Calabar: o Elogio da Traição: diferenças entre revisões

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A [[censura]] do [[Ditadura militar no Brasil|regime militar]] deveria aprovar e liberar a obra em um ensaio especialmente dedicado a isso. Depois de toda a montagem pronta e da primeira liberação do texto, veio a espera pela aprovação final. Foram três meses de expectativa e, em [[20 de outubro]] de [[1974]], o general Antônio Bandeira, da [[Polícia Federal]], sem motivo aparente, proibiu a peça, proibiu o nome '''Calabar''' do título e, como se não bastasse, ainda proibiu que a proibição fosse divulgada.


O prejuízo para os autores e para o ator [[Fernando Torres]], produtores da montagem, foi enorme.
O prejuízo para os autores e para o ator [[Fernando Torres (ator)|Fernando Torres]], produtores da montagem, foi enorme.


Seis anos mais tarde, uma nova montagem estrearia, desta vez, liberada pela censura.
Seis anos mais tarde, uma nova montagem estrearia, desta vez, liberada pela censura.

Revisão das 00h13min de 26 de junho de 2008

 Nota: Se procura outros significados para Calabar, veja Calabar.

Calabar: o elogio da traição é o título da peça de teatro musicada, escrita em 1973 por Chico Buarque e Ruy Guerra, e editada em livro pela editora Civilização Brasileira.

Sinopse

A peça relativiza a posição de Domingos Fernandes Calabar no episódio histórico em que ele preferiu tomar partido ao lado dos holandeses contra a coroa portuguesa.

Vivia o Brasil sob a opressão do regime ditatorial militar, e era comum o uso das metáforas nas produções artísticas a fim de, por um lado, burlar a censura rigorosa do sistema (sendo popular a figura de Armando Falcão, Ministro da Justiça, encarregado dessa tarefa canhestra) e, por outro, denunciar a situação atual.

Chico Buarque foi um mestre no uso dessas figurações: e o episódio histórico do traidor Calabar, comum em todos os livros didáticos como um dos maiores exemplos de perfídia - serviu de mote para justamente questionar a chamava versão oficial.

Na peça, Domingo Calabar passa de comerciante que visava o lucro e que, por isto, traíra os portugueses e colonos brasileiros - para um quase herói, que tinha por objetivo não o ganho pessoal, mas o melhor para o povo brasileiro (na verdade um conceito ainda inexistente, no século XVIII).

A intenção dos autores, porém, não era denunciar um erro histórico, nem tinha a pretensão de promover uma revisão: o alvo era, justamente, o próprio Regime militar, sua censura, os veículos de comunicação que, engessados pelas versões dos fatos sempre acordes com o sistema, passavam ao povo imagens que precisavam ser questionadas em sua veracidade.

Músicas

Dentre as músicas que compõem o repertório da obra, algumas foram sucesso, como "Não existe pecado ao sul do Equador" (cantada por Ney Matogrosso); "Cala a boca, Bárbara", e outras.

Iniciativa ousada

Calabar: o elogio da traição, foi escrita no final de 1973, em parceria com o cineasta Ruy Guerra e dirigida por Fernando Peixoto. Era uma das mais caras produções teatrais da época, custou cerca de trinta mil dólares e empregava mais de oitenta pessoas.

A peça e a ditadura

A censura do regime militar deveria aprovar e liberar a obra em um ensaio especialmente dedicado a isso. Depois de toda a montagem pronta e da primeira liberação do texto, veio a espera pela aprovação final. Foram três meses de expectativa e, em 20 de outubro de 1974, o general Antônio Bandeira, da Polícia Federal, sem motivo aparente, proibiu a peça, proibiu o nome Calabar do título e, como se não bastasse, ainda proibiu que a proibição fosse divulgada.

O prejuízo para os autores e para o ator Fernando Torres, produtores da montagem, foi enorme.

Seis anos mais tarde, uma nova montagem estrearia, desta vez, liberada pela censura.

O livro

Publicado em livro no ano de 1994, pela editora Civilização Brasileira, Calabar já teve 23 edições. (ISBN: 8520001368).

Ligações externas

  • Sinopse - reapresentação em 1998.
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