSP
Silvério Del Caro
PRP
-
Nome não disponível
(PTB, UDN, PSP, PRP)
88.807
26,05%
Carlos Lindenberg
PSD
João Calmon
PSD
-
Nome não disponível
(PSD, PTN, PRT)
84.029
24,65%
Olímpio José de Abreu
PSD
Napoleão Fontenele
PSD
-
Nome não disponível
(PSD, PTN, PRT)
56.121
16,47%
  Eleito

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[10][11] Foram apurados 000.000 votos válidos (00,00%), 00.000 votos em branco (0,00%) e 0.000 votos nulos (0,00%) resultando no comparecimento de 000.000 eleitores.[nota 6]

Representação eleita

  PSD: 2
  PTB: 2
  PTN: 2
  PRP: 1
  UDN: 1
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
João Calmon PSD 33.886 0,00% Colatina  Espírito Santo
Osvaldo Zanello PRP 29.412 0,00% Ribeirão Preto  São Paulo
Dirceu Cardoso PSD 18.811 0,00% Miracema  Rio de Janeiro
Antônio Gil Veloso[nota 7] UDN 16.953 0,00% Vila Velha  Espírito Santo
Argilano Dario PTB 16.943 0,00% São José do Campestre  Rio Grande do Norte
Ramon de Oliveira Neto[nota 8] PTB 16.568 0,00% Alegre  Espírito Santo
Floriano Rubim PTN 15.415 0,00% Alegre  Espírito Santo
Raimundo de Andrade PTN 10.669 0,00% Sobral  Ceará

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

Estavam em jogo 43 cadeiras da Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Foram apurados 000.000 votos válidos (00,00%), 00.000 votos em branco (0,00%) e 0.000 votos nulos (0,00%) resultando no comparecimento de 000.000 eleitores.[1][2][nota 6]

Representação eleita

  PSD: 13
  PTB: 10
  PSP: 9
  UDN: 7
  PRP: 3
  PDC: 1
Fonteː[1]
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Joaquim Alves de Souza PSP 3.877 1,76% Sumaré  São Paulo
Dylio Penedo PSD 3.686 1,67% Cachoeiro de Itapemirim  Espírito Santo
Pedro Leal PSD 3.668 1,66% Vila Velha  Espírito Santo
José Parente Frota PSD 3.504 1,59% Sobral  Ceará
Vicente Silveira UDN 3.299 1,49% Cachoeiro de Itapemirim  Espírito Santo
Tufy Nader PSD 3.139 1,42% Vila Velha  Espírito Santo
Celso Francisco Borges PSD 3.132 1,42% Ponto Belo  Espírito Santo
Sebastião Cipriano do Nascimento UDN 3.096 1,40% Brejetuba  Espírito Santo
Emir de Macedo Gomes PSP 3.068 1,39% Remanso Bahia Bahia
Verdeval Ferreira da Silva PSD 2.931 1,33% Vitória  Espírito Santo
Cristiano Dias Lopes PSD 2.804 1,27% Bom Jesus do Norte  Espírito Santo
Mikeil Chequer PSD 2.751 1,24% Manhuaçu  Minas Gerais
Francisco Schwartz PSD 2.736 1,24% Santa Leopoldina  Espírito Santo
Alcino Santos PSD 2.728 1,23% São Mateus  Espírito Santo
Luiz Batista PTB 2.622 1,19% Ibiraçu  Espírito Santo
Moacir Dalla UDN 2.555 1,15% Colatina  Espírito Santo
Antônio Ferreira de Carvalho PTB 2.529 1,14% Alto Rio Novo  Espírito Santo
Antônio Jacques Soares PTB 2.517 1,14% Itapemirim  Espírito Santo
Jamil de Castro Zonaim PRP 2.497 1,13% Baixo Guandu  Espírito Santo
Darcy de Paula Gaigher PSD 2.485 1,12% Alfredo Chaves  Espírito Santo
Oscar de Almeida Gama PSD 2.358 1,07% Alegre  Espírito Santo
Jeová Miranda Ferreira PSD 2.324 1,05% Cariacica  Espírito Santo
Mário Gurgel PTB 2.288 1,03% Porto Velho  Rondônia
Hélio Manhães PSP 2.253 1,02% Cariacica  Espírito Santo
Lúcio Merçon PRP 2.216 1,00% Muniz Freire  Espírito Santo
Roberto Vivacqua Vieira PSP 2.177 0,98% Muniz Freire  Espírito Santo
Eli Junqueira PTB 2.159 0,98% Ecoporanga  Espírito Santo
Antônio Alves Duarte PTB 2.154 0,97% Apiacá  Espírito Santo
Harry Freitas Barcelos PSP 2.153 0,97% Marataízes  Espírito Santo
Hélsio Cordeiro UDN 2.146 0,97% Cachoeiro de Itapemirim  Espírito Santo
José Teixeira Guimarães PTB 2.128 0,96% Santa Bárbara  Minas Gerais
Adalberto Nader PTB 2.122 0,96% Vitória  Espírito Santo
Feu Rosa UDN 2.122 0,96% Vitória  Espírito Santo
Vicente Amaro da Silva PSP 2.035 0,92% Barra de São Francisco  Espírito Santo
Pedro Juvenal Machado Ramos UDN 2.027 0,92% Dores do Rio Preto  Espírito Santo
Setembrino Pelissari UDN 1.993 0,90% Ibiraçu  Espírito Santo
Isaac Lopes Rubim PSP 1.983 0,90% Alegre  Espírito Santo
Mário Vieira Bicalho PTB 1.954 0,88% Mucurici  Espírito Santo
Renato de Araújo Maier PTB 1.934 0,87% Divino de São Lourenço  Espírito Santo
Geraldo Vargas Nogueira PSP 1.821 0,82% Colatina  Espírito Santo
Henrique Del Caro PRP 1.783 0,80% Vitória  Espírito Santo
José Moraes PSP 1.716 0,77% Alegre  Espírito Santo
Walter Bersan PDC 1.590 0,72% Itapemirim  Espírito Santo

Bancada federal após o bipartidarismo[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. a b c d Mediante uma concessão legal e tomando por base a composição das coligações partidárias, o governador eleito foi às urnas apoiado por dois candidatos a vice-governador.
  2. O mecanismo das "candidaturas múltiplas" vigeu até ser abolido pelo Regime Militar de 1964.
  3. Trata-se da UNIRIO e não da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
  4. a b c O nome e a composição das coligações (sobretudo as majoritárias) são extraídos do banco de dados da Justiça Eleitoral, embora tais informações às vezes pareçam conflitantes.
  5. A partir de 1962 a eleição do senador importaria à do suplente com ele registrado.
  6. a b O conceito de "votos válidos" no tocante a esta eleição engloba os votos nominais e os votos de legenda, os quais preferimos não distinguir por razões editoriais segundo a fonte consultada.
  7. Faleceu em Petrópolis vítima de acidente automobilístico em 27 de fevereiro de 1966 e assim foi efetivado Bagueira Leal.
  8. Teve o mandato cassado pelo Ato Institucional Número Um em 1964 sendo efetivado Dulcino Monteiro.

Referências

  1. a b c d e f «Banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral». Consultado em 2 de setembro de 2017 
  2. a b c d e «Banco de dados do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo». Consultado em 2 de setembro de 2017 
  3. a b «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Francisco Aguiar». Consultado em 3 de setembro de 2017 
  4. O gov. capixaba renuncia ao cargo (online). O Estado de S. Paulo, São Paulo (SP), 07/04/1966. Geral, p. 48. Página visitada em 3 de setembro de 2017.
  5. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Rubens Rangel». Consultado em 3 de setembro de 2017 
  6. Rangel entra na ARENA (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 17/04/1966. Primeiro caderno, p. 04. Página visitada em 3 de setembro de 2017.
  7. «Senado Federal do Brasil: senador Eurico Resende». Consultado em 4 de setembro de 2017 
  8. E prevalece a "densidade eleitoral" (online). Folha de S. Paulo, São Paulo (SP), 16/04/1978. Nacional, p. 05. Página visitada em 4 de setembro de 2017.
  9. «Senado Federal do Brasil: senador Raul Giuberti». Consultado em 4 de setembro de 2017 
  10. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 2 de setembro de 2017. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  11. «BRASIL. Presidência da República: Lei nº 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 2 de setembro de 2017