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Maomé Cudaiar Cã: diferenças entre revisões

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Revisão das 20h46min de 30 de dezembro de 2020

Maomé Cudaiar Cã
Muhammad Khudayar KhanXudoyorxon
Cã de Cocande
Maomé Cudaiar Cã
Maomé Cudaiar Cã c. década de 1860
Reinado 18451875 (com interrupções)
Predecessor Murade Begue Cã
Sucessor Nasrudim Cã
Nascimento 1829
  Talas (atualmente no Quirguistão)
Morte 1886 (57 anos)
  Herate (atualmente no Afeganistão)
Nome completo  
Sayid Muhammad Khudayar Khan
Religião islão sunita

Maomé Cudaiar Cã ou Sayid Muhammad Khudayar Khan (em usbeque: Xudoyorxon; Talas, 1829Herate, 1886) foi do Canato de Cocande em quatro ocasiões entre 1845 e 1875. Era filho de Xir Ali Cã, que reinou entre 1842 e 1845.[1]

O seu reinado foi marcado por guerras civis e por intervenções do Emirado de Bucara, à semelhança do que se passou nos anos anteriores à sua ascensão ao trono. No período final, a conquista russa da Ásia Central forçou o canato a tornar-se vassalo do Império Russo. Em 1875 estalou uma rebelião, durante a qual Cudaiar tomou o partido pró-russo, o que o levaria a ter que se refugiar em Oremburgo, na Rússia. Na sequência da supressão da rebelião, o canato foi abolido. Cudaiar acabaria por morrer no exílio.[1]

Contexto da ascensão ao trono

O pai de Cudaiar, Xir Ali Cã, tinha ascendido ao trono do canato em 1842, na sequência duma invasão de Cocande pelo emir de Bucara Nasrulá ibne Haidar Tora. Os invasores foram derrotados com o apoio dos quipechaques, que durante o reinado de Xir Ali Cã reforçaram ainda mais o poder que já detinham antes, o que por sua vez fez aumentar ainda mais a rivalidade entre sartes e quipechaques. A certa altura essa rivalidade tornou-se uma verdadeira guerra civil, protagonizada por Xadi, um dos favoritos de Xir Ali, pelo lado dos sartes, e por Mussulmã Cul (ou Mingbashi Musulmonqul) pelo lado dos quipechaques. Durante esse conflito, no qual os sartes foram derrotados, Xir Ali chegou a ser deposto, mas devido a ser complicado arranjar alguém de linhagem real para ficar no trono, Mussulmã Cul colocou Xir Ali novamente no trono mas ficou com o poder de facto.[2]

Em 1845, quando Mussulmã Cul foi para Osh com a maior parte do exército do canato para suprimir uma revolta, Cocande foi tomada por Murade Begue, com o apoio de líderes sartes e do emir de Bucara. Murade Begue era filho de Alim Cã e primo de Xir Ali e tinha sido um dos mais fortes candidatos à substituição de Madali Cã, o antecessor de Xir Ali à frente do canato. Murade Begue autoproclamou-se cã e vassalo (vice-rei) do emir de Bucara e mandou executar Xir Ali.[3]

Maomé Cudaiar, então com 16 anos, estava em Namangã quando Murade tomou o poder, pelo que não foi morto. Há várias versões para a ascensão ao trono de Cudaiar. Segundo uma delas, ele foi proclamado cã pelos quipechaques, que se reuniram na margem direita do Sir Dária quando Murade ainda reinava em Cocande. Nessa assembleia também foi decidido que Mussulmã Cul ficaria como regente enquanto Cudaiar fosse menor.[4] Outras fontes não mencionam essa assembleia e relatam que, ao regressar de Osh, Mussulmã Cul passou por Namangã, casou a sua filha de doze anos com Cudaiar e seguiu com este para tomar Cocande, onde Murade enfrentava oposição devido à população odiar o emir de Bucara.[5] Segundo alguns relatos, foi a população que abriu as portas da cidade a Mussulmã Cul e Cudaiar, apanhando Murade de surpresa no palácio. Murade matou vários quipechaques com um sabre e conseguiu esconder-se até à noite, mas foi denunciado pelo dono da carroça onde se tinha escondido, tendo sido morto à facada.[4] Outras fontes referem que Murade fugiu para Xacrisabez (no Emirado de Bucara)[3]

Segundo outras fontes, Maomé Cudaiar só foi proclamado cã depois da tomada de Cocande por Mussulmã Cul. Para assegurar o seu poder, antes da proclamação de Cudaiar, Mussulmã Cul manipulou as aspirações de vários potenciais pretendentes ao trono do canato. Um destes foi o líder nómada Sarymsak, que foi convidado para se deslocar de Tasquente para Cocande para ser coroado cã, mas foi morto por ordem de Mussulmã Cul.[5]

Primeiro reinado

Nos primeiros anos do seu reinado, Cudaiar Cã foi praticamente um prisioneiro no palácio real, a quem não era dado dinheiro e que estava proibido de dar ordens. O orientalista e diplomata russo Nikolai Petrovsky (1837–1908), autor dum livro sobre Maomé Cudaiar, comparou a relação entre Mussulmã Cul e o jovem cã com a do todo poderoso ministro russo Alexandre Menchikov com o czar Pedro II da Rússia. Ainda segundo Petrovsky, apesar de autoritário e duro, o governo de Mussulmã Cul não foi mau para o povo nem para o canato. Mussulmã Cul sempre atuou em nome do cã ou de alguém do círculo mais próximo do cã.[5]

Referências

  1. a b Enciclopédia Histórica Soviética 1973–1982
  2. Howorth 1880, pp. 828–829.
  3. a b Howorth 1880, p. 829.
  4. a b Leonov 1951, p. 40.
  5. a b c Dubovitskii & Bababekov 2014, pp. 29–68.

Bibliografia

  • Howorth, Henry Hoyle (1880), History of the Mongols, from the 9th to the 19th Century. Part II division II — The so-called tartars of Russia and Central Asia (em inglês), Londres: Longmans, Green and Co.  Cópia em archive.org. Consulta em Google Books.