Restauração Meiji: diferenças entre revisões

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== A Guerra Boshin ==
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Em janeiro de [[1868]], iniciou-se um período de [[guerra civil]], conhecido como [[Guerra Boshin]] ("''Guerra do Ano do Dragão''"), com a [[batalha de Toba Fushimi]] na qual um exército liderado pelas forças de Choshu e Satsuma derrotaram o exército do e forçaram o Imperador a despir Yoshinobu de qualquer poder que lhe restava. O conflito terminou no início de [[1869]] com o cerco de [[Hakodate Hokkaido]]. A derrota dos exércitos do antigo shogun (que contava com líderes como [[Ôtori Keisuke]], [[Enomoto Takeaki]] e [[Hijikata Toshizo]]) marcou o fim da '''Restauração Meiji''', tendo cessado todos os desafios ao Imperador e ao seu governo.
Em janeiro de [[1868]], iniciou-se um período de [[guerra civil]], conhecido como [[Guerra Boshin]] ("''Guerra do Ano do Dragão''"), com a [[batalha de Toba Fushimi]] na qual um exército liderado pelas forças de [[Domínio Choshu|Choshu]] e Satsuma derrotaram o exército do e forçaram o Imperador a despir Yoshinobu de qualquer poder que lhe restava. O conflito terminou no início de [[1869]] com o cerco de [[Hakodate Hokkaido]]. A derrota dos exércitos do antigo shogun (que contava com líderes como [[Ôtori Keisuke]], [[Enomoto Takeaki]] e [[Hijikata Toshizo]]) marcou o fim da '''Restauração Meiji''', tendo cessado todos os desafios ao Imperador e ao seu governo.


{{quotation|''"O imperador do Japão anuncia aos soberanos de todos os países estrangeiros e de seus súditos que a permissão foi concedida ao [[Shogun]] Tokugawa Yoshinobu para devolver o poder governante em conformidade com seu pedido. Iremos doravante exercer autoridade suprema em todos os assuntos internos e externos do país. Consequentemente o título de Imperador deve ser substituída pela [[Taikun]], em que os tratados têm sido feitas. Agentes irão ser nomeados por nós para a condução dos assuntos da política externa. É desejável que os representantes dos poderes do tratado reconhecerem este anúncio."''| 3 de janeiro de 1868 <br />[[Mutsuhito]]<ref>Citado e traduzido em "A Diplomat In Japan", [[Sir Ernest Satow]], p.353, ISBN 978-1-933330-16-7</ref>}}
{{quotation|''"O imperador do Japão anuncia aos soberanos de todos os países estrangeiros e de seus súditos que a permissão foi concedida ao [[Shogun]] Tokugawa Yoshinobu para devolver o poder governante em conformidade com seu pedido. Iremos doravante exercer autoridade suprema em todos os assuntos internos e externos do país. Consequentemente o título de Imperador deve ser substituída pela [[Taikun]], em que os tratados têm sido feitas. Agentes irão ser nomeados por nós para a condução dos assuntos da política externa. É desejável que os representantes dos poderes do tratado reconhecerem este anúncio."''| 3 de janeiro de 1868 <br />[[Mutsuhito]]<ref>Citado e traduzido em "A Diplomat In Japan", [[Sir Ernest Satow]], p.353, ISBN 978-1-933330-16-7</ref>}}

Revisão das 03h36min de 27 de agosto de 2011

Parte da série sobre
História do Japão
Paleolítico (50/35.000–13/9.500 AEC)
Período Jōmon (13/9.500–300 AEC)
Período Yayoi (300 AEC — 250 EC)
Período Yamato (250–710)
- Período Kofun (250–538)
- Período Asuka (538–710)
Período Nara (710–794)
Período Heian (794–1185)
Período Kamakura (1185–1333)
Restauração Kemmu (1333–1336)
Período Muromachi (1336–1573)
- Período Nanboku-chō (1336–1392)
- Período Sengoku (1467–1573)
Período Azuchi-Momoyama (1573–1603)
Período Edo (1603–1868)
Império do Japão (1868–1945)
- Período Meiji (1868–1912)
- Período Taishō (1912–1926)
- Período Shōwa (1926–1989)
Japão (1945–presente)
- Ocupação do Japão
- Japão pós-ocupação
- Heisei (1989–2019)
- Reiwa (2019-presente)
Portal do Japão

A Restauração Meiji (Japonês: 明治維新 - Meiji Ishin), também conhecida como Meiji Ishin, Revolução Meiji, ou simplesmente como Renovação, foi uma sucessão de eventos que conduziu a uma profunda mudança nas estruturas política, econômica e social do Japão.

Registou-se de 1866 a 1869, período de quatro anos que transcorre entre o Período Edo tardio (frequentemente chamado de Xogunato Tokugawa tardio) e o início do Período Meiji.

Talvez o mais importante relato estrangeiro desses eventos esteja contido num documento de um diplomata inglês servindo naquele país à época, de nome Ernest Satow.

Antecedentes

A formação, em 1868, da Aliança Satcho entre Saigo Takamori, um líder proeminente do feudo de Satsuma (atual província de Kagoshima), e Kido Takayoshi, um líder oriundo do feudo de Chôshû (atual província de Yamaguchi), construiu os alicerces da Restauração Meiji. Esses dois líderes apoiaram o Imperador e foram unidos por Sakamoto Ryoma que tinha o propósito de contestar o poder à época, o Xogunato Tokugawa (bakufu).

Em 3 de fevereiro de 1867, o imperador Meiji subiu ao trono após a morte do Imperador Komei em 30 de janeiro de 1867. Este período também permitiu o Japão fazer a transição de uma sociedade feudal ao capitalismo e deu aos japoneses uma persistente influência ocidental.

O bakufu Tokugawa veio a ter um fim oficial em 9 de Novembro de 1867, quando o décimo quinto Xogun Tokugawa Yoshinobu "colocou sua prerrogativa à disposição do Imperador" (Beasley, 52) e abdicou de sua posição dez dias depois. Esse evento constitui-se efetivamente na "restauração" (Taisei Hōkan) do governo imperial, embora Yoshinobu ainda retivesse uma considerável parcela de poder.

A Guerra Boshin

Em janeiro de 1868, iniciou-se um período de guerra civil, conhecido como Guerra Boshin ("Guerra do Ano do Dragão"), com a batalha de Toba Fushimi na qual um exército liderado pelas forças de Choshu e Satsuma derrotaram o exército do e forçaram o Imperador a despir Yoshinobu de qualquer poder que lhe restava. O conflito terminou no início de 1869 com o cerco de Hakodate Hokkaido. A derrota dos exércitos do antigo shogun (que contava com líderes como Ôtori Keisuke, Enomoto Takeaki e Hijikata Toshizo) marcou o fim da Restauração Meiji, tendo cessado todos os desafios ao Imperador e ao seu governo.

"O imperador do Japão anuncia aos soberanos de todos os países estrangeiros e de seus súditos que a permissão foi concedida ao Shogun Tokugawa Yoshinobu para devolver o poder governante em conformidade com seu pedido. Iremos doravante exercer autoridade suprema em todos os assuntos internos e externos do país. Consequentemente o título de Imperador deve ser substituída pela Taikun, em que os tratados têm sido feitas. Agentes irão ser nomeados por nós para a condução dos assuntos da política externa. É desejável que os representantes dos poderes do tratado reconhecerem este anúncio."

3 de janeiro de 1868
Mutsuhito[1]

Algumas forças do xogunato escaparam para Hokkaido, onde tentaram estabelecer uma república separatista, a República de Ezo - no entanto, as forças leais ao Imperador frustraram esta tentativa de maio de 1869 com a Batalha de Hakodate em Hokkaido. A derrota dos exércitos do antigo shogun (liderada por Enomoto Takeaki e Hijikata Toshizo) marcou o fim definitivo do xogunato Tokugawa; com o poder do imperador, totalmente restaurada.

Os líderes da Restauração Meiji, como a revolução veio a ser conhecida, clamam que suas ações restauraram o poder do Imperador. Isso não é inteiramente verdadeiro. O poder simplesmente deslocou-se do shogunato Tokugawa para uma nova oligarquia dos daimyo que o derrotaram. Essas oligarquias eram em sua maioria, dos feudos de Satsuma (Okubo Toshimichi e Saigo Takamori), e de Choshu (Ito Hirobumi, Yamagata Aritomo, e Kido Koin/Kido Takayoshi/Katsura Kogoro).

Efeitos

A Restauração Meiji acelerou a industrialização no Japão, o que levou à sua ascensão como uma autoridade militar até o ano de 1905, sob o lema de "Enriqueça o país, fortaleça as forças armadas" ( 富国强兵 fukoku kyōhei?).

A oligarquia Meiji, que formou o governo sob a autoridade do imperador introduziu medidas para consolidar o seu poder contra os remanescentes do governo do período Edo, o xogunato, daimyo e a classe samurai.

Em 1868, todas as terras dos Tokugawa foram confiscadas e colocados sob "controle imperial", colocando-os sob a prerrogativa do novo governo Meiji. Em 1869, o daimyo da Tosa, Hizen, Satsuma e domínio Choshus, que estavam empurrando mais ferozmente contra o shogunato, foram persuadidas a "devolver os seus domínios para o Imperador". Outros foram posteriormente convencidos a fazê-lo, criando, assim, pela primeira vez, um governo central do Japão, que exercia o poder direto através de todo o reino.(天下)[2]

Finalmente, em 1871, os daimyo, passados e presentes, foram convocados antes do Imperador, onde foi declarado que todos os domínios passariam a ser devolvidos ao Imperador. Os cerca de 300 domínios (HAN) foram transformadas em prefeituras, cada um sob o controle de um governante nomeado pelo Estado. Em 1888, várias prefeituras foram fundidas em várias etapas para reduzir o seu número para 75. Para o daimyo foram prometidas 10% dos seus rendimentos associadas aos feudos. Mais tarde, as suas dívidas e pagamentos dos salários dos samurais deviam ser assumidas pelo Estado.

Os oligarcas também tentaram abolir as quatro divisões da sociedade.

Em todo o Japão naquele momento, possuíam 1,9 milhões de samurais (10 vezes o tamanho da classe privilegiada francesa antes de Revolução Francesa, ocorrida cerca de 90 anos antes. Além disso, os samurais no Japão, não eram meramente os senhores, mas eles retinham um dos mais altos status sociais dos que trabalhavam) Com cada samurai sendo pago com soldos fixos, sua manutenção apresentou uma tremenda carga financeira, que possam ter levado os oligarcas a agir. Independentemente das suas verdadeiras intenções, os oligarcas embarcou em outro processo lento e deliberado de abolir a classe samurai. Primeiro, em 1873, foi anunciado que os soldos dos samurais estavam a ser tributados. Mais tarde, em 1874, o samurai foi dada a opção de converter seus salários em títulos do governo. Finalmente, em 1876, esta comutação foi tornada obrigatória.

Para reformar o setor militar, o governo instituiu o alistamento de âmbito nacional em 1873, determinando que todos os homens que sirvam nas Forças Armadas aos 21 anos por quatro anos, seguido por mais três anos na reserva. Uma das principais diferenças entre o samurai e classe camponesa foi o direito de portar armas, esse privilégio antigo foi subitamente alargado a todos os homens da nação. Além disso, os samurais já não eram autorizados a andar pela cidade carregando uma espada ou arma para mostrar seu status como em épocas anteriores.

Isto levou a uma série de revoltas de samurais descontentes. Uma das principais revoltas foi o liderado por Saigo Takamori, a Rebelião de Satsuma, que eventualmente se transformou em uma guerra civil. Essa rebelião pretendia, contudo, derrubar rapidamente, o recém-formado Exército Imperial Japonês, treinados em armas e táticas ocidentais, embora o núcleo do novo exército era a força policial de Tóquio, que foi em grande parte composta de samurais. Este enviou uma mensagem forte para os samurais dissidentes que seu tempo estava realmente acima. Havia poucos samurais nas revoltas subsequentes e a distinção tornou-se todos, mas um nome como o samurai aderiram à nova sociedade. O espírito ideal do samurai vivia de forma romantizada e foi muitas vezes usado como propaganda antecipada durante as guerras do século XX do Império do Japão.

No entanto, a maioria dos samurais estavam satisfeitos, apesar de ter o seu estatuto abolido. Muitos encontraram emprego na burocracia do governo, que se assemelhou a uma elite em sua própria direita. O samurai, sendo educado melhor do que a maioria da população, tornaram-se professores, fabricantes de armas, oficiais do governo ou oficiais militares. Embora o título formal do samurai tivesse sido abolida, o status social que caracterizou a classe samurai ainda resistia.

Os oligarcas também embarcaram em uma série de reformas agrárias. Em particular, legitimou o sistema de arrendamento que foram acontecendo durante o período Tokugawa. Apesar dos melhores esforços do bakufu no sentido de congelar as quatro classes da sociedade local, os aldeões durante o governo começaram a arrendar terras para outros agricultores de fora, tornando-se rica no processo. Isso perturbou o sistema de classes claramente definidas que o bakufu tinha previsto, em parte, levando a sua eventual queda.

Além de mudanças drásticas na estrutura social do Japão, em uma tentativa de criar um Estado forte e centralizado que definem sua identidade nacional, o governo estabeleceu um dialeto dominante nacional, que passa dialetos locais e regionais chamado hyojungo, que foi baseado em padrões da classe samurai de Tóquio que acabou por se tornar a norma nos domínios da educação, mídia, governo e empresas.[3]

O crescimento industrial japonês

A rápida industrialização e modernização do Japão, permitiu e requereu um enorme aumento na produção e na infra-estrutura. O Japão construiu indústrias, tais como estaleiros, fundições de ferro, e fábricas de fiação, que eram depois vendidos a empresários. Consequentemente, as empresas nacionais se tornaram consumidoras de tecnologia ocidental e aplicou isso para produzir itens que seriam vendidos a preços baixos no mercado internacional. Com isso, as zonas industriais cresceram enormemente, e não houve migração em massa do campo para os centros de industrialização. A industrialização além disso era paralela com o desenvolvimento de um sistema ferroviário e comunicações modernas, integrando o país.[4]

Ano(s) Produção/Exportação (média anual(em toneladas)
1868-1872 1026/646
1883 1682/1347
1889-1893 640
1899-1903 7103/4098
1909-1914 12460/9462
Produção e Exportação de seda no Japão de 1868 até 1913


Com a industrialização, veio a procura de carvão. Houve aumento exponencial na produção, como a tabela revela abaixo.

Ano Produção de carvão (toneladas métricas)
1875 600,000
1885 1,200,000
1895 5,000,000
1905 13,000,000
1913 21,300,000
Produção de carvão no Japão em diversos anos de 1875 até 1913


O carvão era necessária para duas coisas: os navios a vapor e as ferrovias. O crescimento desses setores é mostrada abaixo.

Ano Número de navios a vapor
1873 26
1894 169
1904 797
1913 1514
O tamanho da frota mercante japonesa em diversos anos de 1873 até 1913


Ano Ferrovias (em milhas, também convertidos em quilômetros)
1872 18 mi / 28 km
1883 240 mi / 386 km
1887 640 mi / 1029 km
1894 2100 mi / 3378 km
1904 4700 mi / 7562 km
1914 7100 mi / 11423 km
Milhas/Quilômetros de ferrovias no Japão (registrados de 1872 até 1914)


Líderes

Esses foram os líderes quando o Imperador Japonês retomou o poder dos shoguns Tokugawa. Alguns deles tornaram-se Primeiro Ministro do país:

  • BEASLEY, W. G. The Rise of Modern Japan: Political, Economic and Social Change Since 1850. New York: St. Martin's Press, 1995.
  • MURPHEY, Rhoades. East Asia: A New History. New York: Addison Wesley Longman, 1997.

Referências

  1. Citado e traduzido em "A Diplomat In Japan", Sir Ernest Satow, p.353, ISBN 978-1-933330-16-7
  2. Bestor, Theodore C. "Japan." Countries and Their Cultures. Eds. Melvin Ember and Carol Ember. Vol. 2. New York: Macmillan Reference USA, 2001. 1140-1158. 4 vols. Gale Virtual Reference Library. Gale. Pepperdine University SCELC. 23 Nov. 2009 <http://find.galegroup.com.lib.pepperdine.edu/gvrl/infomark.do?&contentSet=EBKS&type=retrieve&tabID=T001&prodId=GVRL&docId=CX3401700121&source=gale&userGroupName=pepp12906&version=1.0>.
  3. Bestor, Theodore C. "Japan." Countries and Their Cultures. Eds. Melvin Ember and Carol Ember. Vol. 2. New York: Macmillan Reference USA, 2001. 1140-1158. 4 vols. Gale Virtual Reference Library. Gale. Pepperdine University SCELC. 23 Nov. 2009 <http://find.galegroup.com.lib.pepperdine.edu/gvrl/infomark.do?&contentSet=EBKS&type=retrieve&tabID=T001&prodId=GVRL&docId=CX3401700121&source=gale&userGroupName=pepp12906&version=1.0>.
  4. Yamamura, Kozo. "Success Iligotten? The Role of Meiji Militarism in Japan's Technological Progress." The Journal of Economic History 37.1 (1977). Web.