Romanização do russo: diferenças entre revisões

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==Referências==
*CASTRO, Tanira. '''Dicionario Bilíngue Escolar Russo-Português'''. Porto Alegre: EdUFRGS, 2004.
*'''Dicionário Mini Russo-Português Português-Russo'''. Lisboa: Porto Editora, 2006.
*'''Dicionário Russo-Português'''. Moscou: Gossudarstvennoe Izdatesl’stvo Inostrannîkh i Natsional’nîkh Slovarei, 1961.
*FOLHA DE SÃO PAULO. '''Manual da Redação'''. São Paulo: Publifolha, 2005.
*JORNAL DO BRASIL. '''Normas de Redação'''. Rio de Janeiro: Editora JB, 1973.
*JORNAL DO BRASIL. '''Normas de Redação'''. Rio de Janeiro: Editora JB, 1988.
*NUNES, C. '''Dicionário de Bolso Russo-Português'''. Lisboa: Ulmeiro: 1988.
*O GLOBO. '''Manual de Redação e Estilo'''. organizado e editado por Luiz Garcia. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1992.
*VOINOVA, N. et alii. '''Dicionário Russo-Português'''. Lisboa: Ulmeiro: 2000.
*VOINOVA, N.; STARETS, S.M. '''Dicionário Prático Russo-Português'''. Moscou: Edições Russki Yazik, 1989.

==Veja também==
* [[Transliteração]]
[[Categoria:Transliteração]]
[[Categoria:Transliteração]]

Revisão das 16h13min de 17 de maio de 2012

A transliteração de russo para português é o processo de transliteração da língua russa para a língua portuguesa.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tinha um padrão estabelecido pela NB-102 de 1961, para determinar a transliteração em datilografia. Esta tabela era especialmente desenhada para adaptar-se às limitações das máquinas de escrever, que não aceitavam “caracteres especiais” como os computadores atuais. Em fevereiro de 2006, esta norma foi cancelada sem substituição – isto é, a ABNT não propõe nenhuma atualmente.

Os (poucos) dicionários bilíngues russo-português e português-russo (os da Porto Editora, 2006, da Edições Russki Yazik, 1989, e da Gossudarstvennoe Izdatesl’stvo Inostrannîkh i Natsional’nîkh Slovarei, 1961) são coerentes nesta questão e adotam todos o seguinte padrão nas transliterações e transcrições fonéticas:

  • IA, IO e IU para transliterar Я, Ё e Ю, respectivamente; nunca “Y”
  • sempre I para transliterar Й (semivogal “i breve”); nunca “Y”
  • K para transliterar К, em qualquer situação
  • KH para transliterar Х (“aspirado”)
  • CH para Ш (não SH), TCH para Ч (não CH) e J para Ж (não ZH)
  • SS dobrado para С quando entre vogais
  • sem acentuação tônica

Existem outros padrões estrangeiros de transliteração cirílico-latino (dos quais alguns se supõem internacionais, embora sejam exclusivamente baseados na ortografia inglesa).

TC (Transliteração Científica ou International Scholarly System)

A transliteração “científica” é baseada na língua servo-croata, que usa os dois alfabetos indistintamente, na correspondência quase perfeita entre cirílico e latino. Ironicamente, foi desenvolvida não por anglófonos, mas pelos alemães da Preußische Instruktionen (a organização de padrões do II Reich). Ela designa um caractere latino para cada letra cirílica, mas inclui diversos sinais diacríticos e caracteres adaptados, como o 'đ', o 'ć' e todos com o haček ou caron (o "circunflexo invertido"): Č, Ğ, Š, Ř, Ť, Ž.

A transliteração científica é plenamente adotada na Itália, tanto pela imprensa quanto por normas acadêmicas. Nenhum outro país a utiliza disseminadamente.

Alguns softwares de processadores de texto não reconhecem a imensa maioria dos diacríticos e adaptados. Nesses casos, a TC perde a utilidade, já que confunde 'd' e 'đ', 's' e 'š', 'z' e 'ž', 'c', 'č' e 'ć'.

ISO 9

O padrão da ISO (Organização Internacional de Padrões) é baseado na TC, mas com algumas adaptações. As principais delas são usar mais acentos, diacríticos e caracteres semelhantes, como Š e Ŝ (o que vários programas de computador não diferenciam). Ela foi estabelecida pela primeira vez em 1954 e sofreu adaptações em 1968, 1986 e 1995. A versão mais recente da norma é a ISO 9:1995, a primeira feita após o advento da internet e a disseminação da informática, que permitiu a adoção de caracteres antes não disponíveis nas máquinas de escrever.

Com a norma ISO 9, algumas diferenças importantes são abordadas (que outros padrões deixam de fora), como a inexistência do G em ucraniano (assim, o nome do técnico da seleção brasileira de ginástica artística é Oleh Ostapenko) e o K e o G palatalizados do macedônio (Ќ e Ѓ). Mas, de forma geral, sua acentuação é complexa e praticamente impossível de reproduzir na imprensa.

A documentação da ISO 9:1995 pode ser comprada

GOST 16876-71

O padrão GOST (GOssudarstvennîi STandart) da Agência Nacional de Geodésia e Cartografia da União Soviética foi criado em 1971. Ele é o único sistema de transliteração que não usa diacríticos, apenas dígrafos e trígrafos. É nele que se baseia a esmagadora maioria das transliterações para língua inglesa do russo e das outras línguas faladas na ex-URSS que usavam o cirílico, inclusive as não-eslavas, como cazaque e romeno (moldavo).

O GOST 16876-71 foi adotado primeiro pelo Comecon (bloco econômico socialista) em 1978 e depois pela ONU em 1987, com a forma revisada de 1983. Em 2002, a Rússia abandonou o GOST-71 em favor do ISO-9:1995, rebatizado lá como GOST-2000. Mais tarde, o padrão da ONU também foi modificado, passando a trocar dígrafos por diacríticos (isto é, 'sh' por 'š' etc.).

O problema, para nós, é que os sons propostos não têm nenhuma relação em absoluto com a ortografia portuguesa. Assim, ele propõe o uso do 'j' como semivogal, e o dígrafo 'zh' para o som do nosso /j/. Isso pode levar a inúmeras confusões de grafia e pronúncia, tais quais o nome “Juzhnaja Amеrika” (América do Sul) sendo pronunciado como /juznaja/ quando na verdade é /iújnaia/.

Além disso, também usam 'û' para o som de “iú” e 'â' para o som de “ia”, o que pode levar a ambigüidades e confusões nos processadores de texto como o MS Word.

Também segundo esse padrão, o sobrenome de Boris Iéltsin deveria ser escrito “Elcin”.

Folha de S.Paulo

O jornal brasileiro Folha de S.Paulo segue um padrão fixo que, embora possa parecer radical, é coerente e coaduna tanto com os dicionários russo-português quanto com a regra do Aurélio. Abaixo está a tabela de referência adotada pelo jornal e algumas orientações específicas do manual. Note-se que ela vale especificamente para o russo, não para todas as línguas que usam o cirílico.

Russo Inglês Espanhol Português
A A A A
Б B B B
В V V V
Г G G/GU G/GU
Д D D D
Е ou Ё ** E/O/YE/YO E/O/IE/IO
Ж ZH ZH (ou Y) J
З Z Z Z
И I I I
Й I/Y I I
К K K K
Л L L L
М M M M
Н N N N
О О О О
П P P P
Р R R R
С S S S/SS
Т Т Т Т
У U U U
Ф F F F
Х KH J/H KH
Ц TS TS TS
Ч CH CH TCH
Ш SH SH CH
Щ SHCH SHCH SCH
Ъ - - -
Ы Y I I
Ь - - -
Э E E E
Ю YU IU IU
Я YA IA IA

“** Pode soar como E, IE ou IO. Após as consoantes TCH, CH, SCH e J, use sempre E ou O. Após vogais, as demais consoantes, espírito brando ou em posição inicial, use E, IE ou IO. A diferença entre E, IE e IO tem de ser conhecida de antemão. Em textos para iniciantes ou crianças, indica-se que o som é IO com um trema sobre a letra cirílica E.” (contrastar com observação abaixo)

Além destas, o jornal faz as seguintes orientações específicas:

  • “Translitere segundo a pronúncia aproximada. (...) Acentue os nomes e topônimos de acordo com as normas do português: Púchkin, Ievguêni, Trótski, Lênin; mas Gorbatchov, Khruschov, Gavriil. Se você não tiver certeza sobre a sílaba tônica, não marque nenhum acento.
  • Quando as transliterações inglesas e espanholas conflitarem e você não tiver acesso ao original russo, passe para o português através do inglês, cuja transliteração é em geral mais uniforme que a espanhola.
  • Simplifique os sufixos ЫЙ e ИЙ por I. (...)
  • Use GU antes do E e I.
  • Use SS em posição intervocálica.
  • Alguns nomes russos se consagraram por uma outra transliteração. Respeite: Rachmaninoff, Rostovtzeff. Lembre-se de que muitos topônimos russos chegaram ao português através de outras línguas e não diretamente do russo. Assim, escreve-se Moscou e não Moskva, São Petersburgo e não Sankt Peterburg.
  • São sempre louváveis os esforços para escrever em português nomes de línguas grafadas em alfabetos não-latinos. Entretanto, o aportuguesamento deve ser feito com muito cuidado e de maneira sistemática, sempre após consulta a especialista.”

Comparação entre diferentes padrões de transliteração de cirílico

A tabela abaixo faz uma comparação entre diferentes padrões usando o nome do dirigente soviético "Никита Хрущёв" como exemplo, apresentando em cada norma aplicada (incluindo a forma em português) como ficaria a grafia transliterada e como ela apareceria nas limitações dos softwares que não reconhecem caracteres diacríticos:

NORMA RECOMENDAÇÃO APROXIMAÇÃO
TC Nikita Xruščëv Nikita Xruscëv
ISO 9 Nikita Hruŝëv Nikita Hrusëv
GOST/inglês Nikita Khrushchev Nikita Khrushchev
espanhol Nikita Jrushchov Nikita Jrushchov
francês Nikita Khrouchtchev Nikita Khrouchtchev
alemão Nikita Chruschtschow Nikita Chruschtschow
dicionários Nikita Khruschov Nikita Khruschov
Folha Nikita Khruschov Nikita Khruschov
Aurélio Nikita Khrushchov Nikita Khrushchov
Infopédia Nikita Khrushchev Nikita Khrushchev
Lello Universal Nikita Khruchtchev Nikita Khruchtchev


Referências

  • CASTRO, Tanira. Dicionario Bilíngue Escolar Russo-Português. Porto Alegre: EdUFRGS, 2004.
  • Dicionário Mini Russo-Português Português-Russo. Lisboa: Porto Editora, 2006.
  • Dicionário Russo-Português. Moscou: Gossudarstvennoe Izdatesl’stvo Inostrannîkh i Natsional’nîkh Slovarei, 1961.
  • FOLHA DE SÃO PAULO. Manual da Redação. São Paulo: Publifolha, 2005.
  • JORNAL DO BRASIL. Normas de Redação. Rio de Janeiro: Editora JB, 1973.
  • JORNAL DO BRASIL. Normas de Redação. Rio de Janeiro: Editora JB, 1988.
  • NUNES, C. Dicionário de Bolso Russo-Português. Lisboa: Ulmeiro: 1988.
  • O GLOBO. Manual de Redação e Estilo. organizado e editado por Luiz Garcia. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1992.
  • VOINOVA, N. et alii. Dicionário Russo-Português. Lisboa: Ulmeiro: 2000.
  • VOINOVA, N.; STARETS, S.M. Dicionário Prático Russo-Português. Moscou: Edições Russki Yazik, 1989.

Veja também