Mãe Natureza: diferenças entre revisões

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===Origem===
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As civilizações antigas (Grécia, Babilônia, Roma, Egito, entre outras) foram prolixas <ref> [http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2002/06/28367.shtml ''Mídia Independente'', ''A Deusa e o Deus''] </ref> em cultuar a mulher e a feminilidade ou as [[deusa]]s como sacerdotisas ([[Diotima de Mantinea]]), sábias, filósofas, matemáticas ([[Hipátia de Alexandria]]) [[pitonisa]]s, [[amazonas (mitologia)|amazonas]] (ou guerreiras). Este culto insere-se dentro de um contexto social e religioso cujas raízes remontam aos registros pré-históricos do [[Paleolítico]] e do [[Neolítico]] <ref> [http://www.prodema.ufpb.br/revistaartemis/numero3/arquivos/artigos/artigo_02.pdf ''Revista Artemis'', ''Prodema, Univ. Fed. da Paraiba''] </ref><ref> [http://www.google.com/books?id=PGocizBPj0EC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#PPA59,M1 ''Desvendando a sexualidade'', C. A. Nunes, p. 58] </ref> ou ainda a uma fase informe do mundo, quando surgiu o primeiro sentimento religioso da humanidade, que era o de adoração da [[Deusa Mãe]] ou ''Mãe Terra'' <ref> [http://www.prodema.ufpb.br/revistaartemis/numero3/arquivos/artigos/artigo_02.pdf ''Revista Artemis'', ''Prodema, Univ. Fed. da Paraiba''] </ref>. A religião se expressava pela adoração à Terra, à Natureza, aos ciclos e à fertilidade <ref> [http://www.prodema.ufpb.br/revistaartemis/numero3/arquivos/artigos/artigo_02.pdf ''Revista Artemis'', ''Prodema, Univ. Fed. da Paraiba''] </ref>. Segundo o historiador Raimundo Campos <ref> [http://www.google.com/books?id=PGocizBPj0EC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#PPA59,M1 ''Desvendando a sexualidade'', C. A. Nunes, p. 58] </ref>, os clãs do Paleolítico eram matriarcais, uma vez que os homens em atividade de caça, vivam se deslocando, cabendo às mulheres a consolidação da sedentarização e do primeiro registro histórico de um clã e de um governo familiar. Esta abordagem mítico-religiosa prevaleceu entre as civilizações antigas e nos respectivos mitos. Descobertas arqueológicas revelam a existência de [[arte rupestre]] e de estatuetas de culto ao corpo feminino, à fertilidade e com isso à noção de origem da vida e do mundo <ref> ''Scientific American Brasil'', Nº 10, p.20 </ref>. As mais antigas noções de criação se originavam da idéia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a prole. Acreditava-se que a partir do sangue divino do [[útero]] e através de um movimento, [[dança]] ou ritmo cardíaco, que agitasse este [[sangue]], surgissem os "frutos", a própria [[maternidade]]. Essa é uma das razões pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno que detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso" <ref> ''O I Ching da Deusa'' </ref> organizou, separou e definou os elementos que compõem e produzem o [[cosmos]]; a esta energia organizadora os gregos deram o nome de ''[[Diakosmos]]'', a ''Determinação da Deusa''.
As civilizações antigas (Grécia, Babilônia, Roma, Egito, entre outras) foram prolixas <ref> [http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2002/06/28367.shtml ''Mídia Independente'', ''A Deusa e o Deus''] </ref> em cultuar a mulher e a feminilidade ou as [[deusa]]s como sacerdotisas ([[Diotima de Mantinea]]), sábias, filósofas, matemáticas ([[Hipátia de Alexandria]]) [[pitonisa]]s, [[amazonas (mitologia)|amazonas]] (ou guerreiras). Este culto insere-se dentro de um contexto social e religioso cujas raízes remontam aos registros pré-históricos do [[Paleolítico]] e do [[Neolítico]] <ref> [http://www.prodema.ufpb.br/revistaartemis/numero3/arquivos/artigos/artigo_02.pdf ''Revista Artemis'', ''Prodema, Univ. Fed. da Paraiba''] </ref><ref> [http://www.google.com/books?id=PGocizBPj0EC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#PPA59,M1 ''Desvendando a sexualidade'', C. A. Nunes, p. 58] </ref> ou ainda a uma fase informe do mundo, quando surgiu o primeiro sentimento religioso da humanidade, que era o de adoração da [[Deusa Mãe]] ou ''Mãe Terra'' <ref> [http://www.prodema.ufpb.br/revistaartemis/numero3/arquivos/artigos/artigo_02.pdf ''Revista Artemis'', ''Prodema, Univ. Fed. da Paraiba''] </ref>. A religião se expressava pela adoração à Terra, à Natureza, aos ciclos e à fertilidade <ref> [http://www.prodema.ufpb.br/revistaartemis/numero3/arquivos/artigos/artigo_02.pdf ''Revista Artemis'', ''Prodema, Univ. Fed. da Paraiba''] </ref>. Segundo o historiador Raimundo Campos <ref> [http://www.google.com/books?id=PGocizBPj0EC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#PPA59,M1 ''Desvendando a sexualidade'', C. A. Nunes, p. 58] </ref>, os clãs do Paleolítico eram matriarcais, uma vez que os homens em atividade de caça, vivam se deslocando, cabendo às mulheres a consolidação da sedentarização e da agricultura <ref> [http://books.google.com.br/books?id=PGocizBPj0EC&pg=PA53&vq=agricultura&dq=desvendando+a+sexualidade&source=gbs_search_s&cad=0#PPA53,M1 ''Desvendado a sexualidade'', citação M. Eliade] </ref> e do primeiro registro histórico de um clã e de um governo familiar. Esta abordagem mítico-religiosa prevaleceu entre as civilizações antigas e nos respectivos mitos. Descobertas arqueológicas revelam a existência de [[arte rupestre]] e de estatuetas de culto ao corpo feminino, à fertilidade e com isso à noção de origem da vida e do mundo <ref> ''Scientific American Brasil'', Nº 10, p.20 </ref>. As mais antigas noções de criação se originavam da idéia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a prole. Acreditava-se que a partir do sangue divino do [[útero]] e através de um movimento, [[dança]] ou ritmo cardíaco, que agitasse este [[sangue]], surgissem os "frutos", a própria [[maternidade]]. Essa é uma das razões pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno que detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso" <ref> ''O I Ching da Deusa'' </ref> organizou, separou e definou os elementos que compõem e produzem o [[cosmos]]; a esta energia organizadora os gregos deram o nome de ''[[Diakosmos]]'', a ''Determinação da Deusa''.


[[Imagem:Rhea MKL1888.png|thumb|left|100px|[[Réia]], para os gregos, ''a mãe de todos os deuses''; a palavra significa '''terra''' ou ''fluxo'' (referindo-se ao sangue menstrual)]]
[[Imagem:Rhea MKL1888.png|thumb|left|100px|[[Réia]], para os gregos, ''a mãe de todos os deuses''; a palavra significa '''terra''' ou ''fluxo'' (referindo-se ao sangue menstrual)]]

Revisão das 16h41min de 15 de junho de 2009

Estátua de Ceres no Museu do Louvre em Paris

Mãe Natureza é uma representação da Natureza que trata da fertilidade, dos ciclos e do cultivo simbolizados na mãe. Imagens de uma mulher representativa da mãe terra, da mãe natureza, são atemporais.

Na pré-história, as deusas eram adoradas pela associação com a fertilidade, fecundidade e generosidade. Sacerdotisas dominavam determinados aspectos do Império Inca, Assíria, Babilonia, Roma, Grécia, Índia e religiões anteriores às religiões patriarcais.

História

A palavra Natureza vem do latim natura significando nascimento. Em inglês, o primeiro registro de uso, no sentido de plenitude ou totalidade dos fenômenos do mundo, foi muito tardio e é datado de 1662; entretanto natura e a personificação da Mãe Natureza, foi extremamente popular na Idade Média e pode ter as raízes traçadas a partir da Grécia Antiga. Os filósofos pré-socráticos inventaram a natureza quando abstraíram a totalidade fenomênica do mundo em um único nome e trataram como um único objeto: physis.

Origem

As civilizações antigas (Grécia, Babilônia, Roma, Egito, entre outras) foram prolixas [1] em cultuar a mulher e a feminilidade ou as deusas como sacerdotisas (Diotima de Mantinea), sábias, filósofas, matemáticas (Hipátia de Alexandria) pitonisas, amazonas (ou guerreiras). Este culto insere-se dentro de um contexto social e religioso cujas raízes remontam aos registros pré-históricos do Paleolítico e do Neolítico [2][3] ou ainda a uma fase informe do mundo, quando surgiu o primeiro sentimento religioso da humanidade, que era o de adoração da Deusa Mãe ou Mãe Terra [4]. A religião se expressava pela adoração à Terra, à Natureza, aos ciclos e à fertilidade [5]. Segundo o historiador Raimundo Campos [6], os clãs do Paleolítico eram matriarcais, uma vez que os homens em atividade de caça, vivam se deslocando, cabendo às mulheres a consolidação da sedentarização e da agricultura [7] e do primeiro registro histórico de um clã e de um governo familiar. Esta abordagem mítico-religiosa prevaleceu entre as civilizações antigas e nos respectivos mitos. Descobertas arqueológicas revelam a existência de arte rupestre e de estatuetas de culto ao corpo feminino, à fertilidade e com isso à noção de origem da vida e do mundo [8]. As mais antigas noções de criação se originavam da idéia básica do nascimento, que consistia na única origem possível das coisas e esta condição prévia do caos primordial foi extraída diretamente da teoria arcaica de que o útero cheio de sangue era capaz de criar magicamente a prole. Acreditava-se que a partir do sangue divino do útero e através de um movimento, dança ou ritmo cardíaco, que agitasse este sangue, surgissem os "frutos", a própria maternidade. Essa é uma das razões pelas quais as danças das mulheres primitivas eram repletas em movimentos pélvicos e abdominais. Muitas tradições referiram o princípio do coração materno que detém todo o poder da criação. Este coração materno, "uma energia capaz de coagular o caos espumoso" [9] organizou, separou e definou os elementos que compõem e produzem o cosmos; a esta energia organizadora os gregos deram o nome de Diakosmos, a Determinação da Deusa.

Réia, para os gregos, a mãe de todos os deuses; a palavra significa terra ou fluxo (referindo-se ao sangue menstrual)

Os egípcios, nos hieróglifos, chamaram este coração de ab ou ib; esta palavra também foi usada para chamar de pai o Deus dos hebreus [10] [11] (ainda que masculinizassem, a idéia fundamental de família e continuidade da vida não era patriarcal). Segundo Joseph Campbell, o patriarcalismo surgido com os hebreus deve-se, entre outras razões, à atividade belicosa de pastoreio de gado bovino e caprino [12] e às constantes perseguições religosas que desencadeavam o nomadismo e a perda de identidade territorial [13]. Herdada da cultura hebraica, patriarcado é uma palavra que chegou até nós derivada do grego pater, e se refere a um território ou jurisdição governado por um patriarca; de onde a palavra pátria. Pátria relaciona-se ao conceito de país, do italiano paese, por sua vez originário do latim pagus, aldeia, donde também vem pagão. País, pátria, patriarcado e pagão tem a mesma raiz.

A arqueologia pré-histórica, tal como no sítio de Çatalhüyük, e a mitologia pagã registram esta origem do culto à´Deusa mãe. As mais recentes descobertas de uma religião humana remontam, inicialmente, ao culto aos mortos (300.000 a.C.), e ao intenso culto da cor vermelha ou ocre associado ao sangue menstrual e ao poder de dar a vida. Na mitologia grega, a chamada mãe de todos os deuses, a deusa Réia (ou Cibele, entre os romanos), exprime este culto na própria etimologia: réia significa terra ou fluxo [14]. Campbell argumenta que Adão (do hebraico אדם relacionado tanto a adamá ou solo vermelho ou do barro vermelho, quanto a adom ou vermelho, e dam, sangue) foi criado a partir do barro vermelho ou argila. A identidade da religião com a Mãe terra, a fertilidade, a origem da vida e da manutenção da mesma com a mulher, seria, segundo Campbell, retratada também na Bíblia: ...a santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da Deusa. Ao criar, Jeová cria o homem a partir da terra [da Deusa], do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nessa forma. Mas a Deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo dela. Nessas mitologias dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal [15].

Referências

Ver também

Referências