A Obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Sem diferenças)

Revisão das 23h38min de 27 de maio de 2013

A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica (no original em alemão, Das Kunstwerk im Zeitalter seiner technischen Reproduzierbarkeit) é um ensaio do filósofo Walter Benjamin sobre a arte no século XX, na era industrial, que analisa a sua existência na era da cópia, da fotografia.

É o mais conhecido e citado ensaio de Benjamin, que, neste texto, discute as novas potencialidades artísticas — essencialmente numa dimensão política — decorrentes da reprodutibilidade técnica.

Foi publicado em francês na revista do Instituto de Investigação Social (Zeitschrift für Sozialforschung), em 1936, quando o autor se encontrava refugiado em Paris, devido à perseguição aos judeus na Alemanha, pelo regime nazista. O texto em questão possui duas versões: uma escrita entre 1935 e 1936 e outra que, iniciada em 1936, só veio a ser publicada em 1955. No ano de 1985 foi publicada, no Brasil, a primeira edição traduzida pela editora Brasiliense e no ano de 2012 foi publicada a segunda edição traduzida diretamente do alemão pela Editora Zouk.

Segundo Benjamin, em épocas anteriores a experiência do público com a obra de arte era única e condicionada pelo que ele chama de aura, isto é, pela distância e reverência que cada obra de arte, na medida em que é única, impõe ao observador. Primeiro — nas sociedades tradicionais ou pré-modernas — pelo modo como vinha associada ao ritual ou à experiência religiosa; depois — com o advento da sociedade moderna burguesa — pelo seu valor de distinção social, contribuindo para colocar num plano à parte aqueles que podem aceder à obra «autêntica».

O aparecimento e desenvolvimento de outras formas de arte, (começando pela fotografia), em que deixa de fazer sentido distinguir entre original e cópia, traduz-se assim no fim dessa «aura». Isto libera a arte para novas possibilidades, tornando o seu acesso mais democrático e permitindo que esta contribua para uma «politização da estética» que contrarie a «estetização da política» típica dos movimentos fascistas e totalitários dominantes no momento em que Benjamin produz esse ensaio. No final do texto, ele escreve:

"Fiat ars, pereat mundus, esta é a palavra de ordem do fascismo, que, como reconhecia Marinetti, espera da guerra a satisfação artística de uma percepção sensível modificada pela técnica. Aí está, evidentemente, a realização perfeita da arte pela arte. Na época de Homero, a humanidade oferecia-se, em espetáculo, aos deuses do Olimpo: agora, ela fez de si mesma o seu próprio espetáculo. Tornou-se suficientemente estranha a si mesma, a fim de conseguir viver a sua própria destruição, como um gozo estético de primeira ordem. Essa é a estetização da política, tal como a pratica o fascismo. A resposta do comunismo é politizar a arte."[1]

É notória a distância entre o pensamento de Walter Benjamin e outros pensadores da Escola de Frankfurt como Theodor Adorno e Max Horkheimer no tocante à visão da reprodução técnica. A visão de Benjamin implica ver na reprodução técnica uma possibilidade de democratização estética, desde que elas conservem as características daquilo que, até então, chamaríamos de original. Isso fica claro quando ele toma por exemplo as fotos que podem ser feitas através de um mesmo negativo. Na verdade, quem poderia distinguir a primeira foto feita a partir de um negativo de uma segunda?

Adorno e Horkheimer, por outro lado, analisam que toda reprodução contribui para a perda de identidade da originalidade e está à disposição de uma elite que manipula aqueles que não possuem acesso aos originais, através de cópias feitas em série, conferindo a todas as cópias uma característica mercadológica, portanto, massificante. Benjamin, porém, acredita que esse fato, desde que observadas as técnicas, gera uma politização capaz de moldar o senso crítico daquele que observa.

Referências

Ligações externas


A Segunda versão (inédita no Brasil) deste texto foi lançada pela Editora Zouk em 2012. Veja a referência aqui: http://www.editorazouk.com.br/a-obra-de-arte-na-epoca-de-sua-reprodutibilidade-tecnica-de-walter-benjamin.html

Ver também