Eliseu Visconti

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Eliseu Visconti
Nome completo Eliseu d'Angelo Visconti
Nascimento 30 de junho de 1866
Giffoni Valle Piana, Itália
Morte 15 de outubro de 1944 (78 anos)
Rio de Janeiro (cidade), Brasil
Nacionalidade  Brasil
Ocupação Pintor
Movimento estético naturalistas, renascentistas, realistas, pontilhistas, impressionistas e neo-realistas.

Eliseu d'Angelo Visconti (Giffoni Valle Piana, 30 de julho de 1866Rio de Janeiro, 15 de outubro de 1944) foi um pintor, desenhista e designer ítalo-brasileiro ativo entre os séculos XIX e XX. É considerado um dos mais importantes artistas brasileiros do período e o mais expressivo representante da pintura impressionista no Brasil.

Vida e obra

Nascido na região italiana da Campânia, em 1873 imigra com sua irmã Marianella para o Brasil, indo diretamente para a fazenda de propriedade de Luiz de Souza Breves, o barão de Guararema, em Além Paraíba. A profunda afeição da Baronesa pelo pequeno Eliseu coloca-o ainda jovem estudando no Rio de Janeiro. Após um frustrado início na música, ingressa em 1883 no Liceu de Artes e Ofícios. Dois anos depois, sem abandonar o Liceu, matricula-se na Academia Imperial de Belas Artes [1], tendo como professores Zeferino da Costa , Rodolfo Amoedo, Henrique Bernardelli, Victor Meirelles e José Maria de Medeiros.

Prêmio de viagem ao estrangeiro

Venceu em 1892 o primeiro concurso da República para o prêmio de viagem ao estrangeiro, da Escola Nacional de Belas Artes, seguindo no ano seguinte para a França. Aprovado no processo de admissão da École nationale supérieure des beaux-arts, abandona essa conservadora Escola ainda em 1894 e inscreve-se na École normale d'enseignement du dessin (École Guérin), onde foi aluno de Eugène Samuel Grasset, considerado uma das mais destacadas expressões do Art Nouveau. Frequenta também a Academia Julian, tendo como mestres Bouguereau e Ferrier. De temperamento inquieto e espírito aberto às inovações, Visconti mostra, em importantes trabalhos do período de sua formação na França, influências dos movimentos simbolista, impressionista e art-nouveau.

Sua primeira exposição

Realizou sua primeira exposição individual em 1901, na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde, além das telas a óleo, expôs trabalhos de arte decorativa e de arte aplicada às indústrias, resultado de seu aprendizado com Grasset.[2] Sua produção nesse campo situa-o como introdutor do art-noveau nas artes gráficas no Brasil. Desenhou selos, ex-libris, cerâmicas, tecidos, papéis de parede, cartazes e luminárias.

Decorador do Teatro Municipal do Rio de Janeiro

Aquela primeira exposição de Visconti, que teve boa acolhida apenas entre críticos da época como Gonzaga Duque, seria em parte responsável pelo convite que lhe fez o prefeito Pereira Passos para executar os trabalhos de decoração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, realizados em Paris, em duas etapas. Entre 1905 e 1908 Eliseu Visconti executa o pano de boca, o plafond (teto sobre a platéia) e o friso sobre o palco (proscênio). E entre 1913 e 1916, pinta os painéis do foyer do Theatro, considerados a obra prima da pintura decorativista no Brasil. Durante esses períodos de permanência na França, no início do século XX, Visconti assimila definitivamente as lições do impressionismo, incorporadas essencialmente às paisagens de Saint Hubert na região de Mosela.

Professor

Em junho de 1906, Visconti foi eleito para substituir Henrique Bernardelli na primeira cadeira de Pintura da antiga Escola Nacional de Belas Artes, cargo que só veio a assumir no ano seguinte, e no qual permaneceu até 1913, quando pediu exoneração. Entre seus discípulos podem ser destacados Marques Júnior, Henrique Cavalleiro e Guttmann Bicho, entre outros artistas que se afirmariam na cena artística carioca dos anos 1920.

Impressionismo, Art-Nouveau

Após sua volta definitiva ao Brasil, em 1920, outra luminosidade e outras cores exerceriam influência sobre ele, levando-o a criar um impressionismo próprio, retratado em suas paisagens de Teresópolis, cheias de atmosfera luminosa e transparente, de radiosa vibração tropical. Para Mário Pedrosa, com as paisagens de Saint Hubert e de Teresópolis, Visconti é o inaugurador da pintura brasileira, o seu marco divisório. Nasce uma nova paisagem na pintura do Brasil. Ninguém na pintura brasileira tratou com idêntica maestria esse tema perigoso da luz tropical.

Trabalhador incansável e artista de vanguarda, Visconti produziu obra de valor universal, utilizando como instrumental, ao longo de suas diversas fases, técnicas e influências naturalistas, renascentistas, realistas, pontilhistas, impressionistas e neo-realistas.

Morto em 15 de outubro de 1944 em seu ateliê em circunstâncias não totalmente esclarecidas[2], sua atualidade permanece, retratada em obras com tal grau de versatilidade que, se o colocaram como o mais expressivo representante do impressionismo e figura exponencial no surgimento da pintura moderna, revelam-no também como pioneiro do design no Brasil.

Arte aplicada

No Brasil, Eliseu Visconti, um dos mais importantes artistas do século XX, foi quem trilhou os primeiros passos do desenho aplicado às indústrias e às artes gráficas. Paralelamente à sua produtiva e louvada carreira como pintor, Visconti produziu selos, cartazes, projetos de pratos e de jarros para serem executados em cerâmica[1], vitrais, marchetaria, luminárias, ex-libris, estamparia de tecidos e papel de parede, dando os primeiros passos para o surgimento de uma profissão décadas mais tarde - o designer.

Ver também

Bibliografia

  • DUQUE, Gonzaga. Contemporâneos. Rio de Janeiro: Typ. Benedicto de Souza, 1929.
  • RUBENS, Carlos. Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1941.
  • BRAGA, Teodoro. Artistas pintores no Brasil. São Paulo: São Paulo Edit., 1942.
  • ACQUARONE, F. Mestres da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Edit. Paulo de Azevedo, s.d.
  • BARATA, Frederico. Eliseu Visconti e seu tempo. Rio de Janeiro: Zélio Valverde, 1944.
  • REIS JÚNIOR, José Maria dos. História da pintura no Brasil. São Paulo: LEIA, 1944.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • GULLAR, Ferreira et allii. 150 anos de pintura brasileira. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • SERAPHIM, Mirian N. et allii. Eliseu Visconti - A modernidade antecipada. Rio de Janeiro: Holos Consultores Associados, 2012.

Referências

  1. a b «MNBA prepara retrospectiva de Eliseu Visconti com obras nunca exibidas». Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM, Ministério da Cultura. Consultado em 3 de agosto de 2012 
  2. a b «Eliseu D'Angelo Visconti, 1866-1944». Pitoresco. Consultado em 3 de agosto de 2012 

Ligações externas

Ícone de esboço Este artigo sobre arte ou história da arte é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.