Emídio Rangel

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Emídio Rangel
Nome completo Emídio Arnaldo de Freitas Rangel
Nascimento 21 de setembro de 1947
Sá da Bandeira, Angola colonial
Morte 13 de agosto de 2014 (66 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade português
Ocupação jornalista

Emídio Arnaldo de Freitas Rangel (Sá da Bandeira, 21 de setembro de 1947Lisboa, 13 de agosto de 2014) foi um jornalista português.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

O mais velho de quatro irmãos, Emídio Rangel iniciou a sua carreira profissional em Angola, corria o ano de 1965.

Sem ter qualquer relação com a comunicação social — o pai, madeirense, era operador de máquinas, e a mãe, angolana, de origem boer, era doméstica —, Rangel começou como locutor de um programa para jovens na Rádio Club da Huíla. Antes disso, participara na edição do jornal escolar O Padrão, no Liceu Diogo Cão, em Sá da Bandeira, o que motivara o convite para a rádio[2]. Da rádio da Huíla passou para a Rádio Comercial de Angola, onde a partir de 1967 fez sucesso com o programa Nocturno.

Sem deixar a rádio — viria depois a dirigir a Rádio Comercial de Angola — fez tropa e preparação como comando do Exército; a alta classificação obtida na instrução militar colocou-o em Vila Pereira de Eça, uma zona quer era inicialmente tranquila, mas que a abertura de nova região militar por parte do MPLA viria a colocar sob ameaça.[3]

Na sequência do 25 de abril de 1974, Emídio Rangel instalou-se em Lisboa em 1975, em pleno PREC. Já casado e com uma filha, decide retomar os estudos e ingressar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde viria a licenciar-se em História.[2] A seguir ainda frequentou Direito e o mestrado de Comunicação Social da Universidade Nova de Lisboa, que deixou por terminar.

Em 1976 entra na Radiodifusão Portuguesa (emissora da Antena 1), onde permaneceu durante 12 anos, e onde foi subchefe de redação, entre 1985 e 1988.

Em 1988 arranca, sob a liderança de Emídio Rangel, o projeto TSF Rádio Jornal[4]. Detida pela Cooperativa TSF, um grupo de O Jornal e pela FNAC - Fábrica Nacional de Ar Condicionado, a estação tornar-se-ia uma referência na informação noticiosa. Até 1992 Rangel acumulou os cargos de presidente do Conselho de Administração da TSF,[5] com os de diretor da revista Grande Reportagem e da Rádio Energia, destinada a um público jovem.

Em 1989, pela primeira vez na televisão, foi responsável pelo programa Concordo...ou talvez não, transmitido na RTP1.

Em 1992, a convite de Francisco Pinto Balsemão, Emídio Rangel torna-se diretor de informação da SIC, a primeira estação de televisão privada em Portugal. No mesmo canal desempenharia também o cargo de diretor de programas, acompanhando o lançamento dos canais temáticos do cabo SIC Notícias, SIC Gold e SIC Radical. A seguir, também foi gestor da SIC Filmes, empresa associada à SIC dedicada à produção cinematográfica.

Em 2001, depois de alegadas divergências com Pinto Balsemão sobre o rumo da programação na SIC e a opção de concorrer ou não à compra de formatos de reality shows, Emídio Rangel saiu da estação de Carnaxide. Ingressou a seguir na RTP, ocupando o cargo de diretor-geral, mas por pouco tempo, saindo em 2002. Regressou então à TSF, participando na sua reestruturação em 2003. Entretanto, na imprensa escrita, passou a publicar uma crónica semanal no Correio da Manhã. Na televisão, dedicou-se ao comentário político, participando no debate Directo ao Assunto, partilhado com Carlos Abreu Amorim e moderado por João Adelino Faria, na RTPN.

Em 2008 o nome de Rangel aparece ligado - com um grupo de outros profissionais que incluía Carlos Pinto Coelho - ao projeto de criação de um novo canal de televisão de sinal aberto, a Telecinco, onde estava previsto que assumisse o cargo de diretor do canal. O projeto acabou, no entanto, inviabilizado com o chumbo da Entidade Reguladora para a Comunicação Social aos dois projetos a concurso.[6]

Em 2010 esteve na corrida para a compra da estação Europa-Lisboa com o objetivo de criar uma nova rádio de informação. O negócio chegou a obter a aprovação da ERC, mas a operação acabou por não se concretizar por questões financeiras.

O último projeto de media a que esteve ligado foi a criação, juntamente com Rui Pedro Soares, antigo administrador da Portugal Telecom, de um novo grupo de media, mas não chegou a avançar por questões de financiamento.[7]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Família[editar | editar código-fonte]

Casou pela primeira vez com Luísa Pereira, divorciada de Pereira Venâncio , com um filho, Luis Pereira Venancio e uma filha, Dalila Pereira Venâncio. O casal teve uma filha, Ana Sofia Pereira Rangel (Sá da Bandeira, 1972), casada com Luís Miguel de Matos Dias. Do segundo casamento com Eunice Matias, teve a segunda filha, Catarina Rangel (Lisboa, 1988). Casou pela terceira vez com a também jornalista Margarida Marante, de quem se divorciou.[8]

Era irmão de José Rangel, Jorge Rangel e do Juiz Rui Rangel, casado com a juíza Fátima Galante.[9]

Maçonaria[editar | editar código-fonte]

Integrava como membro a Maçonaria através da Loja Universalis, vivendo sempre de acordo com o seu lema: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.[10]

Falecimento[editar | editar código-fonte]

Emídio Rangel faleceu a 13 de Agosto de 2014, no Hospital Egas Moniz, de cancro da bexiga,[11] sempre acompanhado pelas suas filhas e restante família.[12][13]

Referências

  1. Não identificado. «EMÍDIO RANGEL». Zebra Publicações. Consultado em 1 de abril de 2011 
  2. a b CIES - Ser jornalista em Portugal. Perfis sociológicos
  3. CIES - Ser jornalista em Portugal. Perfis sociológicos
  4. News. «Comissão de ética: Emídio Rangel acusa juízes de violarem segredo de justiça». Jornal Digital. Consultado em 1 de abril de 2011 
  5. Lusa. «Media: Emídio Rangel garante que "esforço" para criar grupo de comunicação social se mantém». Semanário Expresso. Consultado em 1 de abril de 2011 
  6. http://expresso.sapo.pt/morreu-emidio-rangel=f885764
  7. http://www.dinheirovivo.pt/buzz/interior.aspx?content_id=4076240&page=-1
  8. "Tombo do Guarda-Mór", Guarda-Mór-Edição de Publicações Multimédia, Lda, Lisboa, 2000, Emídio Arnaldo de Freitas Rangel
  9. "Tombo do Guarda-Mór", Guarda-Mór-Edição de Publicações Multimédia, Lda, Lisboa, 2000, Rui Manuel de Freitas Rangel
  10. «Investigação especial - Espiões na Maçonariajuri». Revista Sábado. 24 de fevereiro de 2009. Consultado em 4 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 1 de janeiro de 2012 
  11. «Morreu Emídio Rangel». caras.sapo.pt. 13 de agosto de 2014. Consultado em 25 de maio de 2021 
  12. «Morreu Emídio Rangel, o "visionário" que fundou a TSF». observador.pt. 13 de agosto de 2014. Consultado em 13 de agosto de 2014 
  13. Lopes, Maria (13 de agosto de 2014). «Morreu Emídio Rangel, o homem que inovou a rádio e a televisão». Publico.pt. Consultado em 13 de agosto de 2014