Crônica de Muntaner: diferenças entre revisões

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Revisão das 18h14min de 28 de novembro de 2010

Retrato de Jaime I na edição de 1557 da crônica de Muntaner

A Crônica de Muntaner é um manuscrito em catalão do século XIV, abrangendo do engendramento de Jaime I de Aragão (1207) até a coroação de Afonso IV de Aragão (1328). Foi escrita pelo soldado e cronista Ramon Muntaner.

Muntaner manteve uma relação pessoal com todos os reis da Casa de Aragão[1] que foram os seus contemporâneos. Ao escrever a obra, recorreu especialmente aos textos historiográficos para os temas sobre os reinados de Jaime I e Pedro o Grande. A partir de Afonso o Franco, a sua fonte quase exclusiva foi a sua própria experiência.

A obra foi escrita para ser lida em voz alta. Desde que se dirige ao seu ouvntes, acostuma nomeá-los como "senhores". Muntaner consegue estabelecer uma comunicação direta com os seus espectadores. Para isso utiliza técnicas típicas do jogral como a interrogação "què us diré?" ("que vos direi?") além de utilizar uma linguagem viva e coloquial. Utiliza expressões populares e provérbios bem como referências aos romances de cavalaria.

O objetivo fundamental da obra é a de glorificar os reis da Coroa de Aragão. O sangue, um destino comum e a língua (à qual chama el bell catalanesc) são os elementos que integram a base da comunidade catalano-aragonesa. A consciência do perigo de divisão e o valor da união ficam também expressados na sua crônica, especialmente no exemplo da Mata de Jonc. A crônica de Muntaner é também um valioso testemunho sobre as expedições dos almogávares.

Contraste entre a Crônica de Muntaner e a Crônica de Paquimeres

Respeito da Companhia Catalã do Oriente, Ramon Muntaner começou a escrever a sua crônica o 1325, quer dizer, 17 anos depois de que o grego bizantino Jorge Paquimeres escrevesse a sua obra "De Michaele te Andronico Paloæologis". Enquanto a obra de Paquimeres oferece a visão grega dos fatos, enfatizando as atrocidades cometidas pela Companhia e por Roger de Flor até 1308, a Crônica de Ramon Muntaner é a única fonte ocidental que nos relata os fatos vividos pela Companhia Catalã do Oriente. Em alguns aspectos, a obra de Ramon Muntaner não somente se trata de uma glorificação de Roger de Flor e a Companhia, mas também de uma contra-crônica da obra de Paquimeres, relatando alguns fatos que o grego não menciona, e eludindo explicar fatos que o autor grego relata com pormenor. Alguns destes fatos seriam:

  • Massacre dos genoveses: Paquimeres afirma que a origem do massacre começou como consequência de uma dívida que Roger de Flor não saldara com os genoveses, enquanto Muntaner não explicita porque se originaram os confrontos.
  • Batalha de Germe: Muntaner não a comenta.
  • Execuções sumárias de Germe: Paquimeres explica a barbárie de Roger de Flor em querer executar os militares gregos que renderam a fortificação aos turcos, acusando-os de covardia. Muntaner omite-o.
  • Execuções sumárias de Kula: Novamente, Paquimeres explica a barbárie de Roger de Flor em querer executar os militares gregos que renderam a fortificação aos turcos, acusando-os de covardia. Muntaner omite-o.
  • Contribuições de guerra em Filadélfia: Paquimeres explica que, após ter libertada a cidade de Filadélfia, Roger de Flor impôs na cidade o pagamento de umas contribuições de guerra ilegais e abusivas. Muntaner omite-o.
  • Contribuições de guerra em Éfeso: Paquimeres explica que depois de Bernat de Roquefort se reunisse com Roger de Flor em Éfeso, este teria cometido todo tipo de atrocidades para arrecadar o pagamento de mais contribuições de guerra. Muntaner omite-o.
  • Assédio de Magnésia: Paquimeres explica que o governador de Magnésia executou a guarnição de Almogávares que estavam protegendo os tesouros da Companhia e apoderou-se, resistindo depois o assédio ao que a Companhia submeteu a cidade. Muntaner omite-o.
  • Cifras: é desconhecida a fonte em que se fundamentou Muntaner para as cifras dos exércitos, mortos, feridos e capturados, das batalhas, que resultam sempre favoráveis para Roger de Flor e a Companhia Catalã do Oriente.

Referências

  1. Ramon Muntaner refiriu-se sempre à dinastia aragonesa como "Casal d'Aragó" ou "Casa d'Aragó", cfr. Rosanna Cantavella et. al., Traducción y práctica literaria en la Edad Media Románica, Universitat de València, 2003, pág. 217. ISBN 978-84-370-5846-7

Ver também

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