Hélio Jaguaribe: diferenças entre revisões

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Tendo em mente os inúmeros problemas vividos pela sociedade brasileira, Jaguaribe começou a se reunir com um grupo de intelectuais que dividiam os mesmos interesses. Estas pessoas, paulistas e cariocas em sua maioria, se reuniam no [[Parque Nacional de Itatiaia]], no [[Rio de Janeiro]], em [[1952]].
Tendo em mente os inúmeros problemas vividos pela sociedade brasileira, Jaguaribe começou a se reunir com um grupo de intelectuais que dividiam os mesmos interesses. Estas pessoas, paulistas e cariocas em sua maioria, se reuniam no [[Parque Nacional de Itatiaia]], no [[Rio de Janeiro]], em [[1952]].


No [[1953|ano seguinte]], os representantes cariocas resolvem, então, fundar o [[Insituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política]] (Ibesp). Jaguaribe se tornaria secretário-geral e diretor, auxiliando consideravelmente em uma publicação do instituto: a [[revista]] [[Cadernos de Nosso Tempo]], que tinha como foco [[ensaio]]s nas áreas de [[sociologia]] e [[economia]]. A revista durou entre os anos de 1953 e [[1956]].
No [[1953|ano seguinte]], os representantes cariocas resolvem, então, fundar o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política [[Ibesp]]. Jaguaribe se tornaria secretário-geral e diretor, auxiliando consideravelmente em uma publicação do instituto: a [[revista]] [[Cadernos de Nosso Tempo]], que tinha como foco [[ensaio]]s nas áreas de [[sociologia]] e [[economia]]. A revista durou entre os anos de 1953 e [[1956]].


Em [[1955]], foi criado pelos membros do Ibesp e decretado pelo [[presidente]] [[Café Filho]], o [[Instituto Superior de Estudos Brasileiros]] (Iseb). Este, tinha como intuito influenciar nas decisões no que se referia à orientação do desenvolvimento.
Em [[1955]], foi criado pelos membros do Ibesp e decretado pelo [[presidente]] [[Café Filho]], o [[Instituto Superior de Estudos Brasileiros]] (Iseb). Este, tinha como intuito influenciar nas decisões no que se referia à orientação do desenvolvimento.
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Nos meses finais de [[1958]], o Iseb é atingido por uma grande interna. O estopim foi a publicação do [[livro]] [[O nacionalismo na atualidade brasileira]]. Nesta obra, escrita por Jaguaribe, existia uma forte crítica ao [[nacionalismo]] exagerado que espantava investimentos de outros países no Brasil, atrasando o desenvolvimento do país.
Nos meses finais de [[1958]], o Iseb é atingido por uma grande interna. O estopim foi a publicação do [[livro]] [[O nacionalismo na atualidade brasileira]]. Nesta obra, escrita por Jaguaribe, existia uma forte crítica ao [[nacionalismo]] exagerado que espantava investimentos de outros países no Brasil, atrasando o desenvolvimento do país.


O [[Conselho Curador e Consultivo]] foi convocado por [[Clóvis Salgado]], ministro da [[cultura]], para ser discutida a real necessidade do Iseb. Como as alegações de Clóvis foram desconsideradas pelo Conselho, [[Roland Corbisier]], solicitou ao [[presidente]] da [[república]], [[Juscelino Kubitschek]], e ao ministro da [[educação]] que fosse reformulada a estrutura interna do instituto. Jucelino aprovou as mudanças.
O [[Conselho Curador e Consultivo]] foi convocado por [[Clóvis Salgado]], ministro da [[cultura]], para ser discutida a real necessidade do Iseb. Como as alegações de Clóvis foram desconsideradas pelo Conselho, [[Roland Corbisier]], solicitou ao [[presidente]] da [[república]], [[Juscelino Kubitschek]], e ao ministro da [[educação]] que fosse reformulada a estrutura interna do instituto. Juscelino aprovou as mudanças.


Com a reformulação, o diretor do instituto ficou submetido à autoridade do Conselho Curador. Discordando destas mudanças, Jaguaribe se exonera de suas funções. Passaria então a colaborar com outras instituições, nacionais e internacionais, sem, no entanto, estabelecer um vínculo permanente.
Com a reformulação, o diretor do instituto ficou submetido à autoridade do Conselho Curador. Discordando destas mudanças, Jaguaribe se exonera de suas funções. Passaria então a colaborar com outras instituições, nacionais e internacionais, sem, no entanto, estabelecer um vínculo permanente.

Revisão das 15h16min de 6 de abril de 2008

Helio Jaguaribe de Mattos (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1923) é um sociólogo, cientista político e escritor brasileiro.

Aspectos familiares

Helio Jaguaribe era filho do general Francisco Jaguaribe de Mattos, cartógrafo e geógrafo, e de Francelina Santos Jaguaribe de Matos, oriunda de uma família portuguesa, conhecida pela produção e comercialização de vinho do Porto.

Sua família possuía a Companhia Ferro e Aço de Vitória. Jaguaribe foi o responsável pela direção da empresa até o ano de 1964. Ao longo de sua gestão, através de um projeto, desenvolveu consideravelmente o empreendimento, inaugurando uma nova usina de ferro e aço.

Formação

Em 1946, Jaguaribe graduou-se na área de Direito, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

Em 1983 recebeu o grau de Doutor Honoris Causa da Universidade de Johanes Gutenberg, na cidade alemã de Mainz. Nove anos depois, em 1992, foi a Universidade Federal da Paraíba que lhe deu o mesmo título. Recebeu também o grau pela Universidade de Buenos Aires, na Argentina.

Ibesp

Tendo em mente os inúmeros problemas vividos pela sociedade brasileira, Jaguaribe começou a se reunir com um grupo de intelectuais que dividiam os mesmos interesses. Estas pessoas, paulistas e cariocas em sua maioria, se reuniam no Parque Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro, em 1952.

No ano seguinte, os representantes cariocas resolvem, então, fundar o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política Ibesp. Jaguaribe se tornaria secretário-geral e diretor, auxiliando consideravelmente em uma publicação do instituto: a revista Cadernos de Nosso Tempo, que tinha como foco ensaios nas áreas de sociologia e economia. A revista durou entre os anos de 1953 e 1956.

Em 1955, foi criado pelos membros do Ibesp e decretado pelo presidente Café Filho, o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb). Este, tinha como intuito influenciar nas decisões no que se referia à orientação do desenvolvimento.

Nos meses finais de 1958, o Iseb é atingido por uma grande interna. O estopim foi a publicação do livro O nacionalismo na atualidade brasileira. Nesta obra, escrita por Jaguaribe, existia uma forte crítica ao nacionalismo exagerado que espantava investimentos de outros países no Brasil, atrasando o desenvolvimento do país.

O Conselho Curador e Consultivo foi convocado por Clóvis Salgado, ministro da cultura, para ser discutida a real necessidade do Iseb. Como as alegações de Clóvis foram desconsideradas pelo Conselho, Roland Corbisier, solicitou ao presidente da república, Juscelino Kubitschek, e ao ministro da educação que fosse reformulada a estrutura interna do instituto. Juscelino aprovou as mudanças.

Com a reformulação, o diretor do instituto ficou submetido à autoridade do Conselho Curador. Discordando destas mudanças, Jaguaribe se exonera de suas funções. Passaria então a colaborar com outras instituições, nacionais e internacionais, sem, no entanto, estabelecer um vínculo permanente.

Golpe de 64

Em 1964, Jaguaribe criticou publicamente o golpe militar que derrubou o governo do então presidente da república, João Goulart. Por causa disso, Jaguaribe saiu do Brasil, indo morar nos Estados Unidos. Lá, lecionou em três instituições. São elas:

Jaguaribe retornaria ao Brasil em meados de 1969. Novamente no país, se tornou diretor de assuntos internacionais do Conjunto Universitário Cândido Mendes. Em 1979, foi nomeado decano do recém criado Instituto de Estudos Políticos e Sociais, onde permaneceu na função até o ano de 2003. Neste ano, solicitou sua substituição pelo professor Francisco Weffort. No entanto, mesmo com a substituição, Jaguaribe foi nomeado decano emérito, onde permanece até hoje.

Atuação política

Em 1985, durante o governo do presidente José Sarney, Jaguaribe, foi o coordenador do Projeto Brasil 2000, cujos resultados foram publicados no ano seguinte na obra Brasil 2000: para um novo pacto social. Dois anos depois, em 1988, foi publicada o segundo volume do projeto: Brasil: reforma ou caos.

Ainda no ano de 1988, Jaguaribe auxiliaria na fundação do Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB.

Em 1992, abriu mão de suas funções partidárias e aceitou o cargo de secretário da ciência e tecnologia do governo do então presidente, Fernando Collor de Mello. Com o impeachment deste, voltou a atuar no ramo acadêmico.

Homenagens

Jaguaribe recebeu inúmeras homenagens. No ano de 1996, recebeu a Grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito. Em 1999, foi o Ministério da Cultura que lhe entregou a Ordem do Mérito Cultural. Ainda, no Brasil, recebeu a Ordem do Rio Branco.

Em outros países, Jaguaribe também foi homenagiado. Em 1984, na Argentina foi agraciado Grande Oficial da Ordem do Mérito e com Orden del Libertador San Martín. Ainda nesse ano, no México, foi condecorado com a Orden Mexicana del Aguilla Azteca. Em Portugal, no ano de 2001, foi agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique.

Estudos

Com o apoio da UNESCO, Jaguaribe deu início a uma pesquisa (entre 1994 e 1999) intitulada A critical study of history (em português: Um estudo crítico da história), publicada em 2001, no Brasil e no México, contendo dois volumes.

Em meados de 2004, Jaguaribe inicia O posto do homem no cosmos, um novo estudo.

Academia Brasileira de Letras

Em 3 de março de 2005 Helio Jaguaribe foi eleito para ocupar a Cadeira Nº 11 da Academia Brasileira de Letras. Ele será o nono a ocupa-la, sucedendo o economista Celso Furtado.

Hélio Jaguaribe só foi eleito na terceira vez em que tentou, obtendo trinta e um votos a favor. Houve dois votos em branco e duas abstenções. Através de cartas, dezesseis acadêmicos votaram.

Precedido por
Celso Furtado
ABL - cadeira 11
2005 -
Sucedido por
***

Obra

Livros

  • Condições institucionais do desenvolvimento. Rio de Janeiro: ISEB.
  • O nacionalismo na atualidade brasileira. Rio de Janeiro: ISEB, 1958.
  • Political and economic development. Cambridge: Harvard University Press, 1958.
  • Political development: a general theory and a latin american case study. New York: Harper & Row, 1973.
  • Brasil: crise e alternativas. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.
    • Versão argentina: Buenos Aires: Amorrorfu, 1976.
  • Introdução ao desenvolvimento social. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
  • El nuevo escenario internacional. México: Fondo de Cultura Económica del México, 1985.
    • Versão brasileira: Novo cenário internacional. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1986.
  • Sociedade e cultura. São Paulo: Editora Vértice, 1986.
  • Alternativas do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1989.
  • Crise na república - 100 anos depois: primeiro ou quarto mundo?. Rio de Janeiro: Thex Editora, 1993.
  • Brasil hoy: perspectivas sociales y políticas, implicancias sobre el Mercosur. FUNAN, 1994.
  • Brasil, homem e mundo: reflexão na virada do século. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000.
  • Um estudo crítico da história. São Paulo: Paz e Terra, 2001 (dois volumes).
    • Versão espanhola: Fondo de Cultura Económica.
  • Brasil: alternativas e saídas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

Parcerias e compilações

  • La nueva dependencia (juntamente com outros autores). Lima, Editora Moncloa, 1969.
  • La dependencia político-econômica de América Latina (juntamente com outros autores). México: Siglo XXI, 1970, 1987.
  • Problems of world modeling (compilação, juntamente com outros autores). Cambridge: Ballinger Publ. Company, 1977.
  • La política internacional de los años 80: una perspectiva latinoamericana (compilação). Buenos Aires: Editorial de Belgrano, 1982.
  • A democracia grega (juntamente com outros autores). Brasília: Editora Universitária de Brasília, 1982.
  • Brasil: sociedade democrática]] (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1985.
  • Brasil, 2000 (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
  • Brasil: reforma ou caos (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
  • A proposta social-democrata (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1989.
  • Sociedade, estado e partidos, na atualidade brasileira (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
    • Versão espanhola: México: Fondo de Cultura Económica del México, 1993 (dois volumes).
  • Transcendência e mundo na virada do século (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: In Sight, 1994.
  • Economia mundial em transformação (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1994.
  • Brasil: proposta de reforma, subsídios para revisão constitucional e planejamento estratégico (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
  • Desenvolvimento, tecnologia e governabilidade (juntamente com outros autores). São Paulo: Nodel, 1994.
  • Eleições 1994: cenários políticos (com Francisco Weffort). São Paulo: Coordenadora de Comunicação e Eventos da FIESP/CIESP, 1994.
  • Sagrado e profano: XI retratos de um Brasil, fim de século (juntamente com outros autores). Rio de Janeiro: Agir, 1994.
  • El Estado en America Latina (juntamente com outros autores). Buenos Aires: CIEDLA, 1995.
  • Argentina y Brasil en la globalización (com Aldo Ferrer). Buenos Aires: Fonde de Cultura Económica, 2001.

Ver também

Referências