Esdras I de Farrajenacerta
Esdras I de Farrajenacerta | |
---|---|
![]() Bandeira da Igreja Apostólica Armênia
| |
Nascimento | século VI Farrajenacerta |
Morte | 641 Dúbio |
Nacionalidade | Armênio |
Ocupação | Bispo |
Título | Católico |
Religião | Igreja Armênia |
Esdras I de Farrajenacerta (em armênio: Եզր Ա Փառաժնակերտցի; romaniz.: Ezr A P’aṙažnakertc’i) foi um católico da Igreja Apostólica Armênia de 630 a 641.
Vida
[editar | editar código-fonte]Esdras nasceu na aldeia de Farrajenacerta, no cantão (gavar) de Niga em Airarate. Foi convocado para suceder o católico Cristóvão II (r. 628–630) quando foi removido de sua posição. Segundo Sebeos, era a antítese de seu antecessor, ou seja, "um homem humilde e gentil que não queria irritar ninguém e de cuja boca não saía nenhuma palavra ruim".[1] No mesmo ano de sua elevação, Esdras envolveu-se na reconstrução da Igreja de Santa Gaiana, em Valarsapate.[2]
Após sua vitória total sobre os sassânidas, o imperador Heráclio (r. 610–641) encarregou o nacarar Mecécio II, que serviu em seu exército, de tomar posse dos territórios devolvidos pelo Império Sassânida. Mecécio, por conseguinte, convidou Esdras a ir até as autoridades bizantinas para jurar fidelidade. Heráclio concebeu o projeto de realizar a união dogmática entre a Igreja oficial, composta pelos adeptos do credo calcedônio, e os "monofisitas" (ou seja, principalmente entre os gregos e os armênios). Para isso, tentou impor-lhes os decretos do Concílio da Calcedônia, que a Igreja Grega havia reconhecido após a condenação dos Três Capítulos. Esta nova doutrina, base do monotelismo, sustenta a união das vontades em Cristo, em vez da união das naturezas.[1]


Heráclio presidiu um concílio de reconciliação com a Igreja Apostólica Armênia, liderada pelo católico, em Teodosiópolis (moderna Erzurum), que parece ter sido alcançado em parte por meio de pressão política (Esdras temia um novo cisma ligado à nomeação de um católico nas áreas da Armênia controladas pelos bizantinos) e corrupção; as discussões entre gregos e armênios terminaram com a adesão a uma fórmula de fé, imposta pelo imperador. Esta fórmula está em total conformidade com a profissão de fé dos armênios, exceto que ignora em silêncio o Concílio de Calcedônia. A reconciliação é solenemente consagrada pela celebração de uma missa onde os gregos podem admitir o católico à comunhão ortodoxa (632).[3] Em compensação por sua atitude, a pedido de Esdras Heráclio cedeu um terço da produção das minas de sal de Colbe (atual Tuzluja) ao Mosteiro de Echemiazim.[4][5]
Ao retornar para Dúbio, Esdras foi recebido em procissão por todo o clero, exceto o intransigente João, que ao ser convocado à presença do católico, não respondeu ao chamado e se retirou ao Mosteiro de Mair, em Niga. Pouco depois, Esdras o expulsou do complexo, obrigando João a se refugiar em Gardamana, na província de Otena, que estava sob controle do Império Sassânida e onde acreditou estar seguro dos bizantinos e de seus simpatizantes.[6] Em 639/40, os árabes do Califado Ortodoxo iniciaram a conquista muçulmana da Armênia e em 640/2, conquistaram Dúbio, apesar dos esforços de Teodoro Restúnio e do imperador Constante II (r. 641–668) para defendê-la.[7][8] Esdras faleceu em 641, e foi sucedido por Narses III, o Construtor (r. 641–661), que foi nomeado sob influência de Teodoro.[9]
Ver também
[editar | editar código-fonte]
Precedido por Cristóvão II |
Católico de todos os armênios 630-641 |
Sucedido por Narses III, o Construtor |
Referências
- ↑ a b Grousset 1973, p. 283.
- ↑ Chamchian 1827, p. 355-357.
- ↑ Grousset 1973, p. 284.
- ↑ Hakobyan, Melik-Baxšyan & Barsełyan 1988–2001, p. 196.
- ↑ Enciclopédia Armênia Soviética 1979, p. 530.
- ↑ Grousset 1973, p. 284-285.
- ↑ Martindale, Jones & Morris 1992, p. 1282.
- ↑ Lilie et al. 2013.
- ↑ Grousset 1973, p. 297.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Chamchian, Michael (1827). History of Armenia, vol. I: From B.C. 2247 to the Year of Christ 1780, Or 1229 of the Armenian Era. Calcutá: H. Townsend
- «Կողբ». Haykakan sovetakan hanragitaran [Հայկական սովետական հանրագիտարան] [Enciclopédia Armênia Soviética]. 5. Erevã: Academia de Ciência da Armênia. 1979
- Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot
- Hakobyan, Tadevos X.; Melik-Baxšyan, Stepan T.; Barsełyan, Hovhannes X. (1988–2001). «Արծկէ». Hayastani ev harakitsʻ šrjanneri tełanunneri baṛaran Հայաստանի և հարակից շրջանների տեղանունների բառարան [Dicionário da Toponímia da Armênia e Territórios Adjacentes]. 3. Erevã: Yerevan State University Publishing House
- Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate; et al. (2013). «#7298 Theodoros; #7293 Theodoros Rštuni». Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt
- Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Theodorus Rshtuni 167». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8