Êxtase: diferenças entre revisões
Desfeita a edição suspeita de 201.26.71.134 |
m Checkwiki + ajustes |
||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{ver desambig}} |
{{ver desambig}} |
||
'''Êxtase''', literalmente quer dizer arrebatar, desprender subitamente, elevar-se (do gr. ékstasis, pelo lat. tard. ecstase, exstase, êxtase), corresponde ao sentimento de prazer, [[orgasmo]] ou encantamento divino, [[transe]], resultado da meditação. Também denominado [[consciência]] cósmica (ampliada) em comunhão com a natureza; iluminação; paz equivalente ao Nirvana que no [[Budismo]], é estado de ausência total de sofrimento. |
'''Êxtase''', literalmente quer dizer arrebatar, desprender subitamente, elevar-se (do gr. ékstasis, pelo lat. tard. ecstase, exstase, êxtase), corresponde ao sentimento de prazer, [[orgasmo]] ou encantamento divino, [[transe]], resultado da meditação. Também denominado [[consciência]] cósmica (ampliada) em comunhão com a natureza; iluminação; paz equivalente ao Nirvana que no [[Budismo]], é estado de ausência total de sofrimento. |
||
Por se derivar de uma palavra grega (ékstasis) poderia se ter como padrão o transe profético e |
Por se derivar de uma palavra grega (ékstasis) poderia se ter como padrão o transe profético e visões talvez causadas por inalações do vapor ([[Etileno]]? ou [[Dióxido de carbono]] de origem vulcânica?) respirado por Pítia a Sacerdotisa de [[Apolo]] do [[Oráculo]] de Delphos ou e as experiências de possessão do culto de [[Dioniso|Dionísio]] e por extensão das religiões pagãs, utilizando a classificação católica que se distingue das não cristãs com seus transes associados ao [[jejum]], orações, abstinência sexual e/ou auto-flagelação e [[exorcismo]]s. |
||
Um livro clássico e esclarecedor sobre o tema foi escrito por [[William James]], [http://xroads.virginia.edu/~HYPER/WJAMES/toc.html Variedades da experiência religiosa] (1914). Uma reflexão sobre a ampla possibilidade de definições do êxtase ou transe na realidade traduz a diversidade de religiões e crenças humanas. |
Um livro clássico e esclarecedor sobre o tema foi escrito por [[William James]], [http://xroads.virginia.edu/~HYPER/WJAMES/toc.html Variedades da experiência religiosa] (1914). Uma reflexão sobre a ampla possibilidade de definições do êxtase ou transe na realidade traduz a diversidade de religiões e crenças humanas. |
||
== Técnicas do êxtase == |
== Técnicas do êxtase == |
||
O estado de êxtase já foi comparado aos estados hipnóticos e do sono concebidos por [[Ivan Petrovich Pavlov|Pavlov]] como similares e contínuos (em fases, hoje identificados com [[Eletroencefalografia|EEG]]) à vigília ou do sonho distinguindo-se desse último por manter a atividade psicomotora, denominado por alguns de sonho lúcido, equivalente também aos estados induzidos por [[enteógeno]]s e outras substâncias psicoativas. Sargant, (1975) compara estes aos estados induzidos nas religiões de possessão e à [[Eletroconvulsoterapia|terapia por choque elétrico]] e choque de [[insulina]], já utilizados como tratamento psiquiátrico, com suas típicas fases de intensa excitação, colapso e inibição temporária. |
O estado de êxtase já foi comparado aos estados hipnóticos e do sono concebidos por [[Ivan Petrovich Pavlov|Pavlov]] como similares e contínuos (em fases, hoje identificados com [[Eletroencefalografia|EEG]]) à vigília ou do sonho distinguindo-se desse último por manter a atividade psicomotora, denominado por alguns de sonho lúcido, equivalente também aos estados induzidos por [[enteógeno]]s e outras substâncias psicoativas. Sargant, (1975) compara estes aos estados induzidos nas religiões de possessão e à [[Eletroconvulsoterapia|terapia por choque elétrico]] e choque de [[insulina]], já utilizados como tratamento psiquiátrico, com suas típicas fases de intensa excitação, colapso e inibição temporária. |
||
Segundo Eliade (2002) todas as tradições mitológicas do [[xamanismo]] têm ponto de partida numa ideologia e numa técnica de êxtase que implicam a viagem do [[espírito]] Assinala que o meio mais antigo e clássico foi a dança proporcionando esta tanto o voo mágico (citando como exemplo as fantásticas viagens pelo Universo descritas pelos chineses) como a descida de um espírito ou divindade ressaltando que essa última não necessariamente implicava na [[possessão]], o espírito podia [[Inspiração|inspirar]] o [[xamã]]. |
Segundo Eliade (2002) todas as tradições mitológicas do [[xamanismo]] têm ponto de partida numa ideologia e numa técnica de êxtase que implicam a viagem do [[espírito]] Assinala que o meio mais antigo e clássico foi a dança proporcionando esta tanto o voo mágico (citando como exemplo as fantásticas viagens pelo Universo descritas pelos chineses) como a descida de um espírito ou divindade ressaltando que essa última não necessariamente implicava na [[possessão]], o espírito podia [[Inspiração|inspirar]] o [[xamã]]. |
||
Linha 15: | Linha 15: | ||
- Danças sagradas |
- Danças sagradas |
||
- [[Jejum]] |
- [[Jejum]] |
||
- [[Dor]] (auto-flagelação) |
- [[Dor]] (auto-flagelação) |
||
Linha 44: | Linha 44: | ||
ELIADE, MIRCEIA. Yoga, imortalidade e liberdade. SP, Palas Athena, 1996 |
ELIADE, MIRCEIA. Yoga, imortalidade e liberdade. SP, Palas Athena, 1996 |
||
HALE, JOHN R.; DE BOER, JELLE ZEILINGA; CHANTON, JEFFREY P.; SPILLER, HENRY A. Questioning the Delphic Oracle. Scientific American Magazine - |
HALE, JOHN R.; DE BOER, JELLE ZEILINGA; CHANTON, JEFFREY P.; SPILLER, HENRY A. Questioning the Delphic Oracle. Scientific American Magazine - July 15, 2003 disponível na: |
||
* {{Link||2=http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=questioning-the-delphic-o&page=1 |3=Scientific American Magazine}} |
|||
NEEDLEMAN, JACOB; LEWIS, DENNIS. (org.) No caminho do autoconhecimento, as antigas tradições religiosas do oriente e os objetivos e métodos da psicoterapia. SP, Pioneira, 1982 |
NEEDLEMAN, JACOB; LEWIS, DENNIS. (org.) No caminho do autoconhecimento, as antigas tradições religiosas do oriente e os objetivos e métodos da psicoterapia. SP, Pioneira, 1982 |
||
Linha 53: | Linha 53: | ||
SARGANT, WILLIAM. A conquista da mente, fisiologia da conversão e da lavagem cerebral. SP, Ibrasa, 1968 |
SARGANT, WILLIAM. A conquista da mente, fisiologia da conversão e da lavagem cerebral. SP, Ibrasa, 1968 |
||
{{DEFAULTSORT:Extase}} |
|||
[[Categoria:Xamanismo]] |
[[Categoria:Xamanismo]] |
||
[[Categoria:Psicoterapia]] |
[[Categoria:Psicoterapia]] |
Revisão das 16h46min de 21 de janeiro de 2012
Êxtase, literalmente quer dizer arrebatar, desprender subitamente, elevar-se (do gr. ékstasis, pelo lat. tard. ecstase, exstase, êxtase), corresponde ao sentimento de prazer, orgasmo ou encantamento divino, transe, resultado da meditação. Também denominado consciência cósmica (ampliada) em comunhão com a natureza; iluminação; paz equivalente ao Nirvana que no Budismo, é estado de ausência total de sofrimento.
Por se derivar de uma palavra grega (ékstasis) poderia se ter como padrão o transe profético e visões talvez causadas por inalações do vapor (Etileno? ou Dióxido de carbono de origem vulcânica?) respirado por Pítia a Sacerdotisa de Apolo do Oráculo de Delphos ou e as experiências de possessão do culto de Dionísio e por extensão das religiões pagãs, utilizando a classificação católica que se distingue das não cristãs com seus transes associados ao jejum, orações, abstinência sexual e/ou auto-flagelação e exorcismos.
Um livro clássico e esclarecedor sobre o tema foi escrito por William James, Variedades da experiência religiosa (1914). Uma reflexão sobre a ampla possibilidade de definições do êxtase ou transe na realidade traduz a diversidade de religiões e crenças humanas.
Técnicas do êxtase
O estado de êxtase já foi comparado aos estados hipnóticos e do sono concebidos por Pavlov como similares e contínuos (em fases, hoje identificados com EEG) à vigília ou do sonho distinguindo-se desse último por manter a atividade psicomotora, denominado por alguns de sonho lúcido, equivalente também aos estados induzidos por enteógenos e outras substâncias psicoativas. Sargant, (1975) compara estes aos estados induzidos nas religiões de possessão e à terapia por choque elétrico e choque de insulina, já utilizados como tratamento psiquiátrico, com suas típicas fases de intensa excitação, colapso e inibição temporária.
Segundo Eliade (2002) todas as tradições mitológicas do xamanismo têm ponto de partida numa ideologia e numa técnica de êxtase que implicam a viagem do espírito Assinala que o meio mais antigo e clássico foi a dança proporcionando esta tanto o voo mágico (citando como exemplo as fantásticas viagens pelo Universo descritas pelos chineses) como a descida de um espírito ou divindade ressaltando que essa última não necessariamente implicava na possessão, o espírito podia inspirar o xamã.
Ainda de modo provisório podemos enumerar as seguintes técnicas de indução ou produção de êxtase ou transe místico:
- Danças sagradas
- Jejum
- Dor (auto-flagelação)
- Controle e técnica sexual (Tantra yoga)
- Consumo de substâncias psicoativas
- Privação do sono / controle do sonho
- Exercícios respiratórios & meditação (Samhadi yoga)
Observe-se que a mesma técnica ou substancia psicoativa pode ter diferentes efeitos a depender do contexto ritual e expectativa de efeito tanto por parte do experimentador ou integrante de um grupo como da relação desse grupo e crença com a da sociedade hegemônica.
Ver também
- Religião
- Enteógenos
- Meditação
- Meditação budista / Zazen
- Meditação taoísta
- Meditação transcendental
- Psicoterapia psicodélica
- Psicologia da religião
Referências
ELIADE, MIRCEIA. O xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase. SP, Martins Fontes, 2002
ELIADE, MIRCEIA. Yoga, imortalidade e liberdade. SP, Palas Athena, 1996
HALE, JOHN R.; DE BOER, JELLE ZEILINGA; CHANTON, JEFFREY P.; SPILLER, HENRY A. Questioning the Delphic Oracle. Scientific American Magazine - July 15, 2003 disponível na:
NEEDLEMAN, JACOB; LEWIS, DENNIS. (org.) No caminho do autoconhecimento, as antigas tradições religiosas do oriente e os objetivos e métodos da psicoterapia. SP, Pioneira, 1982
SARGANT, WILLIAM. A possessão da mente, uma fisiologia da possessão, dos misticismo e da cura pela fé. RJ, Imago, 1975
SARGANT, WILLIAM. A conquista da mente, fisiologia da conversão e da lavagem cerebral. SP, Ibrasa, 1968