Demografia do Brasil: diferenças entre revisões

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Conforme estimativa de 2006, a [[taxa de fecundidade|taxa média de fecundidade]] é de 2,0 filhos por mulher.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL104495-5598,00.html |título= |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Esse índice sofre variações, caindo entre as mulheres de etnia [[caucasiano|branca]] e elevando-se entre as [[mestiço|pardas]]. Tal variação está relacionada ao nível [[social|sócio]]-[[economia|econômico]] desses segmentos populacionais; em geral, a população parda concentra-se nas camadas menos favorecidas social e economicamente, levando-se em conta a renda, a ocupação e o nível educacional, entre outros fatores.
Conforme estimativa de 2006, a [[taxa de fecundidade|taxa média de fecundidade]] é de 2,0 filhos por mulher.<ref>{{Citar web |url=http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL104495-5598,00.html |título= |língua= |autor= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Esse índice sofre variações, caindo entre as mulheres de etnia [[caucasiano|branca]] e elevando-se entre as [[mestiço|pardas]]. Tal variação está relacionada ao nível [[social|sócio]]-[[economia|econômico]] desses segmentos populacionais; em geral, a população parda concentra-se nas camadas menos favorecidas social e economicamente, levando-se em conta a renda, a ocupação e o nível educacional, entre outros fatores.


Há também variações regionais: as taxas são menores no [[Região Sudeste do Brasil|Sudeste]] e no [[Região Sul do Brasil|Sul]] — regiões de maior crescimento econômico e urbanização —, sendo maiores no [[Região Norte do Brasil|Norte]], [[Região Centro-Oeste do Brasil|Centro-Oeste]] e no [[Região Nordeste do Brasil|Nordeste]].
Há também variações regionais: as taxas são menores no [[Região Sudeste do Brasil|Sudeste]] e no [[Região Sul do Brasil|Sul]], sendo maiores no [[Região Norte do Brasil|Norte]], [[Região Centro-Oeste do Brasil|Centro-Oeste]]{{Citation needed}} e no [[Região Nordeste do Brasil|Nordeste]].


=== Composição por sexo ===
=== Composição por sexo ===

Revisão das 01h24min de 12 de abril de 2011

A demografia do Brasil é um domínio de estudos e conhecimentos sobre as características demográficas do território brasileiro. O Brasil possui cerca de 192 milhões de habitantes (estimativa do IBGE, 2010) o que representa uma das maiores populações absolutas do mundo, destacando-se como a quinta nação mais populosa do planeta. Ao longo dos últimos anos, o crescimento demográfico do país tem diminuído o ritmo, que era muito alto até a década de 1960. Em 1940, o recenseamento indicava 41.236.315 habitantes; em 1950, 51.944.397 habitantes; em 1960, 70.070.457 habitantes; em 1970, 93.139.037 habitantes; em 1980, 119.002.706 habitantes; e finalmente em 1991, 146.825.475 habitantes.

O sobrenome mais popular do Brasil é Silva, com um milhão de nomes nas listas telefônicas da Brasil Telecom, Telemar e Telesp, seguido pelos Sousa e Souza, que juntos ultrapassam os Silva.[1]

As razões para uma diminuição do crescimento demográfico relacionam-se com a urbanização e industrialização e com incentivos à redução da natalidade (como a disseminação de anticoncepcionais). Embora a taxa de mortalidade no país tenha caído bastante desde a década de 1940, a queda na taxa de natalidade foi ainda maior.

Índices demográficos

Densidade demográfica

Densidade demográfica brasileira por município.
Distribuição populacional do Brasil.

O Brasil apresenta uma baixa densidade demográfica — apenas 22 hab./km² —, inferior à média do planeta e bem menor que a de países intensamente povoados, como a Bélgica (342 hab./km²) e o Japão (337 hab./km²).

O estudo da população apoia-se em alguns fatores demográficos fundamentais, que influenciam o crescimento populacional.

Distribuição populacional

A distribuição populacional no Brasil é bastante desigual, havendo concentração da população nas zonas litorâneas, especialmente do Sudeste e da Zona da Mata nordestina. Outro núcleo importante é a região Sul. As áreas menos povoadas situam-se no Centro-Oeste e no Norte.

Taxa de natalidade

Até recentemente, as taxas de natalidade no Brasil foram elevadas, em patamar similar a de outros países subdesenvolvidos. Contudo, houve sensível diminuição nos últimos anos, que pode ser explicada pelo aumento da população urbana — já que a natalidade é bem menor nas cidades, em consequência da progressiva integração da mulher no mercado de trabalho — e da difusão do controle de natalidade. Além disso, o custo social da manutenção e educação dos filhos é bastante elevado, sobretudo no entorno urbano.

Taxa de mortalidade

O Brasil apresenta uma elevada taxa de mortalidade, também comum em países subdesenvolvidos, enquadrando-se entre as nações mais vitimadas por moléstias infecciosas e parasitárias, praticamente inexistentes no mundo desenvolvido.

Desde 1940, a taxa de mortalidade brasileira também vem caindo, como reflexo de uma progressiva popularização de medidas de higiene, principalmente após a Segunda Guerra Mundial; da ampliação das condições de atendimento médico e abertura de postos de saúde em áreas mais distantes; das campanhas de vacinação; e do aumento quantitativo da assistência médica e do atendimento hospitalar.

Taxa de mortalidade infantil

O Brasil apresenta uma taxa de mortalidade infantil de 22,58 mortes em cada 1.000 nascimentos[2] (estimativa para 2007) elevada mesmo para os padrões latino-americanos. No entanto, há variações nessa taxa segundo as regiões e as camadas populacionais. O Norte e o Nordeste — regiões mais pobres — têm os maiores índices de mortalidade infantil, que diminuem na região Sul. Com relação às condições de vida, pode-se dizer que a mortalidade infantil é menor entre a população de maiores redimentos, sendo provocada sobretudo por fatores endógenos. Já a população brasileira de menor renda apresenta as características típicas da mortalidade infantil tardia.

Crescimento vegetativo

A população de uma localidade qualquer aumenta em função das migrações e do crescimento vegetativo. No caso brasileiro, é pequena a contribuição das migrações para o aumento populacional. Assim, como esse aumento é alto, conclui-se que o Brasil apresenta alto crescimento vegetativo, a despeito das altas taxas de mortalidade, sobretudo infantil. A estimativa da Fundação IBGE para 2010 é de uma taxa bruta de natalidade de 18,67‰ — ou seja, 18,67 nascidos para cada grupo de mil pessoas ao ano — e uma taxa bruta de mortalidade de 6,25‰ — ou seja 6,25 mortes por mil nascidos ao ano. Esses revelam um crescimento vegetativo anual de 12,68.

Evolução demográfica do Brasil entre os anos de 1550 e 2005.

Expectativa de vida

No Brasil, a expectativa de vida está em torno de 68,3 anos para os homens e 76,38 para as mulheres,[3] conforme estimativas para 2007. Dessa forma, esse país se distância das nações paupérrimas, em que essa expectativa não alcança 50 anos (Mauritânia, Guiné, Níger e outras), mas ainda não alcança o patamar das nações desenvolvidas, onde a expectativa de vida ultrapassa os 75 anos (Noruega, Suécia e outras).

A expectativa de vida varia na razão inversa da taxa de mortalidade, ou seja, são índices inversamente proporcionais. Assim no Brasil, paralelamente ao decréscimo da mortalidade, ocorre uma elevação da expectativa de vida.

Taxa de fecundidade

Conforme estimativa de 2006, a taxa média de fecundidade é de 2,0 filhos por mulher.[4] Esse índice sofre variações, caindo entre as mulheres de etnia branca e elevando-se entre as pardas. Tal variação está relacionada ao nível sócio-econômico desses segmentos populacionais; em geral, a população parda concentra-se nas camadas menos favorecidas social e economicamente, levando-se em conta a renda, a ocupação e o nível educacional, entre outros fatores.

Há também variações regionais: as taxas são menores no Sudeste e no Sul, sendo maiores no Norte, Centro-Oeste[carece de fontes?] e no Nordeste.

Composição por sexo

Pirâmide etária do Brasil.

O Brasil não foge à regra mundial. A razão de sexo no país é de 98 homens para cada grupo de 100 mulheres,[3] conforme estimativas de 2008.

Até os 60 anos de idade, há um equilíbro quantitativo entre homens e mulheres, acentuando-se a partir desta faixa etária o predomínio feminino. Esse fato pode ser explicado por uma longevidade maior da mulher, devido por outras razões, ao fato de ela ser menos atingida por moléstias cardiovasculares, causa freqüente de morte após os 40 anos.

O número de mulheres, na população rural brasileira, pode-se dizer que no Nordeste, por ser uma região de repulsão populacional, há o predomínio da população feminina. Já nas regiões Norte e Centro-Oeste predomina a população masculina, atraída pelas atividades econômicas primárias, como o extrativismo vegetal, a pecuária e, sobretudo, a mineração.

O número de mulheres, na população rural brasileira, também tende a ser menor, já que as cidades oferecem melhores condições sociais e de trabalho à população feminina.

Um relativo equilíbrio entre os sexos, entretanto, só se estabeleceu a partir dos anos 1940 — pois até a década de 1930 o país apresentava nítido predomínio da população masculina, devido principalmente à influência da imigração — e, ainda que nascessem mais meninos que meninas, a maior mortalidade infantil masculinas (até a faixa de 5 anos de idade) fez com que se estabelecesse o equilíbrio.

Composição por faixa etária

Considerando os dados de 1995, observa-se que o número de jovens é proporcionalmente pequeno nos países desenvolvidos, mas alcança quase a metade da população total como o Brasil, o Peru e outros do Terceiro Mundo. Nos países desenvolvidos, o nível sócio-econômico é muito elevado e, em consequência, a natalidade é baixa e a expectativa de vida bastante alta, o que explica o grande número de idosos na população total. No Brasil, apesar da progressiva redução das taxas de natalidade e mortalidade verificada nas últimas décadas, o país continua exibindo elevado número de jovens na população.

País Crianças (de 0 a 14 anos) Jovens (de 15 a 24 anos) Adultos (de 25 a 64 anos) Idosos (a partir de 65 anos)
 Brasil 20,0% 15,7% 54,1% 10,2%
 Reino Unido 17,1% 11,8% 52,3% 18,8%
 México 24,3% 17,0% 50,8% 7,9%
 Nigéria 41,0% 20,6% 35,3% 3,1%
Fonte: US Census Bureau 2022.


Hierarquia urbana

Ver artigo principal: Hierarquia urbana do Brasil
Crescimento das capitais brasileiras.

A hierarquia urbana trata das influências que as cidades exercem sobre uma determinada região, território ou país(es). São inúmeras as atividades desenvolvidas nas cidades, tanto no setor secundário (indústria) como no terciário (comércio e serviços), e até mesmo no primário (agropecuária). Essas atividades, dependendo de sua qualidade e diversificação, podem atender não só à população urbana, mas a todo o município, incluindo a zona rural e a população de vários municípios ou de outros estados. Assim, uma cidade pequena pode não ter um comércio ou serviço de saúde suficiente para sua população, que é atendida em outra cidade maior, mais bem equipada, que lhe ofereça serviços de melhor qualidade.

Os equipamentos de uma cidade (escolas, universidades, postos de saúde, hospitais, sistema de transporte, cinemas, teatros, entre outros), o parque industrial, os serviços, o setor financeiro determinam a sua área de influência, ou seja, a região por esta polarizada. Assim, é possível construir um sistema hierarquizado, no qual as cidades menores encontram-se subordinadas às maiores.

Rede urbana

Sistema de hierarquização urbana, no qual várias cidades se submetem a uma maior, que comanda esse espaço. Em cada nível, as maiores polarizam as menores. O IBGE classifica a rede urbana brasileira de acordo com o tamanho e importância das cidades. As categorias de cidades são:[5][6]

  • Metrópoles globais: suas áreas de influência ultrapassam as fronteiras de seus estados, região ou mesmo do país. São metrópoles globais São Paulo e Rio de Janeiro
  • Metrópoles nacionais: encontram-se no primeiro nível da gestão territorial, constituindo foco para centros localizados em todos os pontos do país. São metrópoles nacionais Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo
  • Metrópoles regionais: constituem o segundo nível da gestão territorial, e exercem influência na macrorregião onde se encontram. São metrópoles regionais Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife e Salvador
  • Capitais regionais: constituem o terceiro nível da gestão territorial, e exercem influência no estado e em estados próximos. Dividem-se em três níveis:
Capitais regionais A: Aracaju, Campinas, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis, João Pessoa, Maceió, Natal, São Luís, Teresina e Vitória
Capitais regionais B: Blumenau, Campina Grande, Cascavel, Caxias do Sul, Chapecó, Feira de Santana, Ilhéus/Itabuna, Joinville, Juiz de Fora, Londrina, Maringá, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Uberlândia, Montes Claros, Palmas, Passo Fundo, Poços de Caldas, Porto Velho, Santa Maria e Vitória da Conquista
Capitais regionais C: Araçatuba, Araguaína, Arapiraca, Araraquara, Barreiras, Bauru, Boa Vista, Cachoeiro de Itapemirim, Campos dos Goytacazes, Caruaru, Criciúma, Divinópolis, Dourados, Governador Valadares, Ijuí, Imperatriz, Ipatinga/Coronel Fabriciano/Timóteo, Juazeiro do Norte/Crato/Barbalha, Macapá, Marabá, Marília, Mossoró, Novo Hamburgo/São Leopoldo, Pelotas/Rio Grande, Petrolina/Juazeiro, Piracicaba, Ponta Grossa, Pouso Alegre, Presidente Prudente, Rio Branco, Santarém, Santos, São José dos Campos, Sobral, Sorocaba, Teófilo Otoni, Uberaba, Varginha e Volta Redonda/Barra Mansa
  • Centros sub-regionais: exercem influência apenas em cidades próximas, povoados e zona rural. Dividem-se em dois níveis:
Centros sub-regionais A: Alfenas, Anápolis, Apucarana, Bacabal, Bagé, Barbacena, Barra do Garças, Barretos, Bento Gonçalves, Botucatu, Cabo Frio, Caçador, Cáceres, Caicó, Cajazeiras, Campo Mourão, Castanhal, Catanduva, Caxias, Colatina, Crateús, Erechim, Floriano, Foz do Iguaçu, Franca, Francisco Beltrão, Garanhuns, Guanambi, Guarabira, Guarapuava, Iguatu, Irecê, Itajaí, Itaperuna, Itumbiara, Jacobina, Jaú, Jequié, Ji-Paraná, Joaçaba, Lages, Lajeado, Lavras, Limeira, Macaé, Manhuaçu, Muriaé, Nova Friburgo, Ourinhos, Paranaguá, Paranavaí, Parnaíba, Passos, Pato Branco, Patos, Patos de Minas, Pau dos Ferros, Paulo Afonso, Picos, Pinheiro, Ponte Nova, Quixadá, Redenção, Rio Claro, Rio do Sul, Rio Verde, Rondonópolis, Santa Cruz do Sul, Santa Inês, Santa Rosa, Santo Ângelo, Santo Antônio de Jesus, São Carlos, São João da Boa Vista, São Mateus, Serra Talhada, Sinop, Sousa, Teixeira de Freitas, Toledo, Tubarão, Ubá, Umuarama e Uruguaiana
Centros sub-regionais B: Abaetetuba, Açu, Afogados da Ingazeira, Alagoinhas, Altamira, Andradina, Angra dos Reis, Araranguá, Araras, Araripina, Arcoverde, Ariquemes, Assis, Avaré, Balneário Camboriú, Balsas, Bom Jesus da Lapa, Bragança, Bragança Paulista, Breves, Brumado, Brusque, Cacoal, Cametá, Campo Maior, Capanema, Caratinga, Carazinho, Cataguases, Chapadinha, Cianorte, Concórdia, Conselheiro Lafaiete, Cruz Alta, Cruz das Almas, Cruzeiro do Sul, Currais Novos, Eunápolis, Frederico Westphalen, Guaratinguetá, Gurupi, Itabaiana, Itaberaba, Itaituba, Itajubá, Itapetininga, Itapeva, Itapipoca, Itaporanga, Ituiutaba, Ivaiporã, Janaúba, Linhares, Mafra, Palmares, Paragominas, Parintins, Pedreiras, Presidente Dutra, Registro, Resende, Ribeira do Pombal, Santana do Ipanema, Santo Antônio da Platina, São João del-Rei, São Lourenço, São Miguel do Oeste, São Raimundo Nonato, Senhor do Bonfim, Tefé, Teresópolis, Tucuruí, União da Vitória, Valença, Viçosa, Videira, Vilhena, Vitória de Santo Antão e Xanxerê
  • Centros de zona: apresentam atuação restrita a imediações, exercendo funções elementares de gestão. Este último nível reúne 556 cidades no país.
Cidades mais populosas
Regiões metropolitanas mais populosas

Religião

Ver artigo principal: Religiões no Brasil

Dentro do território nacional brasileiro, prevalece a liberdade de culto. De acordo com a Constituição Federal, a participação de cidadãos brasileiros em quaisquer atividades religiosas no país é um direito e uma responsabilidade individual que não deve jamais ser abdicada, sofrer quaisquer tipos de coerções e/ou incitações. Nenhuma religião está acima das leis seculares vigentes em solo nacional.

A imensa maioria da população é cristã. Cerca de três quartos da população seguem o catolicismo da Igreja Católica Apostólica Romana, o que faz do país o maior em número absoluto de católicos no mundo. Seguem o Protestantismo cerca de 15% da população, a maior parte através de igrejas evangélicas pentecostais. Espíritas fazem 1,5% da população e Testemunhas de Jeová são cerca de 0,6%.

Uma parcela correspondente a 7% da população não é praticante de religião alguma. Incluídos nesta parcela estão os ateus e agnósticos.

Religiões como judaísmo, budismo, mormonismo, islamismo, hinduísmo, bem como as de origem africana (umbanda e candomblé, por exemplo), têm um número muito reduzido de seguidores no Brasil, geralmente concentrados em cidades do Sul, Sudeste ou Nordeste.

População brasileira por religião/crença (2000) [9]
Religião ou crença Total por situação domiciliar por sexo
urbana rural homens mulheres
contingente % contingente % contingente % contingente % contingente %
(total) 169.872.856 100,00 137.925.238 100,00 31.947.618 100,00 83.602.317 100,00 86.270.539 100,00
Católicas (total) 125.518.774 73,89 98.939.872 71,73 26.578.903 83,20 62.171.584 74,37 63.347.189 73,43
· Católica apostólica romana 124.980.132 73,57 98.475.959 71,40 26.504.174 82,96 61.901.888 74,04 63.078.244 73,12
· Católica apostólica brasileira 500.582 0,295 430.245 0,312 70.337 0,220 250.201 0,299 250.380 0,290
· Católica ortodoxa 38.060 0,022 33.668 0,024 4.392 0,014 19.495 0,023 18.565 0,022
Protestantes (total) 26.184.941 15,41 22.736.910 16,48 3.448.031 10,79 11.444.063 13,69 14.740.878 17,09
· de missão (total) 6.939.765 4,085 6.008.100 4,356 931.665 2,916 3.062.194 3,663 3.877.571 4,495
· · Batista 3.162.691 1,862 2.912.163 2,111 250.528 0,784 1.344.946 1,609 1.817.745 2,107
· · Adventista 1.209.842 0,712 1.029.949 0,747 179.893 0,563 538.981 0,645 670.860 0,778
· · Luteranas 1.062.145 0,625 681.345 0,494 380.800 1,192 523.994 0,627 538.152 0,624
· · Presbiteriana 981.064 0,578 904.552 0,656 76.512 0,239 427.458 0,511 553.606 0,642
· · Metodista 340.963 0,201 325.342 0,236 15.620 0,049 146.236 0,175 194.727 0,226
· · Congregacional 148.836 0,088 125.117 0,091 23.719 0,074 64.937 0,078 83.899 0,097
· · outras 34.224 0,020 29.630 0,021 4.593 0,014 15.642 0,019 18.582 0,022
· de origem pentecostal (total) 17.617.307 10,37 15.256.085 11,06 2.361.222 7,391 7.677.125 9,183 9.940.182 11,52
· · Assembleia de Deus 8.418.140 4,956 6.857.429 4,972 1.560.711 4,885 3.804.658 4,551 4.613.482 5,348
· · Congregação Cristã no Brasil 2.489.113 1,465 2.148.941 1,558 340.172 1,065 1.130.329 1,352 1.358.785 1,575
· · Igreja Universal do Reino de Deus 2.101.887 1,237 1.993.488 1,445 108.399 0,339 800.227 0,957 1.301.660 1,509
· · Evangelho quadrangular 1.318.805 0,776 1.253.276 0,909 65.529 0,205.5214 545.016 0,6526445 773.789 0,897
· · Deus é amor 774.830 0,456 649.252 0,471 125.577 0,393 331.707 0,397 443.123 0,514
· · Maranata 277.342 0,163 266.539 0,193 10.803 0,034 117.789 0,141 159.553 0,185
· · Brasil para Cristo 175.618 0,103 159.713 0,116 15.904 0,050 76.132 0,091 99.485 0,115
· · Casa da bênção 128.676 0,076 120.891 0,088 7.785 0,024 51.557 0,062 77.119 0,089
· · Nova vida 92.315 0,054 91.008 0,066 1.307 0,004 35.352 0,042 56.964 0,066
· · outras 1.840.581 1,084 1.715.548 1,244 125.033 0,391 784.359 0,938 1.056.222 1,224
· sem vínculo institucional (total) 1.046.487 0,616 945.874 0,686 100.612 0,315 454.087 0,543 592.400 0,687
· · de origem pentecostal 336.259 0,198 305.734 0,222 30.525 0,096 144.707 0,173 191.552 0,222
· · outros 710.227 0,418 640.140 0,464 70.087 0,219 309.380 0,370 400.847 0,465
· outras religiões evangélicas 581.383 0,342 526.850 0,382 54.532 0,171 250.657 0,300 330.725 0,383
Outros cristãos 1.540.064 0,907 1.441.888 1,045 98.175 0,307 646.264 0,773 893.800 1,036
· Testemunhas de Jeová 1.104.886 0,650 1.045.600 0,758 59.286 0,186 450.583 0,539 654.303 0,758
· Mórmon 199.645 0,118 195.198 0,142 4.446 0,014 92.197 0,110 107.448 0,125
· outras 235.533 0,139 201.090 0,146 34.443 0,108 103.484 0,124 132.049 0,153
Espírita 2.262.401 1,332 2.206.418 1,600 55.983 0,175 928.967 1,111 1.333.434 1,546
Umbanda 397.431 0,234 385.148 0,279 12.283 0,038 172.393 0,206 225.038 0,261
Budismo 214.873 0,126 203.772 0,148 11.101 0,035 96.722 0,116 118.152 0,137
Novas religiões orientais (total) 151.080 0,089 145.914 0,106 5.166 0,016 58.784 0,070 92.295 0,107
· Messiânica mundial 109.310 0,064 106.467 0,077 2.843 0,009 41.478 0,050 67.831 0,079
· outras 41.770 0,025 39.447 0,029 2.323 0,007 17.306 0,021 24.464 0,028
Candomblé 127.582 0,075 123.214 0,089 4.368 0,014 57.200 0,068 70.382 0,082
Judaísmo 86.825 0,051 86.316 0,063 509 0,002 43.597 0,052 43.228 0,050
Tradições esotéricas 58.445 0,034 55.693 0,040 2.752 0,009 27.637 0,033 30.808 0,036
Islâmica 27.239 0,016 27.055 0,020 183 0,001 16.232 0,019 11.007 0,013
Espiritualista 25.889 0,015 24.507 0,018 1.382 0,004 10.901 0,013 14.987 0,017
Tradições indígenas 17.088 0,010 6.463 0,005 10.625 0,033 9.175 0,011 7.913 0,009
Hinduísmo 2.905 0,002 2.861 0,002 43 0,000 1.521 0,002 1.383 0,002
Outras religiosidades 15.484 0,009 13.243 0,010 2.241 0,007 7.393 0,009 8.091 0,009
Outras religiões orientais 7.832 0,005 7.244 0,005 588 0,002 3.764 0,005 4.068 0,005
Sem religião 12.492.403 7,354 10.895.989 7,900 1.596.414 4,997 7.540.682 9,020 4.951.721 5,740
sem declaração 383.953 0,226 312.011 0,226 71.943 0,225 206.245 0,247 177.708 0,206
não determinadas 357.648 0,211 310.720 0,225 46.929 0,147 159.191 0,190 198.458 0,230

Idioma

Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, o primeiro museu do mundo dedicado a um idioma.

O português é a língua oficial e é falado pela população. O inglês é parte do currículo das escolas públicas e particulares, e o espanhol passou a fazer parte do currículo escolar nos últimos anos; o inglês é entendido e usado por poucas pessoas, especialmente nos centros comerciais e financeiros.

Cerca de 180 idiomas e dialetos dos povos indígenas são falados nas tribos, embora esse número esteja em declínio.

O português é a língua materna de 98% dos brasileiros, embora haja um expressivo número de falantes de línguas imigrantes, principalmente o alemão, falado em zonas rurais do Brasil meridional, sendo o dialeto hunsrückisch o mais usado por cerca de 1,5 milhão de pessoas. O italiano é bem difundido por alguns descendentes de imigrantes que ainda não adotaram o português como língua materna em zonas vinícolas do Rio Grande do Sul, sendo o dialeto talian o mais usado. Outra língua falada por minorias é o japonês, entre outros idiomas imigrantes.

Grupos étnico-raciais

Ver artigo principal: Composição étnica do Brasil

A população atual do Brasil é muito diversa, tendo participado de sua formação diversos povos e etnias. De forma geral, a população brasileira foi formada por cinco grandes ondas migratórias:

  – Estados com maioria da população branca.
  – Estados com maioria da população parda.
  • Os diversos povos indígenas, autóctones do Brasil, descendentes de grupos humanos que migraram da Sibéria, atravessando o Estreito de Bering, aproximadamente 9.000 a.C.
  • Os colonos portugueses, que chegaram para explorar a colônia desde a sua descoberta, em 1500, até a sua independência, em 1822.
  • Os africanos trazidos na forma de escravos para servirem de mão-de-obra, em um período de tempo que durou de 1530 a 1850.
  • Os diversos grupos de imigrantes vindos principalmente da Europa, os quais chegaram ao Brasil entre o final do século XIX e início do século XX.
  • Imigrações recentes de diversas partes do mundo, sobretudo Ásia e Oriente Médio.

Acredita-se que o Continente Americano foi povoado por três ondas migratórias vindas do Norte da Ásia. Os indígenas brasileiros são, provavelmente, descendentes da primeira leva de migrantes, que chegou à região por volta de 9.000 a.C. Os principais grupos indígenas, de acordo com sua origem lingüística, eram os tupi-guarani, ou tapuia, aruaque ou maipuré e caraíba ou caribes.

Mulheres negras.

A imigração europeia no Brasil iniciou-se no século XVI, sendo dominada pelos portugueses. Neerlandeses (ver Invasões holandesas do Brasil) e franceses (ver França Antártica) também tentaram colonizar o Brasil no século XVII, mas sua presença durou apenas algumas décadas. Nos primeiros dois séculos de colonização vieram para o Brasil cerca de 100 mil portugueses, uma média anual de 500 imigrantes. No século seguinte vieram 600 mil, em uma média anual de dez mil colonos. A primeira região a ser colonizada pelos portugueses foi o Nordeste. Pouco mais tarde, os colonos passaram a colonizar o litoral do Sudeste. O interior do Brasil só foi colonizado no século XVIII. Os portugueses foram o único grupo étnico a se espalhar por todo o Brasil, principalmente graças à ação dos bandeirantes ao desbravarem o interior do país no século XVIII.

A população indígena original do Brasil (entre 3-5 milhões) foi em grande parte exterminada ou assimilada pela população portuguesa. Os mamelucos (ou caboclos, mestiços de branco com índio) se multiplicavam às centenas pela colônia.

Um outro elemento formador do povo brasileiro chegou na forma de escravo. Os africanos começaram a ser trazidos para a colônia na década de 1530, para suprir a falta de mão-de-obra. Inicialmente, chegaram escravos de Guiné. A partir do século XVIII, a maior parte dos cativos era trazida de Angola e, em menor medida, de Moçambique. Na Bahia, os escravos eram majoritariamente oriundos do Golfo de Benin (atual Nigéria). Até o fim do tráfico negreiro, em 1850, entre 3-5 milhões de africanos foram trazidos ao Brasil[10]-37% de todo o tráfico negreiro efetuado entre a África e a América.

Casa alemã na cidade de Lajeado.

O grande fluxo imigratório em direção ao Brasil foi efetuado no século XIX e início do século XX. Para se ter uma ideia do impacto imigratório nesse período, entre 1870 e 1930, entraram no Brasil um número superior a cinco milhões de imigrantes. Esses imigrantes foram divididos em dois grupos: uma parte foi enviada para o Sul do Brasil, onde se tornaram colonos trabalhando na agricultura. Todavia, a maior parte foi enviada para as fazendas de café do Sudeste. Os colonos mandados para o Sul do país foram, majoritariamente, alemães (a partir de 1824, sobretudo da Renânia-Palatinado, Pomerânia, Hamburgo, Vestfália, etc) e italianos (a partir de 1875, sobretudo do Vêneto e da Lombardia). Ali foram estabelecidas diversas comunidade (colônias) de imigrantes que, ainda hoje, preservam os costumes do país de origem. Para o Sudeste do país chegaram, majoritariamente, italianos (sobretudo do Vêneto, Campânia, Calábria e Lombardia), portugueses (notadamente oriundos da Beira Alta, do Minho e Alto Trás-Os-Montes), espanhóis (sobretudo da Galiza e Andaluzia), japoneses (sobretudo de Honshu e Okinawa) e árabes (do Líbano e da Síria).

De acordo com o Memorial do Imigrante, entre 1870 e 1953, entraram no Brasil cerca de 5,5 milhões de imigrantes, sendo os italianos (1.550.000), portugueses (1.470.000), espanhóis (650.000), alemães (210.000), japoneses (190.000), poloneses (120.000) e 650.000 de diversas outras nacionalidades.

Atualmente, o IBGE utiliza para fins censitários 5 categorias no Brasil, baseado na raça e cor da pele: branco, índio, preto, pardo e amarelo.

Miscigenação e genes

Poucos países no mundo tiveram a rica interação de diferentes "raças" e etnias como ocorreu no Brasil. Desde a chegada dos primeiros colonos portugueses assistiu-se à miscigenação em massa com os índios. Décadas depois, com a chegada de escravos negros, formou-se uma população trí-híbrida.[11]

Os portugueses já trouxeram para o Brasil séculos de integração genética e cultural de povos europeus, como os celtas e os lusitanos. Embora os portugueses sejam basicamente uma população europeia, 7 séculos de convivência com mouros do norte de África e com judeus deixaram um importante legado a este povo. Um curioso estudo recente aponta que entre 25 e 30% dos primeiros colonos portugueses no Brasil eram, de fato, de origem judaica.[12]

Os índios brasileiros não apresentavam relevantes diferenças genéticas entre si: seriam todos descendentes do primeiro grupo de caçadores asiáticos que chegaram às Américas, há 60 mil anos.[13] Porém, culturalmente falando, os aborígenes brasileiros estavam inseridos numa diversidade de nações com línguas e costumes distintos. A chegada dos colonos portugueses, homens em sua maioria, culminou em relações e concubinatos com as índias.

Quadro "Redenção do Can" (1895, avó negra, mãe mulata, esposo e filho brancos). Para o governo da época, a cada geração o brasileiro ficaria mais branco.

Os escravos africanos trazidos ao Brasil pertenciam a um leque enorme de etnias e nações. A maior parte eram bantos, originários de Angola, Congo e Moçambique. Porém, em lugares como a Bahia, predominaram os escravos da região da Nigéria, Daomé e Costa da Mina. Eram maiores e mais robustos que os bantos, e também mais desenvolvidos. Alguns escravos islâmicos eram alfabetizados em árabe e já traziam para o Brasil uma rica bagagem cultural. Miscigenaram-se com os portugueses e índios, formando a raiz étnica do povo brasileiro.[14]

A tentativa do governo brasileiro em "branquear" a população marcou o século XIX. O governo libertou os descendentes de africanos, mas não deu assistência social aos ex-escravos, que foram abandonados à própria sorte. O escravo seria substituído pelo imigrante europeu: entre 1870 e 1953, entraram no Brasil cerca de 5,5 milhões de imigrantes, dentre os quais havia uma maioria de italianos, os preferidos do governo, por serem brancos e latinos.[15]

O governo brasileiro ambicionava que os imigrantes se casassem com mestiços e negros, para diluir a raça negra na população brasileira. A famosa pintura "Redenção do Can", feita em 1895 por Modesto Brocos y Gómez, sintetiza a ideia pairante na época: através da miscigenação, os brasileiros ficariam a cada geração mais brancos.

A entrada em massa de imigrantes europeus no Sul e Sudeste do Brasil mudou relativamente a demografia do País. Em poucas décadas verificou-se que a população de origem "negra e mestiça" foi superada pela população "branca". O casamento entre imigrantes europeus e brasileiros apenas alterou o fenótipo. Geneticamente, a população brasileira continua mestiça.[16]

Nos censos, a maioria da população brasileira continua a classificar-se como branca (49,9%), uma parcela considerável como parda (43,2%) e um número muito reduzido como preta (6,3%). Fato é que, geneticamente, o Brasil possui uma população cujas origens são africanas, europeias e indígenas, e não "branca", nem "negra", nem "parda" como diz o censo. A motivação de grande parte dos brasileiros em classificarem-se como brancos no censo, é fruto de um racismo velado enraizado na cultura do País, onde é imposto pela mídia um padrão de beleza caucasiano.[17]

Segundo estudo genético autossômico levado a cabo pelo renomado geneticista brasileiro Sérgio Pena, em 2011, e contando desta com aproximadamente 1000 amostras de todas as regiões do Brasil, os Brasileiros "brancos" na maior parte das regiões brasileiras possuem ancestralidade africana, no geral, em nível inferior a 10%, sendo que os "pardos" brasileiros, no geral, possuem ancestralidade Européia em grau predominante, sendo o componente Europeu o principal na formação da população brasileira, junto com o Africano (em grau menor do que o Europeu, embora significante), e o Indígena (em grau inferior aos componentes Africano e Indígena). Em todas as regiões do Brasil, a ancestralidade Européia responde pela maior parte da ancestralidade da população: "Em todas as regiões estudadas, a ancestralidade Européia foi a predominante, com proporções variando de 60,60% no Nordeste a 77,70% no Sul do país". A ancestralidade Africana encontra-se presente em grau alto em todas as regiões do Brasil. E a Indígena, em grau menor, também encontra-se presente em todas as regiões do Brasil. Os "Negros" possuem significativo grau de ancestralidade Européia e, em menor grau, ancestralidade Indígena.[18]

Segundo um estudo genético autossômico de 2010, a herança europeia seria dominante entre os brasileiros, por volta de 80% do patrimônio genético da população (chegando a 90% na região sul do país) .[19] Esse estudo se refere à população brasileira como um todo: "Um novo retrato das contribuições de cada etnia para o DNA dos brasileiros, obtido com amostras das cinco regiões do país, indica que, em média, ancestrais europeus respondem por quase 80% da herança genética da população. A variação entre regiões é pequena, com a possível exceção do Sul, onde a contribuição europeia chega perto dos 90%. Os resultados, publicados na revista científica "American Journal of Human Biology" por uma equipe da Universidade Católica de Brasília, dão mais peso a resultados anteriores, os quais também mostravam que, no Brasil, indicadores de aparência física como cor da pele, dos olhos e dos cabelos têm relativamente pouca relação com a ascendência de cada pessoa.[20]

Outro estudo genético autossômico recente, de 2009, também indica que a ancestralidade Européia é mais importante, seguida da Africana, e depois da Ameríndia. "Todas as amostras (regiões) encontram-se mais perto dos Europeus do que dos Africanos ou dos Mestizos do México", do ponto de vista genético.[21]

Outros estudos, inclusive realizados por Sérgio Pena, depois, vieram a demonstrar a predominância da ancestralidade Européia, na população Brasileira. O que não quer dizer que ela seja Européia, já que a contribuição Africana é imensa, e a Indígena, significativa. O povo Brasileiro é, em verdade, o resultado do encontro de Europeus, Africanos e Indígenas: "A correlação entre cor e ancestralidade genômica é imperfeita: ao nível individual não se pode prever com segura a cor da pele ou seu nível de ancestralidade Européia, Africana e Ameríndia nem o oposto. Independentemente da sua cor de pele, a grande maior parte dos Brasileiros possui um nível de ancestralidade Européia muito alto. Também, independentemente de sua cor de pele, a maior parte dos Brasileiros possui um grau significativo de ancestralidade Africana. Finalmente, a maior parte dos Brasileiros têm um grau significativo e muito uniforme de ancestralidade Indígena. A alta variabilidade observada em Brancos e Negros sugere que cada Brasileiro possui uma proporção única e singular de ancestralidades Européia, Africana e Indígena. Assim, a única maneira de se lidar com os Brasileiros não é considerando eles como membros de categorias segundo a cor da pele, mas sim em uma base de pessoa para pessoa, como 190 milhões de seres humanos com um genoma e histórias de vida singulares".[22]

Um diferente estudo genético também demonstrou que a ancestralidade Européia é a que responde pela maior parte da herança da população, seguida pela Africana, e pela Ameríndia. De acordo com esse estudo, a herança Européia responde por 65,90% da ancestralidade dos Brasileiros, a Africana 24,80% e a Indígena 9,3%. A região com maior contribuição africana seria o Sudeste, com 32%, seguido pelo Nordeste, com 23,4%. A região com maior contribuição indígena seria o Norte, com 18,1%, seguido pelo Centro-Oeste, com 12%. A região com maior contribuição europeia seria o Sul, com 81,5%, seguido pelo Nordeste, com 66,7%. Em todas as regiões o componente Europeu é o principal: no Sul 81,50%, no Nordeste 66,70%, no Centro Oeste 66,30%, no Norte 60,60% e no Sudeste 60,70%.[23]

Um estudo genético realizado em Salvador mostra que quanto mais baixa a classe social, maior a ancestralidade africana. Até mesmo o sobrenome das pessoas indica maior ancestralidade africana. Pessoas com sobrenome de conotação religiosa tendem a ter maior grau de ancestralidade africana.[24]

Estudos genéticos realizados especificamente em comunidades negras do Brasil (quilombos) mostram que em quase todas a ancestralidade africana é predominante.[25]

Na obra Casa-Grande e Senzala, escrevera o antropólogo Gilberto Freyre:

"Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena e/ou do negro"[26]

Brancos

Ver artigo principal: Brasileiros brancos
Os portugueses deixaram forte influência genética na população brasileira.

Os brancos autodeclarados compõem cerca de 49,9% da mesma, somando cerca de 93 milhões de indivíduos.[27] Estão espalhados por todo o território brasileiro, embora a maior concentração esteja no Sul e Sudeste do Brasil. Consideram-se brancos os descendentes diretos ou predominantes de europeus e de outros povos de cor branca.

Uma pesquisa realizada com mais de 34 milhões de brasileiros, dos quais quase vinte milhões se declaram brancos, perguntou a origem étnica dos participantes de cor ou raça branca. A maioria apontou origem brasileira (45,53%). 15,72% apontou origem italiana, 14,50% portuguesa, 6,42% espanhola, 5,51% alemã e 12,32% outras origens, que incluem africana, indígena, judaica e árabe.[28]

Os números condizem fortemente com o passado imigratório no Brasil. Entre o final do século XIX e início do século XX, sobretudo após a Abolição da Escravatura, o Estado brasileiro passou a incentivar a vinda de imigrantes para substituir a mão-de-obra africana. Entre 1870 e 1951, de Portugal e da Itália chegaram números próximos de imigrantes, cerca de 1,5 milhão de italianos e 1,4 milhão de portugueses. Da Espanha chegaram cerca de 650 mil e da Alemanha em torno de 260 mil imigrados. Os números refletem as porcentagens das origens declaradas pelos brancos brasileiros.[29]

Imigrantes italianos em fábrica paulistana. Atualmente 28 milhões de brasileiros descendem de italianos.

É notório, porém, que quase metade dos brancos pesquisados declararam ser de origem brasileira. É explicável pelo fato de a imigração portuguesa no Brasil ser bastante antiga, remontando mais de quinhentos anos, fato que muitos brasileiros brancos desconhecem tais origens por já terem suas famílias enraizadas no Brasil há séculos.[30]

Se considerarmos os brancos que se afirmaram de origem brasileira como descendentes remotos de portugueses, 60,03% da população branca do Brasil é de origem portuguesa. Em suma, vivem em Portugal 10 milhões de portugueses e no Brasil 26 milhões de pessoas que se consideram etnicamente portuguesas e outras 41 milhões que são, provavelmente, de remota origem lusitana. Observando os muitos milhões de mestiços e negros brasileiros que também possuem antepassados portugueses, é clara a extrema importância dos portugueses na formação étnica do povo brasileiro.

Presidente Lula e membros da comunidade ítalo-brasilera durante a Festa da Uva.

Apenas 4,80% dos brancos brasileiros pesquisados afirmaram ter antepassados indígenas, enquanto somente 1,88% declararam ter antepassados negros africanos. Tais números, porém, não condizem com a realidade genética dos brancos brasileiros que possuem, na maioria dos casos, significante contribuição genética de índios e africanos, devido a séculos de miscigenação entre europeus, nativos e escravos negros.

Através de um importante mapeamento genético, chegou-se a conclusão que o brasileiro de cor branca é descendente quase que exclusivamente de europeus do lado paterno (90%). Já no lado materno, apresenta uma intensa miscigenação: 33% de linhagens ameríndias, 28% de africanas e 39% de europeias. Isso é explicado historicamente: no início da colonização, os colonos portugueses não trouxeram suas mulheres, o que acarretou no relacionamento entre homens portugueses com mulheres indígenas e, mais tarde, com as africanas. Em outras palavras, a maior parte dos brancos do Brasil tem 90% de suas linhagens paternas provenientes de homens da Europa, enquanto 60% de suas linhagens maternas eram indígenas ou africanas.[31]

Isso é explicado historicamente: no início da colonização, nem todos colonos portugueses trouxeram suas mulheres, o que acarretou no relacionamento entre homens portugueses com mulheres indígenas e, mais tarde, com as africanas. As linhagens paternas e maternas permitem inferir o padrão de relacionamento no Brasil colônia: homens europeus (que controlavam o lugar) com mulheres europeias e não europeias. A absorção de ancestralidade indígena deu-se através de mulheres indígenas. O que aconteceu foi que muitos dos frutos dessas uniões iniciais vieram a se casar com recém chegados da Europa, dessa forma diluindo a contribuição não europeia.[32]

Em "O Feudo", Luiz Alberto Moniz Bandeira conta história similar: a história dos descendentes da indígena Paraguassu com o colonizador português conhecido como Caramuru. Todos os seus descendentes casaram-se com europeus que vieram em seguida, sendo que esse processo repetiu-se nas gerações seguintes. Em "São Paulo no século XVI", Afonso de Escragnolle Taunay tem um capítulo inteiro dedicados às mulheres europeias que vieram ao Brasil colônia (o que está amplamente demonstrado; como exemplo cite-se Genebra Leitão de Vasconcelos, esposa de Antonio de Oliveira, bem como Margarida Correa, esposa de Antonio Vaz Guedes, que vieram ao Brasil no séc. XVI), o que já havia sido demonstrado por Frei Gaspar da Madre de Deus e também por Pedro Taques de Almeida Paes Leme.

A herança europeia seria dominante, por volta de 80% do patrimônio genético da população (chegando a 90% na região sul do país) .[19]

Índios

Ver artigo principal: Povos indígenas do Brasil
Índio brasileiro.

Os índios autodeclarados compõem 0,4% da população brasileira, somando cerca de 519 mil indivíduos. Populações indígenas podem ser encontradas por todo o território brasileiro, embora mais da metade esteja concentrada na Região amazônica do Norte e Centro-Oeste. Consideram-se índios todos os descendentes puros dos povos autóctones do Brasil e/ou que vivem no ambiente cultural tradicional dos mesmos.

Recentes estudos genéticos comprovaram que muitos brasileiros possuem ascendência de povos indígenas extintos há séculos. Os brasileiros que carregam esta carga genética de forma majoritária são predominantes no norte do Brasil.

Quando os primeiros portugueses chegaram ao Brasil, em 1500, a população indígena girava em torno de 3 a 5 milhões de indivíduos.[33] Na metade do século XIX, os índios não passavam de 100 mil pessoas e no final do século XX eram cerca de 300 mil. O desaparecimento da população nativa brasileira se deve principalmente a quatro fatores: a dizimação promovida pelos colonizadores, as doenças europeias que se espalharam como epidemias, a miscigenação racial e, principalmente, a perda dos valores e da identidade indígenas ao longo dos séculos.

Negros

Ver artigo principal: Brasileiros negros
Capoeira na rua.

Os negros autodeclarados compõem 6,3% da população brasileira, somando cerca de 11 milhões de indivíduos.[34] Estão espalhados por todo o território brasileiro, embora a maior proporcionalidade esteja no Nordeste. Consideram-se negros todos os descendentes dos povos africanos trazidos para o Brasil e que têm o fenótipo característico africano.

A escravidão no Brasil durou cerca de 350 anos e trouxe para o país cerca de 4 milhões de africanos—37% de todos os escravos trazidos às Américas.

Pesquisas genéticas já de alguns atrás sugeriram que a grande maioria dos brasileiros teriam mais de 10% de marcadores genéticos africanos, mas foram confessados que seus limites de confiança são amplos e foram feitos por extrapolação : "Obviamente estas estimativas foram feitas por extrapolação de resultados experimentais com amostras relativamente pequenas e, conseqüentemente, têm limites de confiança bastante amplos"[35]

Pardos

Ver artigo principal: Pardos

Segundo a definição do IBGE, pardos são pessoas que se declaram mulatas, caboclas, cafuzas, mamelucas ou mestiças de negro com pessoa de outra raça.[36] No censo de 2005, 43,2% da população nacional se auto-declarou como sendo parda.[37]

Ao contrário do que muitos pensam, o termo pardo não foi criado censitariamente como uma categoria de cunho "étnico-racial" distinto ou como sinônimo de miscigenado: o termo passou a ser utilizado no censo do ano de 1872, com o intuito único de contabilizar de forma separada os negros (não importando se pretos ou miscigenados) ainda cativos, e os negros (não importando se pretos ou miscigenados) nascidos livres ou forros.

Amarelos

Ver artigo principal: Brasileiros asiáticos
Uma mulher nipo-brasileira.

Os amarelos autodeclarados compõem 0,5% da população brasileira, somando cerca de 1 milhão de indivíduos. Estão concentrados em dois estados brasileiros: São Paulo e Paraná, embora populações menores estejam espalhadas por todo o território brasileiro. Consideram-se amarelos todos os descendentes de povos asiáticos.

A grande maioria dos ammarelos brasileiros são descendentes de japoneses que imigraram para o Brasil entre 1908 e 1960, devido a problemas econômicos. O Brasil abriga hoje a maior comunidade japonesa fora do Japão. Outros grupos amarelos em fase de crescimento rápido, são os chineses e coreanos que atualmente integram o comércio nas capitais.

Grupos étnico-raciais por regiões brasileiras

Na região Sul do Brasil predomina o elemento europeu - a começar pelos colonizadores açorianos no século XVIII, acrescidos por grandes levas de imigrantes alemães, italianos e do leste europeu durante o século XIX e XX. O elemento indígena também se fez minoritariamente presente no Sul, sendo convertido ao cristianismo por missões jesuítas logo no início do século XVII.

Na região Sudeste do Brasil também predomina o elemento europeu - a iniciar por portugueses, acrescidos principalmente de imigrantes italianos, espanhóis e alemães nos séculos XIX e XX. Os elementos africano e indígena também se fizeram bastante presentes, e no estado de São Paulo o elemento asiático, composto sobretudo por japoneses e árabes, é significativo.

Na região Nordeste do Brasil, predominam os elementos europeu (principalmente descendentes de portugueses) e africano.

Na região Norte do Brasil predomina o elemento indígena, miscigenado a brancos e de pouca influência negra.[38]

Raça e cor segundo o IBGE

O critério usado pelo IBGE para esta classificação é a autodeclaração, o que, segundo alguns, gera distorções na estatística pois existe preconceito contra o negro no país, sendo que muitos negros geralmente se declaram "pardos" e também há casos de "pardos" que se declaram "brancos". Este termo "pardo", utilizado pelo IBGE, na prática acaba englobando todos os que se consideram não-brancos mas que também não se identificam como negros, indígenas ou amarelos (asiáticos). Isto tem gerado controvérsia, uma vez que muitos dos contrários às políticas afirmativas (entre elas a política de cotas raciais) não consideram todos os "pardos" como afrodescendentes, algo que o governo tende a fazer.

Movimentos populacionais

Imigração

Ver artigo principal: Imigração no Brasil

Toda migração populacional é sempre determinada por um conjunto de fatores de repulsão na área de origem e por outro conjunto de fatores de atração na área de destino.

Esses movimentos populacionais podem ser classificados em dois tipos: as migrações externas e as migrações internas.

As migrações externas são as que ocorrem quando se atravessam fronteiras internacionais; compreendem a emigração (saída do país) e a imigração (entrada em outro país). Já as migrações internas compreendem os movimentos populacionais que ocorrem dentro de um novo país.

No Brasil, a política migratória externa pode ser dividida em duas fases : a primeira, de estímulo à imigração, principalmente após a abolição da escravatura, em 1888, visando a substituição da mão-de-obra escrava na lavoura cafeeira;[39] a segunda, de controle à imigração, a partir de 1934, no governo Vargas, devido à crise econômica internacional da década de 1930.[40][41]

Monumento aos imigrantes italianos em Caxias do Sul.

O afluxo de imigrantes para o Brasil pode ser dividido em três períodos principais.[42]

O primeiro período (de 1808 a 1850[carece de fontes?]) foi marcado pela chegada da família real, em 1808, o que ocasionou a vinda dos primeiros casais de imigrantes açorianos para serem proprietários de terras no país[carece de fontes?]. Devido ao receio do europeu de fixar-se num país de economia colonial e escravocrata, nesse período houve uma imigração muito pequena.[43]

O segundo período (de 1850 a 1930) foi marcado pela proibição do mercado de escravos. Foi a época mais importante para a nossa imigração, devido ao grande crescimento da atividade monocultora (café) e aos incentivos governamentais dados ao imigrante. Em 1888, com a abolição da escravidão, estimulou-se ainda mais o fluxo imigratório, tendo o Brasil recebido, nessa época, praticamente 80% dos imigrantes entrados no país.[44][45]

O terceiro período (de 1930 até os dias de hoje) é caracterizado por uma sensível redução na imigração, devido, inicialmente, à crise econômica de 1929, ocasionada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, com o conseqüente abalo da cafeicultura brasileira. Além disso, contribuiu também a crise política interna no país, decorrente da Revolução de 1930, e a criação de uma lei sobre imigração, através da Constituição de 1934. Essa lei restringia a entrada de imigrantes, estipulando que, anualmente não poderia entrar no país mais que 2% do total de imigrantes de cada nacionalidade entrados nos últimos 50 anos. Determinava ainda que 80% dos imigrantes deveriam dedicar-se à agricultura, além de estabelecer uma discutível e discriminatória "seleção ideológica", ou seja, conforme as ideias políticas que professava, o imigrante poderia ou não entrar no país.

O envolvimento da Europa na Segunda Guerra Mundial também reduziu a emigração, e a recuperação econômica daquele continente, após a guerra, levou os europeus a emigrarem para outros países do próprio continente.

Intensificaram-se, nesse período, as migrações internas. Mineiros[carece de fontes?] e nordestinos, principalmente, dirigiram-se para o centro-sul do país, em virtude de crescimento urbano e industrial.[46]

Imigrantes portugueses

Ver artigo principal: Imigração portuguesa no Brasil
Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, fundado por um grupo de imigrantes portugueses. É a maior biblioteca de autores portugueses fora de Portugal.[47]

Os portugueses representam o maior contingente de imigrantes entrados no Brasil. Calcula-se que devam viver atualmente, no país, 213.203 portugueses,[48] concentrados nos grandes centros urbanos, com destaque especial para o Rio de Janeiro e São Paulo.

O fluxo imigratório português se acelerou a partir do ciclo do ouro, em Minas Gerais (século XVIII), e manteve-se relativamente elevado até a década de 1950; a partir daí, os portugueses passaram a emigrar para a França, Alemanha e outros países europeus, graças à recuperação econômica do continente. Na década de 1970, devido ao processo de descolonização, o Brasil recebeu uma onda de imigrantes portugueses provenientes, principalmente, das ex-colônias portuguesas na África (Angola e Moçambique).

Imigrantes italianos

Ver artigo principal: Imigração italiana no Brasil

Os primeiros italianos chegaram ao Brasil em 1875, estabelecendo-se no Rio Grande do Sul, na região serrana e também em Santa Catarina, onde o clima era mais ameno, assemelhando-se um pouco com as regiões de onde vieram, especialmente do Vêneto (norte italiano),[39][49] de onde provinha a maior parte das famílias imigrantes. Logo após essa época, São Paulo tornou-se o maior pólo receptor de italianos, que inicialmente se encaminharam para as zonas cafeicultoras do interior. Em pouco tempo, entretanto, acabaram por migrar para a capital, vindo a se constituir em importante mão-de-obra para a indústria que então se iniciava.

Os italianos deixaram suas marcas em cidades e bairros, influenciando hábitos alimentares e lingüísticos das regiões onde se estabeleceram.

Imigrantes alemães

Ver artigo principal: Imigração alemã no Brasil
Gramado, uma cidade marcada pelos traços alemães.

As primeiras levas de imigrantes alemães chegaram em 1824 e, desde então, deram preferência à região Sul do Brasil, onde fundaram a colônia de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A partir de 1850, foram se instalando em Santa Catarina, sobretudo no vale do Itajaí, onde surgiram Brusque, Joinville e Blumenau, cidades de marcantes características alemãs. Atualmente, a cidade de São Paulo, sobretudo no bairro de Santo Amaro,[50] e os três estados sulinos abrigam quase a totalidade dos imigrantes alemães e seus descendentes brasileiros.[50]

Imigrantes espanhóis

Ver artigo principal: Imigração espanhola no Brasil

Depois dos portugueses e italianos, é o terceiro maior contingente imigratório do Brasil. Fixando-se principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, iniciaram suas atividades em fazendas, mas acabaram por migrar para as cidades. Atualmente, tal como os portugueses, os espanhóis têm migrado para países europeus, sendo restrita sua participação entre os imigrantes que chegaram após 1970.[51]

Imigrantes japoneses

Bairro da Liberdade, em São Paulo.
Ver artigo principal: Imigração japonesa no Brasil

A imigração japonesa teve início em 1908, quando aportou no Brasil o navio Kasato Maru, com 165 famílias a bordo. Estabeleceram-se inicialmente no estado de São Paulo e depois no Pará, onde se desenvolve importante núcleo produtor de pimenta-do-reino (Tomé-Açu). Fixaram-se principalmente em colônias rurais, onde introduziram importantes inovações na indústria de hortifrutigranjeiros. Na cidade de São Paulo, foram se concentrando num bairro — a Liberdade —, que adquirindo características de sua cultura, perceptíveis principalmente nas ruas e cartazes. Além disso, instalados no cinturão verde em torno da cidade, são responsáveis pela maior parte do estabelecimento de frutas, legumes, verduras, aves e ovos para a população da metrópole paulista.

Atualmente, estima-se em mais de 1 milhão e 200 mil os japoneses e seus descendentes até a quarta geração vivendo no Brasil.[52]

Outros grupos imigrantes

Entre os do leste europeu, o maior destaque numérico cabe aos poloneses e ucranianos, que se fixaram, em sua maioria, no Paraná, dedicando-se à agricultura e pecuária.

Os sírio-libaneses (árabes) distribuem-se por todo o território nacional, dedicando-se a atividades predominantemente urbanas, como o comércio e a indústria. Vieram principalmente na segunda metade do século XIX e na primeira década do século XXI, mais precisamente em 2006, devido à segunda guerra do Líbano.

Os judeus, sobretudo de origem alemã e eslava, vieram para o Brasil principalmente às vésperas e durante a Segunda Guerra Mundial dirigindo-se para o Sul e o Sudeste. Passaram a dedicar-se, como os árabes, a atividades urbanas (especialmente comércio e indústria).

Memorial do Imigrante no bairro do Brás, em São Paulo.

Os Brasil passou a receber, durante os anos 1970, um expressivo número de sul-americanos, principalmente paraguaios, bolivianos, uruguaios, argentinos e chilenos. Nos anos 1980, o fluxo maior passou a ser de coreanos e chineses, sobretudo de Formosa, mas estes, como os latino-americanos, vivem em boa parte clandestinamente, uma vez que sua presença é impossibilitada por leis que estabelecem cotas máximas de imigrantes por nacionalidade[carece de fontes?].[53] Dados da prefeitura de São Paulo indicam que há cerca de 100 mil coreanos e descendentes vivendo no Brasil, grande parte deles na cidade de São Paulo.[54]

Dentre as regiões brasileiras, as que mais receberam imigrantes foram a Sul e a Sudeste, e principalmente o estado de São Paulo, que recebeu quase a metade dos imigrantes entrados no Brasil. Apenas na capital paulista, há imigrantes de mais de cem nacionalidades diferentes.

Atualmente, o ciclo migratório têm-se invertido, e o Brasil, que sempre recebeu imigrantes, passou a partir da década de 1980 do século XX por uma fase de surto emigratório. As diversas crises sócio-econômicas do país têm levado parcelas da população a procurarem saídas no exterior, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. A melhoria econômica recente no Brasil com a moeda forte, aliada a outros fatores como a xenofobia crescente em diversos países, contribuem para um processo de retorno de levas de emigrados brasileiros (especialmente dos Estados Unidos, que passam por uma crise econômica) e a redução do fluxo emigratório observado até 2003.

Migração

Ver artigo principal: Migração no Brasil

Cerca de um terço dos brasileiros não vive onde nasceu. As migrações internas respondem por boa parte deste terço, e classificam-se basicamente em duas categorias: deslocamento do campo para a cidade, o chamado (êxodo rural) - causado frequentemente pela falta de oportunidades de trabalho e serviços no campo e pela concentração fundiária - e migrações regionais, das quais os exemplos mais importantes foram:

  • o ciclo da mineração, em Minas Gerais, nos meados do século XVIII, que provocou um deslocamento da população litorânea para o interior do país;
  • o fluxo de escravos do Nordeste para as plantações de café de São Paulo e do Rio de Janeiro, em fins do século XIX;
  • o ciclo da borracha, na Amazônia, em fins do século XIX para o início do século XX, que atraiu muitas pessoas, especialmente do Nordeste;
  • a construção de Brasília, que deslocou mão-de-obra principalmente do Norte e Nordeste;
  • o desenvolvimento industrial, dos anos 1950 em diante, na região Sudeste (principalmente São Paulo e Rio de Janeiro), que deslocou principalmente nordestinos.

Recentemente as migrações regionais mais importantes ainda são a de nordestinos para as regiões Sudeste e Sul, em busca de trabalho nos setores industrial, comercial e de serviços; ocorre, também, no Centro-Oeste e Norte, um fluxo de famílias ligadas ao meio rural, vindas principalmente da região Sul, graças à expansão da fronteira agrícola.

A partir da década de 1980, os fluxos intra-regionais e até intra-estaduais tornaram-se mais significativos, especialmente na região Nordeste, com a consolidação de várias metrópoles ao redor das capitais de cada estado nordestino. Por conta do Brasil já ser um país essencialmente urbano, os fluxos migratórios encontram-se em menor dimensão de décadas passadas, e concentram-se mais na ocupação de espaços com maior dinamismo (em geral cidades médias do interior e algumas capitais, além da fronteira agrícola). Ações sociais como o Fome Zero e o Bolsa Família também reduzem os fluxos migratórios, ao responder mais rapidamente situações de calamidade pública especialmente em função da seca, que intensificavam os fluxos no passado.

Deficiência

Mais de 24 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência. Cerca de 16,5 milhões possuem deficiência visual, 8 milhões possuem deficiências de locomoção, 5,5 milhões possuem deficiência auditiva, e quase 3 milhões possuem alguma deficiência mental. Frequentemente é dito pelos meios de comunicação que há grande carência de obras adaptadas ao deficiente no Brasil e nenhuma campanha específica nacional para resolver o problema.

Referências

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Ver também

Ligações externas

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