Seminário Episcopal de Angra: diferenças entre revisões

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==A coexistência com o Liceu==
==A coexistência com o Liceu==
Na sua fase inicial o Seminário e o Liceu de Angra partilharam instalações no antigo convento franciscano, sendo que a biblioteca que o Liceu tinha, na sala do convento para esse fim destinada, era quase exclusivamente constituída por livros que lá haviam deixado os frades [[franciscano]]s.
Na sua fase inicial o Seminário e o Liceu de Angra partilharam instalações no antigo convento franciscano, sendo que a biblioteca que o Liceu tinha, na sala do convento para esse fim destinada, era quase exclusivamente constituída por livros que lá haviam deixado os frades [[franciscano]]s.

No tempo do bispo D. [[Francisco José Vieira e Brito]] (1892-1901), foi criada a Estudantina Santa Cecília, o elemento orquestral de todas as festas do Seminário no século seguinte.


No ano lectivo de 1901-1902 foi entregue ao Seminário todo o edifício. A decisão de entregar o edifício ao Seminário parece estar ligada à epidemia de [[febre tifóide]] que em fins de Novembro do ano de 1900, causou a morte a 5 jovens que frequentavam o Seminário. Dada a gravidade da situação, os alunos foram autorizados a ir para junto das suas famílias, até finais de Janeiro seguinte e o Liceu mudou de instalações. Tal acontecimento parece ter influído na decisão do governo de entregar ao Seminário aquele velho edifício.
No ano lectivo de 1901-1902 foi entregue ao Seminário todo o edifício. A decisão de entregar o edifício ao Seminário parece estar ligada à epidemia de [[febre tifóide]] que em fins de Novembro do ano de 1900, causou a morte a 5 jovens que frequentavam o Seminário. Dada a gravidade da situação, os alunos foram autorizados a ir para junto das suas famílias, até finais de Janeiro seguinte e o Liceu mudou de instalações. Tal acontecimento parece ter influído na decisão do governo de entregar ao Seminário aquele velho edifício.
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A situação de utilização exclusiva das instalações durou pouco, já que em [[1910]] ambas as instituições partilhavam novamente o edifício.
A situação de utilização exclusiva das instalações durou pouco, já que em [[1910]] ambas as instituições partilhavam novamente o edifício.

==A implantação da República==
==A implantação da República==
Na sequência da implantação da República em Portugal e da separação entre Igreja e Estado, no princípio de Outubro de 1911, invocando ''ordens superiores'', o administrador do concelho de [[Angra do Heroísmo]] tomou conta das chaves do edifício, ficando todo o mobiliário escolar, biblioteca, o pequeno museu, instalações eléctricas, louças, e demais equipamentos na posse do Estado.
Na sequência da implantação da República em Portugal e da separação entre Igreja e Estado, no princípio de Outubro de 1911, invocando ''ordens superiores'', o administrador do concelho de [[Angra do Heroísmo]] tomou conta das chaves do edifício, ficando todo o mobiliário escolar, biblioteca, o pequeno museu, instalações eléctricas, louças, e demais equipamentos na posse do Estado.

Revisão das 00h00min de 29 de abril de 2006

O Seminário Episcopal de Angra, sito na cidade de Angra do Heroísmo, fundado em 1862, é a única instituição de ensino eclesiástico da Igreja Católica Romana nos Açores. Durante anos foi também a única instituição de formação pós-secundária nos Açores, tendo, dadas as dificuldades de acesso à rede liceal, assumido até à década de 1970 um papel central na formação da intelectualidade e da classe dirigente açoriana. O Seminário de Angra atingiu o seu apogeu nas décadas de 1950 e 1960, funcionando hoje com uma população estudantil muito reduzida.

Origem

Apesar do Concílio de Trento (1545-1563), na sua Sessão XXV, ter determinado que, a bem da qualidade e da ortodoxia, a formação dos sacerdotes se faria em seminários, durante os primeiros 3 séculos de história da diocese angrense, os clérigos açorianos preparavam-se maioritariamente nos conventos de religiosos existentes nas ilhas e nos colégios dos Jesuítas de Angra, Ponta Delgada e Horta (até à sua expulsão). Alguns frequentavam seminário portugueses, com um pequeno número a frequentarem a Universidade de Coimbra, a Universidade de Salamanca e seminários e colégios em Roma.

Com o andar do tempo, a função de formar o clero foi sendo progressivamente assumida pelos colégios dos Jesuítas, cuja qualidade de teológica e pastoral era considerada melhor. Mesmo assim surgem amiúde referências que prova que a formação do clero era deveras deficientes.

Face à importância que tinham assumido, a ideia de criar um seminário nos Açores ganhou novo impulso quando a expulsão dos Jesuítas fechou os três colégios existentes, deixando a formação essencialmente nas mãos dos conventos Franciscanos, manifestamente impreparados para tal.

Foi neste contexto que logo em 1788, o bispo D. Frei José da Avé-Maria Leite da Costa e Silva, à semelhança de outros prelados em dioceses que enfrentavam o mesmo problema, propôs criar um seminário no Colégio de Angra dos expulsos Jesuítas, mas nada se fez porque tal proposta foi rejeitada pelo governo.

A ideia de criar um seminário nos Açores manteve-se uma preocupação central dos prelados, de tal forma que o bispo D. José Pegado de Azevedo (1802-1812), pois deixou em testamento a sua livraria ao seu sucessor, até que houvesse em Angra um seminário.

Nas Bulas de Confirmação de D. Frei Estêvão de Jesus Maria para bispo de Angra, o papa Leão XII manifestava o desejo de que ele fundasse um seminário, conforme prescrevera o Concílio Tridentino.

Foi assim que aproveitando este mandato explícito e as condições favoráveis criadas pela Regeneração que em 1862, passados 328 anos da fundação da Diocese, e quase 300 após aquele Concílio, começou a funcionar um seminário nos Açores.

Foi aproveitado para tal fim o extinto convento de São Francisco de Angra, cujas obras de adaptação levaram 2 anos a realizar. A sua inauguração solene realizou-se a 9 de Novembro de 1862. Nesse dia teve lugar uma grande festa em honra de Nossa Senhora da Guia, titular do antigo convento, à qual assistiu o bispo diocesano e muito clero da Ilha.

Apesar dessa abertura solene e das avultadas obras que se realizaram, só em 1864 é que o Seminário Episcopal de Angra recebeu os seus primeros alunos internos.

A coexistência com o Liceu

Na sua fase inicial o Seminário e o Liceu de Angra partilharam instalações no antigo convento franciscano, sendo que a biblioteca que o Liceu tinha, na sala do convento para esse fim destinada, era quase exclusivamente constituída por livros que lá haviam deixado os frades franciscanos.

No tempo do bispo D. Francisco José Vieira e Brito (1892-1901), foi criada a Estudantina Santa Cecília, o elemento orquestral de todas as festas do Seminário no século seguinte.

No ano lectivo de 1901-1902 foi entregue ao Seminário todo o edifício. A decisão de entregar o edifício ao Seminário parece estar ligada à epidemia de febre tifóide que em fins de Novembro do ano de 1900, causou a morte a 5 jovens que frequentavam o Seminário. Dada a gravidade da situação, os alunos foram autorizados a ir para junto das suas famílias, até finais de Janeiro seguinte e o Liceu mudou de instalações. Tal acontecimento parece ter influído na decisão do governo de entregar ao Seminário aquele velho edifício.

Esta não foi a única interrupção devido a razões sanitárias, já que no ano lectivo 1908-1909, o Seminário não pôde ser frequentado, devido à peste bubónica que assaltou a ilha Terceira. Só no fim do ano alguns alunos vieram fazer exames singulares de algumas disciplinas que tinham estudado em suas casas.

A situação de utilização exclusiva das instalações durou pouco, já que em 1910 ambas as instituições partilhavam novamente o edifício.

A implantação da República

Na sequência da implantação da República em Portugal e da separação entre Igreja e Estado, no princípio de Outubro de 1911, invocando ordens superiores, o administrador do concelho de Angra do Heroísmo tomou conta das chaves do edifício, ficando todo o mobiliário escolar, biblioteca, o pequeno museu, instalações eléctricas, louças, e demais equipamentos na posse do Estado.

Referências

  • Pereira, Augusto (cónego), A Diocese de Angra na História dos seus Prelados, União Gráfica Angrense, Angra do Heroísmo, 1950.
  • Pereira, Augusto (cónego), O Seminário de Angra, União Gráfica Angrense, Angra do Heroísmo, 1963.

Ligações externas

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