Escritas da África

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Hieróglifos egípcios

O conceito sistemas de escrita da África se refere aos sistemas de escrita atuais e históricos usados no continente africanos, tanto os dali nativos e também os ali introduzidos por colonizadores e pelos muçulmanos.

O alfabeto latino é a escrita mais usada no continente, em especial na chamada África negra, a subsaariana. A escrita Árabe domina no norte do continente e a Ge'ez, Etíope no Chifre da África. Há ainda escritas regionais com alguma significância.

A importância da tradição e cultura orais da África e suas relações com as línguas europeias através do colonialismo levaram a uma visão equivocada e preconceituosa do ocidente em relação às escritas nativas. Isso se refere tanto às línguas que nunca tiveram escrita, como às que tiveram novas escritas criadas só muito recentemente .

Escritas introduzidas[editar | editar código-fonte]

Lembremos que muito antes da presença do alfabeto árabe, introduzido na África desde o século VII e do alfabeto latino, ali introduzido por missionários e colonizadores desde o século XIV, outras duas escritas não nascidas no continente, tiveram ali uma significativa presença:

Alfabeto fenício
antiga língua somali, expressa em escrita Wadaad, adaptação da escrita árabe

Sistema de escrita nativos[editar | editar código-fonte]

Antigas[editar | editar código-fonte]

Sinal "Pare" em tifinague. (qif língua árabe bedd em Riffian)

Egípcio antiga e meroítica[editar | editar código-fonte]

Os Hieróglifos egípcios são o mais famoso sistema de escrita do continente Africano. Essa escrita se desenvolvida em formas como o Demotico e o Hierático. Mais tarde, esse sistema para a escrita meroítica no vale do alto rio Nilo.

Tifinague[editar | editar código-fonte]

O alfabeto tifinague ainda é usado em diversos graus junto com formas modernas de escritas para as línguas berberes (tamazigue, Tamashek, etc.) das regiões do Magrebe, Saara e Sael. O neo-tifinague já foi codificado em Unicode na faixa U+2D30 até U+2D7F, iniciando na versão 4.1.0. com 55 caracteres já definidos, embora sejam usados outros além desse número. Em ISO 15924, o código é Tfng.

Ge'ez[editar | editar código-fonte]

Gênesis 29.11–16 em escrita Ge'ez

A escrita ge'ez é um abugida que foi desenvolvido no Chifre da Africa para a língua ge'ez. Essa escrita é usada hoje na Etiópia e na Eritreia para as línguas Amárica, Tigrínia, Tigré e muitas outras. É conhecida na Etiópia como língua etíope' e como fidel ou abugida (a real origem do termo criado no século XXI para se referir às línguas da Índia).

Ge'ez ou Etióptico foi registrado em Unicode 3.0 com os códigos entre U+1200 e U+137F (decimal 4608–4991) com as sílabas básicas para a língua ge'ez, Amárica, Tigrínia e Tigré incluindo pontuação e numerais.

Nsibidi[editar | editar código-fonte]

Nsibidi (também chamada "nsibiri",[1] "nchibiddi" ou "nchibiddy"[2]) é um sistema de símbolos nativos do que é hoje o sudeste da Nigéria. Parece tratar-se de uma escrita ideográfica, embora possa incluir segundo alguns algo como logogramas. [3] Os símbolos têm cerca de 700 anos de existência. As formas mais antigas foram detectadas em objetos de cerâmica encontrados em escavações e móveis primitivos na região de Calabar, datando de um período entre os séculos V e XV.[4][5]

Lusona

Lusona são ideogramas que funcionavam como mnemônica para registrar provérbios, fábulas, jogos, enigmas, animais e para transmitir conhecimento.[6] Os Lusona se originam do que hoje é o leste da Angola, noroeste da Zâmbia e áreas adjacentes da República Democrática do Congo.[7] Era principalmente praticado pelos povos chócue e luchazes.

Modernas[editar | editar código-fonte]

Chifre da África[editar | editar código-fonte]

Alfabeto Osmanya

Sistemas de escrita desenvolvidos no século XX para escrever a língua somali incluem o Osmanya, o Borama e o Kaddare, criados por Osman Yusuf Kenadid, Sheikh Abdurahman Sheikh Nuur e Hussein Sheikh Ahmed Kaddare, respectivamente.[8] O Osmanya já tem classificação Unicode - 10480-104AF [U+10480 - U+104AF (66688–66735).

Outros sistemas de escrita também têm sido utilizados ao por diferentes comunidades da região. Dentre esses está a escrita feita pelo Sheikh Bakri Sapalo para a língua oromo[9]

Sul da África[editar | editar código-fonte]

África Oriental[editar | editar código-fonte]

São várias as escritas da África Oriental [13] e na África Central. [14]nos dois últimos séculos, um grande número de escritas foi criado na África (Dalby 1967, 1968, 1969). Alguns ainda estão em uso, enquanto outros já foram substituídos por escritas não africanas, tais como o alfabeto latino e a escrita árabe.

O silabário bamum (também Shumom) é um sistema pictigráfico criado no início do século XIX pelo Sultão Njoya Ibrahim para escrever a língua bamum na região que é hoje Camarões. Hoje quase não é usado, mas ainda existe muito material nessa escrita..[15]

Outras escritas modernas dessa região são::

Alfabeto N’ko

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Elechi, O. Oko (2006). Doing justice without the state: the Afikpo (Ehugbo) Nigeria model. [S.l.]: CRC Press. p. 98. ISBN 0-415-97729-0 
  2. Diringer, David (1953). The alphabet: a key to the history of mankind. [S.l.]: Philosophical Library. pp. 148–149 
  3. Gregersen, Edgar A. (1977). Language in Africa: an introductory survey. [S.l.]: CRC Press. p. 176. ISBN 0-677-04380-5 
  4. Slogar, Christopher (primavera de 2007). «Early ceramics from Calabar, Nigeria: Towards a history of Nsibidi.». University of California. African Arts. 40 (1): 18–29. doi:10.1162/afar.2007.40.1.18 
  5. Slogar, Christopher (2005). Eyo, Ekpo, ed. Iconography and Continuity in West Africa: Calabar Terracottas and the Arts of the Cross River Region of Nigeria/Cameroon (PDF). [S.l.]: University of Maryland. pp. 58–62 
  6. Gerdes, Paulus (1991). «"On mathematical elements in the Tchokwe "Sona" tradition Gerdes, Paulus. 1990. For the Learning of Mathematics10 (1), 31–34"». Historia Mathematica. 18 (2). 198 páginas. ISSN 0315-0860. doi:10.1016/0315-0860(91)90542-6 
  7. Kubik, Gerhard (2006). Tusona: Luchazi Ideographs : a Graphic Tradition of West-Central Africa. Viena: LIT Verlag 
  8. Laitin (1977):86–87
  9. Hayward and Hassan, "The Oromo Orthography of Shaykh Bakri Saṗalō", Bulletin of the School of Oriental and African Studies, 44 (1981), p. 551
  10. «Mwangwego». Omniglot.com. 7 de abril de 1997. Consultado em 26 de novembro de 2013 
  11. «Isibheqe Sohlamvu: An Indigenous Writing System for Southern Bantu Languages» (PDF). linguistics.org.za. 22 de junho de 2015. Consultado em 28 de agosto de 2015 
  12. «IsiBheqe». isibheqe.org. 23 de agosto de 2015. Consultado em 28 de agosto de 2015 
  13. «Writing Systems of West Africa». Consultado em 9 de junho de 2011. Cópia arquivada em 9 de junho de 2011 
  14. «Writing Systems of Central Africa». Consultado em 9 de junho de 2011. Cópia arquivada em 9 de junho de 2011 
  15. «Bamum syllabary and language». Omniglot.com. Consultado em 26 de novembro de 2013 
  16. «Bassa language and alphabet». Omniglot.com. Consultado em 26 de novembro de 2013 
  17. http://www.bl.uk/about/policies/endangeredarch/tuchscherer.html; http://www.afrikanistik-online.de/archiv/2009/1912/
  18. «Kpelle syllabary». Omniglot.com. Consultado em 26 de novembro de 2013 
  19. «Loma syllabary». Omniglot.com. Consultado em 26 de novembro de 2013 
  20. «Mende syllabary, pronunciationa and language». Omniglot.com. Consultado em 26 de novembro de 2013 
  21. «N'Ko alphabet and the Maninka, Bambara, Dyula languages». Omniglot.com. Consultado em 26 de novembro de 2013 
  22. «Vai syllabary». Omniglot.com. Consultado em 26 de novembro de 2013 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CISSE, Mamadou. 2006. Ecrits et écritures en Afrique de l'Ouest. Sudlangues n°6. https://web.archive.org/web/20110720093748/http://www.sudlangues.sn/spip.php?article101
  • Dalby, David. 1967. A survey of the indigenous scripts of Liberia and Sierra Leone: Vai, Mende, Kpelle, and Bassa. African Language Studies 8:1-51.
  • Dalby, David. 1968. The indigenous scripts of West Africa and Surinam: their inspiration and design. African Language Studies 9:156-197.
  • Dalby, David. 1969. Further indigenous scripts of West Africa: Manding, Wolof, and Fula alphabets and Yoruba holy-writing. African Language Studies 10:161-191
  • Mafundikwa, Saki. 2004. Afrikan alphabets: the story of writing in Afrika. West New York, NJ: Mark Batty. ISBN 0-9724240-6-7
  • Hayward, Richard J. and Mohammed Hassan. 1981. The Oromo Orthography of Shaykh Bakri Sapalo. Bulletin of the School of Oriental and African Studies 44.3:550-556.
  • Pasch, Helma. 2008. Competing scripts: the introduction of the Roman alphabet in Africa. International Journal for the Sociology of Language 191:65-109.
  • Savage, Andrew. 2008. Writing Tuareg — the three script options. International Journal of the Sociology of Language 192: 5-14.
  • Konrad Tuchscherer. 1999. The lost script of the Bagam. African Affairs 98:55-77.
  • Wyrod, Christopher. 2008. A social orthography of identity: the N’ko literacy movement in West Africa. International Journal of the Sociology of Language 192:27-44.

Lígações externas[editar | editar código-fonte]