Escrava Isaura (telenovela de 1976)
Escrava Isaura | |
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Informação geral | |
Formato | Telenovela |
Duração | 45 minutos |
Criador(es) | Gilberto Braga |
Baseado em | A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães |
País de origem | Brasil |
Idioma original | português |
Produção | |
Diretor(es) | Herval Rossano |
Produtor(es) executivo(s) | Almeida Santos |
Editor(es) | Beto Mariano |
Elenco | |
Tema de abertura | "Retirantes", Dorival Caymmi |
Tema de encerramento | "Retirantes", Dorival Caymmi |
Composto por | Dorival Caymmi |
Empresa(s) produtora(s) | TV Globo |
Exibição | |
Emissora original | TV Globo |
Formato de exibição | 480i (SDTV) |
Formato de áudio | monaural |
Transmissão original | 11 de outubro de 1976 – 5 de fevereiro de 1977 |
Episódios | 100 |
Cronologia | |
Programas relacionados | A Escrava Isaura (2004) |
Escrava Isaura é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida originalmente de 11 de outubro de 1976 a 5 de fevereiro de 1977, em 100 capítulos. Substituiu O Feijão e o Sonho e foi substituída por À Sombra dos Laranjais,[1] sendo a 10.ª "novela das seis" produzida pela emissora.
A trama é uma adaptação do romance A Escrava Isaura, escrito por Bernardo Guimarães. A adaptação é de Gilberto Braga e a direção é de Herval Rossano.[2]
Conta com as atuações de Lucélia Santos, Rubens de Falco, Edwin Luisi, Roberto Pirillo, Norma Blum, Átila Iório, Beatriz Lyra, Léa Garcia, Isaac Bardavid, Haroldo de Oliveira e Maria das Graças nos papéis principais.[1]
Enredo[editar | editar código-fonte]
Órfã desde o nascimento, a escrava branca Isaura desconhece quem é seu pai. Sabe apenas que a mãe foi uma mulata, mucama da fazenda onde agora reside. Isaura sempre foi amparada por Ester, sua senhora, que a educou como moça da corte. Sua protetora morre logo no início da trama, e o filho, Leôncio, se torna o administrador dos bens da família. Apaixonado por Isaura e furioso por não ser correspondido, ele se apodera de sua carta de alforria, deixada pela mãe, e aplica castigos cruéis à moça. Isaura também sofre com as intrigas de Rosa, uma escrava má e invejosa.
O desejo por liberdade se torna ainda mais premente quando Isaura se apaixona por Tobias, proprietário de terras vizinhas. O casal tem que enfrentar as perversidades de Leôncio, que se recusa a vender Isaura. O romance acaba tendo um fim trágico quando Leôncio incendeia a cabana onde se encontrava Tobias, desconhecendo que sua própria esposa, Malvina, também estava lá.
Deprimida com a morte de Tobias, Isaura encontra consolo ao descobrir a identidade de seu pai, Miguel, que decide comprá-la para lhe dar a sonhada liberdade. Mas Leôncio não aceita vendê-la e lhe impõe castigos cada vez mais cruéis: ela passa a trabalhar na lavoura, além de assumir outros serviços pesados, e chega a ser presa ao tronco.
Isaura acaba fugindo com o pai e um casal de escravos amigos e vai morar em outra cidade, assumindo a identidade de Elvira. Lá, a moça conhece o jovem abolicionista Álvaro. Mas é desmascarada durante uma festa de gala e forçada a voltar para o seu senhor. Completamente falido, o vilão se suicida no final, após ter todos os bens arrendados por Álvaro, inclusive Isaura.
Produção[editar | editar código-fonte]
Gilberto Braga teve a ideia de adaptar em telenovela o romance A Escrava Isaura, escrito por Bernardo Guimarães em 1875, partindo da sugestão da professora de Literatura do Colégio Pedro II, Eneida do Rego Monteiro.[1] Após ler dez páginas do livro, contatou Herval Rossano para trabalhar na direção da trama. Por a obra conter poucos acontecimentos para render uma novela, sendo o maior percalço a falta de envolvimentos amorosos da protagonista Isaura até a metade da história, quando conhece Álvaro, Braga criou para ser seu par romântico o personagem Tobias, depois morto em um incêndio provocado pelo vilão Leôncio.[1][3]
Sondada para interpretar Isaura, a atriz Débora Duarte recusou o papel por estar no início de sua gravidez e para não deixar a cidade de São Paulo, onde morava.[4] Gilberto Braga chegou a sugerir Louise Cardoso para o papel, mas Herval Rossano convidou Lucélia Santos para representar a protagonista após acompanhar seu desempenho no teatro[4].
A história teve como cenário o distrito de Conservatória, na cidade de Valença, estado do Rio de Janeiro e fazendas da região. As gravações de cenas no interior eram realizadas nos estúdios da TV Educativa e Herbet Richers, ambos na capital fluminense. Os da TV Globo, também no Rio, foram atingidos por um incêndio em junho de 1976, tornando inviáveis filmagens no local.[2]
A telenovela também sofreu censura do governo militar. Os censores classificavam a novela como perigosa e que ela retratava um período visto como mancha negra na história do Brasil[3].
“ | Quando comecei a escrever Escrava Isaura, fui chamado a Brasília para conversar, porque eles achavam a novela perigosa. Então, na reunião com censores, ficou mais ou menos estabelecido que eu não poderia falar de escravo. Uma censora me disse que a escravatura tinha sido uma ‘mancha negra’ na história do Brasil, e que não deveria ser lembrada – aliás, segundo ela, o ideal seria arrancar essa página dos livros didáticos; imagine então falar disso na novela das seis. Um censor falou que a novela podia despertar sentimentos racistas na netinha dele, porque ela via os brancos batendo nos escravos na televisão e podia querer bater nas coleguinhas pretas dela. Aí eu disse ao censor que ele devia ver um psicólogo para a menina porque, se ela se identificava assim com os bandidos… | ” |
— Gilberto Graga[3] |
Para a vinheta de abertura foram utilizadas gravuras do pintor francês Jean-Baptiste Debret que retratavam o Rio de Janeiro no início do século XIX. O tema é "Retirantes", composto por Dorival Caymmi e interpretado pelo mesmo com o coral da gravadora Som Livre.[2]
Elenco[editar | editar código-fonte]


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Exibição e distribuição[editar | editar código-fonte]
Reprises[editar | editar código-fonte]
Escrava Isaura é a novela com mais reapresentações na TV Globo, tendo sua primeira ido ao ar de 29 de agosto de 1977 a 16 de janeiro de 1978, na faixa de reprises das 13h30, substituindo O Feijão e o Sonho e sendo substituída por Locomotivas. A segunda, um compacto de trinta capítulos, foi exibida de 17 de dezembro de 1979 a 19 de janeiro de 1980, às 18h, sucedendo Cabocla e antecedendo Olhai os Lírios do Campo em caráter excepcional; a terceira, anexa ao programa TV Mulher, de 20 de setembro a 31 de dezembro de 1982.[1]
A quarta reprise foi veiculada em 1985 após o Jornal Nacional apenas para o Distrito Federal, enquanto no restante do país era transmitido o horário eleitoral gratuito,[1] em virtude das eleições municipais, uma vez que a unidade federativa não tem cidades, e sim regiões administrativas.
A quinta reapresentação, compactada, ocorreu de 10 a 12 de outubro de 1990 no Festival 25 Anos, especial comemorativo de aniversário da Globo.[1]
Exibição internacional[editar | editar código-fonte]
A novela começou a ser exportada em 1979 para Suíça e Itália. Logo, emissoras de outros países da Europa exibiram a produção, que posteriormente obteria sucesso em outros continentes. Em janeiro de 2016, a trama estava na quinta colocação no ranking de programas da TV Globo e do Brasil mais vendidos ao mercado internacional, com licenciamento a 104 países.[1][2]
Repercussão[editar | editar código-fonte]
A repercussão internacional de Escrava Isaura chegou a influenciar alguns países de diferentes formas. Em Cuba, ao ser transmitida pela primeira vez, no ano de 1984, houve interrupção no racionamento de energia elétrica para que os telespectadores pudessem a assistir; a novela foi a primeira brasileira exibida na antiga União Soviética, e tamanho foi seu impacto que a palavra "fazenda", proferida pelos personagens na história, antes inexistente no vocabulário russo, foi adicionada ao dicionário do idioma como ферма (pronunciada "ferma"); no período da Guerra da Bósnia (1992–95), este país e Sérvia declaravam cessar-fogo durante os capítulos da trama; o mesmo ocorreu na Croácia, que batalhava no conflito junto a Bósnia e Herzegovina.[1][2]
Na China, Lucélia Santos, intérprete da protagonista Isaura, recebeu o Prêmio Águia de Ouro através do voto de 300 milhões de pessoas, sendo a primeira atriz estrangeira agraciada com a honraria no território, e na Polônia, uma emissora realizou concurso para escolher sósias de Lucélia e Rubens de Falco, protagonistas do folhetim.[1][2]
Outras mídias[editar | editar código-fonte]
Em abril de 2012, a Globo Marcas lançou Escrava Isaura em um box de cinco DVDs com os capítulos compactados.[5]
Música[editar | editar código-fonte]
Escrava Isaura Trilha Sonora Original da Novela | |
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Trilha sonora | |
Lançamento | 1976 |
Idioma(s) | português |
Formato(s) | vinil |
Gravadora(s) | Som Livre |
Produção | Guto Graça Mello |
N.º | Título | Compositor(es) | Tema | Duração | |
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1. | "Prisioneira" (Elizeth Cardoso) | Isaura | |||
2. | "Amor Sem Medo" (Francis Hime) | Leôncio | |||
3. | "Retirantes" (Dorival Caymmi) | Dorival Caymmi | abertura | ||
4. | "Nanã" (Orquestra Som Livre) | Moacyr Santos | |||
5. | "Banzo" (Os Tincoãs) | ||||
6. | "Mãe Preta" (Coral Som Livre) |
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Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l Nilson Xavier. «Escrava Isaura (1976)». Teledramaturgia. Consultado em 15 de dezembro de 2015
- ↑ a b c d e f «Batidores – Escrva Isaura». Memória Globo
- ↑ a b c Nilson Xavier (11 de outubro de 2021). «Primeiro grande sucesso mundial da Globo estreava há 45 anos». TV História. Consultado em 14 de novembro de 2021
- ↑ a b Thell de Castro (5 de fevereiro de 2021). «Maior papel da carreira de Lucélia Santos quase foi de outra atriz». TV História. Consultado em 14 de novembro de 2021
- ↑ Elisangela Roxo (14 de abril de 2012). «Novela 'Escrava Isaura' original é lançada em DVD». F5
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Escrava Isaura. no IMDb.