Esquema Ponzi: diferenças entre revisões

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* [[Romênia]], [[1992]]-[[1994|4]]: o esquema [[Caritas (Romênia)|Caritas]], fundado pelo empresário [[Ioan Stoica]], atinge entre um décimo e um terço da população da Romênia. Coincidindo com a transição para o capitalismo, o esquema aproveitou-se das novas perspectivas abertas pela manipulação do dinheiro no país. Prometia o valor investido multiplicado por oito vezes, depois de uma janela de apenas três meses.
* [[Romênia]], [[1992]]-[[1994|4]]: o esquema [[Caritas (Romênia)|Caritas]], fundado pelo empresário [[Ioan Stoica]], atinge entre um décimo e um terço da população da Romênia. Coincidindo com a transição para o capitalismo, o esquema aproveitou-se das novas perspectivas abertas pela manipulação do dinheiro no país. Prometia o valor investido multiplicado por oito vezes, depois de uma janela de apenas três meses.


No Brasil atualmente em 2013 temos um esquema semelhante chamada TELEXFREE e em andamento, mas, já sendo processado pela justiça.
== Ver também ==
== Ver também ==
* [[Fraude]]
* [[Fraude]]

Revisão das 18h03min de 19 de agosto de 2013

Foto de 1920 de Charles Ponzi.

Um esquema Ponzi é uma sofisticada operação fraudulenta de investimento do tipo esquema em pirâmide que envolve o pagamento de rendimentos anormalmente altos ("lucros") aos investidores, às custas do dinheiro pago pelos investidores que chegarem posteriormente, em vez da receita gerada por qualquer negócio real. O nome do esquema refere-se ao criminoso financeiro ítalo-americano Charles Ponzi (ou Carlo Ponzi).

História

Embora sistemas semelhantes a este já existissem anteriormente, o nome deste esquema é devido ao ítalo-americano Charles Ponzi, autor de uma gigantesca fraude na década de 1920, a qual conseguiu ter maiores repercussões do que outras fraudes anteriores.

Charles Ponzi era um emigrante italiano, que se crê ter chegado aos Estados Unidos na década de 1910. De muito baixos recursos, como a maior parte dos emigrantes que chegavam a esse país, "descobriu" pouco tempo depois da chegada e graças a correspondência que recebeu de Espanha que os selos de resposta de correio internacional se podiam vender nos Estados Unidos mais caros que no estrangeiro pelo que este tipo de negócio acabaria por produzir lucros. Assim começou o rumor e muitas pessoas não quiseram ficar fora do negócio e entregaram capitais a Ponzi.

Mas embora Ponzi estivesse a recolher somas astronômicas de dinheiro, e houvesse filas para lhe entregar mais, na realidade não comprou selos. Pagava rendimentos de até 100% em três meses, com o capital dos sucessivos novos investidores.

Ponzi convenceu amigos e parceiros do novo negócio a apoiarem o seu sistema no início, oferecendo um retorno de 50% num investimento a 45 dias. Algumas pessoas investiram e obtiveram o prometido no intervalo temporal combinado. O esquema alargou-se, e Ponzi contratou agentes, pagando generosas comissões por cada dólar que pudessem trazer. Em Fevereiro de 1920, Ponzi obteve cerca de 5000 dólares americanos, uma grande quantia nesse tempo.

Em Março já tinha 30 mil dólares. A histeria colectiva cresceu e Ponzi começou a expandir-se para a Nova Inglaterra e Nova Jersey. Os que investiam obtinham grandes benefícios e estes motivavam outros a investir.

Já em maio de 1920 tinha conseguido recolher 420 mil dólares. Ponzi começou a depositar o seu dinheiro no Hanover Trust Bank of Boston (um pequeno banco ítalo-americano na rua Hanôver, a norte do bairro italiano), esperando que depois se pudesse converter no presidente do banco ou pudesse impor as suas decisões. Na realidade conseguiu controlar o banco ao comprar as suas acções.

Em julho de 1920 já tinha milhões de dólares. Muitas pessoas venderam ou hipotecaram as suas casas com a esperança de ganhar quantias muito grandes. No dia 26 de julho grande parte do esquema começou a colapsar depois de o Boston Post questionar as práticas da empresa de Ponzi. Finalmente a empresa sofreu intervenção pelo Estado que congelou todas as novas captações de dinheiro. Muitos dos investidores reclamaram furiosamente o seu dinheiro, e nesse momento Ponzi devolveu o capital a quem o solicitou, o que causou um aumento considerável da sua popularidade, havendo muitos que lhe pediam para se candidatar a um cargo político público. As promessas de Ponzi cresceram ainda mais já que planejava criar um novo tipo de banco, no qual os lucros se repartissem de igual modo entre os accionistas e aqueles que investissem dinheiro no banco. Até planejou reabrir a sua empresa sob o nome "Charles Ponzi Company", cujo principal objectivo era o de investir em empresas em todo o mundo.[1]

Graças ao seu esquema Ponzi começou a viver uma vida cheia de luxos: comprou uma mansão com ar condicionado e um aquecedor para a sua piscina, e trouxe a sua mãe de Itália em primeira classe. Rapidamente este emigrante de baixos recursos obteve não só uma grande quantidade de dinheiro como se rodeou dos luxos mais extravagantes para a sua família e para si mesmo.

Em Agosto de 1920 os bancos e meios de comunicação declararam Ponzi em bancarrota. Este confessou que em 1908 tinha sido participante de uma fraude muito parecida no Canadá, que oferecia aos investidores grandes rendimentos.

O governo federal dos Estados Unidos interveio finalmente descobrindo a megafraude, e Ponzi foi detido mas teve que ser liberto pois pagou a fiança. Decidiu continuar com o seu sistema, convencido que o poderia sustentar. Rapidamente o sistema caiu e os aforristas (poupadores) perderam o seu dinheiro. A maior parte das pessoas não obteve benefícios, e muitos dos quais reinvestiram o seu dinheiro na fraude. Ponzi, embora tenha sido enviado de volta para Itália e apesar de se descobrir a fraude, foi aclamado por muitos como um beneficente.

Características

Os esquemas Ponzi oferecem aos investidores grandes juros num curto período, e o sistema pode funcionar apenas a curto prazo, tudo dependendo da quantidade de novos investidores que integrem o negócio.

O sistema Ponzi degenera sempre em bancarrota, já que a maioria esmagadora dos investidores perde todo o seu dinheiro. As características típicas da propaganda para recrutar novos investidores são:

  • Promessa de altos rendimentos a curto prazo.
  • Obtenção de rendimentos financeiros que não estão bem documentados.
  • Dirigido a um público não financeiramente esclarecido.
  • Um único promotor ou uma única empresa.
  • Falta de Produto a ser consumido ou então um produto que é vendido a um preço muito maior que o preço de mercado. Porém a venda do produto é algo secundário, já que o mais importante é recrutar novas pessoas.
  • Movimentação apenas de dinheiro.
  • Nenhum vinculo com Leis Trabalhistas e de Arrecadação de Impostos Federais. Em geral, os participantes acabam "pagando para trabalhar".

Torna-se evidente que o risco de investimento nas operações que fazem uso desta prática é elevadíssimo. O risco é cada vez mais alto ao crescer o número de subscritores, já que cada vez se vai tornando mais difícil encontrar novos seguidores.

Em muitos países, esta prática é um crime.

Autores de esquemas fraudulentos famosos

  • Estados Unidos da América, década de 1920 - Charles Ponzi oferecia investimentos de curto prazo com rendimentos elevados convencendo os investidores de que era possível lucrar em transações internacionais que envolviam selos e cupons-resposta dos Correios americanos,[2] um negócio que nunca foi realizado por Ponzi. Apesar disso os depósitos saltaram de US$ 5000,00 em fereveiro de 1920 para mais de US$ 1.000.000,00 em julho de 1920 quando o esquema em pirâmide foi combatido pelo governo dos Estados Unidos. Charles Ponzi chegou a ser preso mas foi solto sob fiança pouco tempo depois e foi residir na cidade do Rio de Janeiro, onde morreu em 1949 como indigente.[3] Esquemas em pirâmide no sistema financeiro que oferecem juros altos no curto prazo passaram a ser denominados como "Esquema Ponzi" devido a esse esquema fraudulento.
  • Portugal, década de 1980 - Maria Branca dos Santos, apelidada de "Dona Branca", criou uma organização de empréstimos e investimentos ilegais que funcionava através de um esquema em pirâmide. As atividades iniciaram no final dos anos 70 e ganharam força no início dos 1980 levantando 17,5 bilhões de escudos, o que equivalia a US$ 130 milhões na época. Em 1984 o esquema foi desmantelado pelas autoridades portuguesas que reconheceram o esquema como uma das maiores fraudes financeiras do país. Maria Branca dos Santos foi acusada e, aos 76 anos, condenada a dez anos de prisão.[4] Dona Branca faleceu em 1992 aos 80 anos após ser libertada por problemas de saúde.
  • Estados Unidos da América, década de 2000 - o financista Bernard Madoff oferecia um fundo de investimento com juros mensais de 1% no mercado norte-americano através de um esquema em pirâmide do tipo Ponzi. Apesar da taxa de juros de mensais de 1% não serem totalmente absurdas, elas eram muito altas para os padrões da economia norte-americana (da ordem de 1% ao ano) e só foram possíveis através dos depósitos de novos investidores.[5] A partir da crise financeira mundial de 2007 os investidores dos fundos de Madoff foram surpreendidos ao não conseguirem resgatar seus depósitos, um esquema de fraude estimado em US$ 65 bilhões. Em 2008, Bernard Madoff, então com 71 anos, foi acusado e condenado a 150 anos de prisão.
  • Romênia, 1992-4: o esquema Caritas, fundado pelo empresário Ioan Stoica, atinge entre um décimo e um terço da população da Romênia. Coincidindo com a transição para o capitalismo, o esquema aproveitou-se das novas perspectivas abertas pela manipulação do dinheiro no país. Prometia o valor investido multiplicado por oito vezes, depois de uma janela de apenas três meses.

No Brasil atualmente em 2013 temos um esquema semelhante chamada TELEXFREE e em andamento, mas, já sendo processado pela justiça.

Ver também

Referências

  1. http://home.nycap.rr.com/useless/ponzi/  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  2. «O italiano Ponzi, o inspirador da maior fraude do século, estimada em US$ 50 bilhões». Oriundi. 17 de dezembro de 2008. Consultado em 26 de julho de 2009 
  3. Paula Pacheco (18 dezembro de 2008). «A história de Ponzi mostra que um dia a pirâmide cai». Estadão. Consultado em 26 de julho de 2009 
  4. «"Pirâmide" liderada por idosa completa 25 anos em Portugal». Terra Online. 26 de julho de 2009. Consultado em 26 de julho de 2009 
  5. «Entenda como funcionava o esquema de pirâmide de Madoff». Estadão. 12 de março de 2009. Consultado em 26 de julho de 2009 

Ligações externas