Visão escotópica

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Gráfico mostrando os valores da função de luminosidade escotópica (CIE 1951). O eixo horizontal é o comprimento de onda, em nm.
Comparação da eficácia relativa da visão fotópica e da visão escotópica em função do comprimento de onda da luz.
Espectro electromagnético visível pelo olho humano.

Visão escotópica (do grego skotos: escuridão e -opia: relacionado com a visão)[1] é a visão produzida pelo olho em condições de baixa luminosidade.

Em algumas espécies, particularmente as adaptadas a actividade nocturna e com grande desenvolvimento da visão nocturna, como o besouro-elefante (Deilephila elpenor), existe percepção das cores em situações de quase escuridão.[2]

No olho humano os cones não funcionam em condições de baixa luminosidade, o que determina que a visão escotópica seja produzida exclusivamente pelos bastonetes, o que impossibilita a percepção das cores. Em média, a visão escotópica humana ocorre em luminâncias entre 10−2 e 10−6 cd/m². Em condições intermédias de luminosidade (níveis de luminância entre 10−2 e 1 cd/m²), o olho humano é capaz de produzir uma forma de visão, designada visão mesópica, efectivamente uma combinação da visão fotópica com a visão escotópica. Contudo, esse tipo de visão permite baixa acuidade visual e uma deficiente discriminação das cores. Com níveis normais de luminosidade (níveis de luminância entre 1 e 106 cd/m²), a visão produzidas pelos cones domina e surge a visão fotópica, que no olho humano corresponde à máxima acuidade visual e discriminação de cor.

No olho humano, a máxima sensibilidade em visão escotópica atinge-se depois de cerca de 45 minutos de permanência na obscuridade, o que corresponde ao tempo necessário para se proceder à regeneração da quase totalidade das moléculas de rodopsina dos bastonetes para a sua forma activa. Em resultado da repartição dos bastonetes na retina, a máxima sensibilidade não se situa sobre o eixo óptico, mas a cerca de 6º para a sua periferia, pois a fóvea é constituída unicamente por cones.[3] Daí resulta ser a visão escotópica marcadamente periférica.

A sensibilidade do olho humano aos diferentes comprimentos de onda em visão escotópica defere substancialmente da sensibilidade em visão fotópica (ver a tabela abaixo), atingindo o seu pico em torno dos 507 nanômetros. Em consequência, na literatura científica surge por vezes o termo lux escotópico, o qual corresponde ao lux fotópico corrigido utilizando a escala ponderal obtida pela aplicação da função de luminosidade escotópica.[4]

Eficácia luminosa relativa. Visão escotópica

(nm)

(nm)

(nm)

(nm)

(nm)
    400 0,009 29 500 0,982 600 0,033 15 700 0,000 017 80
410 0,034 84 510 0,997 610 0,015 93 710 0,000 009 14
420 0,096 6 520 0,935 620 0,007 37 720 0,000 004 78
430 0,199 8 530 0,811 630 0,003 335 730 0,000 002 546
440 0,328 1 540 0,650 640 0,001 497 740 0,000 001 379
450 0,455 550 0,481 650 0,000 677 750 0,000 000 760
460 0,567 560 0,328 8 660 0,000 312 9 760 0,000 000 425
470 0,676 570 0,207 6 670 0,000 148 0 770 0,000 000 241
380 0,000 589 480 0,793 580 0,121 2 680 0,000 071 5 780 0,000 000 139
390 0,002 209 490 0,904 590 0,065 5 690 0,000 035 33    

Notas

  1. O termo inglês scotopia no [dictionary.com|dictionary.com]
  2. Scotopic colour vision in nocturnal hawkmoths
  3. «Neurobiología de la adaptación a la iluminación.» (PDF). Consultado em 1 de dezembro de 2009. Arquivado do original (PDF) em 28 de setembro de 2007 
  4. Photobiology: The Science of Light and Life (2002), Lars Olof Björn, p.43, ISBN 1402008422

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Wandell, Brian A. (1995). Foundations of Vision. Sunderland (Massachussetts): Sinaur Associates.