Transtorno de ansiedade social: diferenças entre revisões

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Revisão das 11h02min de 25 de janeiro de 2013

O Transtorno Ansioso Social, vulgarmente chamado de fobia social ou sociofobia, é um transtorno ansioso descrito no DSM-IV, caracterizado por manifestações de alarme, tensão nervosa, medo e desconforto desencadeadas pela exposição à avaliação social — o que ocorre quando o portador precisa interagir com outras pessoas, realizar desempenhos sob observação ou participar de atividades sociais. Tudo isso ocorre até o ponto de interferir na maneira de viver de quem a sofre.

As pessoas afetadas por essa patologia compreendem que seus medos são excessivos e irracionais, no entanto experimentam uma enorme ansiedade e apreensão ao confrontarem situações socialmente temidas e não raramente fazem de tudo para evitá-las. Durante as situações temidas, é freqüentemente presente nessas pessoas a sensação de que os outros as estão julgando e, enfim, tais sujeitos não raramente temem ser reputados muito ansiosos, fracos ou estúpidos. Por conta disso, tendem freqüentemente a se isolarem.

As pessoas com ansiedade social são pessoas excessivamente preocupadas com o julgamento alheio, com a opinião dos outros a seu respeito, são perfeccionistas e determinadas. Com essas características, os portadores de fobia costumam ter alto senso de responsabilidade, bom desempenho profissional e avidez pelos desafios da vida social. A preocupação excessiva com as situações sociais onde estará sob apreciação alheia, desperta intensa ansiedade antecipatória.

Esta timidez torna-se patológica a partir do momento em que a pessoa sofre algum prejuízo pessoal, como deixar de concluir um curso, uma faculdade ou uma entrevista por causa de um exame final que exige uma apresentação pública diante de um avaliador(es).

A doença começa a se manifestar na infância e início da adolescência e segue um curso crônico com alta proporção de comorbidades o que faz com que seja considerado um importante problema de saúde pública, embora subreconhecido e subdiagnosticado. A fobia social é frequentemente confundida com excesso de timidez e traços de personalidade. Com isso, muitos sofrem a vida inteira sem saber que sofrem de um transtorno de ansiedade social. Quando o paciente não é diagnosticado precocemente as conseqüências são traumatizantes como pedidos de demissão, afastamento do trabalho, absenteísmo etc.

Estudos apontam fatores sociais, estilos de vida e formas de convívio entre as pessoas que podem causar a fobia social. Parece haver um padrão associado a um papel familiar como modelo de resposta às situações sociais: educação autoritária, superprotetora e pais inseguros predispõe a fobia social, mas também há fatores genéticos: o córtex singulado anterior e a amídala cerebral. Gêmeos, particularmente os monovitelinos (idênticos), têm maior incidência da doença do que a população em geral. Estudos apontam diferenças entre os fóbicos e não-fóbicos na forma de se auto-avaliarem. Os fóbicos pensam que não vão dar conta e que todos estão observando-as.

Parece haver uma associação estatisticamente significativa entre a fobia social e o ambiente familiar: quanto maiores os níveis de proteção e autoritarismo exercidos pelos pais, maiores os índices de fobia social, e, quanto maiores os níveis de carinho e autonomia dada pelo pais, menores são os índices de fobia social. Os fóbicos frequentemente são jovens e vivem em grandes cidades, onde o contato social é teoricamente maior.

Pode existir, na história do desenvolvimento da fobia social, alguma experiência social traumática, geralmente na infância, que tenha se abatido sobre uma pessoa psicologicamente vulnerável ou afetivamente mais sensível, com conseqüências negativas, contaminando novas relações sociais. De modo geral esses pacientes com ansiedade social começam a evitar situações sociais que provocam respostas ansiosas desagradáveis e, por trás dessa evitação, surgirá uma sensação de alivio, juntamente com sentimentos de culpa por não estar conseguindo enfrentar o problema. Cada conduta de evitação reforça a fobia e promove sua manutenção, de tal forma que, se não tratada, a Fobia Social tende a ser crônica e incapacitante. Isso é observado na psicologia, quando o fóbico é estimulado a enfrentar o problema, e que resulta na piora do estado mental, se isolando ainda mais após a experiência. A freqüência da Fobia Social é o segundo entre os transtornos fóbicos (25%), sendo superado apenas pela Agorafobia.

A fobia social não deve ser considerado uma forma exagerada de timidez, uma vez que os prejuízos incapacitantes que causam essa patologia não são atenuados sem auxílio ou tratamento médico. Um estudo recente mostrou que possivelmente 13% dos brasileiros sofrem deste transtorno[1]

Sintomas

Os sintomas da fobia social, experimentados pelos vários indivíduos em situações sociais, são, dos muitos, os seguintes:

  • Ansiedade crônica, às vezes associada também aos ataques de pânico.
  • Ansiedade antecipatória, isto é, aquela que surge antes de se expor socialmente, ou só de se pensar na situação temida.
  • Angústia e turvação do pensamento.
  • Tensão muscular, sudorese, dificuldade para falar, mal estar abdominal e falta de ar.
  • Medo de não estar em estado de comportar-se de modo adequado em situações sociais.
  • Erubescência (ficar corado).
  • Tremores nas mãos, pés ou voz.
  • Suor excessivo, suando frio (especialmente nas mãos).
  • Palpitações ou calafrios.
  • Medo de enrubescer-se ou balbuciar.
  • Tendência a evitar situações que o colocariam em exposição social (Tendência ao Isolamento).

Situações temidas

As situações sociais nas quais as pessoas afetadas por essa patologia mostram majoritariamente os sintomas, variam notavelmente de sujeito para sujeito.

  • Encontrar-se com pessoas desconhecidas pelas quais sentem atraídas.
  • Fazer amizades.
  • Falar em público.
  • Ir a uma entrevista.
  • Escrever, dirigir ou praticar esportes enquanto é observado.
  • Cantar ou tocar um instrumento musical em público.
  • Ser fotografado ou filmado.
  • Andar na rua, ser observado e julgado pelas pessoas.
  • Viajar de ônibus, metrô ou outro meio de transporte público.
  • Comer ou beber em público.
  • Demonstrar seus sentimentos.
  • Receber ou dar presentes.
  • Participar de eventos sociais e festas.
  • Comemorar aniversário, ser o centro das atenções.
  • Estar em espaço fechado onde há gente desconhecida.
  • Iniciar uma conversa com alguém.
  • Ser apresentado a outras pessoas.
  • Dar ou aceitar cumprimentos para pessoas desconhecidas.
  • Fazer ou receber chamadas telefônicas.
  • Atender pessoas no portão.
  • Comprar novas roupas.
  • Tomar iniciativas.
  • Medo de ir ao cabeleireiro, hospital, dentista, lojas, shoppings, bares etc...

A fobia social pode ser definida generalizada se os medos são experimentados na quase totalidade das situações sociais, enquanto pode ser definida específica se a ansiedade é experimentada apenas em determinadas situações sociais que podem variar de sujeito a sujeito.

Exemplos

As pessoas com fobia social generalizada ficam pensando que as pessoas das casas, dos carros, das lojas, da rua etc, estão olhando para ela de maneira diferente ou percebendo algo anormal nela (principalmente no rosto, comportamento ou aparência) e por isso as pessoas que sofrem de ansiedade social tentam evitar o contato visual e andam de cabeça baixa para evitar qualquer contato visual. Algumas pessoas fazem de tudo para nem sair de casa, ou, quando saem, elas sentem-se totalmente aliviadas quando voltam para casa, pois é o único lugar onde elas se sentem seguras.

Outra situação muito comum é quando a pessoa recebe estranhos em casa, mas conhecidos de outros familiares. A interação com um desconhecido e a possibilidade de ser julgado muito ansioso ou anormal pelo visitante torna-se muito doloroso para o fóbico social, principalmente por se dar dentro de sua casa que é seu único refúgio. O fóbico social frequentemente "marca" as pessoas que lhe trouxeram mais ansiedade e sofrimento (mesmo que em alguns casos, estas não tenham feito nada de errado) e tenta evitar ao máximo seu contato com esta pessoa no cotidiano.

O fóbico social frequentemente tem auto-imagem negativa, (independente da atratividade física), pensa que todos são melhores do que ele, adota uma personalidade muito pensativa a pequenos pormenores e acha que faz tudo mal feito, até quando é o melhor.

Frequentemente são indivíduos que vivem em grandes cidades, onde o contato social teoricamente é maior. São tímidos e educados, geralmente são mais inteligentes do que a maioria das pessoas, mas esta patologia faz com que ganhem uma personalidade reservada e depressiva. A fobia social é frequentemente confundida com excesso de timidez e traços de personalidade do indivíduo e muitos sofrem a vida inteira sem saber que sofre de um transtorno de ansiedade social.

Caracterísiticas associadas

O uso de bebida alcoólica é freqüente e um bom indicativo de que o paciente pode responder bem à medicação. Há o perigo do desenvolvimento de alcoolismo, o que pode ser revertido com o tratamento adequado da fobia social. O alcoolismo surge mais como uma tentativa equivocada de automedicação.

Nas relações conjugais observa-se que quando o tratamento é iniciado após o casamento, podem surgir conflitos conjugais. Isso acontece porque o cônjuge saudável estava acostumado à dominação e o fóbico à submissão. Quando o tratamento permite que a submissão se desfaça surgem naturalmente os conflitos, que podem ser superados com a cooperação e compreensão do cônjuge saudável. Pode ser necessária a complementação do tratamento da fobia social com uma psicoterapia de casais para superar essa fase.

Enfrentamento

Um dos grandes problemas da fobia social é que os fóbicos reconhecem que os seus medos e ansiedades são exagerados e irracionais, têm consciência de que seus sentimentos são inadequados e não correspondem à realidade, mas são incapazes de lidar com a situação. Na fobia social, o consciente e o bom senso não são suficientes para superar a timidez, sendo esta patologia de caráter orgânico/cognitivo e fora do alcance de uma decisão racional do paciente.

Essa intensa batalha mental traz um grande desgaste emocional para o fóbico. A situação é ainda mais agravada quando outras pessoas confrontam a falta de atitude do fóbico. Isso é observado na psicologia, quando o fóbico é estimulado a enfrentar o problema, e que resulta na piora do estado mental, se isolando ainda mais após a experiência. Experiências confrontantes resultam, na totalidade, em esgotamento físico e mental do fóbico.

Incapacitação

A fobia social incapacita a pessoa para o estudo, trabalho e demais atividades sociais privando o indivíduo de conquistas elementares na vida como amizades, relacionamentos amorosos, formação de uma família e crescimento profissional. Comumente, os portadores de fobia social abandonam a escola e os estudos. Os que conseguem trabalhar ou estudar, buscam profissões onde a exposição social é mínima ou em períodos noturnos. Com tanto esforço psicológico e sacrifício emocional de suportarem a sua propria exposição, com o tempo, eles mentalizam que não precisam das outras pessoas, e começam a evitar todas as situações sociais. Isolam-se de toda a sociedade, ganham uma personalidade muito depressiva e desiludidos com a vida, com a culpa do seu ser na consciência.

Tratamento

O tratamento de um fóbico social é feito com o uso de fármacos como o mais indicado clonazepam e antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina. O sucesso do tratamento depende de muitos fatores como o ambiente familiar e atividades de integração social de forma graduada e assistida.

Terapia

Existe uma terapia chamada Terapia cognitivo-comportamental que pode ajudar o fóbico social. São trabalhados os seguintes aspectos:

  • identificar padrões de pensamento e crenças negativas: crenças negativas de si próprio, expectativas negativas sobre o que vai acontecer nas situações sociais.
  • corrigir os erros de pensamento que se tornaram hábitos de pensar nas situações sociais: exigir um comportamento perfeito em todas as situações sociais, querer a aprovação de todo mundo.
  • aprender a gerir as emoções negativas: vergonha, culpa e embaraço.
  • aprender a relaxar.
  • aprender técnicas de assertividade, de expressão social e auto-afirmação.
  • aplicar gradualmente as técnicas em situações reais no dia-a-dia: ir ao supermercador, pegar o ônibus...

A terapia pode ser feita pelo portador da fobia mesmo ou com a ajuda de um psiquiatra ou psicólogo.

Referências

  • (1996) Medo pede Carona. Revista Veja. Ano 29, no 44, p. 100.

Ver também

Ligações externas