Cimérios: diferenças entre revisões

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Revisão das 16h20min de 8 de dezembro de 2011

 Nota: Para outros significados, veja Ciméria.

Os Cimérios (Grego Κιμμέριοι, Kimmérioi) foram nômades eqüestres que, de acordo com Heródoto, viviam originalmente na região norte do Cáucaso e no Mar Negro - atuais Rússia e Ucrânia - nos séculos VIII e VII a.C. Registos assírios, todavia, determinam que esse povo se localizava no Azerbaijão em 714 a.C.

Origens

Suas origens são obscuras, mas acredita-se que eram Indo-Europeus. Sua língua é geralmente tida como parente da língua trácia ou do iraniano. A teoria trácia baseia-se no fato de que o autor grego Estrabão relaciona os "Treri" aos trácios numa passagem (13.1.8) e aos cimérios em outra (14.1.40). A teoria iraniana, por outro lado, defende o fato de que a cultura material dos cimérios na Ásia Menor é idêntica à de seus contemporâneos citas; além do mais, o assírio Gimirri e o Persa Saka são usados como sinônimos em fontes do Oriente Próximo da antigüidade, principalmente na famosa inscrição de Behistun. Desta forma, muitos eruditos, incluindo o acadêmico russo Askold Ivančik, assumem que os cimérios estavam intimamente ligados aos citas. De qualquer forma, ainda que os cimérios viessem da Trácia ou que pertencessem a algum ramo Indo-Europeu (ou mesmo não-Indo-Europeu), eles quase certamente possuíam uma classe governante iraniana, bem como os citas. No começo do século XX os cimérios costumavam ser associados aos Proto-Indo-Europeus ("Arianos" ou "Jafetitas").

Arqueologicamente muito pouco se sabe dos cimérios da costa norte do Mar Negro. Sugeriu-se que possam ter compreendido a tão-chamada "cultura catacúmbica" do sul da Rússia, aparentemente expulsa pela "cultura Srubna" que avançara a partir do oriente mais além. Isso está de acordo com o relato grego de como os cimérios foram substituídos pelos citas. Contudo, a expulsão da cultura catacúmbica foi situada, através da datação de carbono, no segundo milênio a.C., várias centenas de anos antes de qualquer relato da aparição dos citas na Ásia; os quadros temporais conflitam-se de maneira tal que é difícil conciliá-los.

Algumas estelas de pedra encontradas na Ucrânia e no norte do Cáucaso tiveram sua origem ligada à civilização ciméria. Essas estelas possuem um estilo claramente diferente das estelas tanto dos citas tardios como das dos primeiros Iamnas/Kemi-Obas.

Registos históricos

O primeiro registo histórico dos cimérios aparece nos anais da Assíria no ano 714 a.C. Eles descrevem como um povo chamado Gimirri ajudou as forças de Sargão II a derrotar o reino de Urartu. Sua terra original, chamada Gamir ou Uishdish, parece ter sido localizada no Estado-tampão de Mannai. O geógrafo posterior Ptolomeu colocou a cidade de Gomara nessa região.

Alguns autores modernos afirmam que os cimérios incluíam mercenários, chamados pelos assírios de Khumri, restabelecidos na região por Sargão. Contudo, gregos de épocas posteriores sustentam que os cimérios, antes disso, haviam vivido nas estepes entre os rios Tyras (Dniester) e Tanais (Don). Homero os descreve em seu livro 11 da Odisséia como habitantes de terras enevoadas e de trevas nos limites do mundo, às margens de Oceanus. Vários reis cimérios são mencionados em fontes gregas e mesopotâmicas, incluindo o Tugdamme (Lygdamis em grego) e o Sandakhshatra (final do século VII a.C.).

De acordo com as Histórias de Heródoto (c. 440 a.C.), os cimérios haviam, em determinado ponto do passado, sido expulsos das estepes pelos citas. Para garantir seu enterro na pátria de seus ancestrais, os membros da família real ciméria dividiram-se em grupos e lutaram entre si até a morte. Os camponeses cimérios enterraram os corpos ao largo do rio Tyras e, através do Cáucaso, fugiram do avanço

Língua

Da língua dos cimérios, apenas alguns poucos nomes pessoais sobreviveram, encontrados em inscrições assírias:

  • Te-ush-pa, mencionado nos anais de Assarhaddon, foi comparado à entidade hurrita de guerra Teshub; outros o consideram iraniano, comparando-o com o nome aquemênida Teispes (Heródoto 7.11.2)
  • Dug-dam-me (Dugdammê), rei dos Ummân-Manda (nômades), aparece numa oração proferida por Assurbanípal a Marduk, encontrada num fragmento hoje guardado no Museu Britânico. Seu nome também pode ser grafado como Dugdammi e Tugdammê. Yamauchi (1982) considera o nome como sendo iraniano, citando o termo osseto "tux-domaeg", que significa "governando com força". O nome aparenta ser uma corruptela no Lygdamis de Estrabão (I.3.21).
  • Sandaksatru, filho de Dugdamme. Essa é uma interpretação iraniana do nome, e Mayrhofer (1981) indica que o nome também pode ser lido como Sandakurru. Mayrhofer rejeita a interpretação do nome como "com pura regência", uma mistura de iraniano e indo-ariano. Ivancik sugere uma associação com a divindade Sanda da Anatólia.

Alguns pesquisadores tentaram traçar vários topônimos a origens cimérias. Sugeriu-se que a Criméia recebeu seu nome em prol dos cimérios. Contudo, essa parece ser uma falsa premissa. O nome Criméia relaciona-se ao turco qyrym, que significa "fortaleza", e a península, na antigüidade, era na verdade conhecida como Quersoneso Táurico ("península dos Tauri") - cf. Estrabão 7.4.1; Heródoto 4.99.3, Amm. Marc. 22.8.32).

Os cimérios atualmente são classificados como um povo iraniano, mas com base em fontes históricas gregas da antigüidade, uma associação trácia (e, mais raramente, celta) pode ser levada em consideração. De acordo com C. F. Lehmann-Haupt, a língua dos cimérios poderia ter sido o "elo perdido" entre os idiomas trácio e iraniano.

Possíveis ramificações

Acredita-se que há certo número de ramificações com origem nos cimérios. Os Trácios foram identificados como um possível ramo ocidental daquele povo. Se Heródoto estiver correto, ambos os povos originalmente habitaram a costa norte do Mar Negro, e ambos foram forçados a deixar a área ao mesmo tempo devido a invasores vindos do leste. Enquanto os cimérios haveriam abandonado sua pátria ancestral rumo ao leste e ao sul, através do Cáucaso, os trácios haveriam migrado ao oeste e ao sul através dos Bálcãs, onde estabeleceram uma cultura que floresceu, obtendo vida longa. Os Tauri, habitantes da Criméia que antecederam os cimérios, são às vezes identificados como um povo relacionado aos trácios.

Apesar de os cimérios de que se têm conhecimento via registos históricos terem seu lugar na história por um curto período de tempo (século VII a.C.), diversos povos celtas e germânicos mantêm a tradição de serem descendentes dos cimérios ou dos citas, e alguns de seus nomes étnicos parecem corroborar a crença (p.ex. Cymru, Cwmry ou Cumbria, Cimbre). É pouco provável que o proto-celta ou o proto-germânico hajam alcançado a Europa tão tardiamente como o século VII a.C., uma vez que sua formação é comumente associada, respectivamente, à cultura dos Campos de Urnas da Idade do Bronze e à Idade do Bronze Nórdica. Todavia, é concebível que uma migração "traco-ciméria" de pequena escala (em termos populacionais) do século VIII a.C. possa ter resultado em mudanças culturais que contribuíram na transformação da cultura de Campos de Urna na cultura de Hallstatt, sendo introduzida durante a Idade do Ferro européia.

A etimologia de Cymru (termo galês para o País de Gales) e de Cwmry (Cumbria), que, de acordo com a tradição galesa, deriva diretamente de "cimérios", é considerada, por uma outra corrente, como provinda do celta kom-broges, que significa "compatriotas". No que diz respeito à tribo Cimbre, não se sabe ao certo se eram celtas, germânicos ou se algum outro povo, provindo dum grupo Indo-Europeu Ocidental anterior conectado aos Lígures. Além disso, os reis Merovíngios dos francos tradicionalmente traçavam sua linhagem, passando por uma tribo pré-franca chamada Sicambre, chegando, fundamentalmente, a um grupo de "cimérios" que viviam na boca do rio Danúbio.

Se os citas realmente mantêm parentesco com os cimérios, como foi-se freqüentemente exposto, muitos outros povos que reivindicam descendência cítica poderiam ser adicionados à lista.

A associação dos cimérios a uma das Tribos Perdidas de Israel também desempenhou certo papel no Israelismo Britânico.

Ver também