Karim Aïnouz: diferenças entre revisões

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* [http://pt.wikipedia.org/wiki/Alice_(s%C3%A9rie) Alice (série)]


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Revisão das 18h55min de 3 de janeiro de 2013

Karim Aïnouz é diretor de cinema e artista visual. “Os filmes de Karim Aïnouz escapam de tudo o que se espera do cinema brasileiro contemporâneo.(...) Karim Aïnouz segue um caminho pessoal, inclassificável.” [1]

Biografia

Franco-brasileiro, nasceu em Fortaleza, Ceará. Formou-se em arquitetura pela Universidade de Brasília e fez mestrado em Teoria do Cinema pela Universidade de Nova York, se especializando em teoria cultural pelo programa de estudos independentes do Whitney Museum of American Art.

No período em que morou nos Estados Unidos, Aïnouz trabalhou como assistente de montagem e direção em vários longas, entre os quais, Poison (Haynes, 1990), Swoon (Kalin, 1991) e Postcards from America (McLean, 1993). Ganhou uma bolsa do New York State Council on the Arts e do Jerome Foundation for the Arts, e foi também convidado como artista residente pelo centro de mídias do New York Film Video Arts e pelo Banff Centre for the Arts (Canadá). Em 2004, recebeu a prestigiosa bolsa Berliner Künstler Program do DAAD – German Academic Exchange Service. Seus curtas-metragens ( ) foram considerados inovadores, sendo exibidos em mais de 50 festivais no Brasil e no exterior, incluindo os de Roterdã, Oberhausen, Londres, MoMa (Nova Iorque), Vancouver e Atlanta.

Seu primeiro longa-metragem, Madame Satã, foi selecionado para a mostra Un Certain Regard do Festival de Cinema de Cannes em 2002 e recebeu mais de 40 prêmios em festivais nacionais e internacionais além de ter sido distribuído comercialmente em mais de 20 países. O Céu de Suely, seu segundo longa-metragem, foi selecionado para a Mostra Orizzonti no Festival de Veneza de 2006 e recebeu os prêmios de Melhor Filme, Direção e Atriz no Festival Internacional do Rio de Janeiro dentre outros 30 prêmios internacionais. Em 2008, Aïnouz escreveu e dirigiu a série de TV Alice [2] em parceria com Sergio Machado. Produzida pela HBO Latinoamerica e exibida no Brasil e em toda a América Latina e Estados Unidos, a serie deu origem a dois filmes para a televisão.

Em 2009, realizou em parceria com Marcelo Gomes o longa-metragem Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo, selecionado para a mostra Orizzonti no Festival de Veneza. O filme recebeu, entre outros, o Prêmio Grand Coral, no Festival de Havana, Melhor Filme no Festival du Cinèma Brésilien de Paris e Melhor Direção e Fotografia no Festival Internacional do Rio de Janeiro. O filme foi apresentado em mais de 40 festivais internacionalmente e lançado em salas de cinema no Brasil, México e Estados Unidos.

Em 2010, dirigiu um dos fragmentos do longa-metragem Desassossego que teve estreia mundial no Festival Internacional de Roterdam. Realizou, a convite da Sharjah Art Foundation, o filme Sonnenallee, exibido na Bienal de Sharjah de 2011. No mesmo ano, finalizou seu curta-metragem para a Coleção Destricted Brasil. Seu último longa-metragem, O Abismo Prateado, estreou na Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes 2011 e recebeu o prêmio de Melhor Diretor no Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro.

Filmes e projetos

Início

Karim cresceu cercado de mulheres fortes, em uma família de classe média de Fortaleza. Hoje mora em Berlim, mas já passou por Fortaleza, Brasília, Paris, Grenoble, Nova York, Londres, São Paulo e Rio. Os caminhos até o cinema foram construídos por essa incapacidade crônica de parar quieto e por um sentimento de não pertencer a lugar nenhum. Em 1988, recebeu uma bolsa para estudar arquitetura em Nova York, mas pouco tempo depois estava estudando Belas Artes. Foi assim da pintura à fotografia e então ao cinema experimental. O desejo de ser pintor acabou nas tediosas aulas de modelo vivo e na leitura de "A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica", de Walter Benjamin. Carregado por uma amiga, matriculou-se num curso de teoria do cinema. Pouco tempo depois estava totalmente envolvido na nova cena do cinema independente americano, trabalhando como assistente de casting (elenco) e de montagem em "Veneno", de Todd Haynes -vencedor do Sundance Film Festival de 1991. Depois, tornou-se assistente da produtora Christine Vauchon, que fez nove entre dez dos filmes mais representativos da época.

Interessado no cinema como extensão da fotografia, Karim realizou seus primeiros filmes onde ensaiava uma expressão visual daquilo que lhe era íntimo e também político. Seu filme Seams (1993) universaliza questionamentos acerca da figura masculina na cultura nordestina enquanto mergulha com afeto no mundo pessoal de suas tias-avós.

Longas-metragens e outros projetos

Madame Satã, o primeiro longa de Karim, conta a história do malandro homossexual feito mito da Lapa carioca nos anos 30. Contemplado com o Hubert Bals Fund [3] em 1999, foi filmado em locações no Rio de Janeiro entre março e junho de 2001. Selecionado para a mostra "Un Certain Regard" do Festival de Cannes, "Madame Satã" foge aos rótulos da cinebiografia clássica e do "filme de época" ao operar um recorte muito específico na vida de seu personagem central e estabelecer laços entre sua trajetória sui generis com os dias de hoje.

Numa análise notável do desfecho de "Madame Satã", Ismail Xavier[4] vê a afirmação da autoestima de uma figura potente em seu confronto com a repressão sexual, racial. "Este gesto de reinventar-se", prossegue Ismail, "fez de 'Madame Satã' um exemplo dessa alternativa ao ressentimento, impotência, auto-envenenamento" que o crítico vê no cinema brasileiro contemporâneo.

Seu longa-metragem seguinte partiu de um "fait divers" lido num jornal, sobre uma garota que rifou seu corpo para sair de sua cidade. Em 2004, morando em Berlim como bolsista do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), Karim decidiu escrever o roteiro de "O Céu de Suely". Para a produção, o projeto ganhou apoio do World Cinema Fund.

Tal como em seu primeiro filme, "Seams" (1993), o cineasta tomou as mulheres de sua família como modelo para criar as personagens. O tom de "O Céu de Suely" recusa julgamentos e aposta na capacidade de reinvenção da protagonista da história. "Suely não se desenha como a boa alma disposta a sucumbir em nome da pureza, do amor perdido ou do retorno nostálgico à ordem familiar", analisa Ismail Xavier. "Seu ciclo de vida na pequena cidade compõe o entreato, a digestão da experiência que, por fim, a libera."

Em "Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo" (2010), que dirigiu em parceria com outro talento de sua geração, o cineasta pernambucano Marcelo Gomes, o protagonista não aparece diante dos olhos do espectador. Dele, só ouvimos a voz. Se os filmes costumam partir de roteiros para encontrar as imagens, "Viajo Porque Preciso..." fez o caminho inverso: quase todo o material visto na tela foi captado anos antes de o projeto cinematográfico tomar corpo, quando Karim e Marcelo viajaram pelo sertão cearense. O primeiro resultado foi um livro com fotos, colagens e objetos; o segundo, um média-metragem chamado "Sertão de Acrílico Azul Piscina" (2004).

Anos depois, voltaram ao material e o reorganizaram na forma de um "road movie". Captadas em diferentes formatos e com alta voltagem poética, as imagens pré-existentes ganharam novo sentido ao se submeterem à voz de José Renato (Irandhir Santos), personagem fictício, geólogo em viagem de trabalho. Em entrevista ao crítico Jean-Claude Bernardet, Karim transborda sua paixão pelo material que resultou no filme: "Hoje a imagem passou a ser sinônimo de ancoragem, em vez de decolagem. Às vezes a gente esquece que o cinema tem essa potência, de fazer a gente poder imaginar".

Realizou em Berlim, no inverno de 2011, o curta-metragem documental “Sunny Lane”, comissionado pela Sharjah Art Foundation. [5] Uma referência à rua Sonnenallee, onde havia um posto de controle na época do muro de Berlim e onde hoje se concentram lojas e restaurantes de imigrantes palestinos, turcos e libaneses. Filmado em Super 8, é um ensaio sobre exílio e a transposição de fronteiras; sobre um lugar imaginário, que toma como fio narrativo a última pessoa assassinada por tentar cruzar o muro, em 1989, meses antes de sua queda, naquela rua.

Em 2011 foi convidado a dirigir um dos curtas-metragens da coleção Destricted.br. Destricted.br é a versão brasileira de Destricted - concebido originalmente pelo curador inglês Neville Wakefield com artistas como Mathew Barney, Larry Clark e Richard Prince, entre outros. Produzido no Brasil por Lula Buarque de Hollanda, Márcia Fortes e Alessandra d'Aloia, Destricted.br partiu de um convite aos artistas a criar filmes de natureza erótica (explícitos ou não). Para Karim foi a oportunidade de fazer um filme não narrativo. Inspirado por imagens de Kaleidoscope Frenzy, projeto não realizado de Alfred Hitchcock, Karim filmou com o fotógrafo Mauro Pinheiro um casal de meia-idade em uma cachoeira próximo a Mangaratiba.

Prêmios

  • Segundo Prêmio Coral no Festival de Havana por O Abismo Prateado (2011)
  • Prêmio de Melhor Diretor no Festival do Rio por O Abismo Prateado (2011)
  • Prêmio de Melhor Diretor no Festival do Rio por Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (2009)
  • Prêmio FIPRESCI no Festival de Havana por Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (2009)
  • Terceiro Prêmio Coral no Festival de Havana por Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (2009)
  • Grand Coral no Festival de Havana por O Céu de Suely (2009)
  • Prêmio de Melhor Filme no Festival do Rio por O Céu de Suely (2006)
  • Prêmio de Melhor Diretor no Festival do Rio por O Céu de Suely (2006)
  • Prêmio de Melhor Direção no Festival de Biarritz por Madame Satã (2002);
  • Gold Hugo no Chicago International Film Festival por Madame Satã (2002);
  • Prêmio de Melhor Curta-metragem no Atlanta Film Festival (1994);
  • Prêmio de Melhor Curta-metragem no Ann Arbor Film Festival, em Michigan (1997).

Curiosidades

  • Madame Satã foi seu primeiro longa-metragem. Produzido com o suporte do Hubert Bals Fund, do Festival Internacional de Cinema de Roterdã. Com tal prêmio para desenvolvimento de roteiro, realizou uma intensa pesquisa: vasculhou o arquivo nacional, fontes jurídicas, entrevistou pessoas que conheceram a personagem título do filme na Lapa e na Ilha Grande, onde ficou preso. Foi também à cidade em que nasceu Madame Satã, no agreste de Pernambuco, e ao cemitério onde se dizia que estava o túmulo de sua mãe. A MPB dos anos 1920 e 1930 também foi uma importante fonte para entender a época, com a canção Mulato Bamba, de Noel Rosa, tendo sido composta para ele.

Filmografia

Como diretor

  • 2011 - O Abismo Prateado, Drama, 35mm, cor, 84 min.
  • 2011 - Sonnenallee, Documentário para a Sharjah Art Foundation, Super 8 para Digital, cor, 12 min.
  • 2010 - Viajo porque preciso, volto porque te amo , Drama , 35mm , cor, 75 min.
  • 2010 - Desassossego - Direção de um dos fragmentos, Drama , cor, 63 min.
  • 2008 - Alice, série da HBO
  • 2006 - O Céu de Suely (Suely in the Sky), 35mm, cor, 88 min.
  • 2002 - Madame Satã, 35mm, cor, 105 min.
  • 2000 - Rifa-me, 35 mm, cor, 28 min.
  • 1998 - Les Ballons des Bairros, Documentário para a France 3, vídeo, 26 min.
  • 1996 - Hic Habitat Felicitas, 35mm, cor, 26 min.
  • 1994 - Paixão Nacional, 16mm, cor, 9 min.
  • 1993 - Seams, documentário, 16mm, cor, 29 min.
  • 1992 - O Preso, vídeo, cor, 19 min.

Como roteirista

  • 2005 - Cinema, Aspirinas e Urubus, Drama, 35mm, cor, 104 min.
  • 2005 - Cidade Baixa , Drama , 35mm , cor, 93 min.
  • 2001 - Abril Despedaçado, Drama , 35mm , cor, 105 min.

Ver também

Referências

  1. Butcher, Pedro (13 de Junho de 2010). «Cinema de Karim Aïnouz: alta voltagem poética». Consultado em 03 de janeiro de 2013  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  2. «Alice HBO» 
  3. «HBF Harvest 2003» 
  4. Xavier, Ismail (13 de Junho de 2010). «Ismail Xavier fala sobre o cinema de Karim Aïnouz». Consultado em 03 de Janeiro de 2013  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. «Sunny Lane (Sonnenallee)» 

Ligações externas

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