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No [[século XX]], escavações empreendidas pelos [[arqueologia|arqueólogos]] [[EUA|estadunidenses]] [[Charles Redman]] e [[James Boone]] entre [[1974]] e [[1978]], trouxeram à luz o como a povoação portuguesa se impôs à islâmica. São referidos os exemplos do “hamman” (os banhos islâmicos) transformado em prisão, da mesquita transformada em igreja, e da alcáçova, que fechou a antiga Porta do Mar (“bab al bahar”), usada como paço para o capitão, e que teve que ser adaptada ao uso da artilharia. Após a conquista portuguesa, a filosofia defensiva alterou-se, passando a ligação com o mar a ser o fator mais importante, ditando a construção da couraça, que ainda hoje se distingue na paisagem. Vieram ainda à luz os elementos de um completo sistema defensivo, com [[fosso]], [[baluarte]]s curvos e portas duplamente fortificadas. |
No [[século XX]], escavações empreendidas pelos [[arqueologia|arqueólogos]] [[EUA|estadunidenses]] [[Charles Redman]] e [[James Boone]] entre [[1974]] e [[1978]], trouxeram à luz o como a povoação portuguesa se impôs à islâmica. São referidos os exemplos do “hamman” (os banhos islâmicos) transformado em prisão, da mesquita transformada em igreja, e da alcáçova, que fechou a antiga Porta do Mar (“bab al bahar”), usada como paço para o capitão, e que teve que ser adaptada ao uso da artilharia. Após a conquista portuguesa, a filosofia defensiva alterou-se, passando a ligação com o mar a ser o fator mais importante, ditando a construção da couraça, que ainda hoje se distingue na paisagem. Vieram ainda à luz os elementos de um completo sistema defensivo, com [[fosso]], [[baluarte]]s curvos e portas duplamente fortificadas. |
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== Património edificado == |
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Em termos de património edificado, a cidade conserva diversos vestígios da ocupação portuguesa. Além de restos das fortificações, inclusive a couraça e o chamado "Portão do Mar", conservam-se restos do casario interior e de igrejas. |
Em termos de património edificado, a cidade conserva diversos vestígios da ocupação portuguesa. Além de restos das fortificações, inclusive a couraça e o chamado "Portão do Mar", conservam-se restos do casario interior e de igrejas. |
Revisão das 21h49min de 21 de junho de 2011
Alcácer-Ceguer (em árabe, القصر الصغير, al-qsar as-Seghir, "o castelo pequeno") é uma pequena vila do litoral mediterrânico, entre Tânger e Ceuta, na margem direita da foz do rio de mesmo nome, na região de Jebala, no noroeste do Marrocos.
História
Localizada no estreito de Gibraltar, entre Tânger e Ceuta, a povoação remonta ao início da ocupação muçulmana do Magreb, por volta de 708. Dificilmente acessível por mar, era dominado pela elevação de Seinal. Durante o período Almóada, foi um importante porto de embarque de tropas para a península Ibérica. Entretanto, no século XV convertera-se num reduto de corsários.
Como parte da política de expansão ultramarina portuguesa, foi assaltada e conquistada por uma frota de com 220 embarcações, transportando um exército de 25 mil homens sob o comando de D. Afonso V, "O Africano", após dois dias de combate (23 e 24 de Outubro de 1458).
Na empresa participaram ainda o infante D. Henrique (no comando da Armada do Algarve), o infante D. Fernando, o marquês de Valença (no comando da Armada do Porto) e o marquês de Vila Viçosa. Os ventos desviaram a nau do rei para as águas de Tânger cuja conquista foi cogitada pelo soberano, mas graças à influência do infante D. Henrique, que havia participado no desastre de Tânger em 1437, manteve-se a decisão de atacar Alcácer-Ceguer. A conquista foi possível devido à superioridade da artilharia portuguesa, e à estratégia do rei de Fez, Abd al-Hakk – que em 1437 havia capturado o Infante Santo -, informado da presença da frota portuguesa nas àguas de Tanger, enquanto preparava um ataque a Tlemcen, decidiu deslocar as suas forças para defesa de Tanger.
De imediato foram iniciados trabalhos de recuperação e reforço das defesas. A mesquita da cidade foi transformada em igreja sob a invocação de Santa Maria da Misericórdia, outorgada à Ordem de Cristo por iniciativa do infante D. Henrique.
A retaliação islâmica não se fez esperar. D. Afonso V ainda se encontrava em Ceuta, quando foi informado de que as forças de Abd al-Hakk se preparavam para retomar Alcácer-Ceguer. Afonso V de imediato decidiu acorrer em defesa da praça ameaçada, sendo dissuadido por seus conselheiros. Deliberou-se então desafiar o rei de Fez para uma batalha campal, à maneira da Idade Média, tendo os emissários portugueses sido recebidos a tiros e forçados a retroceder.
A esquadra portuguesa aportou ao largo de Alcácer-Ceguer mas os seus esforços foram em vão, uma vez que os sitiantes não se amedrontaram, não tendo sido possível fazer chegar qualquer tipo de ajuda aos sitiados. Estes, sob o comando de D.Duarte de Menezes - filho do primeiro capitão de Ceuta, D. Pedro de Meneses -, resistiram por 53 dias, infligindo tantas perdas ao inimigo, que este acabou por retirar, a 2 de Janeiro de 1459.
Seis meses mais tarde, a 2 de Julho de 1459, Abd al-Hakk voltou a cercar a cidade. Durante este cerco, D. Duarte de Meneses mandou vir do reino a esposa e os filhos que, com alguma dificuldade, conseguiram furar o cerco e ingressar na praça. Esta atitude do capitão deu novo ânimo à guarnição sitiada que não cedeu as defesas, vindo o assédio a ser levantado em 24 de Agosto de 1459. Como recompensa pelas defesas de Alcácer-Seguer, o soberano elevou D. Duarte de Meneses a conde de Viana (Abril de 1460).
A população da praça chegou a atingir as 800 pessoas, mas estava totalmente dependente do Reino para a sua manutenção. A presença Portuguesa em Arzila e em Tânger, ocupadas em 1471, diminuiu a sua importância estratégica.
Para reforço da sua defesa D. Manuel I (1495-1521), em Junho de 1502, passou ao Mestre de Pedraria Pêro Vaz, seis "in-fólios" com Instruções acerca das obras de Alcácer-Ceguer. Estas descrevem minuciosamente como levantar a couraçada (muralha que protegia o acesso à água), e ilustram-na com um dos raros desenhos remanescentes da praça, da autoria do Arquiteto régio responsável pela obra, possivelmente o próprio Diogo Boitaca, que, após um novo projeto em 1509, vistoriou-a pessoalmente em 1514. Neste projeto também foi prevista a construção de um novo baluarte, com dois níveis de canhoneiras, erguido por Francisco Danzilho.
A partir de 1533, D. João III cogitou em abandoná-la, como Azamor e Safim. A evacuação, demorada pela oposição da Santa Sé, só ocorreu em 1549 após a reconquista muçulmana de Fez naquele ano.
A partir de então tornou-se um pequeno burgo insignificante.
No século XX, escavações empreendidas pelos arqueólogos estadunidenses Charles Redman e James Boone entre 1974 e 1978, trouxeram à luz o como a povoação portuguesa se impôs à islâmica. São referidos os exemplos do “hamman” (os banhos islâmicos) transformado em prisão, da mesquita transformada em igreja, e da alcáçova, que fechou a antiga Porta do Mar (“bab al bahar”), usada como paço para o capitão, e que teve que ser adaptada ao uso da artilharia. Após a conquista portuguesa, a filosofia defensiva alterou-se, passando a ligação com o mar a ser o fator mais importante, ditando a construção da couraça, que ainda hoje se distingue na paisagem. Vieram ainda à luz os elementos de um completo sistema defensivo, com fosso, baluartes curvos e portas duplamente fortificadas.
Capitães portugueses da praça (23 de Outubro de 1458 - 1550)
1458 - 1464 : Duarte de Meneses, Conde de Viana;
1464 - 1480 : Henrique de Meneses;
1480 - 1488 : Rodrigo (ou Rui) Vaz Pereira;
1488 - 1501 : Martim de Sousa e Távora;
1501 - 1512 ? : Rodrigo de Sousa;
151. - 151. : António de Sousa;
15.. - 15.. : Martinho de Sousa e Távora (c.1450 - ?);
1521? - 1523 (?) : Pedro de Sousa, conde de Prado ;
c.1530 - 1531 : Francisco de Carvalho ;
1531 - 1545 : Pedro Álvares de Carvalho ;
1545 - 1549 : Alvaro de Carvalho;
15.. - 1550 : Bernardim de Carvalho ;
1550? : Rui Dias de Sousa
Património edificado
Em termos de património edificado, a cidade conserva diversos vestígios da ocupação portuguesa. Além de restos das fortificações, inclusive a couraça e o chamado "Portão do Mar", conservam-se restos do casario interior e de igrejas.
- BRAGA, Paulo Drumond. A Expansão no Norte de África. In: Nova História da Expansão Portuguesa (dir. de Joel Serrão e A. H. de Oliveira Marques). Lisboa: Editorial Estampa, 1998. Vol. II, A Expansão Quatrocentista. p. 237-360.
- DUARTE, Luís Miguel. África. In: Nova História Militar de Portugal (dir. de Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira). Lisboa: Circulo de Leitores, 2003. vol. I, p. 392-441.
- REDMAN, Charles L.. Qsar es-Seghir: an archaelogical view of medieval life. London, Academic Press, 1986.
Ver também