Equação diferencial linear
Equações diferenciais lineares são equações diferenciais da seguinte forma :
(0.1) |
As soluções de uma equação diferencial linear podem ser somadas a fim de produzir uma nova solução. Diz-se que uma equação diferencial é linear quando satisfaz duas características:
- Cada coeficiente e o termo de não-homogeneidade só dependem da variável independente, no caso x;
- A variável dependente, no caso y, e suas derivadas são de primeiro grau.
Um exemplo de equação diferencial não linear :
Introdução
[editar | editar código-fonte]Uma equação diferencial linear também pode ser escrita de forma condensada:
Onde é dito um operador linear diferencial, atuando sobre y(x) e tendo a forma de:
Equações diferenciais são classificadas quanto à ordem n, sendo n a ordem mais alta de uma derivada com a qual o termo dependente (y(x)) está envolvido. Para resolver uma equação diferencial são precisos n valores iniciais, no caso de EDO’s, ou n condições de contorno, no caso de EDP’s.
As equações diferenciais lineares podem ser classificadas em:
- Homogêneas se g(x)=0 para todo x ou não-homogêneas, caso essa condição não seja satisfeita;
- Ordinárias (EDO’s) ou parciais (EDP’s);
- Coeficientes constantes se todos os forem funções constantes.
Equação diferencial linear de primeira ordem
[editar | editar código-fonte]A equação diferencial linear (0.1) diz-se de ordem n, supondo visto ser a ordem mais elevada das derivadas de y que figuram na equação.
Para a equação (0.1) fica
(0.2) |
Temos neste caso uma equação diferencial de Primeira Ordem.
Desenvolvimento
[editar | editar código-fonte]Dividindo ambos os membros por obtém-se uma equação da forma
(0.3) |
Na equação (0.3) supõe-se que e são contínuas num certo intervalo onde pretendemos encontrar a solução geral da equação.
Para resolver esta equação, usa-se o fator integrante Multiplicando ambos os membros da equação por obtém-se a seguinte equação equivalente:
(0.4) |
Deve-se notar que, como gera uma expressão da forma pode-se escolher qualquer constante C para o factor integrante (escolhe-se o que gera a solução mais simples).
Vamos mostrar que a solução geral de (0.3) é dada por
(0.5) |
Com efeito, (0.4) é equivalente a
(0.6) |
(Verifique, derivando o primeiro membro de (0.6).) Integrando, obtém-se (0.5). Conclui-se assim que toda a solução de (0.3) satisfaz (0.6). Por outro lado é fácil ver que toda a função nas condições de (0.5), i.e., tal que
(0.7) |
é solução da equação diferencial (0.3). (Derive ou seja, o segundo membro de (0.7), e substitua e em (0.3)).
Exemplo
[editar | editar código-fonte]Considere a equação diferencial
(0.8) |
Trata-se de uma equação diferencial linear de primeira ordem. Comparando com (0.3),
e
A solução geral da equação é dada por
donde se obtém
i.e.,
A solução geral (explícita) da equação (0.8) é então
Equação Diferencial Linear Homogênea com Coeficientes Constantes
[editar | editar código-fonte]Diz-se que uma equação diferencial é homogênea de coeficientes constantes quando seu termo fonte, ou forçante, é igual a zero para todo o domínio e seus são funções constantes. Por exemplo:
A Equação de Euler-Cauchy é um exemplo muito famoso de equação diferencial homogênea com coeficientes constantes.
Exemplo
[editar | editar código-fonte]Dada a equação diferencial a seguir, com suas respectivas condições iniciais. Observe que são necessárias duas condições iniciais, já que é uma equação diferencial linear de segunda ordem.
Aplica-se a Transformada de Laplace, de modo que:
Agora aplica-se a Transformada Inversa de Laplace para se encontrar a solução no domínio do tempo:
Equação Diferencial Linear Homogênea com Coeficientes Variáveis
[editar | editar código-fonte]É aquela equação diferencial com termo fonte igual a zero para todo o domínio e com os coeficientes sendo funções que assumem diferentes valores de acordo com o termo independente. Por exemplo:
Exemplo:[1]
Aplica-se a Transformada de Laplace:
Sendo K uma constante de integração:
Aplicando a Transformada Inversa e utilizando as condições iniciais:
Onde é a Função de Bessel de ordem zero.
Equação Diferencial Linear Não-Homogênea com Coeficientes Constantes
[editar | editar código-fonte]Equação diferencial com funções constantes nos termos e termo forçante diferente de zero em pelo menos um ponto do domínio. Há duas formas para se resolver esse tipo de equação, na primeira encontra-se uma solução particular através do método de variação de parâmetros ou de coeficientes a determinar e depois uma solução denominada geral, a qual corresponde à solução para a equação homogênea correspondente. A segunda forma é aplicar a Transformada de Laplace obtendo-se a solução diretamente.
Exemplo
[editar | editar código-fonte]Dada a seguinte equação diferencial, onde é a função Delta de Dirac aplicada em , aplica-se a Transformada de Laplace.
Aplicando-se a Transformada Inversa:
Onde é a Função de Heaviside aplicada em .
Sistemas de Equações Diferenciais Lineares de Primeira Ordem
[editar | editar código-fonte]Sistemas de equação diferenciais lineares surgem naturalmente em problemas físicos e de engenharia. Os de primeira ordem de dimensão n podem ser descritos da seguinte maneira[2]:
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Sauter, Esequia; Azevedo, Fábio (2015). Transformada de Laplace. [S.l.: s.n.]
- ↑ Boyce, William E; Brannan, James R (2010). Differential Equations. An Introduction to Modern Methods and Applications. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-470-45824-2
- Villate, Jaime E. (2011). Equações Diferenciais e Equações de Diferenças (PDF). Porto: [s.n.] 120 páginas